Domingos Ramos

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Domingos Ramos
Domingos Ramos
Nascimento 1935
Bissau
Morte 10 de novembro de 1966
Madina do Boé
Cidadania Guiné Portuguesa
Ocupação partisan, membro da resistência

Domingos Ramos (BissauMadina do Boé, 10 de novembro de 1966) é um herói nacional da Guiné-Bissau e Cabo Verde, figura mítica da fase inicial da guerrilha levada a cabo pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) contra o domínio português nas antigas províncias ultramarinas da Guiné e Cabo Verde.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascido em Bissau, Domingos Ramos trabalhou algum tempo como auxiliar hospitalar, antes de ser chamado a se alistar no exército colonial português.[2]

Em 1957 juntou-se clandestinamente ao recém formado Partido Africano da Independência (PAI), antecessor do PAIGC. Após o Massacre de Pidjiguiti, a 3 de agosto de 1959, desertou do exército colonial, juntando-se à guerrilha que lutava pela independência da Guiné Portuguesa.[2]

Em 1961, na condição de militante do PAIGC, foi enviado para a área do Xitole com o fim de mobilizar a população, convencendo a população de Satacura a recusar-se a pagar impostos às autoridades coloniais. Este ato foi prontamente revidado com o uso de força bruta pelas autoridades portuguesas. Com a cabeça a prémio, Domingos Ramos foi forçado a escapar para a Guiné-Conacry, de onde foi enviado para o Gana com o fim de receber treinamento militar. Em 1964 prosseguiu o treinamento militar na Academia Militar de Nanquim, na China, juntamente com outros destacados militante do PAIGC como Francisco "Tchico Té" Mendes, João Bernardo "Nino" Vieira e Osvaldo Vieira.[2]

No final de 1964 ano regressou à Guiné-Bissau, sendo nomeado comandante da Frente Leste, e liderando o primeiro combate organizado de guerrilha da Luta de Libertação Nacional da Guiné-Bissau em dezembro daquele ano. Com seiscentos homens sob o seu comando, levou a cabo numerosos ataques contra alvos portugueses.[2]

Morreu em combate a 10 de novembro de 1966, durante um assalto ao destacamento português altamente fortificado de Madina do Boé, no sudeste da Guiné-Bissau.[1][2]

Legado[editar | editar código-fonte]

De personalidade carismática, Domingos Ramos era altamente respeitado pelos seus homens e companheiros de luta, em particular por Amílcar Cabral.[2]

A sua memória foi comemorada na Guiné-Bissau com a emissão de uma nota de cem pesos, com o nome de um internato no Boé, de uma cooperativa agrícola, e de uma rua em Bissau, a Avenida Domingos Ramos.[2]

Em Cabo Verde o antigo Liceu Nacional Adriano Moreira, na cidade da Praia foi renomeado Liceu Domingos Ramos em sua homenagem por despacho do Ministério da Educação e Cultura, de 24 de abril de 1975.[3] A sua imagem surge também numa das moedas do país.[2]

Referências

  1. a b Cordeiro, Ana Dias (20 de janeiro de 2013). «Amílcar Cabral queria ter as mulheres ao seu lado na luta. Sempre». PÚBLICO 
  2. a b c d e f g h Karibe,, Mendy, Peter Michael (2013). Historical dictionary of the Republic of Guinea-Bissau Fourth edition ed. Lanham: [s.n.] pp. 353–354. ISBN 9780810880276. OCLC 861559444 
  3. Brito-Semedo (16 de junho de 2017). «100 Anos do Liceu em Cabo Verde». Esquina do Tempo. Consultado em 18 de junho de 2018