Cultura de Tazabagíabe
Cultura de Tazabagíabe Cultura de Tazabagyab • Cultura de Tozabogʻyop | |
---|---|
Localização aproximada da área onde existiu a cultura de Tazabagyab. Ficava a leste do mar Cáspio, a sul pelo mar de Aral e era atravessada pelo rio Amu Dária. | |
Localização atual | |
País | Usbequistão e Turquemenistão |
Localização | Área a sul do mar de Aral, no que é atualmente o leste do Usbequistão e o norte do Turquemenistão |
Dados históricos | |
Era | Idade do Bronze tardia |
Cultura arqueológica anterior | Andronovo |
Período de existência | século XIX ou final do XIV a.C. até c. 1 100 a.C. |
A Cultura de Tazabagíabe (Tazabagyab; em usbeque: Tozabogʻyop) é uma cultura arqueológica da Idade do Bronze tardia que floresceu na Ásia Central ao longo do curso inferior do rio Amu Dária e na margem sul do mar de Aral desde o século XIX[1] ou final do XIV a.C. até c. 1 100 a.C. Foi um ramo meridional da cultura de Andronovo e era composta por povos indo-arianos.[2]
Origens
[editar | editar código-fonte]A cultura de Tazabagíabe surgiu cerca de 1 500 a.C.[3][4] ou, segundo outros autores, c. século XIX a.C.,[1] como uma variante meridional da cultura de Andronovo,[3][4][1] mas ao contrário dos povos desta última, que eram em larga medida pastoris, as populações da cultura de Tazabagíabe eram sobretudo agricultores. É provável que descendessem de indo-arianos pastores da estepe do norte que se expandiram para sul e fundaram comunidades agrícolas.[2]
Caraterísticas
[editar | editar código-fonte]Os povoados Tazabagíabe mostram evidências de agricultura de irrigação em pequena escala.[4] Foram descobertos cerca de cinquenta desses povoados, que tinham casas subterrâneas retangulares, geralmente três em cada aldeia.[5] As casas eram em geral grandes, algumas com mais de 10x10 metros de perímetro. A maior parte delas eram de barro, com tetos em cana que eram suportados por pilares de madeira. Estima-se que cada aldeia tivesse em média cerca de dez famílias e cem habitantes.[4] Nelas foram encontradas estatuetas e restos de cavalos.[2]
Nos enterramentos Tazabagíabe, os homens eram enterrados virados para a sua esquerda e as mulheres viradas para a sua direita, uma prática similar às culturas contemporâneas de povos indo-europeus na região, como a de Andronovo,[4] Bisquente, Vakhsh (ambas no que é atualmente o sul do Tajiquistão) e Suate (ou cultura dos túmulos de Gandara, no que é hoje o norte do Paquistão),[2] bem como à anterior cultura da cerâmica cordada da Europa Central e de Oriental.[6][7][8]
Os objetos de metal da cultura Tazabagíabe são similares aos da cultura de Andronovo no Cazaquistão e aos da cultura de Srubnaia mais a oeste.[2] Há evidências arqueológicas que os povoados Tazabagíabe tinham artesãos metalúrgicos.[5] A cerâmica era do tipo Namasga VI,[a] o qual era comum por toda a Ásia Central naquele tempo.[2] A cerâmica de Tazabagíabe encontra-se numa extensa área.[1]
O povo de Tazabagíabe parece ter controlado o comércio de minerais como cobre, estanho e turquesa, e produtos pecuários, como cavalos, laticínios e couro. Isso deve ter-lhes dado um grande poder políticos nas antigas cidades de oásis do complexo arqueológico da Báctria-Margiana (BMAC ou civilização do Oxo). A sua mestria em carros de guerra deve ter-lhes dado o controlo militar. Estes fatores provavelmente incentivaram a integração social, política e militar.[9]
Sucessores
[editar | editar código-fonte]O antropólogo David W. Anthony sugere que a cultura de Tazabagíabe pode ter sido a origem dos povos indo-arianos primitivos que compilaram o Rigueveda (o texto sagrado mais antigo do hinduísmo), dos guerreiros com carros de guerra que dominaram um reino hurrita no norte da Síria c. 1 500 a.C. e dos monarcas de Mitani da mesma altura.[9] [b]
Notas
[editar | editar código-fonte]- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Tazabagyab culture», especificamente desta versão.
- ↑ Namasga (ou Namasga-Tepe) é um sítio arqueológico no sul do Turquemenistão, junto à fronteira com o Irão.
- ↑ Provavelmente o reino hurrita de que fala Anthony é também Mitani. Se de facto a cultura de Tazabagíabe só floresceu a partir do final do século XVI a.C., como defendem alguns autores que não Anthony, então pode haver algum anacronismo nesta hipótese, pois segundo Anthony o aparecimento dos invasores dos territórios hurritas ocorreu c. 1 500 a.C., ou seja sensivelmente na mesma altura em que a cultura de Tazabagíabe surgiu. Por outro lado, nessa altura Mitani já existia há vários séculos.[10]
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b c d Anthony 2007, p. 452.
- ↑ a b c d e f Mallory & Adams 1997, pp. 566-567.
- ↑ a b Mallory & Adams 1997, p. 20.
- ↑ a b c d e Mallory 1991, p. 230.
- ↑ a b Masson 1992, p. 350.
- ↑ Mallory & Adams 1997, p. 68.
- ↑ Mallory & Adams 1997, p. 589.
- ↑ Mallory 1991, p. 244.
- ↑ a b Anthony 2007, pp. 453-454.
- ↑ Dunstan 1998, [falta página].
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Anthony, David W. (2010), The Horse, the Wheel, and Language: How Bronze-Age Riders from the Eurasian Steppes Shaped the Modern World, ISBN 9781400831104 (em inglês), Princeton University Press, consultado em 5 de novembro de 2020
- Dunstan, William E. (1998), The Ancient Near East, ISBN 9780030352997 (em inglês), Harcourt Brace College Publishers, consultado em 5 de novembro de 2020
- Kuzmina, Elena Efimovna (2007), Mallory, J. P., ed., The Origin of the Indo-Iranians, ISBN 900416054X (em inglês), Brill
- Mallory, J. P. (1991), In Search of the Indo-Europeans: Language Archeology and Myth (em inglês), Thames & Hudson
- Mallory, J. P.; Adams, Douglas Q. (1997), «Tazabagyab Culture», Encyclopedia of Indo-European Culture, ISBN 1884964982 (em inglês), Taylor & Francis, pp. 566-567
- Masson, Vadim M. (1992), «The Decline of the Bronze Age Civilization and Movements of the Tribes», in: Dani, Ahmad Hasan; Masson, Vadim M., History of Civilizations of Central Asia: The Dawn of Civilization, ISBN 9231027190 (em inglês), UNESCO, pp. 337-431