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Filho da patoo Antônio José de Lemos e de Olívia de Sousa Lemos, Antônio José de Lemos nasceu em 17 de dezembro de 1843 no estado do [[Maranhão]] e mudou-se para a cidade de [[Belém]], no [[Pará]], quando jovem. Antes de ingressar na carreira política, Antônio Lemos trabalhou como [[criado|criado de bordo]] da [[marinha]], tendo sido este emprego o responsável pela sua ida à capital do Pará.<ref name=Bio2>{{citar web |url=http://www.outrostempos.uema.br/curso/estado_poder/28.pdf|obra=OS MERCADOS MUNICIPAIS E A INTENDÊNCIA |autor= Letícia Paula de Sousa |titulo= Os mercados municipais e a Intendência |data= |acessodata=29 de outubro de 2012|publicado=UEMA - Universidade Estadual do Maranhã |língua2=pt}}</ref> Assim que chegou ao estado, Lemos logo conseguiu um emprego no jornal local, ''[[A Província do Pará]]'', devido as suas habilidades de leitura e escrita. Com a morte do dono do jornal, Dr. Assis, Lemos adquiriu-o por um preço simbólico, mudando a sede do jornal para o edifício onde atualmente funciona o [[Instituto de Educação do Pará]], transformando o periódico no terceiro em circulação do país naquela época.<ref name=Bio2/> Os anos como editor do periódico, fizeram com que Antônio conquistasse a "confiança" e "destaque" frente a sociedade paraense, o que lhe facilitou em muito o ingresso para a vida política. |
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Lemos foi, inicialmente, vogal{{nota de rodapé|Cargo equivalente hoje a [[vereador]]}} de Belém, deputado estadual e até secretário de governo do estado, onde notabilizou-se por recepcionar e ser sensível aos apelos dos políticos do interior, enquanto que as outras autoridades os ignoravam, por os julgarem "políticos menores", e assim foi conquistando o respeito e o apoio de diversas autoridades. |
Lemos foi, inicialmente, vogal{{nota de rodapé|Cargo equivalente hoje a [[vereador]]}} de Belém, deputado estadual e até secretário de governo do estado, onde notabilizou-se por recepcionar e ser sensível aos apelos dos políticos do interior, enquanto que as outras autoridades os ignoravam, por os julgarem "políticos menores", e assim foi conquistando o respeito e o apoio de diversas autoridades. |
Revisão das 14h16min de 4 de outubro de 2013
Antônio Lemos | |
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Antonio lemos.jpg | |
Nome completo | Antônio José de Lemos |
Nascimento | 17 de dezembro de 1843 Maranhão, Brasil |
Morte | 02 de outubro de 1913 (69 anos) Rio de Janeiro, Brasil |
Nacionalidade | Brasileira |
Ocupação | Intendente de Belém |
Antônio José de Lemos (Maranhão, 17 de dezembro de 1843 — Rio de Janeiro, 2 de outubro de 1913) foi um político e intendente brasileiro com base eleitoral no estado do Pará. Lemos foi o principal responsável pelo desenvolvimento urbano da cidade de Belém, tendo projetado uma série modificações que regiriam a vida do cidadão paraense àquela época, sendo tratado como "o maior administrador municipal dos últimos tempos", além de ser dono do título de mais poderoso e recorrente mito político da Amazônia.[1]
Era filho de Antônio José de Lemos e de Olívia de Sousa Lemos, casado com Inês Maria de Lemos e pai de cinco filhos: Antônio Pindobussu de Lemos, Maria Guajarina de Lemos, Olívia de Lemos Lalor, Cecília Ierecê de Lemos e de Manuel Tibiriçá de Lemos (com alcunha de Duca Lemos), além de tio e sogro de Artur de Sousa Lemos, deputado e senador pelo Pará.
Biografia
Filho da patoo Antônio José de Lemos e de Olívia de Sousa Lemos, Antônio José de Lemos nasceu em 17 de dezembro de 1843 no estado do Maranhão e mudou-se para a cidade de Belém, no Pará, quando jovem. Antes de ingressar na carreira política, Antônio Lemos trabalhou como criado de bordo da marinha, tendo sido este emprego o responsável pela sua ida à capital do Pará.[2] Assim que chegou ao estado, Lemos logo conseguiu um emprego no jornal local, A Província do Pará, devido as suas habilidades de leitura e escrita. Com a morte do dono do jornal, Dr. Assis, Lemos adquiriu-o por um preço simbólico, mudando a sede do jornal para o edifício onde atualmente funciona o Instituto de Educação do Pará, transformando o periódico no terceiro em circulação do país naquela época.[2] Os anos como editor do periódico, fizeram com que Antônio conquistasse a "confiança" e "destaque" frente a sociedade paraense, o que lhe facilitou em muito o ingresso para a vida política.
