Caso Sonja Engelbrecht
Sonja Engelbrecht | |
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Nome completo | Sonja Stephanie Engelbrecht |
Conhecido(a) por | Desaparecimento e morte sem solução |
Nascimento | 4 de abril de 1976 Munique, Alemanha[1] |
Morte | 1995 (19 anos) |
Desaparecimento | 11 de abril de 1995[2] |
Cadáver descoberto em | Kipfenberg, Alemanha, no verão de 2020[2] |
A morte de Sonja Engelbrecht é um caso criminal sem solução de Munique, Alemanha.[3] Engelbrecht desapareceu na noite de 11 de abril de 1995.[4] Sua morte foi anunciada em 23 de novembro de 2021, depois que seus restos mortais foram encontrados em uma floresta perto de Kipfenberg.[2] A polícia ainda não determinou a causa da morte, mas eles supõem que ela tenha sido morta por um ataque com intenções sexuais.[5]
O caso Engelbrecht ganhou uma cobertura contínua por várias décadas, tanto em jornalismo tabloide quanto nos grandes jornais da Alemanha.[6] Foi descrito como um dos maiores casos de desaparecimento da Alemanha[7] e o caso arquivado mais famoso de Munique.[8] O caso foi apresentado em programas de televisão nacionais como Hans Meiser e Menschen bei Maischberger.[9] Aktenzeichen XY ... ungelöst, o programa de televisão sobre crimes mais popular da Alemanha, falou sobre o caso duas vezes, em 2012 e 2023.[10][11]
Sonja Engelbrecht
[editar | editar código-fonte]Sonja Engelbrecht (5 de abril de 1976; desapareceu em 11 de abril de 1995; encontrada morta em 2020)[1][2] era uma estudante.[12] Na época do desaparecimento, ela estava vivendo com seus pais no distrito Laim de Munique. Engelbrecht tinha uma irmã mais velha com quem dividia um carro.[9]
Segundo seus pais, Engelbrecht tinha um grupo de amigos que passavam o tempo com ela nos finais de semana, apesar dela ser pessoalmente tímida.[13] Ela escutava música dark wave[14], e visitou boates como Tilt, Flex e Backstage.[9] Engelbrecht teve vários pretendentes, mas não estava em um relacionamento sério na época de seu desaparecimento.[12] Seus pais também contaram aos repórteres que ela tinha um bom relacionamento com eles e não estava tomando drogas ilegais.[12] Isso foi corroborado após seu desaparecimento, quando a polícia investigou possíveis ligações com o mundo das drogas em Munique, mas não conseguiu encontrar nenhuma conexão.[15]
Engelbrecht tinha cerca de 170 cm de altura e é descrita como magra, pesando 50 kg.[16] Ela tinha cabelos longos e loiros,[17] olhos azul-esverdeados[1], orelhas furadas e usava uma argola no nariz.[18] Sua aparência geral é descrita como atraente.[19][20][13] Na noite em que desapareceu, ela estava usando um suéter roxo, calça de couro preta, jaqueta de couro preta e botas pretas de cano alto.[9]
Desaparecimento
[editar | editar código-fonte]10 de abril, segunda-feira
[editar | editar código-fonte]Engelbrecht não planejava sair no dia 10 de abril, mas mudou de ideia espontaneamente quando um ex-colega de escola a convidou para ir ao pub Zum Vollmond.[9] Esse pub era frequentado por um público mais jovem interessado nos estilos musicais Independent, Wave e Punk.[21] Apesar de ser uma segunda-feira, Engelbrecht não precisou ir às aulas no dia seguinte, pois sua escola profissionalizante estava em férias de primavera durante a Semana Santa.
