Jesus histórico: diferenças entre revisões

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{{nota:|Este artigo é sobre Jesus o homem, usando os métodos historiográficos para reconstruir a biografia de sua vida e tempo. Para disputas a visão cristã dele, veja [[Disputas cristológicas]], para uma visão geral sobre ele veja [[Jesus]].}}
{{nota:|Este artigo é sobre Jesus o homem, usando os métodos historiográficos para reconstruir a biografia de sua vida e tempo. Para disputas a visão cristã dele, veja [[Disputas cristológicas]], para uma visão geral sobre ele veja [[Jesus]].}}


[[Ficheiro:Millais - Christus im Hause seiner Eltern.jpg|thumb|300px|right|''Cristo na casa de seus pais,'' por [[John Everett Millais]], [[1850]]. Uma série de [[pintura]]s da Irmandade Pré-Rafaelita reflete o interesse do [[século XIX]] na realidade histórica da vida de Jesus]]
'''Jesus histórico''' é uma tentativa de reconstrução da figura de [[Jesus|Jesus de Nazaré]] feita pelos [[historiador]]es através do [[método histórico]]. [[Exegese|Exegetas]] usam a [[alta crítica]] para analisar os textos [[Evangelho|evangélicos]], principal fonte para a biografia de Jesus, juntamente com textos fontes não canônicos para reconstruir o contexto histórico do primeiro século. Estes métodos não incluem [[axioma]]s [[Teologia|teológicos]] ou [[Religião|religiosos]], nem pressupõem a [[infalibilidade bíblica]]. Embora as reconstruções variem, elas geralmente concordam sobre estes pontos básicos: Jesus era um judeu<ref> Harrison, John B. e Richard E. Sullivan. ''A short history of Western civilization''. New York: Knopf. [[1975]]. </ref>, que atraiu um pequeno grupo de galileus e, após um período de ministério, foi crucificado pelos [[romano]]s na [[Palestina]] durante a governo de [[Pôncio Pilatos]]. A busca pelo Jesus histórico iniciou-se com o trabalho de [[Hermann Samuel Reimarus]]. <ref> McKnight, Scot ([[1996]]). "Who is Jesus? An Introduction to Jesus Studies", in Michael J Wilkins, J P Moreland: Jesus Under Fire. Zondervan, 53.</ref>


'''Jesus histórico''' é uma tentativa de reconstrução da figura de [[Jesus de Nazaré]] feita pelos [[historiador]]es através do [[método histórico]]. [[Exegese|Exegetas]] usam a [[alta crítica]] para analisar os [[texto]]s [[Evangelho|evangélicos]], principal fonte para a [[biografia]] de Jesus, juntamente com textos fontes não canônicos para reconstruir o contexto histórico do primeiro século. Estes métodos não incluem [[axioma]]s [[Teologia|teológicos]] ou [[Religião|religiosos]], nem pressupõem a [[infalibilidade bíblica]]. Embora as reconstruções variem, elas geralmente concordam sobre estes pontos básicos: Jesus era um [[judeu]] <ref> Harrison, John B. e Richard E. Sullivan. ''A short history of Western civilization''. New York: Knopf. [[1975]]. </ref>, que atraiu um pequeno grupo de [[Galileia|galileus]] e, após um período de [[ministério]], foi [[Crucificação de Jesus|crucificado]] pelos [[romano]]s na [[Palestina]] durante a governo de [[Pôncio Pilatos]]. A busca pelo Jesus histórico iniciou-se com o trabalho de [[Hermann Samuel Reimarus]]. <ref> McKnight, Scot ([[1996]]). "Who is Jesus? An Introduction to Jesus Studies", in Michael J Wilkins, J P Moreland: Jesus Under Fire. Zondervan, 53.</ref>
Por outra parte, para certos pesquisadores que exigem fontes de confirmação independentes, a virtual ausência de referências arqueológicas e históricas a Jesus fora dos relatos místicos <ref> http://www.infidels.org/library/modern/jeff_lowder/jury/chap5.html </ref> é consistente com a hipótese de que Jesus possa ter sido apenas um personagem construído [[Mito de Jesus|mitologicamente]], e não um personagem histórico real.<ref> http://ceticismo.net/religiao/a-maior-farsa-de-todos-os-tempos/a-falta-de-evidencia-historica-para-jesus/ </ref> <ref> http://ceticismo.net/religiao/a-maior-farsa-de-todos-os-tempos/jesus-cristo-nunca-existiu/ </ref>

