Subordinacionismo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O subordinacionismo era a crença cristã primitiva de que Jesus Cristo era subordinado a Deus, o Pai em essência (igualdade ontológica) ou função. Esta ideia não é aceita hoje pelas igrejas ortodoxas, pois ela contraria a doutrina da Trindade. [1]

A subordinação de Cristo ao Pai no novo testamento[editar | editar código-fonte]

Os adeptos do subordinacionismo apontam que existem vários versículos no Novo Testamento que dão a ideia de subordinação de Cristo ao Pai e de superioridade do Pai (I Coríntios 11:3; I Coríntios 15:24–28, João 14:28)

O ensino da subordinação dos Pais da Igreja[editar | editar código-fonte]

Na verdade de um modo ou de outro, muitos dos teólogos da primitiva igreja ensinavam que o filho era subordinado ao Pai. Apologistas (os pais da igreja) como Justino, Ireneu, Clemente de Alexandria e outros, consideravam Jesus como servo subordinado a Deus, o Pai.[2]

A ideia de Jesus ser subordinado a Deus se encontra também na Didaquê, que é uma primitiva catequese cristã. Nela Jesus é chamado de servo do Pai, porém o texto não deixa explícito o sentido ou tipo de subordinação ao ele se refere.[2]

Um dos primeiros expoentes a combater explicitamente o subodinacionismo foi Orígenes de Alexandria.[3]

Durante a controvérsia ariana, os semi-arianos e algums ortodoxos (como Eusébio de Cesareia) defenderam o subordinacionismo. Foi somente no Primeiro Concílio de Niceia (325 d.C.) que a doutrina da subordinação de Cristo ao Pai, que era defendida por Ário, foi rejeitada pela Igreja em favor da ideia da igualdade entre o Pai e o filho.

Depois dos concílios de Niceia, Constantinopla e Calcedônia tornou-se padrão no cristianismo a posição atanasiana de coeternidade das pessoas divinas. Tal postura iria ser mais tarde desafiada por socinianos e unitários.

Hoje as ideias subordinacionalistas são encontradas em grupos considerados heréticos e não cristãos como as Testemunhas de Jeová, cristadelfianos, pelos unitários bíblicos e Novo Calvinistas.[4]

Ressurgência no Novo Calvinismo[editar | editar código-fonte]

No movimento chamado de Novo Calvinismo surgido a partir dos anos 1960 em países de língua inglesa emergiu uma doutrina que vê Jesus Cristo como eternamente subordinado funcionalmente a Deus Pai. [5] Essa doutrina, em inglês Eternal Subordination of the Son, correponde a uma visão complentarista de relações de gêneros na família nuclear, na qual o marido é a cabeça da casa.[6] [7]. Antes confinada a círculos teológicos, a doutrina ganhou visibilidade com a publicação de um livro de John Piper e Wayne Grudem em 2006 acerca das relações familiares. [8]


Referências

  1. Catecismo da Igreja Católica Apostólica Romana
  2. a b Urban, Linwood. A short history of Christian thought. Oxford University Press, 1995.
  3. Ramelli, Ilaria LE. "Origen’s anti-subordinationism and its heritage in the Nicene and Cappadocian line." Vigiliae Christianae 65.1 (2011): 21-49.
  4. Jowers, Dennis W., and H. Wayne House, eds. The New Evangelical Subordinationism?: Perspectives on the Equality of God the Father and God the Son. Wipf and Stock Publishers, 2012.
  5. Holmes, Stephen R. "Classical trinitarianism and eternal functional subordination: some historical and dogmatic reflections." Scottish Bulletin of Evangelical Theology (2017).
  6. Kovach, Stephen D., and Peter R. Schemm Jr. "A Defense of the Doctrine of the Eternal Subordination of the Son." Journal of the Evangelical Theological Society 42.3 (1999): 461.
  7. Johnson, Keith E. "Trinitarian Agency and the Eternal Subordination of the Son." The New Evangelical Subordinationism?: Perspectives on the Equality of God the Father and God the Son (2012): 108.
  8. Piper, John, and Wayne Grudem, eds. Recovering biblical manhood and womanhood: A response to evangelical feminism. Crossway, 2006.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]