Bucinobantes

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Mapa demonstrativo da Europa no século V. Os alamanos estavam assentados na região demarcada em laranja
O sinal dos Bucinobantes nos antigos escudos do exército romano

Os Bucinobantes (em alemão: Bucinobanten) foram uma tribo germano-alamana que vivia ao norte do "Brigantiae Lacus heutigen Constance", onde é hoje a moderna cidade de Mainz sobre o rio Meno. Eles formavam juntamente com os Hermiões, Hermúnduros, Jutungos, Amalausos, Lentienses, etc a Confederação alamana que nos séculos III, IV e V enfrentaram em várias oportunidades, tanto o exército romano quanto outras tribos bárbaras da região.

Batalhas contra o império romano[editar | editar código-fonte]

Juliano, o Apóstata[editar | editar código-fonte]

O rei dos Bucinobantes, Macriano (r. 368–371), foi um dos mais importantes chefes alamanos, um dos mais atuantes e aguerridos. Foi ele quem arquitetou unir as tribos germânicas do norte e as tribos alamanas contra Roma. Segundo o historiador romano Amiano Marcelino, o imperador Juliano, o Apóstata (361 363), em 359,[a] atravessou o rio Reno, nas proximidades de Mogoncíaco (Mogúncia), para negociar com Macriano e com outros chefes Alamanos, como Hariobaudo (seu provável irmão), Úrio, Ursicino, Vadomário (rei dos Brísgavos),[b] Vestralpo (um dos chefes dos Bucinobantes), entre outros.[c] Nesta oportunidade, além da troca de prisioneiros, foi firmado um tratado de paz, com os vários reis alamanos. Juliano já os havia enfrentado [na confederação dos alamanos] em 356, quando teve que marchar com seu exército para Augustoduno para levantar o cerco à cidade, e para Sénonas (possivelmente a moderna Sens), também para libertá-la de um cerco alamano.[1] No mesmo ano ele teve que enfrentá-los novamente na Batalha de Reims, quando foi derrotado e na Batalha de Brocômago. No ano seguinte, conseguiu uma vitória decisiva na Batalha de Estrasburgo, conseguindo em seguida expulsá-los da Renânia,[d] recuperando Colônia Cláudia Ara Agripina (Colônia) e assegurou as fronteiras do Reno por longos cinquenta anos.

Valentiniano I[editar | editar código-fonte]

Depois de várias rebeliões e incursões contra o Império Romano, como por exemplo em 367, na Batalha de Solicínio o imperador Valentiniano I (364-375), sucessor de Joviano (363-364), falhou em sua tentativa (com o apoio dos burgúndios) para prender Macriano. Em 370, Valentiniano invadiu as terras dos Bucinobantes, a "Alemânia" (terra dos alemães, depois Alemanha) e depôs Macriano, a quem ele chamou "turbarum rex artifex" ("rei artífice de agitação"). Com a ajuda de desertores, Macriano foi capturado e preso. Em seu lugar foi nomeado Fraomário como rei dos Bucinobantes, mas estes não o aceitaram e ele foi expulso e Macriano restaurado. Em 371 Valentiniano foi forçado a conceder a Macriano uma aliança, e tornou os Bucinobantes federados de Roma e aliados leais na guerra contra os francos. Possivelmente como parte desta mesma aliança, seguiu-se um acordo entre Macriano e Valentiniano que culminou por banir Fraomário e seus seguidores de Mogoncíaco para Norfolk, na Inglaterra.[2]

Graciano[editar | editar código-fonte]

Em 378, o rei franco Malobaldo (Mellobaudes ou Flavius Merobaudes) de Toxandria (320–376), filho de Malarico I, um conde dos domésticos de Roma, e o segundo em comando à frente do exercito na Gália, a mando do imperador romano ocidental Graciano (375–383), avançou sobre as tribos alsacianas, confederadas dos Alamanos, comandadas pelo rei Priário, da tribo dos Lentienses, e os derrotou na Batalha de Argentovária em (Argentária ou Argentorato, próxima da moderna Colmar, na Alsácia),[3] nesta batalha morreu Priário e dois anos depois (380), ele executou Macriano, rei dos Bucinobantes e aliado romano, que tinha invadido o território franco.

