Rodolfo III de Hachberg-Sausenberg

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Rodolfo III de Hachberg-Sausenberg
Rodolfo III de Hachberg-Sausenberg
Fotografia do seu túmulo na igreja de Rötteln
Marquês de Hachberg-Sausenberg
Reinado 1352-1428 (com Otão I até 1384)
Antecessor(a) Rodolfo II
Sucessor(a) Guilherme
 
Nascimento 1343
Morte 8 de fevereiro de 1428 (85 anos)
Nome completo  
Rudolf III. von Hachberg-Sausenberg
esposa (1) Adelaide de Lichtenberg;
(2) Ana de Friburgo-Neuchâtel
Descendência Otão III, Bispo de Constança;
Guilherme, Marquês de Hachberg-Sausenberg.
Casa Zähringen
Pai Rodolfo II de Hachberg-Sausenberg
Mãe Catarina de Thierstein

Rodolfo III de Hachberg-Sausenberg (em alemão: Rudolf III. von Hachberg-Sausenberg; 13438 de fevereiro de 1428) foi um nobre alemão, pertencente a uma linhagem colateral da Casa de Baden que governaram Hachberg-Sausenberg, tendo sido Marquês de 1352 até 1428.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Rodolfo III era filho do marquês Rodolfo II de Hachberg-Sausenberg e de Catarina de Thierstein. O pai, partilhava o governo da Marca de Hachberg-Sausenberg com o irmão, Otão e, ao morrer em 1352, o pequeno Rodolfo III, na altura com apenas 9 anos, herda a herança paterna, mantendo a partilha do governo com o tio Otão, que assume a sua tutela.[1]

Em 1358, a tutela de Rodolfo III passa para o tio materno, o conde Walram III de Thierstein. [2] Ao atingir a maioridade, em 1364 Rodolfo III governa conjuntamente com Otão até este falecer em 1384, tornando-se, então, o único marquês de Hachberg-Sausnberg.[3] Rodolfo III governou o estado durante 64 anos.

Relações com Basileia[editar | editar código-fonte]

O marquês Rodolfo III tentou expandir os seus domínios e, como os Habsburgo o limitavam a norte e oeste, a expansão para sul seria a mais natural. Daí as relações conflituosas com Basileia, fosse com a cidade livre (em alemão: Freie Stadt) fosse com o Principado-Bispado (Fürstbistum).

Os habitantes da cidade sempre se opuseram às tentativas do marquês em se impor, chegando até a adquirir património na cidade e ter ali uma residência. Para ele não se tratava de um investimento, mas sim de tentar interferir no governo municipal [4] e a relação foi sempre conflituosa.

Por outro lado, o Príncipado-Bispado de Basileia parecia a única possibilidade de expansão e, como vivia uma situação financeiramente frágil, Rodolfo III adquiriu, por quatro anos, os direitos sobre os senhorios de Waldenburg, Liestal e Honberg.

Paralelamente, a 31 de maio de 1399, para pressionar Basileia, concluiu um tratado de amizade de cinco anos com as cidades vizinhas de Berna e Solothurn, a sul da sua esfera de influência.[5] No entanto, Basileia reagiu rapidamente e, pela sua estável situação financeira, não se deixou intimidar.

Expansão da soberania[editar | editar código-fonte]

Durante o seu longo reinado, Rodolfo expandiu significativamente a sua soberania:

  • em 1365, trocou a localidade de Huttinger pela de Höllstein (com o Príncipe-Bispo de Basileia);
  • em 1366, recebeu uma parte de Sausenberg do seu tio Otão;
  • em 1368, adquiriu as vilas de Weil am Rhein, Wintersweiler, Welmlingen, mais algumas quintas na região de Haltingen e a cidade e distrito de Otlikon ao Cavaleiro Conrado de Münch.[6] Comprou também Dossebach a Guilherme de Hauenstein e ao seu filho, Hermano;
  • em 1394, o Bispo Conrado de Münch cede-lhe o feudo na Brisgóvia[7]
  • em 1400, comprou o Senhorio de Neuenstein, incluindo as localidades de Gersbach, Schlechtbach, Raitbach, Kürnberg e Schweigmatt.[8] O castelo de Neuenstein era um feudo do Mosteiro de St. Blasien, mas, em 1401, o mosteiro renunciou aos seus direitos sob o castelo.[9]

