Chet Baker
Chet Baker | |
---|---|
![]() Monumento a Chet Baker em Amesterdão. | |
Informação geral | |
Nome completo | Chesney Henry Baker Jr. |
Nascimento | 23 de dezembro de 1929 |
Origem | Yale, Oklahoma |
País | ![]() |
Morte | 13 de maio de 1988 (58 anos) |
Gênero(s) | West Coast jazz |
Instrumento(s) | Trompete, vocais, percussão, piano |
Período em atividade | 1949–1988 |
Outras ocupações | Trompetista, cantor |
Afiliação(ões) | Gerry Mulligan Art Pepper |
Chesney Henry "Chet" Baker, Jr. (Yale, Oklahoma, 23 de dezembro de 1929 – Amsterdão 13 de maio de 1988) foi um trompetista e cantor de jazz norte-americano.
Biografia[editar | editar código-fonte]
Criado até os dez anos numa quinta em Oklahoma, partiu para Los Angeles no final dos anos 1930, quando começou a estudar teoria musical. Chet Baker sempre foi influenciado pelo seu pai, guitarrista, de quem herdou a paixão pela música e de quem recebeu, aos 10 anos de idade, um trombone. Amante do Jazz, não tardou em conquistar o sucesso, sendo apontado como um dos melhores trompetistas do género logo com o seu primeiro album.
Ainda bem jovem, passou a integrar grupos de renome da música americana da época. Os seus primeiros trabalhos foram com a Vido Musso's Band e com Stan Getz, porém, Chet só conheceu o sucesso depois do convite de Charlie Parker (Bird), em 1951, para uma série de apresentações na Costa Oeste dos Estados Unidos. Em 1952 entrou para a banda de Gerry Mulligan, alcançando grande notoriedade com a primeira versão de My Funny Valentine. Entretanto, devido aos problemas de Gerry com as drogas, o quarteto acabou por ter uma vida curta, sustentando-se por menos de um ano. Mas o talento de Chet logo o transformaria num ídolo, por toda a América e pela Europa.
Especialistas dividem a vasta obra do músico em duas etapas: a fase cool, do início da sua carreira, mais ligada ao virtuosismo jazzístico, e a outra, a partir de 1957, quando a sensibilidade na interpretação se torna ainda mais evidente.
Avesso às partituras, Chet não deixou, entretanto, de integrar as big bands americanas. Era dotado de uma extrema criatividade, inaugurando um modo de cantar no qual a voz era quase sussurrada. Exerceu grande influência em alguns dos grandes nomes da bossa nova, como João Gilberto e Carlos Lyra.[1][2]
Para tocar as músicas, Chet apenas pedia o tom. Económico nas notas (ao contrário de outros trompetistas, como Dizzy Gillespie, que preferiam o virtuosismo), improvisava com sentimento. Certo dia, deram-lhe o tom errado de uma música de propósito, e mesmo assim Chet Baker conseguiu encontrar um caminho harmónico.[carece de fontes] Valorizava as frases melódicas com notas longas e encorpadas, o que acabou valendo-lhe o rótulo de cool.
No começo dos anos 1960, Chet realizou diversas experiências com o flugelhorn, instrumento de timbre macio e aveludado.
Contudo, o seu glorioso trajeto na música não lhe rendeu uma vida segura, afastada de problemas; por causa do seu envolvimento com drogas, especialmente com a heroína (durante as suas crises de abstinência, que eram monitoradas por médicos, usava metadona). Chet foi preso muitas vezes, e diz-se que chegou a ser espancado por não ter pago uma dívida contraída com a compra de drogas. Este episódio teria-lhe valido a perda de vários dentes.
Para alguns especialistas, as falhas na sua arcada dentária teriam contribuído para prejudicar a sua performance. Contudo, para outros, contraditoriamente, tal facto teria obrigado o músico a enveredar pelas nuances do instrumento, alcançando, deste modo, sonoridades ímpares e inconfundíveis.
Em maio de 1983, durante uma das suas inúmeras viagens à Holanda, produziu gravações com o pianista Michael Graillier e com o baixista italiano Ricardo Del Fra, parceiro do baterista brasileiro Afonso Vieira.
Em 1985, Chet Baker esteve no Brasil para duas apresentações na primeira edição do Free Jazz Festival. A banda era formada pelo pianista brasileiro Rique Pantoja (com quem Chet já havia gravado um disco no início dos anos 1980 — Chet Baker & The Boto Brasilian Quartet), pelo baixista Sizão Machado, pelo baterista americano Bob Wyatt e pelo flautista Nicola Stilo. A primeira apresentação, no Hotel Nacional, na cidade do Rio de Janeiro, foi considerada magnífica por muitos e decepcionante por alguns, mas a apresentação em São Paulo, igualmente tida por alguns como um sucesso e por outros como decepcionante, quase entra para a história do Jazz pela porta dos fundos: depois do espectáculo, já no seu quarto, no Maksoud Plaza, Chet surripiou a maleta do médico que o acompanhava e tomou doses cavalares das drogas que lhe estavam a ser administradas para controlar as crises de abstinência. Chet teve uma overdose e quase morreu.