Por outra parte, para certos pesquisadores que exigem fontes de confirmação independentes, a virtual ausência de referências [[Arqueologia|arqueológicas]] e históricas a Jesus fora dos relatos [[místico]]s <ref> [http://www.infidels.org/library/modern/jeff_lowder/jury/chap5.html Infidels] - Josh McDowell's "Evidence" for Jesus Is It Reliable?</ref> é consistente com a [[hipótese]] de que Jesus possa ter sido apenas um personagem construído [[Mito de Jesus|mitologicamente]], e não um personagem histórico real.<ref> [http://ceticismo.net/religiao/a-maior-farsa-de-todos-os-tempos/a-falta-de-evidencia-historica-para-jesus/ Ceticismo] - A falta de evidência Histórica para Jesus.</ref> <ref> [http://ceticismo.net/religiao/a-maior-farsa-de-todos-os-tempos/jesus-cristo-nunca-existiu/ Ceticismo] - Jesus Cristo nunca existiu.</ref>


== Metodologia ==
== Metodologia ==
A investigação histórica das fontes cristãs sobre Jesus de Nazaré exige a aplicação de métodos críticos que permitam discernir as tradições que remontam ao Jesus histórico daquelas que constituem adições posteriores, vindas das comunidades cristãs. Durante a segunda metade do [[século XIX]], a principal contribuição dos historiadores cristãos foi a crítica literária dos evangelhos. Os principais critérios par a interpretação de fontes cristãs são<ref name=Pinero>Piñero, Antonio. ''Guía para entender el Nuevo Testamento'', pp. 169-172.</ref>:


A investigação histórica das fontes cristãs sobre Jesus de Nazaré exige a aplicação de métodos críticos que permitam discernir as tradições que remontam ao Jesus histórico daquelas que constituem adições posteriores, vindas das comunidades cristãs. Durante a segunda metade do [[século XIX]], a principal contribuição dos historiadores cristãos foi a crítica literária dos evangelhos. Os principais critérios par a interpretação de fontes cristãs são <ref name=Pinero>Piñero, Antonio. ''Guía para entender el Nuevo Testamento'', pp. 169-172.</ref>:
* '''Critério da dissimilaridade''': Também chamado de ''critério do constrangimento''. Segundo este critério, afirmações contrárias ou constrangedoras ao autor são, provavelmente, mais confiáveis. Também são mais confiáveis fontes que contrariam o judaísmo anterior a Jesus e o cristianismo posterior a ele, como trechos e ditos atribuíveis a Jesus que resultem em problemas para a [[teologia]] cristã. Por exemplo, seria improvável que uma fonte cristã fizesse a alegação de que Jesus fosse de Nazaré, e não de Belém, a menos que a família dele fosse realmente de Nazaré, uma vez que isto era um motivo de embaraço. As objeções a esse critério dizem que, ao dissociar Jesus do judaísmo do século I, se corre o perigo de retirá-lo do contexto necessário para entender alguns aspectos fundamentais de sua atividade.


