Repressão etíope em Ogaden em 2007–2008

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Repressão etíope em Ogaden em 2007–2008
Insurgência em Ogaden

Região Somali da Etiópia, local do conflito.
Data Junho de 2007 - Maio de 2008
Local Região Somali da Etiópia
Desfecho Indeciso; ambos os lados reivindicam a vitória.[1]
Beligerantes
Etiópia Etiópia Frente de Libertação Nacional de Ogaden
Baixas
375 mortos (reivindicação etíope)
950 mortos (reivindicação dos rebeldes[2][3])
~500 mortos (reivindicação etíope[4])
Vítimas civis:
<1.000 mortos[5]

A repressão etíope em Ogaden em 2007–2008 (denominada guerra suja na Etiópia por alguns meios de comunicação[6][7]) foi uma campanha militar conduzida pelas forças armadas da Etiópia numa ofensiva contra os rebeldes da Frente de Libertação Nacional de Ogaden. A repressão começou depois que os guerrilheiros mataram 74 pessoas em um ataque a um campo de exploração de petróleo chinês em abril de 2007.

As principais operações militares foram concentradas nas cidades de Degehabur, Dahar Kebri, Wardha e Shilavo em Ogaden, que estão na Região Somali da Etiópia. A área é o lar do clã Ogaden, considerado como a base de apoio a Frente de Libertação Nacional de Ogaden.[8]

Segundo a Human Rights Watch (HRW), diversas violações de direitos humanos foram perpetradas pelo exército etíope e pelos rebeldes.[9] Centenas de civis foram mortos e dezenas de milhares de pessoas foram deslocadas somente em 2007, embora os números exatos sejam desconhecidos, pois a área é remota e o governo etíope restringiu o acesso à região para jornalistas e organizações humanitárias.[10] Várias organizações de direitos humanos compararam à situação em Ogaden com o sofrimento dos civis na guerra em Darfur, no Sudão. [11]

Expulsões de agências humanitárias[editar | editar código-fonte]

Grandes segmentos da região eram inacessíveis a organizações estrangeiras enquanto as tropas etíopes tentavam suprimir a insurgência rebelde.[12] Em julho de 2007, o governo deu à Cruz Vermelha sete dias para deixar o Ogaden.[13] A ONG Médicos sem Fronteiras, que foi uma das doze organizações autorizadas a trabalhar no Ogaden, acusou a Etiópia de negar-lhe o acesso à região.[14]

Em 6 de novembro, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) anunciou a abertura de uma instalação de ajuda na região de Ogaden. A ONU também pediu uma investigação independente sobre alegações de abusos de direitos humanos por forças etíopes na região. [15]

Envolvimento da Eritreia e da Somália[editar | editar código-fonte]

A Etiópia acusou seu vizinho Eritreia de usar a Frente de Libertação Nacional de Ogaden para se envolver em uma guerra por procuração para destruir a economia etiope. Os dois países permaneceram inimigos jurados devido ao conflito fronteiriço etíope-eritreu. O governo de Asmara negou ter prestado qualquer assistência a Frente de Libertação Nacional de Ogaden e acusou a Etiópia de fazer da Eritreia um bode expiatório diante da sua incapacidade de resolver os diferendos com os numerosos povos etíopes.[16]

A campanha de repressão também esteve ligada às operações militares etíopes na Somália. Uma das razões pelas quais a Etiópia quis expulsar a União dos Tribunais Islâmicos em dezembro de 2006 foi, sem dúvida, seu desejo de romper os laços entre a Frente de Libertação Nacional de Ogaden, os Tribunais Islâmicos governantes e a Eritreia, sendo esta última suspeita de ter fornecido armas e apoio logístico a Frente de Libertação Nacional de Ogaden.[17]. Alguns especialistas acreditam que a Frente de Libertação Nacional de Ogaden estava ativa na capital somali Mogadíscio em 2006 quando era controlada pela União dos Tribunais Islâmicos e que combatentes islamistas se refugiaram em Ogaden após serem expulsos da capital por tropas etíopes.[8]

Referências

  1. «Ethiopia says troops to stay in Somalia - International Herald Tribune». Consultado em 22 de maio de 2008. Cópia arquivada em 6 de setembro de 2008 
  2. "Ogaden rebels say 43 Ethiopian soldiers killed in ambush attack Arquivado em 2007-12-04 no Wayback Machine," Sudan Tribune, 3 de julho de 2007.
  3. "Ethiopia army claims killing around 100 Ogaden rebels Arquivado em 2007-11-20 no Wayback Machine," AFP, 16 de novembro de 2007.
  4. "Ethiopia says 500 Ogaden rebels killed," NEWS.com.au, 8 de agosto de 2007.
  5. McLure, Jason. "Caught in Ethiopia’s War," Newsweek, 21 de janeiro de 2008.
  6. Jason McLure, "Ethiopia’s Dirty War", Newsweek, 22 de janeiro de 2008.
  7. Tom Porteous, "Ethiopia's dirty war", Human Rights Watch, 5 de agosto de 2007.
  8. a b Ethiopia Ogaden crisis Arquivado em 2007-12-04 no Wayback Machine, Reuters AlertNet, 1 de dezembro de 2007.
  9. Relatório da Etiópia, Human Rights Watch, 2008.
  10. Sanders, Edmund. "Ethiopia war gets little attention," Los Angeles Times, 23 de março de 2008.
  11. Gettleman, Jeffrey. "In Rebel Region, Ethiopia Turns to Civilian Patrols," The New York Times, 14 de dezembro de 2007.
  12. Ethiopia rebels 'agree UN truce' Arquivado em 2007-10-17 no Wayback Machine, BBC News, 2 de setembro de 2007.
  13. "Ethiopia deadline for Red Cross", BBC News, 24 de julho de 2007.
  14. Martin Plaut, "Ethiopia 'blocking MSF in Ogaden'", BBC News, 1 de setembro de 2007.
  15. Malone, Barry (6 de novembro de 2007). «UN to open office in Ethiopia's troubled Ogaden». Africa.reuters.com. Reuters. Cópia arquivada em 23 de novembro de 2007 
  16. «Ethiopian Rebel Group Denies Support From Eritrea». VOA. 25 de abril de 2007 
  17. Ethiopia: Crackdown in East Punishes Civilians, Human Rights Watch, 4 de julho de 2007.