Bicudinho-do-brejo

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Macho
Macho
Estado de conservação
Espécie em perigo
Em perigo (IUCN 3.1)
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Passeriformes
Família: Thamnophilidae
Género: Formicivora
Espécie: F. acutirostris
Nome binomial
Formicivora acutirostris
Bornschein, Reinert & Teixeira, 1995
Distribuição geográfica

Sinónimos
Stymphalornis acutirostris

O Bicudinho-do-brejo para alguns: Formicivora acustirostris[1] para outros: Stymphalornis acutirostris era encontrado em apenas uma pequena área de brejo, ou seja uma população isolada, encontrada apenas no litoral do Rio Grande do Sul.[2]Assim, esse pássaro tem aproximadamente 10g de extensão corporal e tem 14cm de comprimento, mas existem diferenças marcantes entre um sexo e outro, na fêmea: o ventre é malhado de preto e branco e no macho: cinza-anegrado. Esse animal de dimensões pequenas e com a habilidade de voar, não poderia se alimentar de grandes alimentos e tão pouco sua estatura e bico permitem, por isso esse pássaro se alimenta de pequenos artrópodes, fazendo assim uma dieta proporcional a sua constituição física.[3]

Família Thamnophilidae[editar | editar código-fonte]

É uma família Neotropical e localiza-se pela América do Sul, exceto Chile e Argentina, porém, sua maior variedade biológica está em solo brasileiro, pode ser encontrada até 50 espécies diferentes na Amazônia. Essas aves, ocupam áreas de sub-bosques ou vegetação sub-arbustiva, esses locais torna-os imperceptíveis e suas vocalizações se tornam guias quando precisam se situarem, principalmente o casal entre si, ambos possuem o mesmo canto, assim tornando um meio de identificação.[3]

Reprodução[editar | editar código-fonte]

Sabe-se que para a fêmea ser conquistada, o macho precisa oferecer o alimento, mas também pode existir cantos para surpreender a sua pretendente, mas a fêmea chega ao ponto de depender do macho para se manter alimentada nessa fase de conquista e até mesmo durante a cópula existe relatos do macho permanecer com a refeição em seu bico. Assim, como a conquista e a cópula são aspectos pensados, a escolha de um ambiente favorável na hora da nidificação também é analisado e pode ser repetido pelo casal diversas vezes. Infelizmente, o ciclo reprodutivo dessa espécie e da maioria das que fazem parte da família Thamnophilidae, não é conhecida. Mas foi descoberto outros processos reprodutivos, como: os ovos, são postos em dias seguidos ou até com um intervalo de dois dias e na incubação, sabe-se que as fêmeas ficam durante a noite e os machos durante a manhã, acontecendo assim um revezamento entre o casal e quando esses ovos eclodem nos ninhos, os restos são levados por seus pais para descarte. A nova geração nasce em grande parte nus, com seus pequenos e singelos olhos fechados, pele rosada, mas é claro, existe uma exceção, a cabeça, assim como seus antecessores já é cinza- anegrado, seu bico é laranja -diferente de sua espécie adulta- e somente com dois dias, começam a abrir seus olhos e assim tentar entender seu habitat.[3]

Ninhos e suas problemáticas[editar | editar código-fonte]

Os Bicudinhos-do-brejo, como todo animal, tem seu habitat definido no litoral Sul do país e constroem os seus ninhos em vegetações herbáceas de regiões de brejos que são frequentemente alagadas pela maré. As construções desses ninhos são bem típicos da família Thamnophilidae, sua forma é bem parecida com cestos ou taças[3] e ficam a alguns centímetros do solo ficando expostos aos alagamentos causados pela maré, já que vivem no litoral. Outro problema também recorrente é o aumento da temperatura média global e os eventos extremos, como precipitações e ciclones, assim aumentando o aquecimento global, que afeta diversas espécies e assim afetando o habitat do Bicudinho-do-brejo. Tendo como consequências: a alteração da distribuição, abundância das espécies e aumentando seu risco de extinção.[4] Um outro problema recorrente nessas vegetações herbáceas, é o acumulo de lixo, muitos matérias plásticos, moveis e diversos outros tipos utensílios domésticos, causando um acumulo e a eliminação dessa vegetação.[5]

Ambientes de ocorrência[editar | editar código-fonte]

O S. Acustirostris, teve oito ambientes de maior ocorrência, sendo esses os primários, porém com toda modificação e ação humana, foi adicionado mais um brejo secundário, totalizando novo possíveis ambientes de preferencia dessa espécie. Esses locais ocorrem no Paraná, sendo uma área total de 4.856,57 ha - hectare - desses 33,1% são espaços herbáceos e 66,9% são áreas superior a arbóreo e inferior a herbáceo. Essa espécie, pode habitar planícies aluviais inundadas e não teve nenhuma eventualidade desse pássaro em manguezais.[5]