Actividade de Construção[editar | editar código-fonte]

Rodolfo III foi, também, um dinâmico construtor de infraestruturas. Em 1360 expandiu o seu castelo de Rötteln, onde residia, com uma torre e novas defesas e, em 1387 e 1392, novos edifícios foram ali construídos. Em 1401 ele construiu uma igreja, em Lörrach, ao lado de Rötteln, que foi expandida em 1418 para se tornar a principal igreja do seus estados. O seu túmulo e o de sua segunda esposa, Ana de Friburgo, nessa igreja, são considerados importantes monumentos da arte gótica no Alto-Reno. [10] [11]

Moedas[editar | editar código-fonte]

Moedas de ”Heller”, cunhadas por Rodolfo III

São conhecidas várias moedas cunhadas pelo Marquês Rodolfo III.[12] Em julho de 1385, o rei alemão Venceslau do Luxemburgo promulgou uma nova lei para a emissão de moeda proibindo a cunhagem de moedas com menor teor de prata. Um dos responsáveis pela cunhagem de tais moedas foi o marquês Rodolfo III.[13]

Desconhece-se se o direito de cunhagem foi concedido à linhagem de Hachberg da Casa de Baden, mas eles tiveram moedas cunhadas sem objeção.[14]

Cronista[editar | editar código-fonte]

A Rötteler Chronik apareceu durante o governo de Rodolfo, e refere-se também que alguns dos textos teriam sido escritos por ele próprio. A crónica relata quer acontecimentos locais, quer acontecimentos noutras partes do Sacro Império (como o Alto-Reno) no período de 1376 a 1432. A crónica começa com uma referência ao Böse Fasnacht[15] de 1376, um tumulto em Basileia contra o duque Leopoldo III da Áustria e os seus seguidores.[16]

Guerras Hussitas[editar | editar código-fonte]

O filho mais velho de Rodolfo, Otão III de Hachberg (1388–1451), Bispo de Constança de 1411 a 1434, organizou o Concílio de Constança em 1415, estando envolvido na condenação à Morte na fogueira do reformador Checo Jan Hus.

Rodolfo III acabou por se envolver nos conflitos que se lhe seguiram, as Guerras Hussitas e, como referido na Crónica de Röttler, armou e custeou um contingente de cavaleiros durante a segunda Cruzada contra os Hussitas, em 1421. No ano seguinte, no decorrer da terceira cruzada contra os Hussitas, Rodolfo armou 12 cavaleiros que integraram as tropas imperiais, para além de um pequeno canhão, fabricado em 1420.[17]

Representações Literárias[editar | editar código-fonte]

No romance histórico de Elke Bader, "Anna von Rötteln - Im Hagelsturm der Begierde zwischen Basel und Habsburg" aparece o marquês Rodolfo III ao lado de sua esposa, Ana de Friburgo, a personagem principal.

Há também um poema de Willi Ferdinand Fischer em que Rodolfo III é glorificado.[18]

Casamentos e descendência[editar | editar código-fonte]

Em 1373 Rodolfo III casou-se, em primeira núpcias, com Adelaide de Lichtenberg,[19] [20] filha de Simão de Lichtenberg, Senhor do castelo de Huneburgo, na Alsácia.[21] Deste casamento não gouve descendência, tendo Adelaide morrido a 28 de abril de 1378.

A 13 de fevereiro de 1387, Rodolfo estabeleceu um contrato com o conde Conrado III de Friburgo e com a condessa Elsa de Neuchâtel, ajustando o seu casamento com a sua irmã Ana de Friburgo (1374–1427) que, na altura, tinha 13 anos. Para além de uma aliança estratégica com a Casa que governava Friburgo e Neuchâtel, Rodolfo obteve um importante dote avaliado em 12.000 florins, que incluía a cidade e o distrito de Sennheim (avaliados em 7.500 florins), o castelo de Istein (avaliado em 3.000 florins), e ainda 1.500 florins em dinheiro na condição de usar esse dinheiro na criação de explorações agrícolas na região entre Hauenstein, a floresta e as montanhas de ambas as margens do rio, no prazo de um ano após o casamento.[22]

Deste segundo casamento, nasceram 13 crianças (7 rapazes e 6 meninas).[23] Em 1407 das 13 crianças ainda viviam:

  • Otão (Otto) (1388-1451), Bispo de Constança;
  • Verena (Verena) (nascida em 1391), que casou com Henrique V de Fürstenberg;
  • Rodolfo, o Jovem (Rudolf, der Junge) (1393-1419) [24];
  • Inês (Agnes), freira no Convento de Santa Clara, em Basileia;
  • Catarina (Katharina) († 1419), freira em Santa Clara, Basileia;
  • Ana (Anna) († 1419), freira em Santa Clara, Basileia;
  • Margarida (Margarethe) († 1419), freira em Santa Clara, Basileia;
  • Guilherme (Wilhelm) (1406-1482), que sucedeu ao pai como marquês de Hachberg-Sausenberg.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Sachs, Pág. 495 Livros Google
  2. Sachs, Pág. 498 Livros google
  3. Sachs, Pág. 498 Livros Google
  4. Rudolf Wackernagel, Geschichte der Stadt Basel, Vol. 1, Pág. 329-330 Documento online
  5. siehe 115. Freundschaftsvertrag der Städte Bern und Solothurn mit dem Markgrafen von Hachberg. 1399 Mai 31. In: Hermann Rennefahrt: Die Rechtsquellen des Kantons Bern. Erster Teil: Stadtrechte. Vol. 3: Das Stadtrecht von Bern III. Aarau 1945 Coleção de fontes suíças
  6. Regesten der Markgrafen..., Vol. 1, documento nº h690
  7. Regesten der Markgrafen..., Vol. 1, documento nº h799 e h800
  8. Regesten der Markgrafen..., Vol. 1, documento nº h857
  9. Regesten der Markgrafen..., Vol. 1, documento nº h859
  10. Karl Seith]], Die Burg Rötteln im Wandel ihrer Herrengeschlechter, Ein Beitrag zur Geschichte und Baugeschichte der Burg. In: Das Markgräflerland, 3. Jahrgang, Folha 1, 1931, Pá. 10 Documento online
  11. Adila Islamović, Neue Erkenntnisse zu den Grabdenkmälern Rudolfs III. von Hachberg-Sausenberg und Annas von Freiburg in der Röttler Kirche bei Lörrach. In: Das Markgräflerland, Vol. 1/2015, Pág. 132–150
  12. Manfred Miller: Baden. Münzen und Medaillen, ISBN 978-3-7481-6359-6, S. 18; Friedrich Wielandt: Badische Münz- und Geldgeschichte, 3. Auflage, Karlsruhe 1979, ISBN 3-7650-9014-X, S. 11; Regesten der Markgrafen von Baden und Hachberg 1050–1515. Badische Historische Kommission (Hrsg.), Band 1 – Richard Fester (Bearbeiter): Markgrafen von Baden 1050–1431, Markgrafen von Hachberg 1218-1418, Innsbruck 1892–1900, Regest Nr. h745 und Regest Nr. 1399
  13. Julius Weizsäcker, König Wetzel's erstes Übergangsgesetz von der alten zur neuen Münze. In: Deutsche Reichstagsakten, Erster Band, Erste Abtheilung 1367 bis 1387, München, 1868, Nr. 260, S. 482, Fußnote 3 Digitalisat
  14. Wielandt, Pág. 8 e 11
  15. em português: "Carnaval maldito"
  16. Schubring, Rötteler Chronik, Pág. 43
  17. Schubring, Röttler Chronik, Pág. 164-165
  18. Willi Ferdinand Fischer, In der Markgrafengruft zu Rötteln spricht Rudolf III., In: Das Markgräflerland, Caderno 2/3, 1970, Pág. 77, Documento online da Universidade de Friburg
  19. Schubring: Rötteler Chronik, Pág. 77, nota 58 na pág. 193
  20. Regesten der Markgrafen von Baden und Hachberg 1050–1515, publicado pela Badischen Historischen Commission, coordenada por Richard Fester, Innsbruck, 1892, h719 & h729; Documento online
  21. Julius Kindler von Knobloch: Oberbadisches Geschlechterbuch. Vol. 2: He–Lysser. Heidelberg 1905, Pág. 492 documento da univeridade de Heidelberga
  22. Regesten der Markgrafen von Baden und Hachberg, vol. 1, deed number h751
  23. Regesten der Markgrafen von Baden und Hachberg 1050–1515, publicado pela Badischen Historischen Commission e coordenado por Richard Fester, Innsbruck 1892, h752, documento oline
  24. De acordo com a “Rötteler Chronik” Rodolfo perdera 4 filhos em 1419 e, logo depois, há uma referência a “uma grande praga”, pelo que se conclui que teriam morrido de peste.


