Acordo Sykes-Picot: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
bandeiras
ajustes
Linha 11: Linha 11:
|propósito =
|propósito =
}}
}}
[[File:Mark Sykes00.jpg|thumb|200px|Sykes]]
[[File:Mark Sykes00.jpg|thumb|Sykes]]
[[File:François Georges-Picot cropped.JPG|thumb|200px|Picot]]
[[File:François Georges-Picot cropped.JPG|thumb|Picot]]


O '''Acordo Sykes-Picot''' de [[16 de maio]] de [[1916]]<ref>{{citar web
O '''Acordo Sykes-Picot''' de [[16 de maio]] de [[1916]]<ref>http://www.law.fsu.edu/library/collection/LimitsinSeas/IBS094.pdf p. 8.</ref> foi um ajuste secreto<ref>[http://www.firstworldwar.com/source/sykespicot.htm Primary Documents - Sykes-Picot Agreement, 16 May 1916]</ref> entre os governos do [[Reino Unido]] e da [[França]]<ref>{{cite book|last=Fromkin|first=David|authorlink=David Fromkin|title=A Peace to End All Peace: The Fall of the Ottoman Empire and the Creation of the Modern Middle East|publisher=Owl|year=1989|location=New York|pages=286, 288|isbn=0-8050-6884-8}}</ref> que definiu as suas respetivas esferas de influência no [[Oriente Médio]] após a [[Primeira Guerra Mundial]]. Os limites estabelecidos pelo acordo ainda permanecem na maior parte da fronteira comum entre a [[Síria]] e o [[Iraque]]<ref>[http://www.jornaldelondrina.com.br/brasil/conteudo.phtml?tl=1&id=1486701&tit=A-guerra-que-redefiniu-o-mundo A fragmentação do Oriente Médio] Jornal de Londrina</ref>.
| url =http://www.law.fsu.edu/library/collection/LimitsinSeas/IBS094.pdf
| titulo =International Boundary Study - Jordan Syria Boundary| data =30/12/1969|pagina=8| publicado =Department of State - USA| acessodata =25/03/2016}}</ref> foi um ajuste secreto<ref>[http://www.firstworldwar.com/source/sykespicot.htm Primary Documents - Sykes-Picot Agreement, 16 May 1916]</ref> entre os governos do [[Reino Unido]] e da [[França]]<ref>{{cite book|last=Fromkin|first=David|authorlink=David Fromkin|title=A Peace to End All Peace: The Fall of the Ottoman Empire and the Creation of the Modern Middle East|publisher=Owl|year=1989|location=New York|pages=286, 288|isbn=0-8050-6884-8}}</ref> que definiu as suas respetivas esferas de influência no [[Oriente Médio]] após a [[Primeira Guerra Mundial]]. Os limites estabelecidos pelo acordo ainda permanecem na maior parte da fronteira comum entre a [[Síria]] e o [[Iraque]]<ref>[http://www.jornaldelondrina.com.br/brasil/conteudo.phtml?tl=1&id=1486701&tit=A-guerra-que-redefiniu-o-mundo A fragmentação do Oriente Médio] Jornal de Londrina</ref>.


O acordo foi negociado em novembro de [[1915]] pelo [[diplomata]] francês [[François Georges-Picot]] e pelo britânico [[Mark Sykes]].
O acordo foi negociado em novembro de 1915 pelo diplomata francês [[François Georges-Picot]] e pelo britânico [[Mark Sykes]].


O Reino Unido recebeu o controle dos territórios correspondentes, ''grosso modo'', à [[Jordânia]] e ao [[Iraque]], bem como uma pequena área em torno de [[Haifa]]. A França ganhou o controle do sudeste da [[Turquia]], da [[Síria]], do [[Líbano]] e do norte do Iraque. As duas potências ficaram livres para definir as fronteiras dentro daquelas áreas.
O Reino Unido recebeu o controle dos territórios correspondentes, ''grosso modo'', à [[Jordânia]] e ao [[Iraque]], bem como uma pequena área em torno de [[Haifa]]. A França ganhou o controle do sudeste da [[Turquia]], da [[Síria]], do [[Líbano]] e do norte do Iraque. As duas potências ficaram livres para definir as fronteiras dentro daquelas áreas.
Linha 24: Linha 26:
Este acordo é visto por muitos como conflitante com a [[Correspondência Hussein-McMahon]] de 1915-1916. O conflito entre os dois acertos resulta do progresso da guerra: a correspondência refletia a necessidade de apoio [[Árabes|árabe]] à [[Tríplice Entente]], enquanto que o Acordo Sykes-Picot procurava recrutar o apoio dos [[judeus]] americanos para o esforço de trazer os [[EUA]] para a guerra ao lado da Entente, juntamente com a [[Declaração de Balfour]] de 1917.
Este acordo é visto por muitos como conflitante com a [[Correspondência Hussein-McMahon]] de 1915-1916. O conflito entre os dois acertos resulta do progresso da guerra: a correspondência refletia a necessidade de apoio [[Árabes|árabe]] à [[Tríplice Entente]], enquanto que o Acordo Sykes-Picot procurava recrutar o apoio dos [[judeus]] americanos para o esforço de trazer os [[EUA]] para a guerra ao lado da Entente, juntamente com a [[Declaração de Balfour]] de 1917.


