Ópera-bufa

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Figaro, um personagem de Il barbiere di Siviglia, de Gioachino Rossini.

Ópera-bufa (italiano: opera buffa) é o termo usado para descrever a versão italiana da ópera-cômica. Outros de seus apelidos são dramma bernesco, dramma comico, divertimento giocoso, commedia per musica, dramma giocoso, commedia lirica. A sua origem estava ligada a desenvolvimentos musicais e literários que ocorriam em Nápoles na primeira metade do século XVIII, de onde a sua popularidade se espalhou para Roma e para o norte da Itália.

Histórico

Os personagens cômicos da opera buffa são visíveis no teatro e na opera seria desde antes do século XVIII - época em que a opera buffa começou a emergir como um gênero autônomo - pois todos já eram presentes na comédia clássica e na tradição da Commedia dell'arte.

Polichinelo, um dos personagens centrais na Commedia dell'arte.

Não obstante, eles amiúde carecem de uma definição verdadeiramente pessoal e se resumem a tipos fixos: o servo trapaceiro, o velho avarento, o jovem fidalgo que se apaixona pela camponesa… Com este material básico, o gênero nasceu em forma de intermezzi apresentados nos intervalos entre os atos das obras maiores sérias. Eram cenas curtas de um só ato. O dicionário musical New Grove considera Cilla, de Michelangelo Faggioli com libretto de F. A. Tullio, a primeira opera buffa, datando de 1706.

A partir do aumento de seu prestígio no início do século XVIII, a opera cômica ou buffa começou a funcionar como gênero autônomo paralelo e de certa forma antagônico à ópera séria reformada por Apostolo Zeno e Pietro Metastasio. Era concebida como devendo proporcionar um entretenimento com temas, formas e tratamento mais acessíveis ao homem comum. A encenação era mais econômica, com figurinos mais simples e orquestras menores, permitindo uma rápida difusão do gênero.

Suas primeiras representações usavam cenários do cotidiano, dialetos locais e uma escrita vocal simples, baseada mais na dicção clara e rápida, mas logo cantores virtuoses passaram a ser requisitados e a complexidade de escrita cresceu, aumentando também o número de atos depois de libertar-se de seu papel coadjuvante em relação à grande ópera séria.

Algumas das mais conhecidas e importantes opere buffe são La serva padrona de Pergolesi; Il matrimonio segreto de Domenico Cimarosa; Così fan tutte e Le nozze di Figaro de Mozart; Il barbiere di Siviglia e La Cenerentola de Gioacchino Rossini, e Don Pasquale e L'elisir d'amore de Gaetano Donizetti. Outros cultivadores do gênero foram Nicola Logroscino, Niccolò Piccinni e Baldassare Galuppi. Entre os libretistas, destacou-se Carlo Goldoni. Declinou ao longo do século XIX, sendo Falstaff de Verdi considerada a última das grandes opere buffe.

Capa de L'elisir d'amore de Donizetti.

Características distintivas

A opera buffa se distingue da ópera séria pelo seu tema, pelo tipo das vozes e pela forma das árias. Enquanto a ópera séria trata com grande formalismo de temas míticos, heróicos ou da realeza, com vozes majoritariamente agudas mesmo para papéis masculinos, com raros baixos ou barítonos, a opera buffa enfoca assuntos prosaicos, em tramas engenhosas, vivazes e humorísticas. As vozes não tendem a ser "belas", mas sim inusitadas e evocativas, ágeis e ricas em nuanças de expressão.

Faz um uso mais largo do leque de vozes, gerando até o nascimento de tipos específicos, como o baixo buffo, que veio a se tornar um personagem fixo e central. A maior parte de suas árias são rápidas e com linhas melódicas com muitos saltos. Os gêneros correlatos da opéra comique francesa e do singspiel alemão se diferenciam pelo uso do diálogo falado em vez dos recitativos.

Ver também

  • Piero Weiss & Julian Budden. Opera buffa, in The New Grove Dictionary of Opera, ed. Stanley Sadie (London, 1992) ISBN 0-333-73432-7
  • Opera buffa. World Book Online Reference Center. 2008. [1].
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