Praça das Cinco Ruas

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Praça das Cinco Ruas
Apresentação
Tipo
Estilo
Proprietário
Localização
Localização
Altitude
6 m
Coordenadas
Mapa

A Praça das Cinco Ruas é uma praça de origem medieval situada no coração do centro histórico da cidade de Pontevedra (Espanha).

Origem do nome[editar | editar código-fonte]

A praça deve o seu nome ao facto de aqui confluírem cinco ruas do centro histórico: as duas partes da rua Isabel II e as ruas Paio Gómez Chariño, Barón e San Nicolás.[1][2]

História[editar | editar código-fonte]

A praça teve origem na Idade Média como um cruzamento de vários caminhos.[3][4] Não fazia parte da primeira muralha da cidade do século XII e estava localizada no lado exterior da porta leste das muralhas, no final da rua Paio Gómez Chariño.[5] A praça foi fortificada no século XV e a Torre de Rouco estava ali localizada. Chamava-se Plaza de los Mendiños (nome da parte inferior da Rua Isabel II).[6] Mais tarde foi chamada de Plaza de la Independencia.

No final do século XIX, Valle-Inclán viveu na casa que faz fronteira com a praça do lado ocidental entre 1893 e 1895, quando escreveu o seu livro Femeninas.[7] No século XX, a praça foi rebaptizada Praça de Rogelio Lois. Por ocasião da morte de Rogelio Lois em 1905, a revista La Ilustración Gallega prestou-lhe homenagem e acordou com a Câmara Municipal de Pontevedra que uma praça receberia o seu nome.[8]

A praça foi remodelada em Novembro de 1962 pelo arquitecto e urbanista Francisco Pons Sorolla, com o objectivo de realçar a beleza e o encanto da zona histórica.[9][10] A fim de aumentar o espaço público da praça, foi estabelecida uma hierarquia de espaços, diferenciando o ponto central das áreas adjacentes através da instalação de um elemento de destaque, um cruzeiro trazido em 1962 do bairro de Estribela, na paróquia civil de Lourizán.[11][12] O espaço da praça foi modificado para criar um movimento acentuado de volumes. As escadas dos diferentes níveis foram coordenadas com a escadaria da casa a oeste, resultando numa composição arquitectónica nobre. A fim de preservar a atmosfera típica do local, uma casa na praça foi remodelada para reflectir o carácter de velhas casas à beira-mar na costa.[13]

A 25 de Abril de 1996, foi aprovada a recuperação da tradicional toponímia das ruas e praças no centro histórico da cidade e a praça foi restituída ao seu nome tradicional de Cinco Ruas.

Descrição[editar | editar código-fonte]

É uma pequena praça de forma rectangular irregular, pedonalizada como o resto do centro histórico da cidade. Está organizada em duas alturas ou níveis devido à inclinação do terreno que desce de uma das duas colinas do centro histórico, junto à Basílica de Santa Maria Maior, em direcção ao rio Lérez.[14] A oeste, o nível superior é separado por um pequeno muro de pedra, com o cruzeiro destacando-se no canto e escadas no meio para subir até esta plataforma de pedra. A parte inferior da praça, no cruzamento das ruas circundantes, é a passagem onde convergem as cinco ruas que lhe dão o nome e é uma zona de tapas, com terraços de bares e restaurantes no rés-do-chão das casas de arquitectura tradicional galega que a rodeiam.[15][4]

A praça é dominada por um grande cruzeiro barroco datado de 1773. O cruzeiro ergue-se sobre um pedestal ou base de granito e é decorado com várias esculturas que correm ao longo do fuste, do capitel e da cruz.[16] A parte inferior representa Adão e Eva sendo tentados pela serpente e provando o fruto da árvore da Ciência, enquanto no fuste está uma imagem de Santo António com o Menino no colo, ao lado de uma inscrição pedindo uma oração pelas almas no purgatório e São Miguel Arcanjo.[14][11] Na parte superior, no capitel, o pecado original é redimido pelo Cristo crucificado com um frade ao seu lado.[17] [6]

Edifícios notáveis[editar | editar código-fonte]

No lado sul da praça, na esquina da rua Paio Gómez Chariño, existe uma casa barroca do século XVIII. Tem óculos circulares no rés-do-chão. As janelas e portas têm molduras simples e pilastras de canto.[18]