Às 21:15, Engelbrecht reuniu-se com um amigo na Estação Central de Munique.[13] Os dois passaram a noite no pub Zum Vollmond da rua Schleißheimer Straße com outros amigos.[15]
11 de abril, terça-feira
[editar | editar código-fonte]Em algum momento após a meia-noite, o grupo decidiu continuar a noite no apartamento de um desses conhecidos. Esse apartamento estava situado próximo de Schellingstraße.[15] Aproximadamente às duas da manhã, Engelbrecht e seu amigo deixaram o apartamento. Elas voltaram a pé para a Stiglmaierplatz, que é o centro de várias linhas de transporte público de Munique. Engelbrecht queria ligar para sua irmã para que ela a pegasse e a levasse para casa, enquanto seu amigo queria pegar o bonde para casa. Eles chegaram à Stiglmaierplatz às 2:28 da manhã e se aproximaram de uma cabine telefônica. No entanto, quando seu companheiro viu a linha de bonde N20 chegando, ele lhe deu seu cartão telefônico e rapidamente partiu para o bonde. Engelbrecht foi deixada sozinha e não foi mais vista ou ouvida depois disso.[22]
Investigação
[editar | editar código-fonte]Os pais de Engelbrecht relataram o desaparecimento de sua filha na quarta-feira, 12 de abril.[23] A polícia não investigou imediatamente porque Engelbrecht era maior de idade. Em vez disso, eles presumiram que ela havia fugido por alguns dias e que provavelmente reapareceria por conta própria.[19]
Quando isso não aconteceu, os policiais começaram a investigar o desaparecimento, e depois de 15 dias o caso foi transferido para o esquadrão de homicídios. Eles formaram uma equipe policial chamada SoKo Sonja,[12] que tinha seis detetives da polícia especializados em investigações de homicídios e pessoas desaparecidas.[9] A equipe falou com mais de 80 possíveis testemunhas e seguiu um grande número de pistas.[12] A polícia rapidamente eliminou o amigo como suspeito.[9] Com Stiglmaierplatz sendo usado para reuniões sobre drogas na década de 1990, a polícia investigou possíveis ligações sobre isso,[15] e até escavou o pequeno jardim da família de Engelbrecht para excluir qualquer possibilidade.[12] Apesar da falta de provas conclusivas, a polícia passou a considerar um homicídio como o cenário mais provável e a certo ponto informou aos pais que não havia muito mais a fazer exceto "esperar até que o corpo fosse encontrado".[12]
A polícia recebeu novas informações em 2010, após o caso da Engelbrecht ter sido apresentado em vários programas de televisão. Várias mulheres falaram sobre um homem que se aproximou delas na noite do desaparecimento. O principal investigador do esquadrão de homicídios, Josef Wilfling, estava otimista sobre resolver o caso.[25] Quando isso não aconteceu, a polícia decidiu trabalhar junto do programa Aktenzeichen XY ... ungelöst e alertar o público. Em 28 de novembro de 2012, o novo chefe de investigação, Robert Bastian, apresentou o caso no programa. Ele apontou que, nos anos 90, a Stiglmaierplatz se situava perto do passeio de Munique e que clientes costumavam fazer pegação na zona. Por isso, perguntou se as antigas prostitutas ou os seus clientes estariam dispostos a apresentar-se como testemunhas.[26] No entanto, nenhum destes esforços trouxe mais pistas sobre o que aconteceu com Engelbrecht depois das 2:30 da manhã de 11 de abril e o porta-voz da polícia, Werner Kraus, caracterizou o seu desaparecimento como um "caso sem pistas".[17]
Descoberta e nova investigação