Lemos foi, inicialmente, vogal[nota 1] de Belém, deputado estadual e até secretário de governo do estado, onde notabilizou-se por recepcionar e ser sensível aos apelos dos políticos do interior, enquanto que as outras autoridades os ignoravam, por os julgarem "políticos menores", e assim foi conquistando o respeito e o apoio de diversas autoridades.
Em 1897 chega ao ápice de sua carreira política, quando é eleito intendente (cargo correspondente hoje a prefeito municipal) da capital, Belém. Sua gestão ficou marcada pela galicização da cidade, pela edição de medidas que regravam os hábitos e modos urbanos, proibindo atos como cuspir em via pública, regrando as fachadas das casas, retirou cortiços do centro e inclusive fechou diversas casas que gerassem um nível desagradável de poluição sonora.
A construção da Paris n'América
Em 1902 completa seu projeto de construção da Paris n'América ou de Petit Paris, o projeto consistia na construção de diversos palácios, palacetes, bolsa de valores, grandes teatros, igrejas, necrotério, grandes praças com lagos e chafarizes, infra-estrutura sanitária, alargamento de vias, calçamento de kilometros de vias com pedras importadas da Europa, construção da malha de esgoto nos principais bairros, aterramento de rios e córregos, a plantação de centenas de mudas de mangueira importadas diretamente da Índia nas novas avenidas e boulevards, a fim de construir túneis sombreados, tudo ao estilo da arquitectura francesa. O desafio foi delegado a um grupo de engenheiros de algumas nações europeias, inclusive aos responsáveis pela recente reforma urbanística de Paris.
Todas essas obras foram realizadas com verbas municipais, notadamente através de taxas e tributos recolhidos direta ou indiretamente de lucros auferidos com a produção, transporte, financiamento, venda e exportação da borracha de látex, produto extraído da seringueira (Hevea brasiliensis), é esse o período mais rememorado por historiadores paraenses: o Ciclo da Borracha, também conhecido como Belle Époque, ou ainda como primeiro boom da borracha. Devida a sua localização geográfica, Belém centralizava as exportações da Amazônia, e durante o Ciclo, a Amazônia respondia por 40% da pauta de exportações do Brasil, igualando-se, em valor, ao que São Paulo exportava durante o ciclo do café. Belém era a sede de residências da maioria dos barões da borracha e a empresários com negócios relacionados a cidade ou a logística de exportação do látex.
O planejamento de Antonio Lemos realizou reforma urbana e gerou beleza urbanística no centro da cidade e nas suas proximidades, até onde hoje é o bairro de Nazaré transitando para o bairro de São Brás; ordenou a expansão da cidade com a abertura de vias largas e quadras retas onde não havia cidade, área hoje compreendida pelos bairros da Pedreira e do Marco, sendo o segundo considerado o de melhor qualidade de vida da capital. Belém era invejada mesmo por brasileiros das zonas produtoras de café, retratada nos jornais do sudeste do país como uma verdadeira metrópole perdida na selva que Rio de Janeiro e São Paulo nunca conseguiriam construir, até que em 1905, o Rio de Janeiro realiza sua reforma urbanística com Pereira Passos.
Belém, cidade pioneira do Brasil
Na gestão lemista, Belém foi a primeira cidade do país a possuir energia elétrica, devido Lemos haver contratado profissionais diretamente de Londres para implementar a energia em Belém, quando foi criada a Pará Eletric and Railway Company, inclusive sendo esses mesmos ingleses responsáveis pela fundação do Pará Country Club, hoje simplesmente Pará Clube; o Pará foi o primeiro estado da nação a possuir plantações de café, através de sua importação direta da Guiana Francesa; foi a primeira cidade brasileira a possuir bondes elétricos; a segunda a possuir necrotério; o intendente costumeiramente contratava companhias europeias de teatro para apresentações em praça pública em Belém; a cidade também foi uma das primeiras a possuir bolsa de valores, demolida no governo Vargas para dar lugar a Praça do Relógio. Nessa época, quando a nação vivia sob uma economia de arquipélago, era mais fácil ir de Belém a Liverpool que ao Rio de Janeiro, por haver mais rotas para a Europa em detrimento dos destinos nacionais e a Belém manter mais relações com aquele continente que com o resto do Brasil.
