Campo de Diocleciano

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Campo de Diocleciano
Campo de Diocleciano
Vista do Campo Diocleciano com o Castelo de Fakhr al-Din (Qalʿat ibn Maʿn) ao fundo
Tipo castro romano
Construção final do século III
Área 40 000 m²
Geografia
País Síria Síria
Cidade Palmira
Localidade Deserto Sírio
Coordenadas 34° 33' 17" N 38° 15' 40" E
Campo de Diocleciano está localizado em: Síria
Campo de Diocleciano
Localização do Campo de Diocleciano na Síria

O Campo de Diocleciano foi um castro (complexo militar romano) construído na antiga cidade de Palmira durante o reinado do imperador romano Diocleciano, no final do século III, que foi a base da I Legião dos Ilírios ( Legio I Illyricorum).[1]

História[editar | editar código-fonte]

Durante a crise do século III, Palmira declarou-se independente e formou o fugaz Império de Palmira, esmagado por Aureliano, que em 272 tomou a cidade. Esta foi saqueada e arrasada no ano seguinte pelos romanos, depois de uma rebelião fracassada.[2]

A cidade foi depois novamente fortificada com muralhas rodeando uma área muito inferior à anterior.[3] Palmira perdeu grande parte da sua importância que tinha tido centro de comércio semi-independente, tornando-se em vez disso um entreposto militar estratégico e praticamente desaparecendo da documentação histórica,[4] à exceção de uma menção no Notitia Dignitatum, uma lista de cargos oficiais romanos do final do século IV, onde é listada meramente como a base da Legio I Illyricorum.[5]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Na área atualmente conhecida como Campo de Diocleciano existia uma conjunto de edifícios que ocupavam cerca de quatro hectares num recinto situado no extremo ocidental da cidade,[1] no fim da Grande Colunata, numa colina separada da cidade propriamente dita por um muro. No complexo havia duas ruas centrais, com colunatas, a via pretória e a via principal, que se cruzavam na perpendicular num tetrápilo. A via pretória ia desde a Porta Pretoriana até ao cimo da colina, onde se situava o quartel-general (princípia). Na parte mais alta do recinto do princípia situava-se o chamado "templo dos estandartes", onde é provável que fossem guardados os estandartes da legião.[3]

O complexo pode também ter incluído alojamentos para os soldados,[1] embora não seja claro se as forças militares romanas em Palmira estivessem ali aquarteladas; é possível que estivessem alojadas na cidade, funcionando o campo somente como quartel-general da legião. Na área do campo situava-se o anteriormente já existente Templo de Allat.[3] No geral, a planta do campo é similar ao seu contemporâneo em Luxor, no Egito, e também tem algumas semelhanças com o palácio em Antioquia e Palácio de Diocleciano, em Split (Croácia), um sinal de como a arquitetura romana tinha assumido um caráter muito militarizado no ambiente instável do final do século III.[5]

O campo foi construído entre 293 e 305. Não é claro se o termo castra (geralmente traduzido como castro, campo ou acampamento), se referia exclusivamente ao que atualmente se designa como "Campo de Diocleciano". O muro que separava os edifícios militares das áreas urbanas civis em Palmira era claramente apenas simbólico e o movimento entre o campo e o resto da cidade deve ter sido relativamente livre. É possível que toda a cidade fosse considerada um castro, no sentido lato de lugar fortificado, e não apenas a área muito mais pequena do campo.[1]

Escavações[editar | editar código-fonte]

O local foi escavado por uma equipa de arqueólogos polacos da Universidade de Varsóvia liderada por Kazimierz Michałowski. Durante os trabalhos foram desenterradas várias estruturas que se acredita serem salas de guardas, escadarias e entradas laterais para o recinto. Também se concluiu que a colunata da via pretória é um vestígio de estruturas mais antigas e provavelmente é anterior à construção do campo, que incluía um bairro residencial e artefatos funerários que datam do século I[6] Foram igualmente descobertos vestígios do período bizantino,[7] que incluem uma moeda e joias.[6]

Notas e referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d Pollard 2000, p. 298.
  2. Drinkwater 2005, p. 52.
  3. a b c Millar 1993, p. 182.
  4. Lee 2010, p. 269.
  5. a b Ward-Perkins 1994, p. 361.
  6. a b Ochsenschlager, 1968, p. 229.
  7. Kennedy 2006, p. 171.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Drinkwater, John (2005), «Maximian to Diocletian», in: Bowman, Alan; Cameron, Averil; Garnsey, Peter, The Cambridge Ancient History: Volume 12, The Crisis of Empire, AD 193-337, ISBN 9780521301992, Cambridge University Press 
  • Kennedy, Hugh N. (2006), The Byzantine And Early Islamic Near East, ISBN 9780754659099, Ashgate Publishing 
  • Lee, Jess (2010), Syria Handbook, ISBN 9781907263033, Footprint Travel Guides 
  • Millar, Fergus G. (1993), The Roman Near East: 31 BC – AD 337, ISBN 9780674778863, Harvard University Press 
  • Millar, Fergus (2006), Rome, the Greek World, and the East: The Greek world, the Jews, and the East, ISBN 9780807830307, University of North Carolina Press 
  • Ochsenschlager, Edward L. (1968), «Classical Excavations in the Southeastern Mediterranean», Classical Association of the Atlantic States, The Classical World, 61 (6): 224–230, doi:10.2307/4346468 
  • Pollard, Nigel (2000), Soldiers, Cities, & Civilians in Roman Syria, ISBN 9780472111558, University of Michigan Press 
  • Ward-Perkins, John (1994), Roman Imperial Architecture, ISBN 9780300052923, Yale University Press 
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Imagem: Palmira O Campo de Diocleciano está incluído no sítio "Palmira", Património Mundial da UNESCO.