Roque Camêllo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Roque Camêllo, em cerimônia da Academia Marianense de Letras

Roque Camêllo (Bento Rodrigues, 16 de agosto de 1942 - Belo Horizonte, 18 de março de 2017) foi um professor, advogado, intelectual e político de Minas Gerais. Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e da Academia Marianense de Letras, foi o idealizador do Dia de Minas, que anualmente em 16 de julho transfere, simbolicamente, a capital mineira para Mariana.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Roque José de Oliveira Camêllo nasceu em Piteiro, povoado de Bento Rodrigues, Mariana. Era filho de Catinho Camêllo e Dona Zizinha, um casal de agricultores. Seus estudos iniciais foram realizados no Seminário de Mariana. Posteriormente formou-se em Letras e Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. Na faculdade, fundou a terceira força jovem, mobilização política que visava unir estudantes do PSD e da UDN.[1]

Especializou-se pela Universidade de Harvard e pela France Langue, em Paris. Durante sua carreira acadêmica, foi presidente da Associação Universitária Internacional (AUI), sediada em São Paulo.[2] Advogou e atuou na magistratura durante anos. Em Belo Horizonte foi um dos fundadores do Colégio São Vicente de Paula. Ainda na cidade, presidiu a Comissão de Defesa do Patrimônio Histórico da OAB de Minas Gerais.[3]

Era casado com Merania de Oliveira Camêllo.[2]

Defesa do patrimônio histórico[editar | editar código-fonte]

Foi diretor-executivo da Fundação Cultural e Educacional da Arquidiocese de Mariana (FUNDARQ). Em sua gestão foi o responsável pelo restauro do Órgão Arp Schnitger da Catedral Matriz de Nossa Senhora da Assunção de Mariana, e pela reforma do Palácio dos Bispos e da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, que havia sofrido um grande incêndio em 1999.[3] Também foi o responsável pela criação do Museu da Música, arquivo que pesquisou e recuperou. O acervo foi inserido no programa Memória do Mundo, da UNESCO, trabalho pelo qual recebeu o Prêmio Nacional Rodrigo de Melo Franco.[4]

Adquiriu verbas, junto Grupo Wembley, presidida por José Alencar, para a reforma da Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Camargos, e do Cine Teatro Municipal.[5]

Antes de falecer estava realizando o trabalho de pesquisa para a restauração dos antigos jardins existentes no Palácio dos Bispos, que acabaram desaparecendo com o tempo.[2]

Era membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, na cadeira 66, cuja patrona é a Princesa Isabel.[3][6] Presidiu por 31 anos a Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes, de 1986 a 2017, com seu falecimento a vice-presidente, Hebe Rola, assumiu a presidencia.[3][7] Sua pesquisa de vida gerou a obra Mariana: assim nasceram as Minas Gerais, publicado em 2016.[8]

Política[editar | editar código-fonte]

Foi vereador de Mariana, enquanto era estudante universitário, de 1963 - 1966. Em sua vereança teve importante papel na vinda do Banco do Brasil, da Caixa Economica Federal e da CEMIG para Mariana. Conjuntamente a Jadir Macedo foi um dos responsáveis pela criação do Dia de Minas, e pela obra do contorno, impedindo o grande tráfego de automóveis no centro histórico da cidade.[3]

Em 2004 foi eleito vice-prefeito, na chapa de Celso Cota.[9] Em 2008 candidatou-se ao pleito, elegendo-se chefe do executivo de Mariana, pelo PSBD.[10] Ficou no cargo até fevereiro de 2010.[5]

Acabou sofrendo uma ação do Ministério Público, sob a suspeita de compra de votos.[11] Afirma-se que ele teria oferecido dinheiro e contratos efetivos para que os professores da rede municipal o apoiassem naquela eleição. Durante o processo, atrasou-se na apresentação da defesa, sendo condenado e cassado. Assumiu, em seu lugar, a segunda chapa eleita, encabeçada pela Terezinha Severino Ramos (PTB).[12]

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Em 2018 foi criado o Instituto Roque Camello.[13]

Foram organizados dois livros sobre a sua pessoa. “O Roque Camêllo que conheci”, organizado pelo Dr. Mário de Lima Guerra, e “Tributo ao Professor Roque José de Oliveira Camêllo”, do Dr. Arnaldo de Souza Ribeiro.[13]

Referências bibliográficas[editar | editar código-fonte]

  1. «Há 6 anos o prof. Roque Camêllo ex-prefeito de Mariana nos deixava rumo a morada eterna». Jornal o Espeto. 17 de março de 2023. Consultado em 12 de outubro de 2023 
  2. a b c Cultura (20 de março de 2017). «Meios culturais prestam homenagem a Roque Camêllo». www.secult.mg.gov.br. Consultado em 12 de outubro de 2023 
  3. a b c d e Braga, Francisco José Dos Santos (17 de dezembro de 2018). «BLOG DO BRAGA: ROQUE CAMELLO: TEMPO E IMPACTO DE UMA TRAJETÓRIA PÚBLICA». BLOG DO BRAGA. Consultado em 12 de outubro de 2023 
  4. «Há 6 anos o prof. Roque Camêllo ex-prefeito de Mariana nos deixava rumo a morada eterna». Jornal o Espeto. 17 de março de 2023. Consultado em 12 de outubro de 2023 
  5. a b Tavares, Bruna Toso (26 de agosto de 2011). «Paixões políticas e representações da memória na disputa pelo poder municipal em Mariana-MG». Consultado em 12 de outubro de 2023 
  6. «A partida de Roque Camêllo». Consultado em 12 de outubro de 2023 
  7. Veloso, Kaio (2 de agosto de 2022). «Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes recebe novos membros». Agência Primaz de Comunicação. Consultado em 12 de outubro de 2023 
  8. «ouropreto.com.br :: Roque Camêllo lança o livro - Mariana: assim nasceram as Minas Gerais – uma visão panorâmica da história». www.ouropreto.com.br. Consultado em 12 de outubro de 2023 
  9. «Poder360 | ROQUE CAMELLO». eleicoes.poder360.com.br. Consultado em 12 de outubro de 2023 
  10. «Poder360 | ROQUE CAMELLO». eleicoes.poder360.com.br. Consultado em 12 de outubro de 2023 
  11. «G1 > Política - NOTÍCIAS - MPE pede cassação de candidato a prefeito em MG». g1.globo.com. Consultado em 12 de outubro de 2023 
  12. «Com 7 prefeitos em 5 anos, Mariana tem crise política e economia em risco». noticias.uol.com.br. Consultado em 16 de agosto de 2023 
  13. a b «MARIANA DA MINHA PERPÉTUA SAUDADE | Academia Mineira de Letras». Consultado em 12 de outubro de 2023