Naquele mesmo ano, em Roma, o trompetista iniciou, com Rique Pantoja, as gravações de Rique Pantoja & Chet Baker (WEA, Musiquim), que terminariam em São Paulo, no ano de 1987. O LP foi um sucesso de crítica.
Morte[editar | editar código-fonte]
Chet Baker morreu aos 58 anos, em Amsterdã, de forma trágica e misteriosa: na madrugada de 13 de maio de 1988, ao cair da janela do Hotel Prins Hendrik. Até hoje, há controvérsias sobre as circunstâncias de sua morte — acidente ou suicídio. Sua hospedagem foi no quarto 210.[3] Foi sepultado no Inglewood Park Cemetery, em Los Angeles.
Discografia[editar | editar código-fonte]
Pacific Jazz/World Pacific[editar | editar código-fonte]
- West Coast Live (1953–1954 [1997]) - com Stan Getz
- This Time the Dream's on Me: Chet Baker Quartet Live, Vol. 1 (1953 [2000])
- Out of Nowhere: Chet Baker Quartet Live, Vol. 2 (1954 [2001])
- My Old Flame: Chet Baker Quartet Live, Vol. 3 (1954 [2001])
- The Chet Baker Quartet (1953) - com Russ Freeman
- Chet Baker Quartet featuring Russ Freeman (1953)
- Chet Baker Ensemble (1953)
- Grey December (1953)
- Chet Baker Sings (1954)
- Chet Baker Sextet (1954)
- The Trumpet Artistry of Chet Baker (1954)
- Jazz at Ann Arbor (1954)
- Chet Baker Sings and Plays com Bud Shank, Russ Freeman And Strings (1955)
- Chet Baker in Europe (1955) - nota: este álbum tem o subtítulo A Jazz Tour of the NATO Countries
- Chet Baker & Crew (1956)
- The Route (1956 [1989]) - com Art Pepper
- Chet Baker Big Band (1956)
- Playboys [also released as Picture of Heath] (1956) - com Art Pepper
- Quartet: Russ Freeman/Chet Baker (1956)
- Embraceable You (1957)
- Pretty/Groovy (World Pacific, 1953–1957 [1958])
- A Taste of Tequila [The Mariachi Brass com Chet Baker] (World Pacific, 1966)
- Hats Off [The Mariachi Brass com Chet Baker] (World Pacific, 1966)
- Quietly There (World Pacific, 1966) - com the Carmel Strings
- Double-Shot [The Mariachi Brass com Chet Baker] (World Pacific, 1966)
- Into My Life (World Pacific, 1966) - com the Carmel Strings
- In The Mood [The Mariachi Brass com Chet Baker] (World Pacific, 1966)[4]
Barclay/EmArcy[editar | editar código-fonte]
- Chet Baker Quartet [também conhecido como Rondette] (1955)
- Chet Baker Quartet [também conhecido como Summertime] (1955)
- Chet Baker and His Quintet com Bobby Jaspar [também conhecido como as Alone Together] (1956)
- Chet in Paris, Vol. 1: Featuring Dick Twardzik (EmArcy, 1955 [1988])
- Chet in Paris, Vol. 2: Everything Happens to Me (EmArcy, 1955 [1988])
- Chet in Paris, Vol. 3: Cheryl (EmArcy, 1955–1956 [1988])
- Chet in Paris, Vol. 4: Alternate Takes (EmArcy, 1955–1956 [1988]) - nota: esta série foi intitulada...The Complete Barclay Recordings of Chet Baker
Riverside/Jazzland[editar | editar código-fonte]
- (Chet Baker Sings) It Could Happen to You (1958)
- Chet Baker in New York [também lançado como Polka Dots and Moonbeams] (1958)
- Chet Baker Introduces Johnny Pace (1958) - com Johnny Pace
- Chet (1959) - nota: este álbum tem como subtítulo The Lyrical Trumpet of Chet Baker
- Chet Baker Plays the Best of Lerner and Loewe (1959)
- Chet Baker in Milan (Jazzland, 1959)
- Chet Baker com Fifty Italian Strings [também lançado como Angel Eyes] (Jazzland, 1959)
Prestige[editar | editar código-fonte]
- Smokin' com the Chet Baker Quintet (1965)
- Groovin' com the Chet Baker Quintet (1965)
- Comin' On com the Chet Baker Quintet (1965)
- Cool Burnin' com the Chet Baker Quintet (1965)
- Boppin' com the Chet Baker Quintet (1965)
SteepleChase[editar | editar código-fonte]
