Saltar para o conteúdo

Missão cristã: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Retorno da seção de críticas, acréscimo de informações sobre contribuições e outros ajustes.
Brazil150 (discussão | contribs)
m
Etiquetas: Revertida Editor Visual Edição via dispositivo móvel Edição feita através do sítio móvel
Linha 3: Linha 3:
Uma '''missão cristã''' é um esforço organizado para realizar, em nome da [[Cristianismo|fé cristã]], [[Evangelização|evangelismo]] ou outras atividades, como trabalho educacional ou hospitalar.<ref>{{Citar web|url=https://www.britannica.com/topic/missions-Christianity|titulo=Mission {{!}} Definition, History, & Facts {{!}} Britannica|acessodata=2024-05-13|website=www.britannica.com|lingua=en}}</ref> As missões envolvem o envio de indivíduos e grupos para além de fronteiras geográficas.<ref>{{Citar web|url=https://www.dictionary.com/browse/missionary|titulo=Dictionary.com {{!}} Meanings & Definitions of English Words|acessodata=2024-05-13|website=Dictionary.com|lingua=en}}</ref> Os indivíduos enviados em missões são comumente chamados de missionários.
Uma '''missão cristã''' é um esforço organizado para realizar, em nome da [[Cristianismo|fé cristã]], [[Evangelização|evangelismo]] ou outras atividades, como trabalho educacional ou hospitalar.<ref>{{Citar web|url=https://www.britannica.com/topic/missions-Christianity|titulo=Mission {{!}} Definition, History, & Facts {{!}} Britannica|acessodata=2024-05-13|website=www.britannica.com|lingua=en}}</ref> As missões envolvem o envio de indivíduos e grupos para além de fronteiras geográficas.<ref>{{Citar web|url=https://www.dictionary.com/browse/missionary|titulo=Dictionary.com {{!}} Meanings & Definitions of English Words|acessodata=2024-05-13|website=Dictionary.com|lingua=en}}</ref> Os indivíduos enviados em missões são comumente chamados de missionários.


Os missionários pregam a [[Cristianismo|fé cristã]] e, às vezes, administram os [[Sacramento|sacramentos]] e prestam ajuda ou serviços humanitários. As doutrinas cristãs permitem o fornecimento de ajuda sem exigir [[Conversão (religião)|conversão religiosa]]. Entretanto, alguns missionários [[Cristão|cristãos]] foram implicados no [[genocídio]] de [[Indígenas|povos indígenas]]. É estimado que cerca de {{formatnum:100000}} nativos, ou 1/3 da população nativa da Califórnia, EUA, morreram devido a missões.<ref>{{Citar web|ultimo=Castillo|primeiro=Edward D.|url=https://nahc.ca.gov/native-americans/california-indian-history/|titulo=California Indian History – California Native American Heritage Commission|acessodata=2024-05-13|website=nahc.ca.gov|lingua=en|arquivourl=https://web.archive.org/web/20230314123815/http://nahc.ca.gov/resources/california-indian-history/|arquivodata=2023-03-14|urlmorta=sim}}</ref>
Os missionários pregam a [[Cristianismo|fé cristã]] e, às vezes, administram os [[Sacramento|sacramentos]] e prestam ajuda ou serviços humanitários. As doutrinas cristãs permitem o fornecimento de ajuda sem exigir [[Conversão (religião)|conversão religiosa]].


== História das missões cristãs ==
== História das missões cristãs ==

Revisão das 00h31min de 11 de agosto de 2024

 Nota: "Missões" redireciona para este artigo. Para outros significados, veja Missões (desambiguação) ou Missão.
Foto das ruínas de São Miguel, fundada em 1550

Uma missão cristã é um esforço organizado para realizar, em nome da fé cristã, evangelismo ou outras atividades, como trabalho educacional ou hospitalar.[1] As missões envolvem o envio de indivíduos e grupos para além de fronteiras geográficas.[2] Os indivíduos enviados em missões são comumente chamados de missionários.

Os missionários pregam a fé cristã e, às vezes, administram os sacramentos e prestam ajuda ou serviços humanitários. As doutrinas cristãs permitem o fornecimento de ajuda sem exigir conversão religiosa.