[editar | editar código-fonte]Em 23 de novembro de 2021, foi anunciado que um osso foi encontrado por trabalhadores florestais no verão de 2020 em uma floresta perto de Kipfenberg, Alemanha,[27] aproximadamente 100 quilômetros a norte da última localização conhecida de Engelbrecht. Este foi identificado positivamente por um exame de ADN como sendo o fêmur de Engelbrecht.[28] Em 30 de março de 2022, os investigadores anunciaram a realização de esforços adicionais de busca em grande escala. Foram encontrados mais ossos e fragmentos de ossos numa encosta íngreme, no interior de uma dolina,[29] incluindo um pedaço de maxilar inferior com dentes, que está a ser examinado por tecnologia de ADN. Os investigadores assumem que a dolina é o local onde Engelbrecht foi depositada, sendo na mesma floresta onde o fêmur foi encontrado em 2020.[30] Apesar das acusações de homicídio,[31] o caso não é considerado um assassinato e a causa da morte é desconhecida.[32]
Querendo ajuda com as novas pistas, a polícia decidiu trabalhar junto de Aktenzeichen XY ... ungelöst, que apresentou o caso de Engelbrecht pela segunda vez em março de 2023.[33] Nesta transmissão, o investigador principal, Ronald Baader, mostrou uma quantidade de novas pistas e pediu aos telespectadores para darem mais informações. Baader confirmou que a polícia havia conseguido criar um perfil de ADN a partir das evidências recém-adquiridas e pediu que até mesmo "suspeitas vagas" fossem relatadas.[34] Ele também mostrou fragmentos de um cobertor encontrado ao lado dos restos mortais de Engelbrecht e perguntou sobre possíveis pistas de sua identidade.[35] O programa gerou um número considerável de denúncias, com mais de 50 ligações recebidas somente durante o episódio. Nas semanas seguintes ao episódio, um detetive amador conseguiu identificar o tipo de cobertor a partir dos artefatos mostrados no episódio.[36]
Cobertura na mídia
[editar | editar código-fonte]No início, o caso Engelbrecht atraiu apenas interesse modesto e maior parte da cobertura foi feita por jornais locais. Seus pais, portanto, tentaram aumentar a conscientização sobre o desaparecimento da filha dando entrevistas e aparecendo em programas de TV como o talk show da RTL, Hans Meiser, Fliege da Das Erste e o programa da Sat.1 Bitte melde dich.[9] O interesse em seu caso aumentou quando, em 2012, seu caso foi apresentado no popular programa alemão sobre crimes Aktenzeichen XY ... ungelöst, devido às semelhanças com o desaparecimento de Natascha Kampusch.[10] O episódio tornou seu caso conhecido por um público de milhões de pessoas, e jornais e revistas nacionais começaram a noticiar seu desaparecimento.[15][9][38] Em outubro de 2013, a mãe de Engelbrecht apareceu no programa Menschen bei Maischberger.
Quando, em 2021, o fêmur recém-encontrado foi confirmado como pertencente a Engelbrecht, a RTL entrevistou o biólogo forense Mark Benecke sobre possíveis pistas que poderiam surgir a partir da descoberta.[39] Em 2022, o popular programa alemão de drama policial Tatort transmitiu o episódio Borowski und der Schatten des Mondes (em português: Borowski e a Sombra da Lua), pelo qual o caso de Engelbrecht foi apontado como inspiração.[40] Em 2023, Aktenzeichen XY ... ungelöst apresentou o caso pela segunda vez.[33] Esse episódio levou a uma série de novas pistas e as principais publicações relataram regularmente os novos descobrimentos sobre o caso.[41][42][11]
A mídia também noticiou a difícil relação entre a família de Engelbrecht e a polícia. Seus pais expressaram frustração com o que consideraram uma falta de confiança e um foco equivocado na investigação.[19] Por outro lado, Udo Nagel publicou uma carta aberta no jornal Süddeutsche Zeitung onde ele abordou e rejeitou essas acusações.[37] Josef Wilfling, o chefe do esquadrão de homicídios na década de 2000, usou o caso Engelbrecht em uma entrevista sobre o desaparecimento de Rebecca Reusch para apontar que conversas com parentes de uma pessoa desaparecida são algo “difícil de equilibrar” para investigadores de homicídios.[43]
Teorias
[editar | editar código-fonte]Dos pais