Bucinobantes e Francos[editar | editar código-fonte]

Os documentos relativos propriamente aos Bucinobantes, após a morte de Macriano, são escassos, todavia o Reino dos alamanos, compreendido pelas diversas tribos que o compunham, e cujo território abarcava as regiões entre Estrasburgo e Augsburgo, durou até 496, quando Clóvis, rei dos Francos, na Batalha de Tolbiac, conquistou a região.[4] A partir daí (de 496 a 511) os alamanos e seus confederados, são governados diretamente pelo rei e depois, a partir de 536, passam a ser governados por um duque franco nomeado.

Para arrematar definitivamente com um pouco de resistência que ainda se sentia frente à dominação, o pouco da independência destes chefes ou confederados alamanos foi posto à terra por Carlomano, que em 746, pôs fim a um levante executando, em Cannsttat, grande parte da (senão [toda a]) nobreza alamana.

Etimologia[editar | editar código-fonte]

O termo Bucinobantes "Bucinobanten" (em alemão), tem sido interpretado de várias modos e segundo vários propostas. A de maior aceitação concebe que ele é uma junção de " Buchen", "Hecken" ou "Gebück" e de "Band", "Banten" que quer dizer, pais, pátria ou região. Assim a inferência do nome poderia ser: A região dos Bucken (Bucinos).[5] O nome tem sido preservado em Buchengau, no Hesse.

Tribos da confederação alamana[editar | editar código-fonte]

Os primeiros registros sobre grupos alamanos foram mencionados por Dião Cássio em 213, que os coloca como tribos germânicas que haviam se estabelecido no sul, médio e baixo do rio Elba e ao longo do rio Meno e, de acordo com Asínio Quadrato, o seu nome (que significa "todos") indica que eles eram o agrupamento de várias daquelas tribos, ou seja, os:

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas[editar | editar código-fonte]


[a] ^ Juliano ainda não era imperador nesta época. Ele havia sido nomeado, em 355, César da porção ocidental do Império Romano pelo imperador Constâncio II (r. 337–361), de quem era cunhado. Juliano era casado com a irmã de Constâncio II, Helena.


[b] ^ Segundo o historiador romano Amiano Marcelino, Vadomário, chefe dos brísgavos, foi assassinado em 368 pelo seu próprio povo, influenciados pelo romanos.


[c] ^ Os Alamanos eram de fato uma confederação de tribos distintas [sem uma origem notadamente comum] que ocupava(m) o sudoeste da Alemanha, o norte da Suíça e a Alsácia.


[d] ^ O termo Alemanha que define o povo-idioma-nação, é uma herança etimológica de "Alamano", "Alamanni", "Alemanni".

Referências

  1. Goldsworthy, Adrian. Em Nome de Roma , Weidenfeld e Nicolson, 2003, p. 343
  2. Amiano Marcelino xxix, 4, 7: Regém Fraomarium ordinavit, QUEM paulo postea ... em Brittannos translatum potestate tribuni Alamannorum praefecerat
  3. Amiano Marcelino, "O Império Romano Tardio (AD 354-378) ', trans. Walter Hamilton, Penguin Books, 1986
  4. Gregório de Tours, Livro II.31.
  5. So Schom Jacob Grimm, História da Língua Alemã , 4 Edição 1880, Vol. 2, pp 593f.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Thompson, E. A. - "Romanos e bárbaros: O Declínio do Império Ocidental". Madison:. Universidade de Wisconsin Edições, 1982 ISBN 0-299-08700-X . (em inglês)
  • Amiano Marcelino, "O Império Romano Tardio" (AD354-378), Livro 31.10.2, trans. Walter Hamilton, Penguin Books, 1986. (em inglês)
  • Herwig Wolfram, O Império Romano e seus povos germânicos , University of California Press 1997, ISBN 0-520-08511-6 , pp 65ff.
  • Thomas F. X. Noble, das províncias romanas aos reinos medievais , Routledge 2006, ISBN 0-415-32741-5 , pp 115ff.
  • Drinkwater, JF Os alamanos e Roma 213-496 Oxford 2007
  • Franks and Alamanni in the Merovingian Period: An Ethnographic Perspective (Studies in Historical Archaeoethnology); Ian Wood (Foreword) ISBN 1-84383-035-3
  • Geuenich, Dieter. Geschichte der Alemannen. Verlag Kohlhammer: Stuttgart, 2004. ISBN 3-17-018227-7.
  • Castritius, H. "Macrianus." in Reallexikon der Germanischen Altertumskunde. Vol. 19, pp. 90–92. (em alemão)