Bombardeamento de Alexandria (1882)

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Bombardeamento de Alexandria
Parte da Guerra Anglo-Egípcia

"Well Done Condor" por Charles Dixon.
Data 11-13 de Julho de 1882
Local Alexandria, Egito
Desfecho Vitória Britânica
Beligerantes
 Reino Unido
 França
Egito
Comandantes
Reino Unido Beauchamp Seymour Egito Ahmed Urabi
Forças
Britânicas:
9 Navios de guerra
1 Barco torpedeiro
1 Barco a vapor
5 Canhoneiras
Francesas:
1 Flotilha
11 fortes
Baixas
6 mortos
27 feridos
680-700[1]

O Bombardeamento de Alexandria no Egito pela Frota do Mediterrâneo Britânico ocorreu em 11-13 de Julho de 1882.

O Almirante Beauchamp Seymour estava no comando de uma frota de quinze couraçados da Marinha Real que antes tinham navegado até ao porto de Alexandria para apoiar o Quediva Teufique Paxá, em meio à revolta nacionalista de Ahmed Urabi contra o seu governo e os seus estreitos laços com financiadores britânicos e franceses. Ele foi também acompanhado na demonstração de força por uma flotilha francesa. A medida forneceu alguma segurança ao quediva, que retirou a sua corte para o porto agora protegido, mas fortaleceu os nacionalistas de "Urabi" dentro do exército e em todo o restante do Egito. Em 11 de Junho, tumultos anticristãos começaram em Alexandria. Os residentes europeus da cidade fugiram e o "exército urabista" egípcio começou a fortificar e a armar o porto. Com a recusa de um ultimato para impedir esse acumular de forças, a frota britânica começou um bombardeamento de 10 horas e meia sem assistência francesa. Os historiadores discutem se o Almirante Seymour exagerou a ameaça das baterias egípcias em Alexandria para forçar a mão de uma administração relutante de Gladstone. Uma vez que os britânicos atacaram a cidade, eles procederam a uma invasão em grande escala para restaurar a autoridade do Quediva. O Egito permaneceu sob ocupação britânica até 1956.

Origens[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Revolta de Urabi

Em 1869, o Quediva Ismail do Egito, inaugurou o Canal de Suez, que era um empreendimento conjunto entre o governo egípcio e a companhia francesa do Canal de Suez. Durante a escavação do canal morreram tantos trabalhadores egípcios que se tornou comum na memória colectiva dos egípcios dizer que o sangue egípcio corria no canal antes da água dos mares. O canal cortou o tempo de navegação da Grã-Bretanha para a Índia em semanas e o interesse da Grã-Bretanha pelo Egito cresceu.[2]

Devido à excessiva despesa do governo egípcio do ambicioso Quediva, a Grã-Bretanha comprou as acções do Quediva da companhia do Canal de Suez em 1875, tornando-se assim o sócio controlador. A preocupação francesa e britânica levou ao estabelecimento de um Condomínio Anglo-Francês sobre o Egito, que ainda estava nominalmente sob o Império Otomano. O nacionalismo egípcio foi incendiado e, após uma revolta das tropas egípcias em 1881, o controle total do governo foi mantido por 'Orabi Paxá em Fevereiro de 1882.[2] A rebelião expressou ressentimento para com os estrangeiros.[3]

Urabi organizou uma milícia e marchou para Alexandria. Entretanto, as potências europeias reuniram-se em Constantinopla para discutir o restabelecimento do poder do Quediva e uma frota Anglo-Francesa foi enviada para o porto de Alexandria. Os Egípcios começaram a reforçar e a melhorar as suas fortificações e a Câmara dos Comuns britânica ordenou que navios fossem temporariamente enviados da Frota do Canal para Malta, sob o comando do Almirante Seymour.[1]

Em 20 de maio, a frota Anglo-Francesa combinada, composta pelo navio-de-guerra blindado britânico HMS Invincible, o couraçado francês La Galissonnière e quatro canhoneiras chegaram a Alexandria. Em 5 de Junho, mais seis navios de guerra entraram no porto de Alexandria e mais cruzaram a costa.[1] As razões de o governo britânico ter enviado navios de guerra para Alexandria, são um objeto de debate histórico, com argumentos propostos que era para proteger o Canal de Suez e evitar "anarquia", e outros argumentos alegando que era para proteger os interesses dos investidores britânicos com ativos no Egito (ver Guerra anglo-egípcia de 1882).

