Chapbook

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Frontispício do chapbook O extraordinário destino trágico de Calas de Voltaire, mostrando um homem sendo torturado em uma roda, do final do século XVIII.

O chapbook é um tipo de literatura popular impressa no início da Europa moderna, de que é exemplo em Portugal ou no Brasil a literatura de cordel. Chapbook é um termo genérico em inglês para uma primeira forma da chamada literatura popular, composta de papel impresso barato, que foi comercializada e disseminada do século XVI até a segunda metade do século XIX. Sua definição é bastante imprecisa e difícil.[1] Produzido de forma barata, os chapbooks eram geralmente pequenos, com capas em papel, e impressos em uma única folha de papel dobrada em livros de 8, 12, 16 e 24 páginas. Eles foram, muitas vezes, ornados com xilogravuras pouco trabalhadas, que, às vezes, não tinham qualquer relação com o texto. 

A tradição de escrita de chapbooks surgiu no século XVI, assim que os livros impressos tornaram-se acessíveis, difundindo-se durante os séculos XVII e XVIII. Muitos tipos diferentes de literatura efêmera e popular ou folclórica foram publicados em chapbooks, como almanaques, literatura infantil, contos, baladas, cantigas de roda, panfletos, poesia, e folhetos políticos e religiosos.

O termo chapbook para este tipo de literatura foi cunhado no século XIX. O correspondente francês e alemão do termos são bibliothèque bleue e Volksbuch, respectivamente. Na Espanha, eles eram conhecidos como pliegos de cordel.[2][3][4]

O termo chapbook também é usado atualmente para referir-se a publicações geralmente curtas e baratas.[5]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

O termo chapbook é atestado primeiramente na língua inglesa em 1824 e parece derivar da palavra chapman, que designava os vendedores ambulantes que vendiam esse tipo de livro. O primeiro elemento da palavra chapman vem, por sua vez, do inglês arcaico cēap (escambo, negócio, transação).[6]

Remanescências[editar | editar código-fonte]

Por causa de sua natureza efêmera, os chapbooks raramente sobreviveram. Eles foram destinados a compradores sem bibliotecas formais, e, em uma época na qual o papel era caro, foram reutilizados para o acondicionamento ou cozimento de outras coisas. O papel também era frequentemente usado para fins higiênicos e há referências de época que indicam o uso de chapbooks como forragem de traseiro (i.e. papel higiênico). Muitos dos chapbooks sobreviventes vieram da coleção de Samuel Pepys formada entre 1661 e 1688, e estão agora no Magdalene College, em Cambridge. Anthony Wood também reuniu 65 chapbooks (sendo 20 deles publicados antes de 1660), que estão agora na Biblioteca Bodleian. Há também significativas coleções escocesas, tais como as realizadas pela Universidade de Glasgow.[7]

Produção e distribuição[editar | editar código-fonte]

Londres foi o centro de produção de chapbooks e baladas e, até o Grande Incêndio de Londres, os tipógrafos estavam localizados em torno da Ponte de Londres. No entanto, muitos chapbooks foram impressos em tipografias provinciais, especialmente na Escócia e Newcastle upon Tyne.[8]

Depois de 1696, os mascates ingleses que vendiam chapbooks tiveram que ter licença de venda. Em todo território, 2.500 vendedores foram autorizados, sendo 500 apenas em Londres. Na França, havia 3.500 colportores autorizados por volta de 1848, que vendiam 40 milhões de livros por ano.[9]

Conteúdo[editar | editar código-fonte]

Os chapbooks foram um importante meio para a divulgação da cultura popular para as pessoas comuns, especialmente nas áreas rurais. Eles eram um meio de entretenimento, de informação e de conhecimento histórico (geralmente não confiável). Em geral, o conteúdo dos chapbooks foi criticado por suas narrativas ingênuas  fortemente carregadas de repetição e que enfatizavam a aventura por meio de relatos anedóticos.[10] No entanto, eles são valorizados como um registro da cultura popular ao preservar artefatos culturais que não sobreviveram em qualquer outra forma.

Coleções de chapbooks[editar | editar código-fonte]

O chapbook, Jack the Giant Killer

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Ver a introdução de John Simons, Guy of Warwick and other Chapbook Romances, University of Exeter Press, Exeter, Angleterre, 1998, ISBN 0-85989-445-2, para os problemas de definição encontrados.
  2. From chapmen, chap, a variety of peddler, which folks circulated such literature as part of their stock.
  3. Spufford, Margaret (1984). The Great Reclothing of Rural England. [S.l.: s.n.] ISBN 0-907628-47-8 
  4. «'Here Chapman Billies Take Their Stand': A Pilot Study of Scottish Chapmen, Packmen and Pedlars» 
  5. «Chapbooks: Definition and Origins». Massachusetts Institute of Technology. Consultado em 19 de abril de 2015 
  6. Oxford English Dictionary, s.vv. chap-book, n. and chapman, n..
  7. «University of Glasgow: Scottish Chapbooks». special.lib.gla.ac.uk 
  8. See the "Introduction" in Simons, John (1998) Guy of Warwick and other Chapbook Romances University of Exeter Press, Exeter, England, ISBN 0-85989-445-2, for issues of definition.
  9. Lyons, Martyn. (2011). Books: A Living History. Los Angeles, CA. Getty Publications. (pp.121-122).
  10. «Gothic Chapbooks and the Urban Reader». Wordsworth Circle. 41 
Web
  • «The Scottish Chapbook Project». University of South Carolina G. Ross Roy Collection 
  • Furnivall, F. J., ed. (1871). Captain Cox, His Ballads and Books. [S.l.: s.n.] 
  • Neuburg, Victor E. (1972). Chapbooks: A guide to reference material on English, Scottish and American chapbook literature of the eighteenth and nineteenth centuries. [S.l.: s.n.] 
  • Neuburg, Victor E. (1968). The penny histories: a study of chapbooks for young readers over two centuries (illustrated with facsimiles of seven chapbooks. [S.l.: s.n.] 
  • Neuburg, Victor E. (1964). Chapbooks: a bibliography of references to English and American chapbook literature of the eighteenth and nineteenth centuries. [S.l.: s.n.] 
  • Neuburg, Victor E. (1952). A select handlist of references to chapbook literature of the eighteenth and nineteenth centuries. [S.l.: s.n.] 
  • Spufford, Margaret (1981). Small Books and Pleasant Histories: Popular Fiction and its Readership in seventeenth Century England. [S.l.: s.n.] 
  • Weiss, Harry B. (1969). A book about chapbooks. [S.l.: s.n.] 
  • Weiss, Harry B. (1936). A catalogue of chapbooks in the New York Public Library. [S.l.: s.n.] 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]