* '''Critério da dissimilaridade''': Também chamado de ''critério do constrangimento''. Segundo este critério, afirmações contrárias ou constrangedoras ao autor são, provavelmente, mais confiáveis. Também são mais confiáveis fontes que contrariam o [[judaísmo]] anterior a Jesus e o [[cristianismo]] posterior a ele, como trechos e ditos atribuíveis a Jesus que resultem em problemas para a [[teologia cristã]]. Por exemplo, seria improvável que uma fonte cristã fizesse a alegação de que Jesus fosse de [[Nazaré]], e não de [[Belém (Cisjordânia)|Belém]], a menos que a família dele fosse realmente de Nazaré, uma vez que isto era um motivo de embaraço. As objeções a esse critério dizem que, ao dissociar Jesus do judaísmo do [[século I]], se corre o perigo de retirá-lo do contexto necessário para entender alguns aspectos fundamentais de sua atividade.
* '''Objetivo do autor''': Estre critério é o outro lado do critério de dissimilaridade. Segundo ele, quando o material apreendido serve aos propósitos do autor ou do editor, ele é suspeito<ref>[[Robert Funk|Funk, Robert W.]], Roy W. Hoover, e o [[Jesus Seminar]]. ''The five gospels.'' Harper San Francisco. 1993. page 21.</ref>. Por exemplo, várias seções dos evangelhos, como o massacre dos bebês por [[Herodes]]<ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=2|verso=16-18}}</ref>, mostram Jesus cumprindo profecias [[messianismo|messiânicas]] do [[Antigo Testamento]], e, no entender de muitos estudiosos, refletem apenas a concepção do autor do evangelho e não acontecimentos históricos.


* '''Objetivo do autor''': Estre critério é o outro lado do critério de dissimilaridade. Segundo ele, quando o material apreendido serve aos propósitos do autor ou do editor, ele é suspeito <ref>[[Robert Funk|Funk, Robert W.]], Roy W. Hoover, e o [[Jesus Seminar]]. ''The five gospels.'' Harper San Francisco. 1993. page 21.</ref> Por exemplo, várias seções dos [[evangelho]]s, como o massacre dos bebês por [[Herodes]] <ref>{{citar bíblia|livro=Mateus|capítulo=2|verso=16-18}}</ref>, mostram Jesus cumprindo [[profecia]]s [[messianismo|messiânicas]] do [[Antigo Testamento]], e, no entender de muitos estudiosos, refletem apenas a concepção do autor do evangelho e não acontecimentos históricos.
* '''Critério de plausibilidade histórica''': Segundo este critério, pode-se considerar histórico aquilo que seja plausível no contexto do judaísmo do século I, assim como aquilo que pode contribuir para explicar certos aspectos da influência de Jesus entre os [[cristianismo primitivo|primeiros cristãos]]. Este critério, como ressalta Piñero<ref name=Pinero/>, contradiz o critério de dissimilaridade.

* '''Critério de plausibilidade histórica''': Segundo este critério, pode-se considerar histórico aquilo que seja plausível no contexto do judaísmo do século I, assim como aquilo que pode contribuir para explicar certos aspectos da influência de Jesus entre os [[cristianismo primitivo|primeiros cristãos]]. Este critério, como ressalta Piñero <ref name=Pinero/>, contradiz o critério de dissimilaridade.


* '''Critério de múltiplos atestados''': Podem considerar-se autênticos aqueles trechos cujas fontes procedam de várias tradições diferentes. Como ressalva a isto, as fontes têm que ser independentes para serem consideradas; por exemplo, a hipotética [[fonte Q]] seria a base de [[Evangelho segundo Marcos|Marcos]], [[Evangelho segundo Mateus|Mateus]] e [[Evangelho segundo Lucas|Lucas]], logo não poderiam ser considerados como múltiplas comprovações para um fato. Este critério também se refere à averiguação de um mesmo trecho em gêneros literários diferentes.
* '''Critério de múltiplos atestados''': Podem considerar-se autênticos aqueles trechos cujas fontes procedam de várias tradições diferentes. Como ressalva a isto, as fontes têm que ser independentes para serem consideradas; por exemplo, a hipotética [[fonte Q]] seria a base de [[Evangelho segundo Marcos|Marcos]], [[Evangelho segundo Mateus|Mateus]] e [[Evangelho segundo Lucas|Lucas]], logo não poderiam ser considerados como múltiplas comprovações para um fato. Este critério também se refere à averiguação de um mesmo trecho em gêneros literários diferentes.