Forrageamento[editar | editar código-fonte]

Essa técnica é importante para que se possa entender sobre os comportamentos, interações e circulações com a natureza que possam resultar na de captura de sua presa. Uma das formas de conseguir surpreender suas presas, é procurar assustar, nas folhagens batem suas asas, assim assustando seu próximo alvo. O S. Acutirostris, muitas vezes uma o salto para se aproximar, na maioria das vez são saltos para frente e em outras circunstâncias para baixo, assim tentando ficar próximo de seu objetivo. A diferença entre sexo se torna presente no forrageamento, os machos diminuem nos períodos de maré baixa e seca, enquanto as fêmeas continuam em proporções normais nesse ciclo, mas enfraquece o forrageio quando a maré aumenta.[3]

Espécie irmã[editar | editar código-fonte]

O Bicudinho-do-brejo-paulista (Formicivora paludicola), foi encontrada nos brejos paulistas - a única ave endêmica paulista - assim, como foram espécies recentemente descobertas e entraram para a lista de aves ameaçadas de extinção. Alguns tratam o Bicudinho-do-brejo como Formicivora acuirostris, pois existe uma grande semelhança com sua espécie irmã, sendo distinguidos pelas características físicas, mais especificamente: a plumagem. O macho da F. paludicola é mais acinzentado, enquanto como foi descrito o S. acutirostris tem uma coloração mais preta, já as fêmeas são bem parecidas, apenas se distinguindo de outros pássaros da mesma espécie, porém a fêmea do F. paludicola tem a costa mais marrom, em comparação com sua espécie irmã.[6]

Espécie ameaçada[editar | editar código-fonte]

O S. acutirostris é uma grande espécie quase ameaçada no mundo e em perigo de extinção no Brasil.[1]Muitos não chegaram a falar sobre o Bicudinho-do-Brejo, mas a verdade é que a extensão da biodiversidade existente é imensa, pouco conhecida e estudada. Assim como muitas espécies, com esse pássaro não foi diferente, com pouco investimento em pesquisas e entendimento sobre o animal, logo que descoberto já entrou diretamente para lista de espécies ameaçadas no Brasil. Foi encontrado a 200km de São Paulo, por alguns pesquisadores e o que o levou entrar na lista, juntamente como outras espécies, como: Mico-leão-da-cara-preta, no ano de 2005.[7] Essa ave, mantém-se em três unidades de conservação integral: Parque Estadual de Boguaçu, Estação Ecológica do Guaruçu e Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda Palmital, essas reservas de manutenções ajudam a conservar a espécie mesmo grande risco de extinção.[5]

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Referências

  1. a b Sandretti-Silva, Giovanna Projeto de recinto para a conservação ex situ de thamnophilídeos paludícolas ameaçados de extinção. Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/216289>.
  2. Bencke, Glayson A.; Dias, Rafael A.; Bugoni, Leandro; Agne, Carlos Eduardo; Fontana, Carla S.; Maurício, Giovanni N.; Machado, Diogenes B. (dezembro de 2010). «Revisão e atualização da lista das aves do Rio Grande do Sul, Brasil». Iheringia. Série Zoologia: 519–556. ISSN 0073-4721. doi:10.1590/S0073-47212010000400022. Consultado em 24 de junho de 2022 
  3. a b c d e REINERT, Bianca Luiza. Ecologia e comportamento do bicudinho-do-brejo (Stymphalornis acutirostris Bornschein, Reinert & Teixeira, 1995 - aves, Thamnophilidae). 2009. 198 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro, 2009. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/106590>.
  4. Prado, Renan de Paula Ramos do (25 de janeiro de 2022). «Modelando impactos da precipitação e maré em alagamentos de ninhos de bicudinho-do-brejo Formicivora acutirostris (Thamnophilidae)». Consultado em 19 de junho de 2022 
  5. a b c [UNESP], Reinert, Bianca Luiza; Ricardo, Bornschein, Marcos; Carlos, Firkowski, (1 de dezembro de 2007). «Distribuição, tamanho populacional, hábitat e conservação do bicudinho-do-brejo Stymphalornis acutirostris Bornschein, Reinert e Teixeira, 1995 (Thamnophilidae)». Revista Brasileira de Ornitologia. ISSN 0103-5657. Consultado em 11 de julho de 2022 
  6. Del-Rio, Glaucia Cristina (5 de maio de 2014). «Distribuição, habitat e área de vida do bicudinho-do-brejo-paulista (Formicivora paludicola)». São Paulo. doi:10.11606/d.41.2014.tde-27082014-093602. Consultado em 21 de junho de 2022 
  7. Grimaldi, Samntha Almeida Nery Gonzalez (2005). «O domínio de Mata Atlântica: ação antrópica e suas consequências»