[editar | editar código-fonte]Antes da descoberta de seus restos mortais, os pais da Engelbrecht opinaram que sua filha poderia ter sido vítima do tráfico de pessoas.[44] Eles também especularam sobre possíveis perpetradores da cultura ocultista e gótica.[19] Os pais também expressaram dúvidas sobre a versão dos eventos contada pelo amigo, afirmando que a irmã de Engelbrecht não havia recebido nenhuma ligação telefônica naquela noite e que tanto uma cabine telefônica quanto um ponto de bonde teriam sido mais rápidos de alcançar do que caminhar até a Stiglmaierplatz.[45] Eles, portanto, suspeitaram que o amigo poderia estar envolvido no desaparecimento.[19]
Polícia
[editar | editar código-fonte]A polícia, no entanto, descartou os companheiros de Engelbrecht daquela noite como suspeitos e confirmou repetidamente que suas declarações correspondiam aos resultados da investigação em todos os pontos relevantes ao crime.[9] Inicialmente, eles presumiram que ela poderia ter fugido por alguns dias.[19] Mas quando ela não reapareceu, a polícia começou a considerar que homicídio era o cenário mais provável.[20] Eles presumiram que ela entrou voluntariamente no carro de seu assassino para chegar em casa ou que foi forçada a fazê-lo.[44] O cabeça do esquadrão de homicídios na época, Udo Nagel, disse que, se este não fosse o caso, testemunhas teriam lembrado de ver a “bonita e atraente” Engelbrecht naquela noite.[44] Essa teoria foi ainda mais fortalecida por investigações que indicaram que, em pelo menos uma ocasião anterior, ela havia tentado pegar carona para voltar para casa depois de uma noitada.[12]
Depois que seus restos mortais foram descobertos em 2020, foram encontradas novas evidências que levaram a polícia a revisar e melhorar sua avaliação. Por exemplo, o fato de ela ter sido encontrada sem roupas fortaleceu a teoria de que ela foi assassinada em um ataque com intenções sexuais.[46] Acredita-se que o assassino embrulhou o corpo dela em lonas que haviam sido usadas anteriormente durante trabalhos de construção ou reforma. A polícia, portanto, acredita que o autor do crime pode ter sido um pintor de casas ou que estava envolvido em trabalhos de reforma em 1995.[47] Esse fato foi relacionado a uma grande feira comercial da indústria de construção, realizada na Theresienwiese, em Munique, no final de semana anterior ao desaparecimento.[48] Além disso, assumem que o assassino era familiar com Kipfenberg, pois o local onde ela foi encontrada era difícil de encontrar e pouco conhecido até entre as pessoas locais.[49]
Outras
[editar | editar código-fonte]Dado as semelhanças com o desaparecimento de duas outras mulheres em Munique na década de 1990, houve suspeitas de que um assassino em série poderia estar por trás de tudo.[50] Porém, após novas evidências terem surgido, a polícia parou de assumir uma conexão.[51] Comentaristas também observaram semelhanças com o estupro e assassinato de uma jovem em Freiburg em 1997, que também havia desaparecido após uma feira industrial e cujo cadáver foi encontrado posteriormente em uma floresta.[34] A imprensa também especulou sobre uma possível conexão com a descoberta de dois cadáveres, que também foram encontrados em uma floresta perto de Kipfenberg em 2020.[52] Os dois mortos foram identificados como um casal de Ingolstadt que estava desaparecido desde 2002.[53] No entanto, Andrea Grape, a procuradora-chefe de Ingolstadt, declarou que a semelhança entre os casos é “uma coincidência muito, muito estranha.”[54]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
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- ↑ Ince, Hüseyin (30 de junho de 2022). «Rätsel um Sonja Engelbrecht: Wurde sie Opfer eines Mehrfachtäters?». Abendzeitung München (em alemão)
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Ossos encontrados em floresta: Sonja Engelbrecht está morta» (PDF) (em inglês). The Doe Network
- «Artigo sobre Sonja Engelbrecht no site da polícia de Munique» (em alemão). Polizeipräsidium München
- «Site dedicado a Sonja Engelbrecht» (em alemão)