Ceife ibne Di Iazane
Ceife ibne Di Iazane (em árabe: سيف بن ذي يزن; romaniz.: Sayf bin Dhī-Yazan) foi um rei himiarita do Iêmem que viveu entre 516 e 578, conhecido por terminar o controle do Império de Axum sobre o sul da Arábia com ajuda do Império Sassânida.
Vida
[editar | editar código-fonte]Para recuperar o Iêmem, Ceife solicitou ao xá Cosroes I (r. 531–579) ajuda para enfrentar Axum. Cosroes concordou e enviou 800 homens com Boes como seu líder. O rei iemenita Masruque ibne Abra confrontou o exército, mas foi derrotado. Os sassânidas avançaram para conquistar Saná, mas Ceife foi instalado como rei sob o acordo que enviaria impostos a Cosroes. Ele foi mais tarde esfaqueado por seus servos abissínios, e os sassânidas reconquistaram o Iêmem e Boes foi instalado como governador ao lado do filho de Ceife.[1]
Posteridade
[editar | editar código-fonte]No Girgam, a crônica real dos Impérios de Canem e Bornu, Ceife, também chamado Sebu, é tido como progenitor da linhagem de reis que, desde seu neto Dugu, governou Canem até o século XI. Na crônica, é descrito como filho de Aixa, uma princesa iemenita descrita como "leoa". Viveu e morreu no Iêmem, onde governou por 20 anos, sendo sucedido por seu filho Ibraim.[2][3][4]
Segundo o explorador alemão Heinrich Barth, seus informantes em Canem afirmaram que Ceife é tido nas tradições locais como filho de Du Iazane com uma mulher de Meca. Diz-se que ele imigrou ao Canem, onde fundou a primeira dinastia do país, e reinou sobre as tribos vizinhas dos berberes, tebus ou tedas, canembus, etc. Ele teria falecido em Samina, um lugar no território de Dajó; o imame Amade ibne Furtua afirmou explicitamente que ele veio de Anjimi.[5]
Dierk Lange propôs que a origem dessa relação, que surge desde cerca do século XIII ao menos, foi a tentativa islâmica de transformar a divindade tribal local mais antiga chamada Sefe - que talvez pode ser identificada ao Issafe árabo-cananeu e o Baal-Zefom cananeu - na figura de Ceife. Além disso, ele relata que, segundo outros dos mitos locais, Ceife era um dos vários filhos de Aixa e o ancestral epônimo da sefauas, enquanto seu irmão Dugu (no Girgam, seu neto), aqui chamado Negalma Ducu, era ancestral epônimo dos duguas. Nesse mito, Dugu confrontou seu irmão, que matou-o acidentalmente e tornou-se maí (rei) do país.[6]
Referências
- ↑ Hoyland 2002, p. 56–57.
- ↑ Palmer 1912, p. 75.
- ↑ BMSN 1997, p. 59.
- ↑ Holl 2000, p. 40.
- ↑ Barth 1857, p. 581.
- ↑ Lange 2004, p. 243.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Barth, Heinrich (1857). Travels and discoveries in North and Central Africa: including accounts of Tripoli, the Sahara, the remarkable kingdom of Bornu, and the countries around lake Chad. II. Londres, Nova Iorque e Melbourne: Ward, Lock and Co.
- «Borno Museum Society Newsletter, Edições 32-41». Sociedade do Museu de Borno. 1997
- Holl, Augustin (2000). The Diwan Revisited: Literacy, State Formation and the Rise of Kanuri Domination (AD 1200-1600). Londres: Kegan Paul International
- Hoyland, Robert (2002). Arabia and the Arabs: From the Bronze Age to the Coming of Islam. Londres: Routledge. ISBN 9781134646340
- Lange, Dierk (2004). Ancient Kingdoms of West Africa: African-centred and Canaanite-Israelite Perspectives; a Collection of Published and Unpublished Studies in English and French. Dettelbach: J.H.Röll Verlag
- Palmer, H. R. (1912). «The Bornu Girgam». Oxford: Imprensa da Universidade de Oxford em nome da Sociedade Real Africana. Jornal da Sociedade Real Africana. 12 (45): 71-83