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Reinata Sadimba (Mueda, Cabo Delgado, Moçambique, 1945) é uma ceramista nascida é uma das artistas mais reconhecidas de Moçambique e tem seu trabalho exposto em várias instituições de arte ao redor do mundo.[1]

A artista recebeu uma educação tradicional da etnia Makonde que incluía a fabricação de objectos utilitários em barro. Aprendeu a arte de ceramista com a sua mãe desde os sete anos, primeiro para alimentar a sua família depois de perder o seu pai muito jovem e mais tarde porque a argila lhe permitia 'dizer coisas que não sabia contar de outra maneira'.[1][2][3][4]

O trabalho da artista é muito determinado pelas suas experiências pessoais. Casada jovem e divorciada duas vezes, teve oito filhos, sendo que apenas um sobreviveu. [1][3][5]

Tem a cara tatuada, segundo as tradições makondes.[3]

Percurso[editar | editar código-fonte]

Enquanto criava, participava também na Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), uma campanha armada contra o governo colonial português que começou em 1964 e possibilitou a sua independência em 1974.[1]

Os anos oitenta do século XX são decisivos na sua obra. Nesta altura instalaram-se perto de Mueda, onde residia, um casal de suíços com quem colaborou num projecto rural e que a ajudaram a expor e a viver da sua arte. Com as condições do país a piorarem por causa da Guerra Civil (1976-1992), as suas poucas expectativas laborais levaram-na a emigrar com o seu único filho vivo para Dar-es-Salaam, na Tanzânia, onde viveu com a sua irmã Josefina. [1] Aqui começa a expor em pequenas salas de arte e mercados artesanais.

Restabelece contacto com os seus amigos suíços que compram a maioria da sua obra e lhe permitem criar segundo a sua própria estética e imaginário. Esta estabilidade económica e apoio à criação impulsionou a sua arte, permitindo-lhe desenvolver novas técnicas e modos de cozedura. A sua estadia na Tanzânia ajudou a desenvolver uma estética e representação do corpo humano, criando formas vivas e penetrantes, até criar um universo muito próprio. [1][4]

Em 1992 volta a Moçambique e instala-se em Maputo. Aqui, recebe bastante apoio de Augusto Cabral, o então Director do Museu de História Natural de Moçambique, que lhe ofereceu um espaço de estúdio dentro do próprio museu. Em 1998 realizou no museu uma semana de ensino sobre cerâmica tradicional. [5][3][4]

Nas suas peças, usa calcário branco e grafite, que lhe conferem uma cor verde característica da sua obra. Cria jarras, potes e panelas e outro tipo de peças com formas antropomórficas, com corpo e rosto e com escarificações ou marcas culturais da etnia Makonde. Prefere a argila porque é um material maleável que se modifica com relativa facilidade antes da cozedura e as suas peças devem ser examinadas com cuidado porque têm várias mensagens subjacentes: dois jarros emergem de um jarro, num vaso a cobra ou nyoka recria a vida e a morte que envolvem uma pessoa, as panelas têm várias bocas e pernas e as figuras que geralmente aparecem sem sexo estão defecando. [1]

As figuras mais humanizadas assumem o rosto de animais com bocas e orelhas grandes e as mulheres têm vários peitos. Ela também cria figuras com deficiências físicas, embora talvez a sua figura mais autobiográfica seja a de uma mulher com oito filhos que saem do seu corpo enquanto uma cobra entra na sua boca. Todos estes animais estão ligados aos contos e lendas da sua província. [1][3]

A escultora makonde leva a sua arte pelo mundo e já expôs em várias partes do mundo, principalmente na Itália e em Portugal.

Reconhecimentos[editar | editar código-fonte]

Os trabalhos de Reinata estão representados em várias instituições de arte ao redor do mundo, entre elas o Museu Nacional de Arte de Maputo, o Museu de Etnologia de Lisboa e a Colecção de Arte Moderna de Culturgest, além de numerosas colecções privadas.[6]

Obra[editar | editar código-fonte]

As peças de Reinata inspiram-se em desenhos e espíritos da etnia Makonde e representam aspectos como a feminilidade, a maternidade ou o parto. Reinata é conhecida por fabricar peças em alta velocidade.

Em 1975, depois de divorciar-se e acabar com uma relação considerada abusiva, Reinata deu um giro ao seu trabalho e passou a acrescentar enfeites próprios às suas obras que actualmente adoptam formas consideradas ‘estranhas’.[5]

Já expôs um pouco por todo o mundo[5]:

  • 2007

Studio Brescia, Ospitaletto (Itália)

  • 2006

Castel dell’Ovo, Nápoles (Itália)

  • 2004

Basileia (Suíça)

Mais a Sul Culturgest, Lisboa (Portugal)

Da Convergência dos Rios, Perve Galeria, Lisboa (Portugal)

Fragile Terra di Mozambico Botteghe della Solidarietà, Milão (Itália)

Perve Galeria, Lisboa (Portugal)

  • 2003

Acervo 02 / Mostra de Arte Contemporânea Perve Galeria e Parque da Saúde, Lisboa (Portugal)

Porto Arte 2ª Feira de Arte Contemporânea do Porto (Portugal)

Latitudes 2003 Hôtel de Ville de Paris, Paris (França)

  • 2002

Galeria Perve Acervo / Ed. Banco de Portugal, Leiria (Portugal)

Sulcos (roxos) do olhar – lusofonia no feminino Perve Galeria, Lisboa (Portugal)

Arte Contemporânea de Moçambique Galeria de Arte da Cervejaria Trindade, Lisboa (Portugal)

  • 2001

Regine d’Africa Rocca di Umbertide, Perugia (Itália)

Maninguemente Ser Perve Galeria, Lisboa (Portugal)

Sur-Sensus Perve Galeria, Lisboa (Portugal)

  • 2000

Olhos do Mundo Perve Galeria, Lisboa (Portugal)

Progress of the World’s Women exposição comissionada por UNIFEM, Nova Iorque (EEUU)

  • 1998

Expo 98 Lisboa (Portugal)

Museu de arte Nacional, Maputo (Moçambique)

  • 1997

Museu de Arte Nacional, Maputo (Moçambique) e Lisboa (Portugal)

  • 1996

Museu de Arte Nacional, Maputo (Moçambique) e Dinamarca

  • 1995

Bienal de Joanesburgo, Joanesburgo (África do Sul)

Bienal da TDM, Maputo (Moçambique)

  • 1992-4

Museu de Arte Nacional, Maputo (Moçambique)

Referências[editar | editar código-fonte]