Tigranes I Mamicônio

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 Nota: Para outros significados, veja Tigranes.
Tigranes I Mamicônio
Morte 640[1]
Nacionalidade
Império Sassânida
Etnia Armênio
Progenitores Pai: Baanes III Camsaracano
Ocupação General
Religião Catolicismo

Tigranes I Mamicônio foi um nobre armênio do final do século VI e começo do VII, conhecido apenas a partir da História de Taraunitis de João Mamicônio. Supostamente esteve ativo em Taraunitis na luta contra os invasores persas do Cosroes II (r. 590–628).

Vida[editar | editar código-fonte]

Era filho de Baanes III.[1] É conhecido apenas a partir do relato da História de Taraunitis de João Mamicônio, obra considerava como não fiável, e autores como Christian Settipani questionam sua existência.[2] Cyril Toumanoff considera-o personagem histórica e data sua morte em 640.[1]

História de Taraunitis[editar | editar código-fonte]

Dinar de Cosroes II (r. 590–628)

Aparece pela primeira vez no tempo do imperador Focas (r. 602–610), quando é batizado no Mosteiro de Glaco. 18 anos depois, Cosroes enviou 50 600 soldados a Taraunitis com intenção de atacar o Mosteiro de Glaco e pegar os ossos de seus inimigos. Eles acamparam em Muxe e Baanes convocou seu filho e lhe disse:[3]

Meu filho, não seja enganado em pecado porque você é poderoso, e não seja enganado por mulheres bonitas por causa de sua juventude. Em vez disso, lembre-se de seus pais e com que santidade e pureza serviram a Deus. não se esqueça do serviço a São Precursor, pois nas batalhas foi ele quem nos ajudou. Se você quer viver muito tempo, não seja tentado à devassidão. E se eu morrer em guerra, tenho meus restos levados para Servir a Deus e aos seus clérigos com santidade como eu, pois não fui enganado pela beleza nem expulsei ou assediei os desafortunados, pois cuidei de todos sob a autoridade, homens, mulheres e crianças, crentes em Cristo, como irmãos e famílias de meu país como meus pais fizeram, com preocupação. Filho, se você fizer o mesmo, o Senhor fortalecerá você. Agora vamos à batalha.
 
João Mamicônio, História de Taraunitis, capítulo V.

Foram à batalha, enviaram carta ao abade Gregório e levaram à batalha 385 clérigos encapuzados. Quando a batalha começou nas margens do rio Aracani próximo a floresta chamada Colina de Cagamaqueaque. Por intervenção divina, os armênios estavam vencendo, o que compele o general Varduri a investir contra Tigranes. Ao defrontá-lo, Varduri disse: "Feiticeiro! Você é exaltado em feitiçaria, e por feitiçaria venceu os cajes persas". Tigranes respondeu: "Se sou feiticeiro, então obedeça um momento, para que eu possa lhe mostrar o rabo do seu cavalo." E Tigranes rapidamente arrancou o pé direito de Varduri junto com as grevas. Varduri inclinou-se para o lado e caiu e Tigranes disse: "Varduri, não me culpe. Sua cabeça estava curvada e fez você cair. Deixe-me equilibrar sua carga." E ele cortou sua cabeça e deu a um servo, dizendo: "Guarde isto para quando acamparmos em Matravanque e jogue polo na frente da igreja de São Precursor, pois foi Varduri quem insultou os clérigos de Precursor."[3]

Quase 20 anos depois, antes do imperador Heráclio (r. 610–641) derrotar Cosroes na guerra em curso em 627, Tigranes foi a corte persa em Ctesifonte sob o comando do príncipe da Ibéria Vasdeano e seu pai Baanes. Foi acolhido como um dos filhos adotivos de Cosroes e nomeado marzobã da Armênia. Ele tomou muitas tropas e foi contra os bizantinos, mas enviou mensagem a Heráclio, dizendo: "Não se assuste com a minha vinda. Em vez disso, me dê uma cidade onde eu possa reunir as tropas armênias e eu serei seu auxiliar". E um juramento de amizade foi feito no qual Tigranes foi considerado marzobã da Armênia e Irã, como dimesleco dos gregos. Ciente disso, Vasdeano foi a Cosroes e disse: "Tigranes te traiu e se juntou aos bizantinos. Agora mande 8 000 cavaleiros para Vananda e eu o entregarei a você." O xá enviou 5 000 soldados para Vasdeano que escreveu uma carta a Tigranes: "Você agravou Cosroes com sua migração. Mas venha e vamos nos consultar sobre o rei." Assim que Tigranes leu a carta, chegou outra carta no mesmo dia do filho da irmã de Vasdeano, Hamã, informando-o da traição diante dele das tropas que tinham vindo do Irã. Ele imediatamente escreveu uma carta para Vasdeano repreendendo-o por sua trama.[4]

No mesmo ano, Heráclio derrota Cosroes e, lembrando do juramento feito entre ele e Tigranes, nomeia-o marzobã dos armênios. 8 anos depois, o filho da irmã de Maomé, Ibraim, veio com muita bagagem trazendo consigo 18 000 cavaleiros, exigindo impostos da Armênia. Tigranes enviou uma mensagem que todo o exército se reunisse à guerra. Porém, o filho de Vasdeano, Jojique, achando o tempo favorável, fez com que toda a Armênia se rebelasse, de modo que eles não iriam para Tigranes. Quando Tigranes viu que tudo estava terminado, falou estas palavras diante de seu exército de 8 000 soldados que tinham vindo voluntariamente "Ó povo de Cristo, é melhor para mim morrer do que à Igreja de Deus se tornar tributária para os tachiques". No dia seguinte, se reuniram ao pé do monte Gregur e lutaram na planície ao sul, desde a manhã até a terceira hora. Enquanto ainda estavam colocando os tachiques em fuga, de repente o príncipe de Anjavacique Saur se rebelou, saiu das fileiras e virou sua espada às tropas armênias. Tigranes, rasgando as tropas, encontrou Saur e disse: "Pare, apóstata Saur, porque Cristo fez você cair em minhas mãos." E ele cortou a cabeça de Saur com sua espada. No entanto, ele mesmo foi martirizado lá pela espada junto com dois príncipes. Então o exército armênio ficou preso e todo homem perdeu a vida. Mas alguns fugiram e atravessaram a cidade pantanosa de Oj. Restos daqueles mortos pelos iranianos são mantidos no relicário do martírio rebatizado de Santo Anfitrião. Ibraim passou por Hárquia, para Bassiana, para Virque, e para Javacque e para Vananda. Tomou os impostos e voltou para Tachiquistão. O marzobã foi sepultado na porta da catedral em Jiunquerta, em Taraunitis, na cidade de Porpe.[4]

Referências

  1. a b c Toumanoff 1990, p. 331-332.
  2. Settipani 2006, p. 147.
  3. a b Bedrosian 1985, Capítulo V.
  4. a b Bedrosian 1985, História.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Settipani, Christian (2006). Continuidade das elites em Bizâncio durante a idade das trevas. Os príncipes caucasianos do império dos séculos VI ao IX. Paris: de Boccard. ISBN 978-2-7018-0226-8 
  • Toumanoff, Cyril (1990). Les dynasties de la Caucasie chrétienne de l'Antiquité jusqu'au xixe siècle: Tables généalogiques et chronologiques. Roma: Edizioni Aquila