Rabino Shalom Emanuel Muyal

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Shalom Emanuel Muyal (em hebraico: שלום מויאל; Salé, 1875Manaus, 1910) foi um rabino marroquino, líder da comunidade judaica da cidade de Manaus, capital do estado do Amazonas, no norte do Brasil. Seu túmulo é um local de peregrinação para cristãos católicos.[1] [2] [3]

Carreira[editar | editar código-fonte]

O Rabino Muyal foi enviado do Marrocos pelo então Rabino-Chefe Raphael Ben Mordechai Ankawa para verificar a situação de centenas de famílias de judeus marroquinos que emigravam, desde 1810 para o Amazonas, quais eram as suas necessidades e possíveis orientações rabínicas que surgissem. Ele chegou ao Amazonas no ano de 1908. [4] [5]

Vida Pessoal[editar | editar código-fonte]

O Rabino Muyal era filho do Rabino Eliahu Muyal, e neto de Abraham Amzalak. Seus irmãos eram Avraham Itzchak e Sarah Muyal . Foi casado com Saada Dahan e teve os filhos Saul, Hanna e Ruchama, esta imigrou para a França e veio a falecer no ano de 1973.

O pai de Muyal era primo-irmão do Rabino-Chefe Raphael Ben Mordechai Ankawa, que era filho de Reina Amzalak, irmã de Abraham Amzalak, avô paterno do Rabino Muyal.

Suas bisnetas são Muriel e Sylvie, e estiveram recentemente na cidade de Manaus.

Morte[editar | editar código-fonte]

Rabi Muyal foi acometido de uma grave doença, provavelmente febre amarela – já que naquela época ainda não havia vacina contra essa virose. Alguns comentavam que poderia ter sido em conseqüência da terrível gripe espanhola que fez milhares de vítimas fatais, grassando inclusive na Amazônia, porém esta epidemia foi em 1918. O mais provável é que a causa de sua morte tenha sido mesmo a primeira hipótese, pois contava a veneranda senhora Zahra Aflalo, conhecida na comunidade como Dona Florzinha que o rabino estava muito amarelado (ictérico) e inchado (edema por ascite), características de falência hepática como a causada pela febre amarela.[6]

Muyal veio a falecer em 12 de março de 1910 (1º de Adar II, 5670). Seu corpo foi sepultado em Manaus, no cemitério São João Batista. Naquela época ainda não havia o cemitério israelita e nem comunidade completamente formada, o que ocorreu após a inauguração da primeira Sinagoga (1925), do cemitério (1928) e do Comitê Israelita do Amazonas – CIAM - (1929). [7]

O 'santo judeu'[editar | editar código-fonte]

Anos depois de seu falecimento, seu túmulo tornou-se um foco de peregrinação para os católicos, que o chamam de "Santo judeu milagreiro de Manaus". Os fiéis chegam ao túmulo, acendem velas e deixam presentes, na esperança de que o santo judeu faça milagres e cure-os de doenças graves. [8]

Translado[editar | editar código-fonte]

Por volta de 1980, um sobrinho do Rabino, chamado Ely Muyal, irmão de David e Meyr Muyal, e que era membro do parlamento de Israel durante o governo de Menachem Begin, solicitou a possibilidade da transferência de sua sepultura para Eretz Israel. O Comitê Israelita local informou da impossibilidade de tomar tal atitude, o que causaria um grande mal-estar com a população da cidade. [9]

Costume local[editar | editar código-fonte]

A comunidade de Manaus tem o min'hag (costume) de visitar o Cemitério Israelita e a sepultura do Ribi Muyal, todos os anos, no período de Rosh Hashaná, com o objetivo de recitar uma Hashkabá para ele e todos os outros que ali descansam, e Yom Kipur onde são feitas várias visitas à sua kevurá e assim, este importante local permanece sob a guarda da comunidade, porém aberto aos cidadãos do Amazonas. Anualmente em 1º de Adar, Nahhalá (Yartsait), o ishuv de Manaus faz uma Hilulá (cerimônia religiosa) em sua memória.

Notas de rodapé[editar | editar código-fonte]

  1. Reis, Lucas (3 de junho de 2014). «Conheça a história do 'rabino santo' que mobiliza católicos na Amazônia». Brasil. Folha de São Paulo. Consultado em 30 de dezembro de 2020 
  2. Hinchberger, Bill (2 de novembro de 2006). «The Amazon's magical mystery rabbi». Jewish Journal (em inglês). Consultado em 30 de dezembro de 2020 
  3. Peleg, Peleg (19 de junho de 2014). «O santo judeu de Manaus». ynet (em hebraico). Consultado em 30 de dezembro de 2020 
  4. Dahan, Isaac. «Rabi Shalom Emanuel Muyal Z'L». www.comiteisraelita.com.br. Comitê Israelita do Amazonas. Consultado em 31 de dezembro de 2020 
  5. «Morashá | BRASIL - Los Nuestros - Os marroquinos na Amazônia». www.morasha.com.br. Consultado em 31 de dezembro de 2020 
  6. Lehourites, Chris. «In heart of Brazilian jungle, faithful pray to 'Jewish saint'». www.timesofisrael.com (em inglês). Consultado em 30 de dezembro de 2020 
  7. «Rabino e santo milagroso para os católicos de Manaus». eSefarad (em espanhol). Consultado em 31 de dezembro de 2020 
  8. Correspondent, J. (20 de outubro de 2006). «Amazon rabbis gravesite becomes pilgrimage place for local Christians». J. (em inglês). Consultado em 30 de dezembro de 2020 
  9. «Morashá | BRASIL - A verdadeira história de Ribi Muyal, em Manaus». www.morasha.com.br. Consultado em 31 de dezembro de 2020