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Às vezes, a superposição de um texto sobre outro pode provocar uma certa atualização ou modernização do primeiro texto. Nota-se isso no [[livro]] [[Mensagem (livro)|Mensagem]], de [[Fernando Pessoa]], que retoma, por exemplo, com seu poema “O Monstrengo” o episódio do Gigante Adamastor de ''[[Os Lusíadas]]'' de [[Luís Vaz de Camões|Camões]]. |
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Ocorre como que um diálogo entre os dois textos. Em alguns casos, aproxima-se da [[paródia]] (canto paralelo), como o poema “Madrigal Melancólico” de [[Manuel Bandeira]], do livro ''Ritmo Dissoluto'', que seguramente serviu de [[inspiração]] e assim se refletiu no poema "Assim como Bandeira". |
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{{Referências}}7. '''''SANT’ANNA, Affonso Romano de. Paródia, paráfrase & Cia, 7.ed. São Paulo: Ática, 2000.'''''{{reflist}} |
{{Referências}}7. '''''SANT’ANNA, Affonso Romano de. Paródia, paráfrase & Cia, 7.ed. São Paulo: Ática, 2000.'''''{{reflist}} |
Revisão das 12h28min de 24 de maio de 2016
Por intertextualidade [1] entende-se a criação de um texto a partir de outro pré-existente. A intertextualidade pode apresentar funções diferentes, as quais dependem muito dos textos/contextos em que ela é inserida, ou seja, dependendo da situação. Exemplos de obras intertextuais incluem: alusão, conotação, versão, plágio, tradução, pastiche e paródia. [2] [3] [4]
O termo intertextualidade, em si, transformou-se muitas vezes desde que foi criado pela pós-estruturalista Julia Kristeva em 1966.[5] Como o filósofo William Irwin escreveu, o termo "passou a ter tantos significados, que os usuários, desde aqueles fiéis à visão original de Kristeva até aqueles que simplesmente o usam como uma forma elegante de falar de alusão e influência."
Evidentemente, o fenômeno da intertextualidade está ligado ao "conhecimento do mundo", que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao produtor e ao receptor de textos. O diálogo pode ocorrer ou não em diversas áreas do conhecimento, não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.
Na pintura tem-se, por exemplo, o quadro do pintor barroco italiano Caravaggio e a fotografia da americana Cindy Sherman, na qual quem posa é ela mesma.[6] O quadro de Caravaggio foi pintado no final do século XVI, já o trabalho fotográfico de Cindy Sherman foi produzido quase quatrocentos anos mais tarde. Na foto, Sherman cria o mesmo ambiente e a mesma atmosfera sensual da pintura, reunindo um conjunto de elementos: a coroa de flores na cabeça, o contraste entre claro e escuro, a sensualidade do ombro nu etc. A foto de Sherman é uma recriação do quadro de Caravaggio e, portanto, é um tipo de intertextualidade na pintura.
Na publicidade, por exemplo, em um dos anúncios do Bombril, o ator veste-se e posiciona-se como a Mona Lisa de Leonardo da Vinci, sob o slogan "Mon Bijou deixa sua roupa uma perfeita obra-prima". Assim sendo, o leitor é levado a acreditar que o produto deixa a roupa bem macia e mais perfumada, ou seja, uma verdadeira obra-prima (se referindo ao quadro de Da Vinci). Nesse caso, pode-se dizer que a intertextualidade assume a função de não só persuadir o receptor como também de difundir a cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, escultura, literatura etc).
Intertextualidade acontece quando há uma referência explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextualidade.
Tipos de intertextualidade
Pode-se destacar doze tipos de comandos:
- Alusão ou referência - Na alusão, não se aponta diretamente o fato em questão; apenas o sugere através de características secundárias ou metafóricas.
- Bricolagem - são alguns procedimentos de intertextualidade das artes plásticas e da música que também aparecem retomados na literatura. Quando o processo da citação é extremo, ou seja, um texto é montado a partir de fragmentos de outros textos, tem-se um caso de bricolagem.
- Citação - é uma transcrição do texto alheio, marcada por aspas e geralmente com o nome do autor deste. A Citação é um fragmento transcrito de outro autor, inserido no texto entre aspas.
- Crossover - é aparição ou encontro entre personagens que pertencem a universos fictícios diferentes em determinados capítulos, episódios, edições ou volumes dalguma obra artística.
- Epígrafe - é um pequeno trecho de outra obra, ou mesmo um título, que apresenta outra criação, guardando com ela alguma relação mais ou menos oculta.
- Paráfrase - o autor recria, com seus próprios recursos,um texto já existente,"relembrando" a mensagem original ao interlocutor.
- Paródia - é uma forma de apropriação que, em lugar de endossar o modelo retomado, rompe com ele, sutil ou abertamente. Ela muitas vezes perverte o texto anterior, visando a crítica de forma irônica.
- Pastiche - é definido como obra literária ou artística em que se imita abertamente o estilo de outros escritores, pintores, músicos, etc.
- Plágio - é a cópia e/ou alteração indevida e não-licenciada de uma obra artística, científica ou literária por alguém que afirma ser o autor original da mesma.
- Sample - são trechos "roubados" de outras músicas e usados como base para outras produções.
- Tradução - a tradução é a adequação de um texto em outra língua, a língua nativa do país. Por exemplo, um livro em turco é traduzido para o português.
- Transliteração - técnica linguística que, tal como a tradução, ocupa-se de adequar termos, nomes e expressões para de uma língua para outra, entretanto adaptando-as para um alfabeto que possui letras diferentes de seu original.
Exemplo
Às vezes, a superposição de um texto sobre outro pode provocar uma certa atualização ou modernização do primeiro texto. Nota-se isso no livro Mensagem, de Fernando Pessoa, que retoma, por exemplo, com seu poema “O Monstrengo” o episódio do Gigante Adamastor de Os Lusíadas de Camões.
Referências
- ↑ Andrews, B. and C. Bernstein (1984) A Intertextualidade, Southwestern Illinois University Press
- ↑ [Genette] (1997) Paratexts p.18
- ↑ Hallo, William W. (2010) The World's Oldest Literature: Studies in Sumerian Belles-Lettres p.608
- ↑ Cancogni, Annapaola (1985) The Mirage in the Mirror: Nabokov's Ada and Its French Pre-Texts pp.203-213
- ↑ http://www.kristeva.fr/
- ↑ 1999 Hasselblad Award Winner - Cindy Sherman. hasselbladfoundation.org. Página visitada em 11 de dezembro de 2010.
7. SANT’ANNA, Affonso Romano de. Paródia, paráfrase & Cia, 7.ed. São Paulo: Ática, 2000.