* '''Critério contextual e linguístico''': A fonte é mais credível quando a tradição faz sentido no contexto cultural dos personagens. Há algumas conclusões interessantes que podem ser retiradas da análise linguística dos evangelhos. Por exemplo, se um diálogo funciona apenas em [[Koiné|grego]] (a língua de seus escritos fontes), é bastante provável que o autor tenha modificado o relato original.
* '''Critério contextual e linguístico''': A fonte é mais credível quando a tradição faz sentido no contexto cultural dos personagens. Há algumas conclusões interessantes que podem ser retiradas da análise [[linguística]] dos evangelhos. Por exemplo, se um [[diálogo]] funciona apenas em [[Koiné|grego Koiné]] (a língua de seus escritos fontes), é bastante provável que o autor tenha modificado o relato original.
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Ao longo dos últimos 150 anos, os historiadores e estudiosos bíblicos têm feito grandes progressos na busca do Jesus Histórico. De [[Albert Schweitzer]], com seu trabalho revolucionário ''Von Reimarus zu Wrede'' (''The Quest of the Historical Jesus'') <ref>The Quest of the Historical Jesus. ISBN 0801859344</ref> em [[1906]], até o controverso [[Jesus Seminar]], muito foi aprendido. O objetivo destes estudiosos é examinar as provas de diversas fontes a fim de trazê-las em conjunto para que se possa elaborar uma reconstrução completa de Jesus. O uso do termo do ''Jesus Histórico'' implica que sua reconstrução será diferente daquela apresentada no ensino do [[Cristo da Fé]] pelo [[Cristianismo]]. Assim, a montagem do Jesus Histórico às vezes difere dos [[judeus]], [[cristãos]], [[muçulmanos]] ou crenças [[hindus]].
[[Ficheiro:Millais - Christus im Hause seiner Eltern.jpg|thumb|300px|right|Cristo na casa de seus pais por [[John Everett Millais]], 1850. Uma série de pinturas da Irmandade Pré-Rafaelita reflete o interesse do século 19 na realidade histórica da vida de Jesus]]


Em geral, esses estudiosos argumentam que o Jesus histórico foi um judeu da [[Galiléia]] que viveu numa época de expectativas [[Messianismo|messiânicas]] e [[Apocalipse|apocalípticas]]. Ele foi [[Batismo de Jesus|batizado]] por [[João Batista]] e, depois que João foi executado, começou a sua própria pregação na Galiléia. Jesus pregava a [[salvação]], a [[vida eterna]], a purificação dos [[pecados]], a vinda do [[Reino de Deus]], usando [[parábolas]] como imagens surpreendentes. Além disso, ele era conhecido como um [[professor]] e um homem que realizava [[milagre]]s. Muitos estudiosos creditam as declarações apocalípticas dos Evangelhos a Jesus, enquanto outros defendem que o seu Reino de Deus era [[moral]], e não de natureza apocalíptica.
O '''Jesus histórico''' é uma reconstrução acadêmica do primeiro século da figura de [[Jesus de Nazaré]]. Esta reconstrução é baseada em métodos históricos, e inclui críticas a análise dos [[evangelhos]] como a principal fonte para Sua [[biografia]] e fontes não-bíblicas para o [[contexto histórico e cultural]] em que viveu.


Jesus enviou os seus [[apóstolo]]s para curar e pregar sobre o Reino de Deus. Mais tarde, viajou para [[Jerusalém]], na [[Judéia]], onde causou uma perturbação no [[Templo de Jerusalém|Templo]]. Era o tempo da [[Páscoa]], quando as tensões políticas e religiosas eram elevadas em Jerusalém. Os Evangelhos dizem que os guardas do templo (acredita-se que os [[Fariseus]]) prenderam Jesus e o entregaram a [[Pôncio Pilatos]] para execução. Depois disso, Jesus foi crucificado e o movimento do Cristianismo sobreviveu e foi levado por seus apóstolos, que proclamavam que Jesus havia [[Ressurreição de Jesus|ressuscitado]]. Nessa época, é desenvolvido o [[cristianismo primitivo]].
Ao longo dos últimos 150 anos, os historiadores e estudiosos bíblicos têm feito grandes progressos na busca do Jesus Histórico. De [[Albert Schweitzer]], com seu trabalho revolucionário em 1906, até o controverso [[Jesus Seminar]], muito foi aprendido. O objetivo destes estudiosos é examinar as provas de diversas fontes a fim de trazê-las em conjunto para que se possa elaborar uma reconstrução completa de Jesus. O uso do termo do Jesus Histórico implica que sua reconstrução será diferente daquela apresentada no ensino do [[Cristo da Fé]] pelo [[Cristianismo]]. Assim, a montagem do Jesus Histórico às vezes difere dos [[judeus]], [[cristãos]], [[muçulmanos]] ou crenças [[hindus]].