História das missões cristãs

Ver artigo principal: História das missões cristãs

A primeira missão cristã ocorreu durante o período do Judaísmo do Segundo Templo, após a Grande Comissão e a Dispersão dos Apóstolos. O livro deAtos dos Apóstolos, afirma que, no dia de Pentecostes, em Jerusalém, três mil pessoas de várias origens se tornaram Cristãs depois que todos ouviram as boas novas da ressurreição de Jesus em sua própria língua.[3][4] Organizações missionárias foram posteriormente fundadas e estabelecidas em vários países do mundo.[5]

A partir da Antiguidade Tardia, muita atividade missionária foi realizada por membros de ordens religiosas. Mosteiros seguiam disciplinas e apoiavam missões, bibliotecas e pesquisas práticas, todas vistas como obras para reduzir o sofrimento humano e difundir o Deus cristão. Por exemplo, comunidades nestorianas evangelizaram partes da Ásia Central, Tibete, China e Índia.[6] Os cistercienses evangelizaram grande parte da Europa do Norte e desenvolveram muitas técnicas agrícolas clássicas europeias.[carece de fontes?] São Patrício evangelizou muitos na Irlanda; [7] São Davi foi ativo no País de Gales.[8]

Pintura de Victor Meirelles retratando a primeira missa realizada no Brasil

No século VII, Gregório Magno enviou missionários, incluindo Agostinho de Cantuária, para a Inglaterra[9], e no século VIII, cristãos ingleses, como São Bonifácio, espalharam o Cristianismo pela Alemanha.[10] A missão hiberno-escocesa começou em 563.[11] Ainda durante a Idade Média, Raimundo Lúlio promoveu o conceito de pregar aos muçulmanos e convertê-los ao cristianismo por meio de argumentos não violentos. A visão de uma missão em grande escala aos muçulmanos morreu com ele, só sendo revivida no século XIX.[12]

No período moderno, houve expansão do cristianismo durante o período Era dos Descobrimentos, com apoio de Espanha e Portugal, que estabeleceram muitas missões em suas colônias americanas e asiáticas. Missionários protestantes das tradições anglicana, luterana e presbiteriana começaram a chegar ao que então era o Império Otomano na primeira metade do século XIX.

Na idade contemporânea, os Estados Unidos, o Brasil e a França são os países com maior número de envio de missionários ao exterior. Durante o século XX, povos indígenas foram um importante foco de evangelização.[13]

Abordagens modernas

Pacto de Lausanne

Ver artigo principal: Pacto de Lausana

O Pacto de Lausanne de 1974 deu origem a um movimento que apoia a missão evangélica entre não cristãos e cristãos nominais. Durante o evento, quase 2.700 líderes cristãos evangélicos participaram da conferência no Palais de Beaulieu em Lausanne, Suíça, para discutir o progresso, os recursos e os métodos de evangelização do mundo.[14] Os relatórios e documentos do congresso ajudaram a ilustrar a mudança do centro de gravidade do cristianismo da Europa e da América do Norte para a África, Ásia e América Latina. O objetivo do pacto é o de reforçar a necessidade de envio de missionários ao redor do mundo e foi traduzido para 20 línguas.[15]

Uso de mídia impressa e de novas mídias

As organizações missionárias cristãs há muito tempo utilizaram a palavra impressa como um canal para realizar missões. Em épocas em que os países estavam "fechados" aos cristãos, foram feitos grandes esforços para contrabandear Bíblias e outras publicações para esses países. O holandês Anne van der Bijl, fundador da Portas Abertas, começou a contrabandear Bíblias para os países comunistas na década de 1950.[16] Diversas editoras cristãs fornecem livros gratuitos para pessoas no Reino Unido e nos Estados Unidos como forma de missão.[17] A Sociedade Bíblia traduz e imprime Bíblias, em uma tentativa de alcançar todos os países do mundo.[18]

Após a Segunda Guerra Mundial, surgiram as "emissoras missionárias", influenciadas pela lógica da propaganda ideológica da Guerra Fria. Essas emissoras utilizavam as ondas de rádio para ultrapassar fronteiras e disseminar suas mensagens. Criadas principalmente por norte-americanos, o objetivo dessas emissoras era levar o evangelho a diversas regiões do mundo, incluindo Europa, América Latina, Ásia e Oriente Médio.[19]

A CNBB, em nota do arcebispo Leomar Antônio Brustolin, indica que a fé cristã atualmente é divulgada e vivenciada por meio de plataformas multimídia, criando uma nova forma de experiência religiosa, de modo que o desafio missionário reside em equilibrar o sagrado presencial com o sagrado mediado pela tecnologia, numa sociedade plural e altamente informada, onde a verdade é subjetiva e a escolha pessoal é valorizada.[20]

Missões interorganizacionais

A globalização do século XXI serviu como uma plataforma de oportunidade para que organizações cristãs independentes se unissem em cooperação para missões de alcance e discipulado.

