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EMEF, S.A.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
EMEF – Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário, S.A.
EMEF, S.A.
Atividade Construção e manutenção ferroviária
Fundação 1993
Sede Amadora, Portugal
Área(s) servida(s) Portugal, Angola, Moçambique, Bósnia e Herzegovina, Argentina, Madagáscar, Suíça, Peru
Locais Porto, Entroncamento, Barreiro, Guifões, V. R. de S. António
Proprietário(s) Comboios de Portugal
Presidente Alfredo Vicente Pereira (2012)
Vice-presidente Rita Alho Martins e José Manuel Sancho Pontes Correia (2012)
Empregados 1555 (2010)
Certificação ISO 9001:2008
Antecessora(s) Caminhos de Ferro Portugueses
Website oficial www.emef.pt
Interior das oficinas da EMEF no Entroncamento, em 2008.
 Nota: Este artigo é sobre a empresa ferroviária portuguesa. Para um tipo de escola no Brasil, veja EMEF.

A EMEF – Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário, S.A. é uma empresa sediada em Portugal especializada em manutenção de material circulante ferroviário. Foi criada em 1993 pela autonomização da área de reparação e reabilitação de material circulante da empresa pública CP - Caminhos de Ferro Portugueses, tendo sido alargada até absorver toda a operação industrial desta entidade, em 1995.[1][2]

Caracterização

Instalações

A EMEF possui instalações no Entroncamento, Barreiro, em Vila Real de Santo António, e em Guifões[3] Até 2011, também detinha um complexo oficinal na Figueira da Foz.[4]

As oficinas de Guifões foram construídas em 1992, pelo Gabinete do Nó Ferroviário do Porto, para substituir as instalações em Campanhã, tendo sido, em 1998, partilhadas para albergar as oficinas do Metro do Porto.[5][1]

Actividades

Além da manutenção de material circulante, a EMEF também se dedica à construção[6] e transformação de veículos ferroviários.[7]

Em termos de fabrico de material circulante, entre as principais encomendas encontra-se a construção de vagões para a Bósnia e Herzegovina, e a entrega de 400 vagões para a CP Carga, realizada entre 2010 e 2011.[6]

Entre os projectos de transformação e modificação, destaca-se a adaptação, nas instalações do Entroncamento, dos vagões para o transporte de automóveis entre a fábrica da Autoeuropa, em Palmela, e o Porto de Setúbal.[7] Outro importante projecto foi a transformação, em Guifões, das antigas unidades da Série 9700, nas automotoras da Série 9500.[8]

História

Formação

A EMEF foi criada em 1993[1], no âmbito de uma estratégia de reestruturação da manutenção e reparação da frota da empresa Caminhos de Ferro Portugueses[9]; esta empresa foi, assim, formada a partir da autonomização da divisão de reparação e reabilitação do material circulante daquela operadora.[1] No ano seguinte, a divisão de manutenção dos Caminhos de Ferro Portugueses é integrada na EMEF[10], passando esta empresa a ser responsável pelo material circulante.[1]

Consolidação e internacionalização

Automotoras das séries 0450 e 0350, remodeladas pela EMEF.

Em 1995, a EMEF absorveu toda a estrutura industrial dos Caminhos de Ferro Portugueses, de forma a globalizar o seu serviço no seio desta operadora.[1] Em 1998, começa a realizar, nas suas instalações do Grupo Oficinal do Porto, a manutenção dos veículos do Metro do Porto.[1]

A EMEF começa o seu processo de internacionalização com uma participação, em 1999, na FERTREM - Operações Ferroviárias Internacionais, S.A., no ramo da assistência técnica, comercial e industrial no transporte ferroviário.[1] No ano seguinte, obtém a Certificação do Sistema de Gestão da Qualidade, de acordo com a Norma NP EN ISO 9002:1995.[1]

Em 2005, a EMEF entra no ramo da construção de veículos ferroviários, tendo sido designada como unidade industrial num contrato entre o Governo Português e a República da Bósnia e Herzegovina, para a reabilitação e fornecimento de vagões.[1] Em 2007, são formadas as Unidades de Novos Projectos e de Inovação e Tecnologia Ferroviária, com o propósito de especializar as actividades nas oficinas, consolidar competências, e aplicar as orientações estratégicas do sector.[1]

Em 2008, são concentradas, no Parque Oficinal do Entroncamento, as actividades do Grupo Oficinal do Entroncamento e da Manutenção Centro, e, no ano seguinte, são criados os Parques Oficinais do Norte e do Sul.[1]

Em 2009, a EMEF forma, em conjunto com o fabricante das Séries 5600 e 4700, um acordo complementar de empresa, para assegurar a manutenção destas locomotivas.[1] No mesmo ano, é aprovada a criação da Sociedade EMEF-Internacional, S. A., para a construção de vagões, destinados aos mercados internacionais; no ano seguinte, esta instituição foi auditada pela APCER, tendo o seu Sistema de Gestão da Qualidade sido, igualmente, certificado pela Norma NP EN ISO 9001.[1]