A busca pelo Jesus histórico iniciou-se com o trabalho de [[Hermann Samuel Reimarus]] no [[século XVIII]]. Dois livros, ambos chamados "A Vida de Jesus", foram escritos por [[David Friedrich Strauss]] e publicados em [[Língua alemã|alemão]] em [[1835]]-[[1836]]. [[Ernest Renan]] publicou um livro em [[Língua francesa|francês]] no ano de [[1863]]. O Jesus histórico é conceptualmente diferente do Cristo da fé. Para os historiadores o primeiro é físico, enquanto o último é [[metafísico]]. O Jesus histórico é baseado em evidências históricas. Cada vez que um rolo de papel novo é descoberto ou fragmentos de um novo Evangelho são encontrados, o Jesus histórico é modificado.
Em geral, esses estudiosos argumentam que o Jesus histórico foi um judeu da [[Galiléia]] que viveu numa época de expectativas [[messiânicas]] e [[apocalípticas]]. Ele foi batizado por [[João Batista]] e, depois que João foi executado, começou a sua própria pregação na Galiléia. Jesus pregava a [[salvação]], a [[vida eterna]], a purificação dos [[pecados]], a vinda do [[Reino de Deus]], usando [[parábolas]] como imagens surpreendentes. Além disso, ele era conhecido como um professor e um homem que realizava milagres. Muitos estudiosos creditam as declarações apocalípticas dos Evangelhos a Jesus, enquanto outros defendem que o seu Reino de Deus era [[moral]], e não de natureza apocalíptica.


==Documentos sobre o Jesus histórico==
Jesus enviou os seus apóstolos para curar e pregar sobre o Reino de Deus. Mais tarde, viajou para [[Jerusalém]], na Judéia, onde causou uma perturbação no [[Templo]]. Era o tempo da [[Páscoa]], quando as tensões políticas e religiosas eram elevadas em Jerusalém. Os Evangelhos dizem que os guardas do templo (acredita-se que os [[Fariseus]]) prenderam Jesus e o entregaram a [[Pôncio Pilatos]] para execução. Depois disso, Jesus foi crucificado e o movimento do Cristianismo sobreviveu e foi levado por seus apóstolos, que proclamavam que Jesus havia ressuscitado. Nessa época, é desenvolvido o [[cristianismo primitivo]].


Existem 5 documentos falando da pessoa de Jesus direta ou indiretamente, como é o caso de [[Públio Cornélio Tácito]], [[Flávio Josefo]], [[Plínio, o Jovem]] e outros.
A busca pelo Jesus histórico iniciou-se com o trabalho de [[Hermann Samuel Reimarus]] no século XVIII. Dois livros, ambos chamados "A Vida de Jesus", foram escritos por [[David Strauss]] e publicados em alemão em 1835-1836. [[Ernest Renan]] publicou um livro em francês no ano de 1863. O Jesus histórico é conceptualmente diferente do Cristo da fé. Para os historiadores o primeiro é físico, enquanto o último metafísico. O Jesus histórico é baseado em evidências históricas. Cada vez que um rolo de papel novo é descoberto ou fragmentos de um novo Evangelho são encontrados, o Jesus histórico é modificado.