A presença da frota estrangeira exacerbou as tensões em Alexandria entre as forças nacionalistas e a grande população estrangeira e cristã. Em 11 e 12 de junho, tumultos ferozes eclodiram, possivelmente iniciados por "partidários de Urabi", mas também imputados ao próprio Khedive como uma Operação de bandeira falsa.[3] Mais de 50 europeus e 125 egípcios foram mortos na briga que começou perto da Place Mehmet Ali com o Almirante britânico Seymour, que estava em terra na época, escapando por pouco da multidão.[1] Ao saber do tumulto, "Urabi ordenou que as suas forças restaurassem a ordem.[4]

A reação dos países europeus ao distúrbio foi rápida. À medida que os refugiados fugiam de Alexandria, uma flotilha de mais de 26 navios pertencentes à maioria dos países da Europa reuniram-se no porto. Em 6 de Julho, quase todos os não-egípcios haviam saido de Alexandria. Enquanto isso, a guarnição continuava a fortalecer os vários fortes e torres com armas adicionais até que o Almirante Seymour emitiu um ultimato às "forças de Urabi para que parassem de se fortalecer ou a frota britânica bombardeava a cidade". Naquele mesmo dia, o Almirante Drancês Conrad havia informado Seymour que, no caso de um bombardeamento britânico, a frota francesa partiria para Porto Said e não participaria do bombardeamento.[1]

O ultimato, que foi ignorado entre negações das obras defensivas pelo governador egípcio, devia expirar às 7 da manhã de 11 de Julho.

Batalha[editar | editar código-fonte]

Plano do Bombardeamento.
Navios britânicos bombardeamento Alexandria.

Às 7h00 da manhã de 11 de Julho de 1882, o Almirante Seymour a bordo do HMS Invincible fez um sinal para o HMS Alexandra começar a atirar nas fortificações de Ras El Tin seguidas da ordem geral para atacar as baterias do inimigo. De acordo com Royle, "[uma] canhonada firme foi mantida pelas forças atacantes e defensoras, e pelas próximas horas o rugido das armas e os gritos de tiro e projéteis foram bastante audíveis".[1] O ataque foi realizado pelo esquadrão afastado da costa que estava a caminho, os navios virando de vez em quando para manter a barragem. Isso não foi totalmente eficaz e às 9h40, o HMS Sultan, o HMS Superb e o HMS Alexandra ancoraram no Forte do Farol e concentraram suas baterias agora estacionárias em Ras El Tin. A bateria do forte foi capaz de acertar alguns disparos, particularmente no Alexandra, mas às 12h30, o Inflexible se juntou ao ataque e as armas do forte foram silenciadas.[1]

Enquanto isso, o HMS Temeraire havia se encarregado dos Fortes Mex (com o Invincible dividindo os seus lados entre Ras El Tin e Mex) e estava a causar danos ao Mex quando ficou presa num recife. A canhoneira HMS Condor (Beresford) foi em sua ajuda e ela soltou-se do recife e retomou o ataque ao Forte Mex. Enquanto o esquadrão afastado da costa estava envolvido com os fortes a longa distância, o HMS Monarch, o HMS Penelope e o HMS Condor receberam ordens para atacarem de perto os fortes de Maza El Kanat e o Forte Marabout.[1]

O HMS Condor, vendo que o Invincible estava dentro do alcance das armas do Fort Marabout, navegou para cerca de 400 metros do forte e começou a disparar furiosamente contra o forte. Quando as armas do Forte Marabout foram desativadas, o navio-almirante sinalizou "Bem Feito, Condor". A ação do Condor permitiu que os navios terminassem com o Forte Mex.[1]

Com as armas do Forte Mex silenciadas, o HMS Sultan fez um sinal para o Invincible atacar o Forte Adda, o que ela fez com a ajuda de do Temeraire. Às 1h30, um tiro de sorte do HMS Superb explodiu com as munições do Forte Adda e essas baterias pararam de disparar. Mais ou menos nessa altura, a frota britânica começou a ficar sem munições. No entanto, quase todas as armas do Forte Adda West tinham sido silenciadas. o HMS Superb, o Inflexible e o Temeraire focaram o seu fogo nos restantes fortes orientais até às 5h15, quando a ordem geral para cessar fogo foi emitida. Os egípcios, com menos homens e menos armas, usaram o seu poder de fogo com bons resultados, mas o resultado do bombardeamento nunca esteve em dúvida.[1] O jornal El Taif, do Cairo, informou erradamente que os fortes egípcios haviam afundado três navios.[1]

No dia seguinte, o HMS Temeraire fez um reconhecimento dos fortes e descobriu que a bateria do Hospital havia reconstituído as suas defesas. Às 10h30 da manhã, o Temeraire e o Inflexible abriram fogo e a bateria levantou a bandeira de tréguas às 10h48. Pouco depois um barco egípcio ostentando a bandeira da tréguas seguiu para o navio-almirante e um cessar-fogo foi ordenado. Às 14h50, o HMS Bittern assinalou que as negociações haviam fracassado e que o bombardeamento iria recomeçar. Ainda assim, a maioria dos fortes exibiu bandeiras brancas e um disparo de canhão irregular pela frota britânica começou.[1]