- The Touch of Your Lips (1979) - com Doug Raney, Niels-Henning Ørsted Pedersen
- No Problem (1979) - com Duke Jordan
- Daybreak (1979) - com Doug Raney, Niels-Henning Ørsted Pedersen
- This Is Always (1979 [1982]) - com Doug Raney, Niels-Henning Ørsted Pedersen
- Someday My Prince Will Come (1979 [1983]) - com Doug Raney, Niels-Henning Ørsted Pedersen
- Diane (1985) - com Paul Bley
- When Sunny Gets Blue (1986)
Enja[editar | editar código-fonte]
- Oh You Crazy Moon (1978 [2003])
- Peace (1982)
- Strollin' (1986) - com Philip Catherine, Jean-Louis Rassinfosse
- My Favourite Songs: The Last Great Concert (1988)
- Straight from the Heart: The Last Great Concert, Vol. 2 (1988)
- The Last Great Concert: My Favourite Songs, Vols. 1 & 2 (1988)
Circle[editar | editar código-fonte]
- Night Bird (1980)
- Tune Up (1980 [1981])
- My Funny Valentine (1980 [1981])
- Round Midnight (1980 [1982])
- In Your Own Sweet Way (1980 [1983])
- Just Friends: Chet Baker Live in the Subway Club (1980 [1984])
- I Remember You (1980 [1984])
- Conception (1980 [1985]) - com Karl Ratzer
- Down: Chet Baker Live in the Subway Club (1980 [1988])
- It Never Entered My Mind (1980 [1990])
Timeless[editar | editar código-fonte]
- Everything Happens To Me (1983) - com Kirk Lightsey Trio
- Mr. B (1983)
- Chet Baker Sings Again (1985)
- There'll Never Be Another You (1985 [1997]) - com Philip Catherine
- As Time Goes By (1986) - nota: este álbum tem o subtítulo Love Songs
- Cool Cat (1986 [1989]) - nota: este álbum tem como subtítulo Chet Baker Plays, Chet Baker Sings
- Farewell (1988)
- Live in Rosenheim (1988)
- Heartbreak: Chet Baker com Strings (1991)
Fresh Sound[editar | editar código-fonte]
- Inglewood Jam: Bird & Chet Live at the Trade Winds (1952) - com Charlie Parker
- Chet Baker Live at the Trade Winds (1952) - com Sonny Criss, Wardell Gray, Jack Montrose, Al Haig
- L.A. Get-Together! (1952–1953) - com Stan Getz
- At the Forum Theater (1956) - com Phil Urso, Bobby Timmons
- Burnin' at Backstreet (1980)
- Live at Fat Tuesday's (1981) - com Bud Shank
Philology[editar | editar código-fonte]
- Haig '53: The Other Piano Less Quartet (1953 [1996]) - com Stan Getz
- In Europe, 1955 (1955 [1991])
- A Trumpet for the Sky: Club 21, Paris - Vols. 1 & 2 (1983 [1993])
- Live from the Moonlight (1985 [1988])
- A Night at the Shalimar Club (1987 [1991])
- Little Girl Blue (1988) - com the Space Jazz Trio
Other labels[editar | editar código-fonte]
- Chet Baker & Strings (Columbia, 1954)
- Stan Meets Chet com Stan Getz (Verve, 1958)
- Chet Baker Quintet Cools Out (Crown, 1963)
- Chet Is Back! (RCA, 1962)
- The Most Important Jazz Album of 1964/65 (Colpix, 1964)
- Baby Breeze (Limelight, 1965)
- Baker's Holiday (Limelight, 1965)
- Albert's House (Beverly Hills, 1969)
- Blood, Chet and Tears (Verve, 1970)
- She Was Too Good to Me (CTI, 1974)
- The Incredible Chet Baker Plays and Sings (Caroselle, 1977)
- You Can't Go Home Again (A&M/Horizon, 1977)
- Ballads for Two com Wolfgang Lackerschmid (Sandra Music, 1979)
- Rendez-Vous (Bingow, 1979)
- Once Upon a Summertime (Artists House, 1980)
- Live in Paris (Circle, 1980)
- Leaving (Intercord, 1980)
- Broken Wing (Inner City, 1981)
- In Concert (India Navigation, 1982)
- The Improviser (Cadence Jazz, 1984)
- At Capolinea (Red, 1984)
- Blues for a Reason (Criss Cross, 1984)
- Chet's Choice (Criss Cross, 1985)
- Hazy Hugs (Limetree, 1985)
- Witch Doctor (Contemporary, 1985)
- Chet Baker Plays Vladimir Cosma (Carrere, 1985)