Uma boa referência do Jesus histórico foi escrita por Tácito no ''[[Anais (Tácito)|Analles]],'' conforme ele cita abaixo:
==Documentos sobre o Jesus histórico==
Existem 5 documentos falando da pessoa de Jesus direta ou indiretamente, como é o caso de Tácito, Flávio Josefo, Plínio o Menor e outros. Uma boa referência do Jesus histórico foi escrita por [[Públio Cornélio Tácito]] no Analles, conforme ele cita abaixo:


''Por conseguinte, para se livrar do relatório, Nero colocou a culpa e infligiu as mais requintadas torturas em uma classe odiada por suas abominações, chamados cristãos pela população. "Christus", de quem o nome teve sua origem, sofreu a penalidade extrema durante o reinado de Tibério às mãos de um de nossos procuradores, Pontius Pilatus, e uma superstição mais pernicioso, portanto, marcada para o momento , mais uma vez quebrou-se não só na Judéia, a primeira fonte do mal , mas mesmo Roma, onde todas as coisas horríveis e vergonhosas de toda parte do mundo encontra-se seu centro e se torna popular. Assim, a prisão pela primeira vez feita de todos os que se declarou culpado, em seguida , sobre as suas informações, uma imensa multidão foi condenada, não tanto do crime de incendiar a cidade, mas como de ódio contra a humanidade.''<ref>XV Livro dos Analles: Publius Cornellius Tacito</ref>
{{quote2|''Por conseguinte, para se livrar do relatório, Nero colocou a culpa e infligiu as mais requintadas torturas em uma classe odiada por suas abominações, chamados cristãos pela população. "Christus", de quem o nome teve sua origem, sofreu a penalidade extrema durante o reinado de Tibério às mãos de um de nossos procuradores, Pontius Pilatus, e uma superstição mais perniciosa, portanto, marcada para o momento, mais uma vez quebrou-se não só na Judéia, a primeira fonte do mal, mas mesmo Roma, onde todas as coisas horríveis e vergonhosas de toda parte do mundo encontra-se seu centro e se torna popular. Assim, a prisão pela primeira vez feita de todos os que se declarou culpado, em seguida, sobre as suas informações, uma imensa multidão foi condenada, não tanto do crime de incendiar a cidade, mas como de ódio contra a humanidade.'' <ref>[http://classics.mit.edu/Tacitus/annals.11.xv.html Classics Mit] XV Livro dos Analles: Publius Cornellius Tacito {{en}}</ref>|Públio Cornélio Tácito}}


=={{Ligações externas}}==
=={{Ver também}}==
*[http://classics.mit.edu/Tacitus/annals.11.xv.html XV Livro dos Analles: Tácito] em ([[Inglês]])


* [[Cristo]]
{{Referências}}
* [[Disputas cristológicas]]
* [[Historicidade de Jesus]]
* [[Jesus]]
* [[Jesus nas comparações mitológicas]]
* [[Mito de Jesus]]
* [[Mitologia cristã]]


[[Categoria:Jesus]]
--->
{{ref-section}}
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=={{Ver também}}==
=={{Ligações externas}}==

*[[Jesus]]
* [http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2006/02/345067.shtml Midiaindependente] - A existência de Jesus é questionada judicialmente.
*[[Cristo]]
* [http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=24335 Jornaldaciencia] - A ciência ainda tenta explicar Jesus.
*[[Disputas cristológicas]]
* [http://www.ictys.kit.net/Jesus/jesus2.htm Ictys] - Jesus, a existência física.
*[[Mito de Jesus]]


{{esboço-teologia}}
{{esboço-teologia}}

Revisão das 18h08min de 23 de fevereiro de 2011

Nota: Este artigo é sobre Jesus o homem, usando os métodos historiográficos para reconstruir a biografia de sua vida e tempo. Para disputas a visão cristã dele, veja Disputas cristológicas, para uma visão geral sobre ele veja Jesus.
Cristo na casa de seus pais, por John Everett Millais, 1850. Uma série de pinturas da Irmandade Pré-Rafaelita reflete o interesse do século XIX na realidade histórica da vida de Jesus

