Projeto Grande Carajás

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O Projeto Carajás, oficialmente conhecido como Programa Grande Carajás (PGC),[1] é um projeto de exploração mineral, iniciado nas décadas de 1970 e 1980, na mais ricas áreas minerais do planeta, pela Vale (antiga CVRD). Estende-se por 900 mil km², numa área que corresponde a um décimo do território brasileiro, e que é cortada pelos rios Xingu, Tocantins e Araguaia, e engloba terras do sudeste do Pará, norte de Tocantins e sudoeste do Maranhão.[2] Foi criado pela empresa estatal brasileira Companhia Vale do Rio Doce, durante o governo Figueiredo, quando Eliezer Batista era presidente da Vale.[2]

História

Um geólogo a serviço da empresa norte-americana United States Steel, empresa que vinha pesquisando o subsolo amazônico desde o início dos anos 1949 à procura de minério de manganês, foi quem descobriu a reserva de minério de ferro de Carajás em 1962. A United States Steel, passou a deter 70,1% da mina, o restante ficando com a Companhia Vale do Rio Doce. Surgiram sérias divergências entre as duas companhias, que se tornaram insuperáveis até que os americanos desistiram do projeto. Eliezer Batista considerava de fundamental importância para os interesses estratégicos do Brasil manter em mãos brasileiras a maior reserva polimetálica do mundo.

Em 1970, quando muitos minérios já tinham sido localizados, constituiu-se Amazônia Mineração S.A., que associava empresas estrangeiras, inclusive a United States Steel, com a Vale. No final dos anos 70 a Vale pagou uma vultosa indenização à sua parceira, para poder assumir sozinha o controle do empreendimento. Então foi lançado o Programa Grande Carajás (PGC).

O Programa Grande Carajás (PGC), oficialmente lançado em 1982, tinha como objetivo realizar a exploração integrada dos recursos dessa província mineralógica, considerada a mais rica do mundo, contendo minério de ferro de alto teor, ouro, estanho, bauxita (alumínio), manganês, níquel e cobre e minérios raros. A vida útil das reservas de ferro, estimada na década de 1980, era de cerca de 500 anos.

Carajás não se limitou apenas a explorar a mineração; existiam outros projetos agropecuários de extração florestal, que tinham por objetivo o desenvolvimento da região.

O PGC foi regulamentado pelos Decreto-lei nº 1.813, de 24 de novembro de 1980[1] e Decreto do Poder Executivo n° 85.387 de 24 de novembro de 1980[4], que criou o conselho interministerial do PGC para supervisionar o programa.

Infraestrutura de apoio

Mina de ferro em Carajás, vista por satélite em julho de 2009

Para a consolidação desse ambicioso projeto, foi implantada uma importante infra-estrutura, que incluiu a Usina hidrelétrica de Tucuruí, a Estrada de Ferro Carajás e o Porto de Ponta da Madeira, localizado no Porto do Itaqui, em São Luís.

De Carajás até o Porto do Itaqui, em São Luís foi construída uma ferrovia para facilitar o escoamento dessas riquezas minerais, que são em sua grande maioria exportadas. Essa área exporta atualmente mais de 100 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, principalmente para a Ásia , além de quantidades bem menores de manganês e cobre.

Junto com as ferrovias, as condições hídricas dos rios amazônicos (com grande volume de águas) são fundamentais para o escoamento dos minerais extraídos, e também para assegurar a operação da usina de Tucuruí, necessária para o funcionamento das indústrias de transformação de minerais.

Atualidade

O projeto Grande Carajás é uma das maiores áreas de exploração de minérios do mundo e está ligado às atividades da Vale, que é a maior mineradora de ferro do mundo, privatizada em 1997.

Além da maior reserva de minério de alto teor de ferro do mundo, são explorados manganês, cobre, níquel, ouro, bauxita e cassiterita.

Os preços do minério de ferro, principal riqueza de Carajás no mercado internacional, se elevaram a partir de 2004, a partir da demanda de países emergentes, como a China, o que levou o preço das ações da Companhia Vale do Rio Doce a dispararem na Bovespa.

O minério de ferro também é largamente utilizado no setor metalúrgico, considerados um dos mais importantes do mundo. O Japão, por exemplo, é grande parceiro do Brasil, garantindo em Carajás o suprimento de matéria-prima ao parque industrial japonês.


Referências

  • «RODRIGUES, Luciana. Americanos tentaram controlar Carajás. Portal Celulose Online, Fonte: Jornal O Globo, 12 de dezembro de 2005» 
  • «FARO, Luiz Cesar, POUSA, Carlos e FERNANDEZ, Claudio. Conversas com Eliezer. Editora Insight (distribuição dirigida), 2005.» 
  • PIRES, José Otávio Magno. O Programa Grande Carajás e o Desenvolvimento Sustentável na Amazônia Oriental, Universidade da Amazônia (UNAMA).
  • PAES, João Maria de Lima. Carajás: superporto da Tijoca. Belém: Clube de Engenharia do Pará, 1976.
  • PANTOJA, Igor. Planejamento Privado Social: práticas da CVRD (Vale S.A.) em municípios do Maranhão. Dissertação de mestrado. Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional - UFRJ. Rio de Janeiro. 2012 (disponível online).
  • Carajás: Brasil Hipoteca seu Futuro. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, Achiamés, 1983.
  • LOPES, Rodrigo P. Carajás: a influência histórica da indústria de mineração, in A Economia brasileira e suas perspectivas. - Rio de Janeiro : APEC, 1983. v.22
  • LOPES, Rodrigo P. Carajás e as reservas minerais brasileiras, A Economia brasileira e suas perspectivas. - Rio de Janeiro : APEC, 1984. v.23 , 1984.
  • VIERA, Cláudio Afonso. Análise dos impactos do Programa Grande Carajás. São Paulo: FIPE, 1985.
  • ALMEIDA JUNIOR, José Maria Gonçalves de. Carajás: desafio político, ecologia e desenvolvimento. São Paulo: Brasiliense, 1986.
  • RODRIGUES, Lélio. Alternativas sócio-econômicas: abertura externa, integração nacional e subsistência comunitária, in Carajás: desafio político, ecologia e desenvolvimento. São Paulo: Brasiliense, 1986.
  • Apreciação crítica da área de influência da E. F. Carajás – setor industrial. Rio de Janeiro: NATRON, 1987.
  • Universidade Federal do Maranhão. Necessidades de treinamento de mão-de-obra em áreas de influência do Programa Grande Carajás : Maranhão. São Luís: UFMA, 1990.
  • Projeto Carajás, Grande Enciclopédia Larousse Cultural, São Paulo: Editora Nova Cultural, 1998, vol. 20, pp. 4797-4798.
  • Projeto Grande Carajás, CHAVES, Edna Maria de Carvalho.
  • «Carajás» 
  • «Carajás 2004 
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