- Candy (Sonet, 1985)
- Live at Nick's (Criss Cross, 1987)
- Memories: Chet Baker in Tokyo (Paddle Wheel, 1988)
- Stella by Starlight (West Wind, 1989)
- The Best Thing for You (A&M, 1989)
- Chet Baker Sings and Plays from the Film "Let's Get Lost" (RCA Novus, 1989)
- Out of Nowhere (Milestone, 1991)
- Chet Baker and the Boto Brazilian Quartet (Dreyfus, 1991)
- Chet Baker in Bologna (Dreyfus, 1992)
- Live at Pueblo, Colorado 1966 (CCB, 1992)
- Sings, Plays: Live at the Keystone Korner (HighNote, 2003)
- Live in London (Ubuntu, 2016)
Como sideman[editar | editar código-fonte]
Com Stan Getz
- Stan Meets Chet (Verve, 1958)
- Line for Lyons (Sonet, 1983)
Com Gerry Mulligan
- Gerry Mulligan Quartet Volume 1 (Pacific Jazz, 1952)
- The Gerry Mulligan Quartet (Fantasy, 1953)
- Lee Konitz Plays com the Gerry Mulligan Quartet (Pacific Jazz, 1953)
- Gerry Mulligan Quartet Volume 2 (Pacific Jazz, 1953)
- Gene Norman Presents 'The Gerry Mulligan Quartet' (GNP, 1954)
- Reunion com Chet Baker (World Pacific, 1958)
- Annie Ross Sings a Song com Mulligan! (World Pacific, 1959)
- Carnegie Hall Concert (CTI, 1974)
Com Art Pepper
- The Artistry of Pepper (Pacific Jazz, 1962)
- Art Pepper Plays Shorty Rogers & Others (Pacific Jazz, 1978)
Com Bud Shank
- Michelle (World Pacific, 1966)
- California Dreamin' (World Pacific, 1966)
- Brazil! Brazil! Brazil! (World Pacific, 1966)
- Magical Mystery (World Pacific, 1968)
Com outros
- Harry Babasin, On the Coast (Jazz Showcase, 1978)
- Ron Carter, Patrão (Milestone, 1981)
- Philip Catherine, Jean-Louis Rassinfosse, Crystal Bells (LDH, 1983)
- Elvis Costello, Punch the Clock (Columbia, 1983)
- Miles Davis, At Last (Contemporary, 1985)
- Lizzy Mercier Descloux, One for the Soul (Polydor, 1986)
- Astrud Gilberto, That Girl from Ipanema (Image, 1977)
- Jean-Jacques Goldman, Non Homologue (Epic, 1985)
- Rachel Gould, All Blues (Bingow 1979)
- Michel Graillier, Dream Drops (Owl, 1982)
- Lars Gullin, The Great Lars Gullin Vol. 1 '55/'56 (Dragon, 1982)
- Charlie Haden, Silence (Soul Note, 1987 [1989])
- Jim Hall, Concierto (CTI, 1975)
- Jim Hall, Hubert Laws, Studio Trieste (CTI, 1982)
- Herbie Hancock, Round Midnight (Columbia, 1986)
- Roland Hanna, Gershwin Carmichael Cats (CTI, 1982)
- Wolfgang Lackerschmid, Chet Baker / Wolfgang Lackerschmid (Sandra Music Productions, 1979)
- Kirk Lightsey, Everything Happens to Me (Timeless, 1983)
- Joe Pass, A Sign of the Times (World Pacific, 1966)
- Jack Sheldon, Jack's Groove (GNP, 1961)
- Archie Shepp, In Memory Of (L+R, 1988)
- Dick Twardzik, The Last Set (Pacific Jazz, 1962)
- Jan Erik Vold, Blåmann! Blåmann! (Hot Club, 1988)
Filmografia[editar | editar código-fonte]
- (1955) Hell's Horizon, by Tom Gries: ator
- (1959) Audace colpo dei soliti ignoti, by Nanni Loy: musica
- (1960) Howlers in the Dock, by Lucio Fulci: ator
- (1963) Ore rubate ["stolen hours"], by Daniel Petrie: musica
- (1963) Tromba Fredda, by Enzo Nasso: ator e musica
- (1963) Le concerto de la peur, by José Bénazéraf: musica
- (1964) L'enfer dans la peau, by José Bénazéraf: musica
- (1964) Nudi per vivere, by Elio Petri, Giuliano Montaldo and Giulio Questi: musica
- (1988) Let's Get Lost, by Bruce Weber: musica
Referências
- ↑ «Estilo suave de Chet Baker expressar tormento pode ter influenciado a bossa». Correio Braziliense. Consultado em 17 de julho de 2019
- ↑ «Chet Baker, a atuação que mudou a vida de João Gilberto». GGN. Consultado em 17 de julho de 2019
- ↑ quarto 210
- ↑ "Chet Baker Discography." Retrieved October 18, 2016.