Jesus histórico é uma tentativa de reconstrução da figura de Jesus de Nazaré feita pelos historiadores através do método histórico. Exegetas usam a alta crítica para analisar os textos evangélicos, principal fonte para a biografia de Jesus, juntamente com textos fontes não canônicos para reconstruir o contexto histórico do primeiro século. Estes métodos não incluem axiomas teológicos ou religiosos, nem pressupõem a infalibilidade bíblica. Embora as reconstruções variem, elas geralmente concordam sobre estes pontos básicos: Jesus era um judeu [1], que atraiu um pequeno grupo de galileus e, após um período de ministério, foi crucificado pelos romanos na Palestina durante a governo de Pôncio Pilatos. A busca pelo Jesus histórico iniciou-se com o trabalho de Hermann Samuel Reimarus. [2]

Por outra parte, para certos pesquisadores que exigem fontes de confirmação independentes, a virtual ausência de referências arqueológicas e históricas a Jesus fora dos relatos místicos [3] é consistente com a hipótese de que Jesus possa ter sido apenas um personagem construído mitologicamente, e não um personagem histórico real.[4] [5]

Metodologia

A investigação histórica das fontes cristãs sobre Jesus de Nazaré exige a aplicação de métodos críticos que permitam discernir as tradições que remontam ao Jesus histórico daquelas que constituem adições posteriores, vindas das comunidades cristãs. Durante a segunda metade do século XIX, a principal contribuição dos historiadores cristãos foi a crítica literária dos evangelhos. Os principais critérios par a interpretação de fontes cristãs são [6]:

  • Critério da dissimilaridade: Também chamado de critério do constrangimento. Segundo este critério, afirmações contrárias ou constrangedoras ao autor são, provavelmente, mais confiáveis. Também são mais confiáveis fontes que contrariam o judaísmo anterior a Jesus e o cristianismo posterior a ele, como trechos e ditos atribuíveis a Jesus que resultem em problemas para a teologia cristã. Por exemplo, seria improvável que uma fonte cristã fizesse a alegação de que Jesus fosse de Nazaré, e não de Belém, a menos que a família dele fosse realmente de Nazaré, uma vez que isto era um motivo de embaraço. As objeções a esse critério dizem que, ao dissociar Jesus do judaísmo do século I, se corre o perigo de retirá-lo do contexto necessário para entender alguns aspectos fundamentais de sua atividade.
  • Objetivo do autor: Estre critério é o outro lado do critério de dissimilaridade. Segundo ele, quando o material apreendido serve aos propósitos do autor ou do editor, ele é suspeito [7] Por exemplo, várias seções dos evangelhos, como o massacre dos bebês por Herodes [8], mostram Jesus cumprindo profecias messiânicas do Antigo Testamento, e, no entender de muitos estudiosos, refletem apenas a concepção do autor do evangelho e não acontecimentos históricos.
  • Critério de plausibilidade histórica: Segundo este critério, pode-se considerar histórico aquilo que seja plausível no contexto do judaísmo do século I, assim como aquilo que pode contribuir para explicar certos aspectos da influência de Jesus entre os primeiros cristãos. Este critério, como ressalta Piñero [6], contradiz o critério de dissimilaridade.
  • Critério de múltiplos atestados: Podem considerar-se autênticos aqueles trechos cujas fontes procedam de várias tradições diferentes. Como ressalva a isto, as fontes têm que ser independentes para serem consideradas; por exemplo, a hipotética fonte Q seria a base de Marcos, Mateus e Lucas, logo não poderiam ser considerados como múltiplas comprovações para um fato. Este critério também se refere à averiguação de um mesmo trecho em gêneros literários diferentes.
  • Critério contextual e linguístico: A fonte é mais credível quando a tradição faz sentido no contexto cultural dos personagens. Há algumas conclusões interessantes que podem ser retiradas da análise linguística dos evangelhos. Por exemplo, se um diálogo funciona apenas em grego Koiné (a língua de seus escritos fontes), é bastante provável que o autor tenha modificado o relato original.

