Santo Antônio de Sá

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Santo Antônio de Sá
  Cidade histórica do  Rio de Janeiro  
Igreja de São José da Boa Morte
Igreja de São José da Boa Morte
Igreja de São José da Boa Morte
Localização
História
Fundado 5 de agosto de 1697
Extinção 29 de setembro de 1877
Fundador Miguel de Moura

Artur de Sá Meneses

Características geográficas
População total (1778) 17 329[1] hab.

Santo Antônio de Sá foi uma vila localizada no atual estado do Rio de Janeiro. Fundada em fevereiro de 1647 como freguesia de Santo Antônio de Caceribu, [nota 1] Santo Antônio de Sá existiu até 29 de setembro de 1877, quando o que restou da antiga vila, após esta ser fragmentada para a criação de diferentes vilas, mudou de nome para Sant'Anna de Macacu, dando posteriormente origem ao município de Cachoeiras de Macacu.[2][3]

Dentre os municípios criados através da divisão da antiga vila de Santo Antônio de Sá, encontram-se também Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, Tanguá e Guapimirim, além do atual distrito de Itambi.[3][4][5]

História[editar | editar código-fonte]

A primeira tentativa dos portugueses de ocupar a região próxima ao rio Macacu ocorreu em 29 de Outubro de 1567, quando Mem de Sá concedeu uma sesmaria ao escrivão da Fazenda d'el-Rei Miguel de Moura, com o rio atravessando a sesmaria.[6][7] Partes das terras cedidas a Miguel já haviam sido cedidas um mês antes a Baltasar Fernandes, porém este faleceu em combate com os indígenas.[8] Miguel repassou as terras para a Companhia de Jesus em 18 de Outubro de 1571, que fundou a Fazenda de Macacu[nota 2] em 1573.[6][9] Após litígio pela posse das terras, os descendentes de Baltasar se tornariam arrendatários dos jesuítas.[8]

Em 1579, foi criada em um local denominado Cabaçu a aldeia de São Barnabé, para abrigar indígenas provenientes da aldeia de São Lourenço, criada por Arariboia.[10][11] A Fazenda de Macacu serviu de apoio para o aldeamento, que se transferiu para mais próximo da fazenda em 1584.[12] Parte da fazenda foi vendida a Manoel Fernandes do Zouro, que em 1612 ergueu no local uma capela dedicada a Santo Antônio.[6][3] A capela foi elevada a curato em 1628, e em fevereiro de 1647 a freguesia, com o nome de Santo Antônio de Caceribu.[4]

Com o crescimento da população, o governador Artur de Sá Meneses criou em 5 de agosto de 1697 uma vila no local em que se encontrava a freguesia de Santo Antônio de Caceribu, alterando o nome para Santo Antônio de Sá.[13][4][14] No momento da sua criação, foi ordenado pelo governador que todas as povoações ao longo do rio Macacu pertenceriam a partir daquele momento a vila.[15] A população da vila cresceu bastante no século 18, e com isso, foram criadas diferentes freguesias ligadas a Santo Antonio de Sá, o que causou uma fragmentação da vila em diferentes municípios. Em 1772, a Aldeia de São Barnabé é elevada a vila sob o nome de Vila Nova de São José del-Rei, esta incorporando também a Freguesia de Nossa Senhora do Desterro do Tambi.[16][10][17][4]

Entre 1829 e 1833, uma epidemia de malária atingiu a região, que por ser bastante próxima ao rio Macacu, ficou conhecida como "Febres de Macacu".[18][19] A epidemia fez com que a Freguesia de São João de Itaboraí, a principal e mais populosa de Santo Antônio de Sá, fosse elevada a vila em 15 de janeiro de 1833.[20][21] A população caiu de forma acentuada, e com isso, em 1834, a vila de Santo Antonio de Sá foi dividida em três freguesias, a sede da vila, São José da Boa Morte, com sede na Igreja de São José da Boa Morte, e Santíssima Trindade, com sede na Igreja Matriz da Santíssima Trindade.[22]

Com uma população já bastante reduzida pela epidemia e pelas diferentes mudanças administrativas, Santo Antônio de Sá é incorporada a Itaboraí em 1875, e muda de nome em 29 de setembro de 1877, oficializando a extinção do local.[23][24]

Notas e referências

Notas

  1. Dentre as diferentes grafias, aparecem Cacerebu e Casarebú
  2. Também chamada de Fazenda de Papucaia

Referências

  1. AMANTINO & CARDOSO 2008, p. 89.
  2. CARDOSO 2014, p. 7.
  3. a b c FORTE 1937, p. 25-68.
  4. a b c d COSTA 2018, p. 3-4.
  5. CARNEIRO, Maria José Teixeira; LATINI, Juliana Lopes; COELHO, Thais Danton (dezembro de 2012). «Histórico do Processo de Ocupação das Bacias Hidrográficas dos Rios Guapi-Macacu e Caceribu» (PDF). Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Embrapa Solos (152). ISSN 1517-2627. Consultado em 27 de abril de 2024 
  6. a b c ARAÚJO 1820, p. 184.
  7. COSTA 2018, p. 2.
  8. a b AMANTINO & CARDOSO 2008, p. 82-84.
  9. FERNANDES 2011, p. 7-9.
  10. a b UCHOA 2009, p. 9.
  11. Identidades do Rio. «São Barnabé». www.pensario.uff.br. Consultado em 27 de abril de 2024 
  12. COSTA 2018, p. 7-9.
  13. ARAÚJO 1820, p. 196.
  14. CARDOSO 2014, p. 1.
  15. FORTE 1937, p. 41.
  16. Identidades do Rio. «ALDEIAS RIO DE JANEIRO». www.pensario.uff.br. Consultado em 27 de abril de 2024 
  17. ARAÚJO 1820, p. 110-114.
  18. ROSA JÚNIOR, Ailton Fernandes (novembro de 2020). «As febres do Macacu na Vila de Santo Antônio de Sá - RJ (1829-1833)» (PDF). UniRio. 17º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia. Consultado em 27 de abril de 2024 
  19. «Ruínas do Rio: Ruínas que guardam a memória da epidemia de Macacu». Cultura em Movimento. 19 de agosto de 2021. Consultado em 27 de abril de 2024 
  20. «Decreto de 15 de janeiro de 1833». www2.camara.leg.br. Rio de Janeiro. 1833. Consultado em 27 de abril de 2024 
  21. COSTA 2018, p. 4-6.
  22. CARDOSO 2014, p. 5.
  23. CARDOSO 2014, p. 8.
  24. «Cidades perdidas: de epidemias à preservação de mananciais, histórias que motivaram o fim de antigos povoamentos do Rio». O Globo. 16 de janeiro de 2022. Consultado em 27 de abril de 2024 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

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