Algumas organizações são consórcios cristãos que se unem organizacionalmente, como as 50.000 pessoas da organização Missio Nexus, com sede em Illinois.[21] Outras organizações são unidas por uma fonte comum de financiamento, cooperação em projetos de alcance e comunicações digitais entre o pessoal de missões internas em todo o mundo e seus parceiros, como as 25.000 pessoas unidas na Global Mission Society.[22]

Críticas

Transmissão de doenças

Os exploradores europeus nas Américas introduziram doenças contra as quais os povos ameríndios não tinham imunidade, causando dezenas de milhões de mortes.[23] Os missionários, juntamente com outros viajantes, trouxeram doenças para as populações nativa, como varíola, o sarampo e o resfriado comum.[24] David Igler, da Universidade da Califórnia, indica que a atividade missionária foi causa de disseminação de germes na América e no Pacífico, ressaltando, contudo, que entre 1770 e 1840, os principais agentes de doenças eram comerciantes.[25]

Preservação de patrimônio cultural

Em 2011, historiadores indicaram que as missões católicas do século XVI da Ordem dos Frades Menores contribuíram para o desaparecimento de certos manuscritos, tradições orais religiosas e artefatos de civilizações indígenas da Mesoamérica.[26]

Evangelismo e ajuda humanitária

Embora a prática não seja generalizada, algumas organizações viram em um desastre uma oportunidade útil para divulgar sua mensagem.[27] Uma dessas ocorrências foi o tsunami que devastou partes da Ásia em 26 de dezembro de 2004. Após o desastre, dezenas de grupos religiosos se mudaram para o local para tentar converter vítimas do desastre, causando conflitos locais.[28] O presidente da Gospel for Asia, organização sediada no Texas, disse em uma entrevista que "esse (desastre) é uma das maiores oportunidades que Deus nos deu para compartilhar seu amor com as pessoas", afirmando que seus 14.500 "missionários nativos" na Índia, no Sri Lanka e nas Ilhas Andamão estão dando aos sobreviventes Bíblias e folhetos sobre "como encontrar esperança neste momento por meio da palavra de Deus".[28]

O Christian Science Monitor aponta como uma preocupação a mistura entre evangelismo e ajuda humanitária: "'Acho que os evangelistas fazem isso com a melhor das intenções, mas há a responsabilidade de tentar entender outros grupos religiosos e sua cultura', diz Vince Isner, diretor do FaithfulAmerica.org, um programa do Conselho Nacional de Igrejas dos EUA". [29]

Contribuições

Uma contribuição importante dos missionários cristãos na África[30], China[31], Guatemala[32], Índia[33], Indonésia[34], Coreia[35] e outros lugares foi a melhoria dos cuidados de saúde das pessoas por meio da higiene e da introdução e distribuição de sabão[30], e "limpeza e higiene tornaram-se um marcador importante de ser identificado como cristão".[36]