Em Fevereiro de 2010, os trabalhadores das oficinas da EMEF no Entroncamento criticaram, num plenário, a redução do trabalho naquelas instalações, devido às políticas de manutenção do material circulante da operadora Comboios de Portugal; os trabalhadores desta empresa na Figueira da Foz e no Barreiro também já se tinham manifestado, contra a mesma situação.[11] No mês seguinte, a EMEF anunciou que, segundo as instruções da empresa Comboios de Portugal, iria congelar os salários dos trabalhadores ainda em 2010, situação que iria durar até 2013.[12] Este problema, que derivava da menor necessidade de manutenção do material circulante moderno, e da redução da frota dos Comboios de Portugal, foi, em parte, resolvido por uma encomenda de 400 vagões à CP Carga, tendo os primeiros 50 sido entregues em 13 de Julho, no Entroncamento; previa-se que esta encomenda iria permitir ocupar as linhas de produção até ao final de 2011, através do fabrico de 14 vagões por mês.[6] Para esta encomenda, foi aproveitada a experiência técnica adquirida pelo fabrico de vagões para a Bósnia e Herzegovina, que a EMEF esteve a realizar nos anos anteriores.[6] Ainda em Julho, a empresa recebeu uma proposta para o fabrico de 300 vagões, para a operadora Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique.[13]

Nesta altura, a EMEF estava a planear a construção de uma fábrica de material circulante no Entroncamento, num investimento de 18 milhões de euros; este projecto estava, no entanto, dependente da autorização da tutela, que tinha receios sobre o desenvolvimento dos mercados mundiais naquele sector.[6]

Em 3 de Março de 2011, numa cerimónia de entrega de certificados do programa Novas Oportunidades a 90 trabalhadores da EMEF na Amadora, o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, António Mendonça, afirmou que a EMEF devia apostar mais nos mercados externos, tendo dado como exemplo o recentemente assinado protocolo com a operadora dos Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique, e que teve como propósito formar uma unidade de negócio para a internacionalização.[14]

Concentração das actividades

Locomotiva n.º 5603 da operadora Comboios de Portugal, com publicidade à EMEF na lateral.

Esta empresa deteve um complexo oficinal junto à Estação de Figueira da Foz, para modificar, reparar, e fazer a manutenção de reparar material circulante[15]; foi aqui realizada, por exemplo, a transformação de uma unidade da Série 0300 na Automotora VIP, que entrou ao serviço em 1992.[16] Em meados da Década de 1980, estas instalações empregavam cerca de 340 trabalhadores.[15] No mês de Setembro de 2011, data em que laboravam 34 pessoas, as administrações da EMEF e da operadora Comboios de Portugal reafirmaram a decisão de encerrar estas instalações, sendo alguns trabalhadores mudados para as oficinas na Estação do Entroncamento.[15] As instalações na Figueira da Foz foram encerradas, como previsto[15], em 30 de Novembro do mesmo ano[4], tendo as actividades daquelas instalações sido concentradas, junto com o Parque Oficinal do Entroncamento, no Parque Oficinal do Centro.[1]

No mesmo ano, as funções da divisão de Manutenção de Lisboa também transitaram para o Parque Oficinal do Sul.[1]

No dia 7 de Março de 2012, os trabalhadores desta empresa protestaram em Lisboa contra o processo de reestruturação, que, segundo o Sindicato dos Ferroviários, poderia levar ao encerramento das oficinas em Vila Real de Santo António, em Guifões, e no Barreiro.[3]

Ver também

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p «A Empresa». EMEF. Consultado em 30 de Maio de 2012 
  2. «EMEF (Portugal) - Profile» (em inglês). Saferail. Consultado em 29 de maio de 2012 
  3. a b «Trabalhadores da EMEF prometem continuar a luta na greve geral». Diário Digital. 7 de Março de 2012. Consultado em 30 de Maio de 2012 
  4. a b «Último dia das oficinas da EMEF na Figueira da Foz». Rádio Televisão Portuguesa. 30 de Novembro de 2011. Consultado em 30 de Maio de 2012 
  5. Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006, p. 190
  6. a b c d e CIPRIANO, Carlos (13 de Julho de 2010). «Primeiros "vagões europeus" entregues hoje à CP Carga». Diário Económico. Consultado em 30 de Maio de 2012 
  7. a b Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006, p. 191
  8. Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006, p. 196, 197
  9. Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006, p. 177
  10. Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006, p. 150
  11. «Trabalhadores da EMEF têm falta de trabalho no Entroncamento». Diário Digital. 26 de Fevereiro de 2010. Consultado em 30 de Maio de 2012 
  12. «EMEF congela salários dos trabalhadores até 2013». Diário Digital. 15 de Março de 2010. Consultado em 30 de Maio de 2012 
  13. SILVA, Nuno Miguel (2 de Julho de 2010). «Empresa da CP negoceia 300 vagões para Moçambique por 20 milhões». Diário Económico. Consultado em 30 de Maio de 2012 
  14. «Ministro desafia EMEF a apostar na internacionalização». Diário Digital. 3 de Março de 2011. Consultado em 30 de Maio de 2012 
  15. a b c d «CP reafirma encerramento «irreversível» de oficinas da EMEF». Diário Digital. 6 de Setembro de 2011. Consultado em 30 de Maio de 2012 
  16. BRAZÃO, Carlos (1992). «CP Automotor». Madrid: Resistor, S. A. Maquetren (em espanhol). 2 (8). 29 páginas 

Bibliografia

  • Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. [S.l.]: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 2006. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X 
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Ligações externas