O começo do fim
Porém o tempo conspirava contra a economia da borracha: após cerca de 14 anos no poder, em 1912 foi o começo do fim, a cotação internacional da borracha registra quedas preocupantes, começou a tornar-se um negócio menos atrativo, o governo municipal passou a arrecadar menos tributos devido a redução de tais lucros, começou a ficar difícil manter a mesma opulência e ostentação sustentada artificialmente sobre os lucros da borracha inflacionada, Belém começa a deixar de ser a capital dourada, título ostentado desde a reforma urbana. A gestão lemista sofre restrições orçamentárias, ficando difícil governar um menor orçamento para uma gestão acostumada a mais de uma década com fartura e abundância de recursos. No mesmo ano, o intendente é deposto por seus adversários, seguidores do então governador Lauro Sodré, arrastado por vias públicas, até que o famoso médico Camilo Salgado pede clemência por sua pessoa, mesmo assim, é obrigado renunciar a todos seus títulos e cargos. Antonio Lemos partiu para o Rio de Janeiro, assim como um exilado, onde teve apenas mais um ano de vida.
Os Lemos e a atualidade
A família Lemos sofreu uma dura perda com o fim da gestão lemista, porém existiu politicamente tendo como líder o senador Artur de Sousa Lemos até 1930, quando Getúlio Vargas acaba com a República Velha, nomeando Magalhães Barata para interventor do Pará. Na década de 1970, a prefeitura realizou uma homenagem aos Lemos, ordenando a exumação do corpo do ex-intendente no Rio de Janeiro e seu traslado até Belém, onde a população o aguardava para seu re-enterro no prédio da prefeitura, palácio construído por ele próprio e que inclusive ganhou seu nome.
Antonio Lemos não teve tempo, para ainda vivo, ver suas mangueiras adultas e frondosas como são atualmente. Hoje Belém é uma metrópole com 1,4 milhões de habitantes. O município possui 30% de sua área coberta por áreas verdes (o apontado como ideal por urbanistas), e percentualmente mais que outras metrópoles brasileiras, como São Paulo e Belo Horizonte; não teve tempo de ver suas largas avenidas preenchidas com as dezenas e dezenas de altos e modernos prédios que hoje compõem o Belém Skyline; não teve tempo para testemunhar o espanto que muitos turistas teriam com a megalomania urbana de Belém. Ruas, avenidas, museus, palácios, navios, estabelecimentos comerciais, entre outros, ganharam seu nome em homenagem às suas reformas radicais na paisagem da cidade.
Legado
Mesmo após a sua morte, Antônio José de Lemos ainda é lembrado pelas suas construções e feitorias na capital do estado do Pará. A sede da prefeitura municipal de Belém recebe o nome de Palácio Antônio Lemos, em homenagem ao ex-intendente do município, principal responsável pela urbanização e desenvolvimento da cidade nos prímórdios do século XX - durante a chamada Belle Époque brasileira. Além disso, Lemos é considerado o maior gestor municipal, o mais poderoso e recorrente mito político da Amazônia.[1][2] O plano de urbanização municipal projetado por Lemos no final do século XIX e início do XX "é recordada pela população como um período o próspero da cidade".
“ | Entendo o Lemos como uma pessoa muito inteligente e habilmente política. Ele tinha só o liceu, o que hoje corresponde ao ensino médio ou profissionalizante. Ele não era paraense, não pertencia a nenhuma família tradicional e não tinha feito curso superior no Brasil, muito menos no exterior.[1] | ” |
Dentre outras coisas, Lemos foi responsável pela arborização e urbanização da cidade de Belém, envidenciada pela construção de boulevards, rede de saneamento e esgoto, pavimentação de ruas, além da criação de um código de postura, que era baseado no modo europeu de vida.[1]
Notas
Referências
- ↑ a b c d Will Montenegro. «Antônio Lemos deu um passo ao futuro». Amazônia Jornal. UFPA - Faculdade de História. Consultado em 29 de outubro de 2012
- ↑ a b c Letícia Paula de Sousa. «Os mercados municipais e a Intendência» (PDF). OS MERCADOS MUNICIPAIS E A INTENDÊNCIA. UEMA - Universidade Estadual do Maranhã. Consultado em 29 de outubro de 2012
Ligações externas
Bibliografia
- Ruas de Belém de Ernesto Cruz - editado pelo Conselho Estadual de Cultura do Estado do Pará; 1970