Usuário(a):Eric de Souza Serra/Monasticismo Greco-Budista

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Restauração conjectural da estupa de Takht-i-Bahi .

O papel dos monges budistas gregos no desenvolvimento da fé budista sob o patronato do imperador Ashoka por volta de 260 a.C. e subsequentemente durante o reinado do Indo-grego Menandro (165/155–130 a.C.) é descrito no Mahavamsa, um importante texto histórico budista Theravada, não canônico, compilado no Sri Lanka no século VI na língua Pali.

O Mahavansha ou "Grande Crônica" abrange a história do budismo desde o século VI a.C. até o século IV d.C. Foi escrito no século VI pelo monge Mahanama, irmão do rei Dhatusena de Anuradhapura, e dependia fortemente do Dipavamsa ou "Crônica da Ilha" escrito cinco séculos antes.

Contexto Histórico[editar | editar código-fonte]

O imperador Ashoka convocou o terceiro conselho budista por volta de 250 a.C. em Pāliputra (atual Patna). O concílio foi realizado pelo monge Moggaliputta.

O Cânone Pali, que consiste em textos de referência Teravada e considerados transmitidos pelo próprio Buda, foram formalizados nesse período. É conhecido como a Tipitaka ou "Três Cestas" e contem a Doutrina (Suta Pitaca), disciplina monástica (Vinaia Pitaca) e um compêndio de filosofia (o Abidarma).

Outro objetivo do conselho era conciliar as diferentes escolas de budismo e purificar o budismo, particularmente de facções oportunistas que haviam sido atraídas pelo patronato real.

Finalmente, o conselho também relatou os esforços de proselitismo de Ashoka, que procurou expandir a fé budista por toda a Ásia e até a bacia do Mediterrâneo. As inscrições de pedra contemporâneas dos Éditos de Asoca também relatam essa atividade em detalhes.

Após esses esforços, a fé budista parece ter se expandido entre as comunidades gregas sob o domínio de Ashoka, e dezenas de milhares foram convertidos. Cerca de 50 anos depois, o Reino Greco-Bactriano invadiu o norte da Índia até Pāṭaliputra e fundou o Reino Indo-Grego. O budismo floresceu sob os reis indo-gregos, e tem sido sugerido que a invasão da Índia pretendia mostrar seu apoio ao Império Maurya e proteger o budismo das perseguições religiosas do novo Império Shunga (185-73 a.C.). Os monges budistas gregos continuaram a desempenhar um papel fundamental durante a época de Menandro, até o Sri Lanka .

Monges gregos sob Ashoka[editar | editar código-fonte]

De acordo com Edits de Ashoka , as populações gregas (geralmente descritas nos tempos antigos em todo o mundo clássico como Yona, Yojanas ou Yavanas , lit. "Jônios") estavam sob seu domínio no noroeste da Índia


Here in the king's domain among the Greeks,

the Kambojas, the Nabhakas, the

Nabhapamkits, the Bhojas, the Pitinikas, the

Andhras and the Palidas, everywhere people are

following Beloved-of-the-Gods' instructions in

Dhamma.

   — S. Dhammika, Edicts of Ashoka, Rock

Edict No. 13


Longe de ser apenas o receptor da conversão ao budismo, o Mahavamsa indica que os gregos tiveram um papel ativo em espalhar a fé budista como emissários da Ashoka .

Esses missionários gregos aparecem na lista dos "anciões" (Pali: "thera") enviados pelo o mundo pelo imperador Ashoka:

"When the thera Moggaliputta, the illuminator of the religion of the Conqueror, had brought the (third) council to an end (…) he sent forth theras, one here and one there:↵
  • The thera Mahyantika he sent to Kasmira and Gandhara,
  • The thera, MaMdeva he sent to Mahisamandala.
  • To Vanavasa be sent the thera named Rakkhita,
  • and to Aparantaka (he sent) the Yona named Dhammarakkhita;
  • to Maharattha (he sent) the thera named Mahadhammarakkhita,
  • but the thera Maharakkhita he sent into the country of the Yona.
  • He sent the thera Majjhima to the Himalaya country,
  • and to Suvambhurni he sent the two theras Sona and Uttara.
  • The great thera Mahinda, the theras Utthiya, Uttiya, Sambala and Bhaddasala his disciples, these five theras he sent forth with the charge: `Ye shall found in the lovely island of Lanka the lovely religion of the Conqueror.'" (Mahavamsa, XII)

