A Hora e Vez de Augusto Matraga

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A Hora e Vez de Augusto Matraga
A Hora e Vez de Augusto Matraga
Capa do livro Sagarana de João Guimarães Rosa, onde foi publicado pela primeira vez o conto A Hora e vez de Augusto Matraga
Autor(es) João Guimarães Rosa
Idioma Português
País  Brasil
Gênero Conto
Lançamento 1946

A Hora e Vez de Augusto Matraga[1] é uma novela de Guimarães Rosa, integrante de Sagarana (1946), e considerada pelo autor "de certa forma, síntese e chave de todas as outras" narrativas da obra e, enquanto estilo, o que procurava descobrir desde o início do livro [2]. À época de sua publicação, foi considerada por Antônio Cândido um dos contos mais perfeitos da língua portuguesa. [3]

Estilo e temática[editar | editar código-fonte]

Ainda que ambientada no sertão, a novela A hora e vez de Augusto Matraga, assim como as demais narrativas de Sagarana, difere das obras regionalistas. Partindo da estrutura de saga, Rosa cria "universo literário em que vida e poesia se equivalem, onde o sertão deixa de ser estritamente um espaço geográfico para atingir uma dimensão mitopoética". [3]

A relação entre o medo e a coragem [4] e o papel da honra na reafirmação da identidade masculina também podem ser considerados temas importantes da novela.[5]

Sinopse[editar | editar código-fonte]

Conta a história de Augusto Esteves, filho de Coronel, homem "duro e doido e sem detença, como um bicho grande do mato", "estúrdio, estouvado e sem regra", que, no mesmo dia, é abandonado pela esposa e leva uma enorme surra de seus desafetos, escapando à morte por pouco. É acolhido por um casal muito pobre, que cuida dele e salva sua vida. Arrependido de sua vida desregrada, Nhô Augusto ouve do padre que deve rezar e trabalhar, que sua hora e vez um dia vão chegar, e decide que vai entrar no céu, mesmo que seja "a porrete". Passa vivendo de forma humilde, trabalhando para o casal que o salvou e ajudando seus vizinhos, até começar a sentir falta de sua antiga valentia. E, um dia, chega à vila o bando do jagunço Joãozinho Bem-Bem. Fascinado pelos homens ferozes e armados, Nhô Augusto oferece hospedagem ao grupo em seu sítio. O chefe jagunço o convida para se juntar a eles, mas Nhô Augusto não aceita. Entretanto, depois de um tempo, decide partir e acaba encontrando novamente o bando, que está em missão de vingança contra um velho e sua família. Ao ouvir o que Joãozinho Bem-Bem pretende fazer com os filhos do velho, Nhô Augusto decide que não pode permitir, e desafia o amigo jagunço. Os dois combatem, ambos morrem, e Nhô Augusto recupera sua dignidade. [6]

Adaptações[editar | editar código-fonte]

Teatro[editar | editar código-fonte]

Em 1986, Antunes Filho, um dos mais considerados diretores teatrais do Brasil, fez uma adaptação livre muito premiada do conto para os palcos, juntando trechos do Grande Sertão: Veredas e de outros textos de Guimarães Rosa, protagonizada por Raul Cortez.[7]

Cinema[editar | editar código-fonte]

Referências e notas[editar | editar código-fonte]

  1. Embora seja muito comum ― até mesmo nas adaptações artísticas da obra ― redigir e falar "A Hora e a Vez"..., o correto no original de Guimarães Rosa é "A Hora e Vez"... Cf. aqui e aqui duas edições recentes: Sagarana pela Nova Fronteira, c. 2001 (e nas edições subsequentes), e pela Global Editora em 2020, esta última com o conto logo no título de capa. Além disso, no mesmo ano da publicação de Sagarana, Sérgio Milliet grafa o título "A Hora e Vez"... em seu diário crítico; Álvaro Lins também assim o faz neste volume publicado no ano seguinte (1947), Jornal da Crítica pela Livraria José Olympio Editora. O equívoco foi até objeto de discussão e notícia em vestibular de 2007 da Unicamp, com um vestibulando e uma professora confirmando o título correto e apontando o incorreto.
  2. CARTA de João Guimarães Rosa a João Condé, revelando os segredos de Sagarana. In.: ROSA, João Guimarães. Sagarana. Ed. comemorativa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. p. 395.
  3. a b Gordo, Filipe Gonçalves (2022). «Prefiguração e transcendência em A hora e vez de Augusto Matraga». Centro Universitário Campos de Andrade. Scripta Alumni. 25 (2): 106-119. Consultado em 17 de abril de 2023 
  4. Silva, Célia Marília (10 de junho de 2018). «Entre a coragem e o medo: uma análise de A hora e a vez de Augusto Matraga». Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Odisseia. 3 (2): 1-15. Consultado em 17 de abril de 2023 
  5. Almeida, Abílio Mendes de (2014). «A honra como reafirmação da identidade masculina no conto A hora e a vez de Augusto Matraga, de João Guimarães Rosa». Universidade Federal da Paraíba. Artemis. 18 (1): 239-250. Consultado em 17 de abril de 2023 
  6. ROSA, João Guimarães (2006). Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. ISBN 8520919219 
  7. A Hora e Vez de Augusto Matraga. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/evento401434/a-hora-e-a-vez-de-augusto-matraga>. Acesso em: 08 de Jul. 2018. Verbete da Enciclopédia. ISBN 978-85-7979-060-7
  8. André Dib (27 de novembro de 2015). «Abraccine organiza ranking dos 100 melhores filmes brasileiros». Abraccine. abraccine.org. Consultado em 26 de outubro de 2016 
  9. MILANI, Robledo. «A hora e a vez de Augusto Matraga». Papo de Cinema. Consultado em 17 de abril de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]