Por volta das 16h00 horas um incêndio irrompeu na costa e, ao anoitecer, o fogo havia engolido o bairro mais rico de Alexandria, a área predominantemente habitada por europeus.[1] O fogo durou pelos dois dias que se seguiram antes de se extinguir. O Almirante Seymour, inseguro da situação na cidade, não desembarcou nenhumas tropas para tomar o controle da cidade ou combater o incêndio.[1] Só a 14 de Julho é que marines britânicos e marinheiros desembarcaram em Alexandria.

Foto de Alexandria depois do bombardeamento e incêndio de 11–13 de Julho de 1882.
Rua Attarine Mosque depois do bombardeamento

Rescaldo[editar | editar código-fonte]

Os Incêndios continuaram a irromper em Alexandria nos próximos dias e a cidade estava caótica e sem leis o que permitiu aos Beduínos, entre outros, saquear a cidade.[1] Marinheiros britânicos e marines desembarcaram e tentaram assumir o controle das ruínas enegrecidas da cidade e evitar o saque, ao mesmo tempo em que sustentavam o instável governo do Quediva. Finalmente, a ordem foi restaurada e, um mês depois, o General Garnet Wolseley desembarcou uma grande força de tropas britânicas em Alexandria como um local para encenar um ataque a "Urabi perto do Canal de Suez na Batalha de Tel el-Kebir.[1] O fotógrafo Luigi Fiorillo (ele) criou um álbum de cinquenta páginas mostrando as mudanças em Alexandria do início ao fim desse ataque. Essas fotos agora podem ser encontradas on-line na Universidade Americana do Cairo, na Biblioteca Digital de Livros Raros e Coleções Especiais. Esta biblioteca digital foi criada no Outono de 2011 e as fotografias do Bombardeamento de Alexandria foram compiladas entre Junho e Agosto de 2012.[5][6][7]

O bombardeamento foi descrito em termos depreciativos pelo deputado britânico Henry Richard:

Eu encontro um homem rondando minha casa com propósitos obviamente criminosos. Eu apresso-me a trancar as minhas portas, e a barricar as minhas janelas. Ele diz que isso é um insulto e uma ameaça para ele, e ele deita abaixo as minhas portas e declara que ele o fez somente como um estrito ato de autodefesa.[8]

Depois disso, a revolta de Urabi foi derrotada. O Egito tornou-se um protetorado britânico até 1922 e permaneceu sob domínio britânico durante a Segunda Guerra Mundial.

Frota Britânica[editar | editar código-fonte]

O HMS Alexandra era o Navio-almirante da frota do Mediterrâneo, mas durante o bombardeamento de Alexandria, o Almirante Seymour transferiu o galhardete para o HMS Invincible.
Um dos canhões do HMS Temeraire. O HMS Alexandra atingiu os fortes com armas semelhantes.

Encouraçados[editar | editar código-fonte]

Barco torpedeiro[editar | editar código-fonte]

Barco mensageiro[editar | editar código-fonte]

Canhoneiras[editar | editar código-fonte]

Fortes Egípcios[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p Royle, Charles (1900). The Egyptian Campaigns (1882–1885). London: Hurst and Blackett, Ltd. 606 páginas 
  2. a b «'Well Done "Condor"': The Bombardment of Alexandria». National Maritime Museum. Consultado em 11 de abril de 2018 
  3. a b Karsh, Inari; Karsh, Efrain (1999). Empires of the Sand: The Struggle for Mastery in the Middle East, 1789–1923. Cambridge, MA: Harvard University Press. 409 páginas. ISBN 0-674-00541-4 
  4. Hopkins, A. G. (1986). «The Victorians and Africa: A Reconsideration of the Occupation of Egypt, 1882». The Journal of African History. 27 (2): 375. JSTOR 181140. doi:10.1017/S0021853700036719 
  5. «Fiorillo, Luigi | Armenian Photography Foundation». lusadaran.org. Consultado em 11 de abril de 2018 
  6. «Exhibitions: British Battles». The National Archives (United Kingdom). Consultado em 11 de abril de 2018 
  7. «Portrait of Khedive Taufik Pasha». Alexandria Bombardment of 1882 Photograph Album. AUC Rare Books and Special Collections Digital Library. Consultado em 11 de abril de 2018 
  8. «Supply forces in the Mediterranean». api.parliament.uk. 25 de Julho de 1882. Consultado em 11 de abril de 2018 

Leitura adicional[editar | editar código-fonte]

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