Rodolfo III de Hachberg-Sausenberg
Ramo cadete da Casa de Baden, linha de Hachberg-Sausenberg
Nascimento: 1343 Morte: 8 de fevereiro 1428
Precedido por:
Rodolfo II

Marquês de Hachberg-Sausenberg

13521428
com Otão até 1384
Sucedido por:
Guilherme

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • (em alemão) Fritz Schülin, Rötteln-Haagen, Beiträge zur Orts-, Landschafts- und Siedlungsgeschichte, Lörrach, 1965; Pág. 65.
  • (em alemão) Fritz Schülin, Binzen, Beiträge zur Orts-, Landschafts- und Siedlungsgeschichte, Schopfheim, 1967; Pág. 523/524 (quadro genealógico da Casa de Hachberg-Sausenberg);
  • (em alemão) Gerhard Moehring, Chronologie zu Markgraf Rudolf III. von Hachberg, Herr zu Sausenberg und Rötteln (1343–1428). In: Das Markgräflerland, Vol. 1, 2001, Pág. 53–63, Schopfheim, 2001 Cronolgia da Univeersidde de Friburgo;
  • (em alemão) Badische Historische Kommission (Hrsg.): Regesten der Markgrafen von Baden und Hachberg 1050–1515.
    • Vol. I – editor Richard Fester Bearbeiter, Markgrafen von Baden 1050–1431, Markgrafen von Hachberg 1218-1418. Innsbruck 1892–1900, Pág. h68–h116, Texto online
    • Vol. II – editor Heinrich Witte, Regesten der Markgrafen von Hachberg 1422–1503, Innsbruck, 1901, Pág. 1–5; Texto online;
  • (em alemão) Karl Seith, Die Burg Rötteln im Wandel ihrer Herrengeschlechter, Ein Beitrag zur Geschichte und Baugeschichte der Burg. In: Das Markgräflerland, Caderno 1, 1931, Pág. 1–29 documento online;
  • (em alemão) Johann Christian Sachs, Einleitung in die Geschichte der Marggravschaft und des marggrävlichen altfürstlichen Hauses Baden, Vol. I, editora: Lotter, Karlsruhe, 1764, Pág. 510–541 Livros Google;
  • (em alemão) Peter Paul Albert, Markgraf Rudolf III. von Hachberg, Herr zu Rötteln und zu Sausenberg, und seine Beziehungen zur Stadt und Grafschaft Freiburg im Breisgau. In: Blätter aus der Markgrafschaft, 1917, Pág. 67–81 Documento da Universidade de Friburgo;
  • (em alemão) Adila Islamović, Neue Erkenntnisse zu den Grabdenkmälern Rudolfs III. von Hachberg-Sausenberg und Annas von Freiburg in der Röttler Kirche bei Lörrach. In: Das Markgräflerland, Vol. 1, 2015, Pág. 132–150;
  • (em alemão) Annemarie Heimann-Schwarzweber, Zur Kunstgeschichte im Kreisgebiet. Bildhauerkunst am Hofe des Markgrafen Rudolf III. In: Der Kreis Lörrach, Estugarda, 1980, Pág. 115–116, ISBN 3-8062-0203-6;
  • (em alemão) Thomas Alfried Leger, Hochberg, Hachberg. in: A.G. Hoffmann: Allgemeine Encyklopädie der Wissenschaften und Künste, Zweite Section, Parte IX, Leipzig, 1832, Pág. 119–123 Livros Google;
  • (em alemão) / romance: Elke Bader, Anna von Rötteln – im Hagelsturm der Begierde, Editora Jakobus, Barsbüttel 2008, ISBN 978-3-940302-11-3;
  • (em francês) Jiří Louda & Michael Maclagan, Les Dynasties d'Europe, Bordas, Paris 1981, ISBN 2040128735 « Bade Aperçu général », quadro 106 & pág. 210.