Pelo Telefone

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"Pelo Telefone"
Single de Baiano
Lado A Pelo Telefone
Lançamento 20 de janeiro de 1917 (107 anos)[1][2]
Formato(s) 78 RPM
Gravação 1917
Gênero(s) Samba
Duração 4:03
Gravadora(s) Casa Edison através do selo Odeon Records[1]
Composição Donga e Mauro de Almeida

Pelo Telefone[nota 1] é considerado o primeiro samba a ser gravado no Brasil segundo a maioria dos autores, a partir dos registros existentes na Biblioteca Nacional,[4][5] embora existam gravações de samba anteriores não tão bem sucedidas[6] como "Samba - Em Casa da Bahiana"(1912)[7] e "Urubu Malandro"(1914).[8]

Criação coletiva de autoria controversa, a composição ganhou a assinatura de Ernesto dos Santos, mais conhecido como Donga, e do jornalista Mauro de Almeida. Foi registrada em 27 de novembro de 1916 como sendo de autoria apenas de Donga — que mais tarde incluiu Mauro como parceiro — e concebida em um famoso terreiro de candomblé daqueles tempos, a casa da Tia Ciata, frequentada por grandes músicos da época.[9][10][11][1] Por ter sido um grande sucesso e devido ao fato de ter nascido em uma roda de samba, de improvisações e criações conjuntas, vários foram os músicos que reivindicaram a autoria da composição.[12]

História[editar | editar código-fonte]

"Pelo Telefone", composição de Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos), é considerado o primeiro samba a ser gravado no Brasil. Disponível no Acervo de Música e Arquivo Sonoro da Biblioteca Nacional.

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A canção foi composta em 1916, no quintal da casa da Tia Ciata, na Praça Onze. A melodia, originalmente, intitulava-se Roceiro e foi uma criação coletiva, com participação de João da Baiana, Pixinguinha, Caninha, Hilário Jovino Ferreira e Sinhô, entre outros.[12] Sobre a paternidade da música, Donga a registrou antes, justificando a ação com a máxima atribuída a Sinhô: "música é como passarinho, de quem pegar primeiro".[13]

A letra original da canção, que era “O chefe da folia/ Pelo telefone / Mandou me avisar / Que com alegria / Não se questione / Para se brincar”, foi alterada para a versão mais conhecida hoje em dia, "O Chefe da Polícia / Pelo telefone/ Manda me avisar/ Que na Carioca / Tem uma roleta/ Para se jogar".[14] Segundo depoimento de Donga para o Museu da Imagem e do som (MIS), “O Chefe da Polícia… foi uma paródia feita pelos jornalistas de A Noite”. Repórteres do jornal tinham, em 1913, posto uma roleta no Largo da Carioca, para demonstrar a tolerância da polícia com o jogo. Em abril de 1913, o chefe de polícia do Rio de Janeiro havia declarado que o jogo permaneceria liberado “até que o governo resolvesse o contrário". Henrique Foréis Domingues, o Almirante, em matéria no jornal O Dia, em 13 de fevereiro de 1972, também confirma essa versão: “alguém lá na redação de “A Noite”, inspirando-se nos episódios em questão, criou a famosa paródia”.

Existem controvérsias quanto à autoria e quanto à data da composição. Segundo alguns, a canção teria sido composta em 1916, no quintal da casa da Tia Ciata, na Praça Onze. A melodia, originalmente, intitulava-se Roceiro e foi uma criação coletiva, com participação de João da Baiana, Pixinguinha, Caninha, Hilário Jovino Ferreira e Sinhô, entre outros.[12] O Jornal do Brasil, em 4 de fevereiro de 1917, publicou uma nota do Grêmio Fala Gente comunicando que “o verdadeiro tango Pelo Telefone”, dos autores João da Mata, Germano, Tia Ciata e Hilário, seria cantado na Avenida Rio Branco, dedicado “ao bom e lembrado amigo Mauro”.[15] O próprio Almirante acusou Donga de se ter apropriado de uma criação coletiva. Donga respondeu que as músicas eram diferentes. Mas concordou que não foi o autor da letra de Pelo Telefone, que é de Mauro de Almeida. Culpou a gravadora por ter omitido o nome do parceiro. “A omissão do nome de Mauro na gravação da Casa Edison não pode ser atribuída a mim”, disse.[16]

Notas

  1. Título original: Pelo telephone[3]

Referências

  1. a b c AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Editora Esteio, 2010. ISBN : 0000177121.
  2. SILVA, Flávio. Pelo Telefone, e a história do samba. Brasília: Revista Cultura, ano 8, n. 20, jan./jun., 1978.
  3. «O Samba completa cem anos» 
  4. PICCINO, Evaldo. Um breve histórico dos suportes sonoros analógicos. Sonora. São Paulo:Universidade Estadual de Campinas / Instituto de Artes, vol. 1, n. 2, 2003.
  5. NAPOLITANO, Marcos. História & Música: História cultural da música popular. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2002.
  6. «Primeiro samba faz hoje 100 anos e ganha exposição na Biblioteca Nacional». Agência Brasil. 27 de novembro de 2016. Consultado em 20 de janeiro de 2024 
  7. https://discografiabrasileira.com.br/disco/20314/favorite-r-1-452216
  8. https://discografiabrasileira.com.br/disco/2270/odeon-r-137088-137089
  9. Renê Fraga (27 de novembro de 2016). «Google celebra 100º aniversário do primeiro samba, "Pelo Telefone"». Google Discovery. Consultado em 27 de novembro de 2016. Cópia arquivada em 27 de novembro de 2016 
  10. Igor Ricardo (27 de novembro de 2016). «Considerado o primeiro samba de sucesso, 'Pelo telefone' completa cem anos». Extra. Consultado em 27 de novembro de 2016. Cópia arquivada em 27 de novembro de 2016 
  11. «Polêmica marca o surgimento do primeiro samba». Almanaque Brasil. Consultado em 22 de maio de 2014. Arquivado do original em 22 de maio de 2014 
  12. a b c «Pelo telefone». Brasileirinho. Consultado em 22 de maio de 2014. Arquivado do original em 22 de maio de 2014 
  13. Motta, Nelson (2016). 101 Canções que tocaram o Brasil. Rio de Janeiro: Estação Brasil. p. 12-13 
  14. «"Pelo Telefone": um centenário de controvérsias do primeiro samba gravado no País». Brasileiros / Terra. 27 de novembro de 2016. Consultado em 28 de novembro de 2016. Cópia arquivada em 28 de novembro de 2016 
  15. Renato Vivacqua (24 de julho de 2015). «Um telefone que deu o que falar». História da MPB. Consultado em 28 de novembro de 2016. Cópia arquivada em 28 de novembro de 2016 
  16. «Pelo Telefone : um centenário de controvérsias do primeiro samba gravado no País». Jornal Floripa + Renato Vivacqua. Consultado em 28 de novembro de 2016. Cópia arquivada em 28 de novembro de 2016 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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