Ao longo dos últimos 150 anos, os historiadores e estudiosos bíblicos têm feito grandes progressos na busca do Jesus Histórico. De Albert Schweitzer, com seu trabalho revolucionário Von Reimarus zu Wrede (The Quest of the Historical Jesus) [9] em 1906, até o controverso Jesus Seminar, muito foi aprendido. O objetivo destes estudiosos é examinar as provas de diversas fontes a fim de trazê-las em conjunto para que se possa elaborar uma reconstrução completa de Jesus. O uso do termo do Jesus Histórico implica que sua reconstrução será diferente daquela apresentada no ensino do Cristo da Fé pelo Cristianismo. Assim, a montagem do Jesus Histórico às vezes difere dos judeus, cristãos, muçulmanos ou crenças hindus.

Em geral, esses estudiosos argumentam que o Jesus histórico foi um judeu da Galiléia que viveu numa época de expectativas messiânicas e apocalípticas. Ele foi batizado por João Batista e, depois que João foi executado, começou a sua própria pregação na Galiléia. Jesus pregava a salvação, a vida eterna, a purificação dos pecados, a vinda do Reino de Deus, usando parábolas como imagens surpreendentes. Além disso, ele era conhecido como um professor e um homem que realizava milagres. Muitos estudiosos creditam as declarações apocalípticas dos Evangelhos a Jesus, enquanto outros defendem que o seu Reino de Deus era moral, e não de natureza apocalíptica.

Jesus enviou os seus apóstolos para curar e pregar sobre o Reino de Deus. Mais tarde, viajou para Jerusalém, na Judéia, onde causou uma perturbação no Templo. Era o tempo da Páscoa, quando as tensões políticas e religiosas eram elevadas em Jerusalém. Os Evangelhos dizem que os guardas do templo (acredita-se que os Fariseus) prenderam Jesus e o entregaram a Pôncio Pilatos para execução. Depois disso, Jesus foi crucificado e o movimento do Cristianismo sobreviveu e foi levado por seus apóstolos, que proclamavam que Jesus havia ressuscitado. Nessa época, é desenvolvido o cristianismo primitivo.

A busca pelo Jesus histórico iniciou-se com o trabalho de Hermann Samuel Reimarus no século XVIII. Dois livros, ambos chamados "A Vida de Jesus", foram escritos por David Friedrich Strauss e publicados em alemão em 1835-1836. Ernest Renan publicou um livro em francês no ano de 1863. O Jesus histórico é conceptualmente diferente do Cristo da fé. Para os historiadores o primeiro é físico, enquanto o último é metafísico. O Jesus histórico é baseado em evidências históricas. Cada vez que um rolo de papel novo é descoberto ou fragmentos de um novo Evangelho são encontrados, o Jesus histórico é modificado.

Documentos sobre o Jesus histórico

Existem 5 documentos falando da pessoa de Jesus direta ou indiretamente, como é o caso de Públio Cornélio Tácito, Flávio Josefo, Plínio, o Jovem e outros.

Uma boa referência do Jesus histórico foi escrita por Tácito no Analles, conforme ele cita abaixo:

Ver também

Referências

  1. Harrison, John B. e Richard E. Sullivan. A short history of Western civilization. New York: Knopf. 1975.
  2. McKnight, Scot (1996). "Who is Jesus? An Introduction to Jesus Studies", in Michael J Wilkins, J P Moreland: Jesus Under Fire. Zondervan, 53.
  3. Infidels - Josh McDowell's "Evidence" for Jesus Is It Reliable?
  4. Ceticismo - A falta de evidência Histórica para Jesus.
  5. Ceticismo - Jesus Cristo nunca existiu.
  6. a b Piñero, Antonio. Guía para entender el Nuevo Testamento, pp. 169-172.
  7. Funk, Robert W., Roy W. Hoover, e o Jesus Seminar. The five gospels. Harper San Francisco. 1993. page 21.
  8. Mateus 2:16-18
  9. The Quest of the Historical Jesus. ISBN 0801859344
  10. Classics Mit XV Livro dos Analles: Publius Cornellius Tacito (em inglês)

Ligações externas

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