Dharmaraksita[editar | editar código-fonte]

Dhammarakkhita (Dharmaraksita em sânscrito), foi o Yona (Lit. "Jônio" ou "Grego") líder da missão a Aparantaka .

O país de Aparantaka foi identificado como a parte noroeste do subcontinente indiano, e compreende o norte de Gujarat , Kathiawar , Kachch e Sindh , a área onde as comunidades gregas provavelmente estavam concentradas. Até hoje, uma cidade em Gujarat é chamada Junagadh, originalmente "Yonagadh", lit. "Cidade dos Gregos".

Diz-se que Dharmarashita pregou o Aggikkhandopama Sutta, de modo que 37.000 pessoas foram convertidas em Aparantaka e que milhares de homens e mulheres entraram na Ordem (Mahavimsa XII).

De acordo com a Milinda Panha (I 32-35), o monge Nagasena, que ficou famoso por dialogar com o rei grego Menandro I para convertê-lo ao budismo, foi aluno de Dharmaraksita, e alcançou a iluminação como um arhat sob sua orientação.

Mahyantika[editar | editar código-fonte]

O thera (“ancião”) Mahyantika foi enviado para Kashmir e Gandhara, também áreas com forte presença helênica. Embora ele não seja identificado como grego no Mahavamsa, seu nome provavelmente significa Maha (grande) + Antika (Antiochos), um nome grego comum.

Maharaksita[editar | editar código-fonte]

Diz-se que o thera ("ancião") Maharakkhita (Maharaksita em sânscrito ) foi enviado ao país dos gregos. Ele provavelmente teria sido grego também devido à natureza de sua missão, mas isso não é confirmado.

Monges gregos sob Menander[editar | editar código-fonte]

O rei indo-grego Menandro I (reinou de 160 a 135 a.C.) tinha sua capital em Sagala , no atual norte de Punjab , e é descrito por Estrabão como um dos mais poderosos reis gregos da época, ainda maior que Alexandre, o Grande .

Menandro provavelmente se converteu ao budismo e parece ter encorajado a disseminação da fé dentro do subcontinente indiano, e possivelmente também na Ásia Central. Um exemplo documentado da influência de um monge budista grego é encontrado novamente no Mahavamsa:

Mahadharmaraksita[editar | editar código-fonte]

De acordo com Mahavamsa, A Grande Estupa em Anuradapura, Sri Lanka, foi dedicada por uma delegação de 30,000 jônios de "Alesandra" (Alexandria do Caucasus) por volta de 130 a.C.

Durante o tempo de Menandro I, é dito que o Yona (Jônio) Mahadhammarakkhita (em sânscrito: Mahadharmaraksita) veio de "Alasandra" (que acredita-se ser Alexandria do Cáucaso, a cidade fundada por Alexandre, o Grande, perto da atual Kabul) com 30.000 monges para a cerimônia de fundação do Maha Thupa ("Grande Estupa") em Anuradhapura no Sri Lanka , durante o segundo século a.C.

"De Alasanda, a cidade dos Yonas, veio o thera Yona Mahadhammarakkhita com trinta mil bhikkhus ."
(Mahavamsa , XXIX)

Esses elementos tendem a indicar a importância do budismo dentro das comunidades gregas no noroeste da Índia, e o papel proeminente dos monges budistas gregos, bem como em todo o subcontinente indiano e possivelmente até o Mediterrâneo, durante os últimos séculos antes da era atual.

Veja também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

Links Externos[editar | editar código-fonte]

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