Saltar para o conteúdo

Alberto Teles de Utra Machado

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Alberto Teles de Utra Machado
Nascimento 24 de janeiro de 1840
Angra do Heroísmo
Morte 12 de janeiro de 1923
Oeiras
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Alma mater
Ocupação escritor

Alberto Teles de Utra Machado (São Pedro, Angra do Heroísmo, 24 de Janeiro de 1840Oeiras, Oeiras e São Julião da Barra, 12 de Janeiro de 1923) foi um jurista, escritor, publicista e político, formado em Direito pela Universidade de Coimbra em 1863. Assinou parte da sua obra literária como Alberto Telles. Foi sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, afirmando-se como um literato entre a elite lisboeta da época.

Nasceu em Angra do Heroísmo, filho de José Prudêncio Teles de Utra Machado e de Violante Telles de Utra Machado, uma família originária da cidade da Horta, ilha do Faial.[1] O pai, bacharel em Direito, viria a repartir a vida profissional entre a magistratura e a advocacia. Depois de uma curta experiência como juiz de fora no Pico durante o regime miguelista, abriria banca de advogado em Angra do Heroísmo, tendo mais tarde sido reintegrado e nomeado delegado do procurador régio e juiz. No seguimento desta carreira a família instalou-se em Lisboa.[2]

Tal como o pai, formou-se bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, tendo concluído o curso em 29 de maio de 1863. Nos tempos de estudante foi amigo próximo de Antero de Quental. Essa amizade levou a que quando em dezembro de 1861 os primeiros sonetos de Antero de Quental foram dados à luz em livro, a obra teve no frontispício como editor o nome Sténio, pseudónimo de Alberto Teles Utra Machado. A obra contém um poema de apresentação da autoria de Alberto Teles, intitulado Pela mão vos trago o vate.

Terminado o curso, fixou-se em Lisboa, e ingressou na administração pública. Foi primeiro oficial do Ministério da Justiça e Negócios Eclesiásticos e depois, por Decreto de 27 de junho de 1903, nomeado chefe da 2.ª repartição da Direcção-Geral dos Negócios Eclesiásticos. Foi também professor do liceu.

Dedicou-se à escrita, publicando uma vasta obra, em boa parte dispersa por periódicos, nos quais, assinando como Alberto Telles, foi um publicista de razoável sucesso.[2]

Também se dedicou à tradução, traduzindo do inglês e do francês. Traduziu autores de grande notoriedade na época, entre os quais Théophile Gautier e Lord Byron. Deste último foi o tradutor da versão portuguesa de Childe Harold’s Pilgrimage, assinando ainda opúsculos sobre a passagem do poeta por Portugal e sobre a vida do escritor Camilo Castelo Branco.[2] Colaborou com o banqueiro filantropo Júlio de Andrade, membro abastado da burguesia de Lisboa e um dos fundadores da Sociedade Protectora dos Animais, na produção de obras destinadas a serem distribuídas gratuitamente pelas escolas.[3]

A sua colaboração na imprensa foi longa e intensa, tendo escrito para periódicos influentes, maioritariamente da cidade de Lisboa. Firmando os seus artigos, com o nome de Alberto Telles, colaborou em múltiplos periódicos, entre os quais O Occidente[4] (1878-1915), República das Letras[5] (1875), A illustração portugueza[6] (1884-1890) Archivo Pitoresco[7] (1857-1868), Esmeralda Atlântica, O Mundo[8] (1882) e Arte & vida[9]

Apesar de ter saído jovem dos Açores, produziu trabalhos sobre história insular e foi autor de uma corografia do arquipélago que alcançou sucesso. Também publicou sobre temas de higiene e saúde, maioritariamente traduções de obras inglesas, com destaque para os trabalhos do higienista britânico Pye Henry Chavasse.

Casou com Maria José de Campos Pais e foi pai dos militares e políticos Francisco Pais Teles de Utra Machado e Fernando Pais Teles de Utra Machado.

Obras publicadas

[editar | editar código-fonte]

Entre muitos trabalhos dispersos por periódicos dos Açores e de Lisboa, é autor das seguintes obras:

  • Cantos açorianos : D. Affonso VI, Angra do Heroismo : Typ. de M. J. P. Leal, 1857.
  • Rimas, Coimbra, 1863.
  • Lord Byron em Portugal, Lisboa, 1879.
  • In memoriam, pref. Alberto Telles de Utra Machado.- 2ªed.- Lisboa : Academia Real das Sciências, 1888.
  • Corografia Geral dos Açores, Lisboa, 1889.
  • Bento de Moura Portugal in Memorias da Academia Real das Sciencias Moraes, Politicas e Bellas-Letras, Nova série – Tomo VI, Parte II (Volume L da Collecção). Lisboa, 1892.
  • Camilo Castelo Branco na Cadeia da Relação do Porto, Lisboa: Livraria Ferreira, 1917 (inclui o ensaio "Pombal e os jesuítas").
  • Defesa dos Açores 1581-1585. Esboço crítico da obra do sr. Cesáreo Fernández Duro, La conquista de las Azores en 1583.
  • Doenças infecciosas e maneira de as evitar
  • Economia domestica com os preceitos de hygiene applicados á vida e arranjos de casa
  • Elementos de Moral expostos em lições faceis para o ensino domestico e escolar
  • Hygiene das escolas leis sanitárias applicaveis á vida escolar
  • Advertencias ás mulheres casadas sobre o tratamento da sua saúde e de alguns padecimentos que ocorrem na gravidez, parto e amamentação (tradução de uma obra de Pye Henry Chavasse)
  • Peregrinação de Childe Harold - poema (tradução da obra homónima de Lord Byron).
  • Tratamento dos doentes em casa e no hospital manual para as familias e enfermeiras
  • Sê poupado

Notas

  1. José Prudêncio Teles na Enciclopédia Açoriana.
  2. a b c Paulo Silveira e Sousa, "Os Açores e as elites da Monarquia Constitucional: Ministros e altos funcionários públicos naturais do Arquipélago (1834-1910)" in Boletim do Núcleo Cultural da Horta, n.º 17, Horta, 2008, pp. 112-113.
  3. «Utra Machado». no Portugal - Dicionário Histórico .
  4. Rita Correia (16 de Março de 2012). «Ficha histórica:O occidente : revista illustrada de Portugal e do estrangeiro (1878-1915)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 4 de Janeiro de 2015 
  5. Helena Roldão (22 de janeiro de 2015). «Ficha histórica:A republica das letras : periodico mensal de litteratura (1875)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 7 de março de 2015 
  6. Rita Correia (1 de novembro de 2012). «Ficha histórica: A illustração portugueza : semanario : revista litteraria e artistica (1884-1890).» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. 4 páginas. Consultado em 22 de Abril de 2014 
  7. Rosa Esteves. «Ficha histórica: Archivo pittoresco : semanário illustrado» (PDF). Universidade de Aveiro. Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 3 de Junho de 2014 
  8. Pedro Mesquita (2 de Maio de 2013). «Ficha histórica: O Mundo: folha da tarde (1882)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 13 de Janeiro de 2015 
  9. Daniel Pires (1996). «Ficha histórica: Arte e Vida: Revista d'arte, crítica e ciência (1904-1906)» (PDF). Dicionário da Imprensa Periódica Literária Portuguesa do Século XX (1900-1940). Lisboa, Grifo: Hemeroteca Municipal de Lisboa. pp. 71–72. Consultado em 18 de Setembro de 2014 
  • Alfredo Luís Campos, Memória da Visita Régia à Ilha Terceira. Imprensa Municipal, Angra do Heroísmo, 1903.

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]