Ver também

Referências

  1. «Mission | Definition, History, & Facts | Britannica». www.britannica.com (em inglês). Consultado em 13 de maio de 2024 
  2. «Dictionary.com | Meanings & Definitions of English Words». Dictionary.com (em inglês). Consultado em 13 de maio de 2024 
  3. Mark A. Lamport, Encyclopedia of Christianity in the Global South, Volume 2, Rowman & Littlefield, USA, 2018, p. 27
  4. Mal Couch, A Biblical Theology of the Church, Kregel Publications, USA, 1999, p. 253
  5. Earle E. Cairns, Christianity Through the Centuries: A History of the Christian Church, Zondervan, USA, 2009, p. 512
  6. Jenkins, Philip (2008). The lost history of Christianity: the thousand-year golden age of the church in the Middle East, Africa, and Asia- and how it died (em inglês) 1st ed. New York: HarperOne. OCLC 263516110 
  7. Online, Catholic. «St. Patrick - Saints & Angels». Catholic Online (em inglês). Consultado em 13 de maio de 2024 
  8. Toke, Leslie Alexander St. Lawrence. «St. David (1913)». en.wikisource.org (em inglês). Catholic Encyclopedia. Consultado em 13 de maio de 2024 
  9. Lawrence, C. H. (2001). Medieval monasticism: forms of religious life in Western Europe in the Middle Ages (em inglês) 3rd ed ed. Harlow, England ; New York: Longman. p. 24-25 
  10. Mershman, Francis. «St. Boniface (1913)». en.wikisource.org (em inglês). Catholic Encyclopedia. Consultado em 13 de maio de 2024 
  11. Wilkinson, Benjamin George (1944). Truth Triumphant: The Church in the Wilderness - a Christian History from Apostolic Times to Modernity (em inglês). [S.l.]: Pantianos Classics. p. 103 
  12. Bridger, J. Scott (2009). «Raymond Lull Medieval Theologian, Philosopher, And Missionary to Muslims» (PDF). Arab Vision. St. Francis Magazine. volume V (n. 1). Consultado em 13 de maio de 2024 
  13. Zurlo, Gina A; Johnson, Todd M.; Crossing, Peter F (2022). «Cristianismo Mundial e Religiões 2022: Uma Relação Complicada» (PDF). Seminário Teológico Gordon-Conwell. Centro de Estudos do Cristianismo Global. Consultado em 13 de maio de 2024 
  14. Lamport, Mark A., ed. (2018). Encyclopedia of Christianity in the global south (em inglês). vol. 2. Lanham: Rowman & Littlefield. p. 451 
  15. Melton, J. Gordon (2005). Encyclopedia of Protestantism (em inglês). [S.l.]: Infobase Publishing. p. 334 
  16. «Our History». opendoorsuk.org (em inglês). Consultado em 14 de maio de 2024 
  17. «About Us». Plough (em inglês). Consultado em 14 de maio de 2024 
  18. «Home». www.biblesociety.org.uk (em inglês). Consultado em 14 de maio de 2024 
  19. Fajardo, Alexander (2011). «A Atuação dos evangélicos no rádio brasileiro: Origem e expansão.». Universidade Metodista de São Paulo (Dissertação de Mestrado): p. 156. Consultado em 14 de maio de 2024 
  20. cliente (22 de outubro de 2021). «A Missão na Era Digital». Regional Sul 3 da CNBB. Consultado em 14 de maio de 2024 
  21. «About Missio Nexus | Missio Nexus» (em inglês). Consultado em 14 de maio de 2024 
  22. «GMNF». www.globalmissionsnetworkfoundation.org. Consultado em 14 de maio de 2024 
  23. «Uncontacted Tribes: Is it Ethical to Leave Them Alone?». TIME (em inglês). 4 de junho de 2015. Consultado em 13 de maio de 2024 
  24. Witmer, A. C. (1885). The Gospel in All Lands (em inglês). New York: Methodist Episcopal Church Mission Society. p. 437 
  25. «Diseased Goods: Global Exchanges in the Eastern Pacific Basin, 1770–1850 | History Cooperative» (em inglês). 18 de maio de 2005. doi:10.1086/530552. Consultado em 13 de maio de 2024 
  26. Arbagi, Michael (2011). «The Catholic Church and the Preservation of Mesoamerican Archives: An Assessment». Archival Issues (em inglês) (2): 112–120. ISSN 1067-4993. Consultado em 13 de maio de 2024 
  27. Burke, Jason (16 de janeiro de 2005). «Religious aid groups try to convert victims». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077. Consultado em 13 de maio de 2024 
  28. a b «In Asia, some Christian groups spread supplies - and the word | WWRN - World-wide Religious News». wwrn.org (em inglês). Consultado em 13 de maio de 2024 
  29. «Disaster Aid Furthers Fears of Proselytizing». archive.globalpolicy.org (em inglês). Consultado em 13 de maio de 2024 
  30. a b Newell, Stephanie (2006). The forger's tale: the search for Odeziaku. Col: New African histories series (em inglês). Athens: Ohio University Press. p. 40. OCLC 70219945 
  31. Grypma, Sonya (1 de julho de 2008). Healing Henan: Canadian Nurses at the North China Mission, 1888-1947 (em inglês). [S.l.]: UBC Press. p. 27 
  32. O'Neill, Kevin Lewis; Thomas, Kedron (2011). Securing the city: neoliberalism, space, and insecurity in postwar Guatemala (em inglês). Durham [NC]: Duke University Press. p. 180–181 
  33. Bauman, Chad M. (2008). Christian identity and Dalit religion in Hindu India, 1868 - 1947. Col: Studies in the history of Christian missions (em inglês). Grand Rapids, Mich.: Eerdmans. p. 160 
  34. Jean Gelman, Taylor (2011). Cleanliness and Culture: Indonesian Histories (em inglês). Vol. 272. [S.l.]: Brill. p. 22-23 
  35. Choi, Hyaeweol (2009). Gender and mission encounters in Korea: new women, old ways. Col: The Seoul-California series in Korean studies (em inglês). Berkeley: University of California Press. p. 83. OCLC 264039835 
  36. Thomas, John (2016). Evangelising the Nation: Religion and the Formation of Naga Political Identity (em inglês). [S.l.]: Routledge. p. 284 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Missões cristãs