No final da parte superior da praça, a casa barroca[19] no número 27, Rua Isabel II, datada de 1450, tem quatro brasões na sua fachada, três dos quais são quase idênticos, ostentando as armas das famílias Pimentel e Figueroa, com duas conchas de vieira e duas folhas de figueira sob a forma de cruz. Um deles ostenta a seguinte inscrição em caracteres góticos de ambos os lados: « ESTA OBRA MAN / DOU FAZER / ESTEVAN MARTINEZ / RREGYDOR / ERA DE CCCLXXX »[20] ("Esta obra foi encomendada por Esteban Martínez, regente. A data é CCCLXXX"). No centro da fachada está outro brasão maior com flor-de-lis, rodeado por rocaille e coroado no topo por um grande elmo de cavalheiro com penacho, cujo brasão de armas pertence a Melchor Francisco de Camba Flores.[17]

Galeria[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Nieto González 1980, p. 30.
  2. «Pontevedra a través de ocho plazas y la senda de un río». La Vanguardia (em espanhol). 14 de maio de 2022 
  3. Álvarez Pérez 2021, p. 113.
  4. a b «Pontevedra, a boa vila». Nius Diario (em espanhol). 22 de fevereiro de 2020 
  5. «¡La Plaza del Teucro: Vicisitudes e historia!». Pontevedra Viva (em espanhol). 8 de outubro de 2022 
  6. a b «Las cinco calles: Valle Inclán, el crucero y la rúa das Caas. Memorando Civitatem "Duo Pontes"». Pontevedra Viva (em espanhol). 27 de outubro de 2021 
  7. «Tras los pasos de Valle-Inclán en Arousa». El País (em espanhol). 5 de setembro de 2022 
  8. «Rogelio Lois, 'el padre de los pobres'». Diario de Pontevedra (em espanhol). 26 de fevereiro de 2023 
  9. Castro Fernández 2013, p. 13.
  10. «ORDEN de 3 de septiembre de 1962 por la que se aprueba un proyecto de obras en la plaza de Rogelio Lois, en Pontevedra, conjunto monumental.» (PDF). Boletín Oficial del Estado (em espanhol). 14 de novembro de 1962 
  11. a b Riveiro Tobío 2008, p. 44.
  12. «Los vecinos de Estribela quieren recuperar su crucero, instalado en las Cinco Calles». La Voz de Galicia (em espanhol). 26 de janeiro de 2010 
  13. Castro Fernández 2013, p. 13-15.
  14. a b Aganzo 2010, p. 80.
  15. «48 horas en Pontevedra: la bella desconocida». ABC (jornal) (em espanhol). 21 de junho de 2013 
  16. «La Concejalía de Patrimonio restaurará el Crucero de las cinco calles pintado con rotulador». Pontevedra Viva (em espanhol). 18 de janeiro de 2020 
  17. a b «Pontevedra, ¡Tan bonita!». Pontevedra Viva (em espanhol). 26 de junho de 2022 
  18. Fontoira Surís 2009, p. 286.
  19. Fontoira Surís 2009, p. 158.
  20. Nieto González 1980, p. 32.

Ver também[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Praça das Cinco Ruas

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Carlos Aganzo (2010). Pontevedra. Ciudades con encanto (em espanhol). Madrid: El País-Aguilar. ISBN 978-8403509344 
  • Belén Álvarez Pérez (2021). Pontevedra en la baja edad media: trazado urbano, arquitectura civil y militar (em espanhol). Santiago de Compostela: Universidad de Santiago de Compostela 
  • Belén María Castro Fernández (2013). «El embellecimiento del conjunto monumental de Pontevedra durante el franquismo». Revista AGALI Journal (em espanhol). 3: 13-15. ISSN 2253-9042 
  • Rafael Fontoira Surís (2009). Pontevedra monumental (em galego). Pontevedra: Diputación de Pontevedra. ISBN 9788484573272 
  • Guillermo J. García Bujalance (2016). «Heráldica de la zona monumental de Pontevedra». Hidalguía: la revista de genealogía, nobleza y armas (em espanhol). 373: 679-714. ISSN 0018-1285 
  • Remigio Nieto González (1980). Pontevedra. Guía monumental ilustrada (em espanhol). Pontevedra: Asociación de Comerciantes de la calle Manuel Quiroga 
  • Elvira Riveiro Tobío (2008). Descubrir Pontevedra (em espanhol). Pontevedra: Edicións do Cumio. ISBN 9788482890852 

Artigos relacionados[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]