O ajuste foi posteriormente ampliado para incluir a [[Itália]] e a Rússia. A primeira receberia algumas ilhas do [[Mar Egeu|Egeu]] e uma esfera de influência em torno de [[Izmir]], no sudoeste da [[Anatólia]], enquanto que a segunda ficaria com a [[Armênia]] e partes do [[Curdistão]]. A presença italiana na Anatólia e a divisão dos territórios árabes foram em seguida formalizadas pelo [[Tratado de Sèvres]], de [[1920]].
O ajuste foi posteriormente ampliado para incluir a [[Itália]] e a Rússia. A primeira receberia algumas ilhas do [[Mar Egeu|Egeu]] e uma esfera de influência em torno de [[Esmirna]], no sudoeste da [[Anatólia]], enquanto que a segunda ficaria com a [[Armênia]] e partes do [[Curdistão]]. A presença italiana na Anatólia e a divisão dos territórios árabes foram em seguida formalizadas pelo [[Tratado de Sèvres]], de 1920.


A [[Revolução Russa]] de [[1917]] invalidou as reivindicações da Rússia sobre o [[Império Otomano]]. [[Lênin]] tornou pública uma cópia do Acordo Sykes-Picot (até então secreto), bem como outros [[tratado]]s, o que causou constrangimento entre os aliados e crescente desconfiança entre os árabes.
A [[Revolução Russa]] de 1917 invalidou as reivindicações da Rússia sobre o [[Império Otomano]]. [[Lênin]] tornou pública uma cópia do Acordo Sykes-Picot (até então secreto), bem como outros tratados, o que causou constrangimento entre os aliados e crescente desconfiança entre os árabes.


O acordo é visto por muitos como um ponto de inflexão nas relações entre os árabes e o Ocidente, já que contrariava as promessas feitas aos árabes através de [[T. E. Lawrence]], no sentido de criar-se uma nação em território sírio em troca de apoio aos esforços de guerra britânicos contra o Império Otomano.
O acordo é visto por muitos como um ponto de inflexão nas relações entre os árabes e o Ocidente, já que contrariava as promessas feitas aos árabes através de [[T. E. Lawrence]], no sentido de criar-se uma nação em território sírio em troca de apoio aos esforços de guerra britânicos contra o Império Otomano.
Linha 32: Linha 34:
Os principais termos do acordo foram confirmados pela [[Conferência de San Remo|Conferência interaliada de San Remo]], em 19-26 de abril de 1920, e pelo Conselho da [[Sociedade das Nações]] em [[24 de julho]] de [[1922]], estabelecendo os mandatos britânico e francês correspondentes às áreas definidas pelo ajuste de 1916.
Os principais termos do acordo foram confirmados pela [[Conferência de San Remo|Conferência interaliada de San Remo]], em 19-26 de abril de 1920, e pelo Conselho da [[Sociedade das Nações]] em [[24 de julho]] de [[1922]], estabelecendo os mandatos britânico e francês correspondentes às áreas definidas pelo ajuste de 1916.


{{Referências|col=2}}
== {{Bibliografia}} ==

== Bibliografia ==
{{Refbegin}}
* [[Demetrio Magnoli|MAGNOLI, Demetrio]]. ''História da Paz''. São Paulo: Editora Contexto, 2008. 448p. ISBN 8572443967
* [[Demetrio Magnoli|MAGNOLI, Demetrio]]. ''História da Paz''. São Paulo: Editora Contexto, 2008. 448p. ISBN 8572443967
{{Refend}}


{{Referências}}
{{Commonscat|Sykes-Picot Agreement}}
{{Commonscat|Sykes-Picot Agreement}}



Revisão das 00h09min de 26 de março de 2016

Acordo Sykes-Picot
Acordo Sykes-Picot
Zonas de influência francesa e britânica estabelecidas pelo Acordo Sykes-Picot
Autoria Reino Unido Mark Sykes e
França François Georges-Picot
Signatário(a)(s) Reino Unido Edward Grey e França Paul Cambon
Sykes
Picot

O Acordo Sykes-Picot de 16 de maio de 1916[1] foi um ajuste secreto[2] entre os governos do Reino Unido e da França[3] que definiu as suas respetivas esferas de influência no Oriente Médio após a Primeira Guerra Mundial. Os limites estabelecidos pelo acordo ainda permanecem na maior parte da fronteira comum entre a Síria e o Iraque[4].

O acordo foi negociado em novembro de 1915 pelo diplomata francês François Georges-Picot e pelo britânico Mark Sykes.

O Reino Unido recebeu o controle dos territórios correspondentes, grosso modo, à Jordânia e ao Iraque, bem como uma pequena área em torno de Haifa. A França ganhou o controle do sudeste da Turquia, da Síria, do Líbano e do norte do Iraque. As duas potências ficaram livres para definir as fronteiras dentro daquelas áreas.

A Palestina seria colocada sob administração internacional, aguardando consultas com a Rússia e outras potências.

Este acordo é visto por muitos como conflitante com a Correspondência Hussein-McMahon de 1915-1916. O conflito entre os dois acertos resulta do progresso da guerra: a correspondência refletia a necessidade de apoio árabe à Tríplice Entente, enquanto que o Acordo Sykes-Picot procurava recrutar o apoio dos judeus americanos para o esforço de trazer os EUA para a guerra ao lado da Entente, juntamente com a Declaração de Balfour de 1917.

O ajuste foi posteriormente ampliado para incluir a Itália e a Rússia. A primeira receberia algumas ilhas do Egeu e uma esfera de influência em torno de Esmirna, no sudoeste da Anatólia, enquanto que a segunda ficaria com a Armênia e partes do Curdistão. A presença italiana na Anatólia e a divisão dos territórios árabes foram em seguida formalizadas pelo Tratado de Sèvres, de 1920.

A Revolução Russa de 1917 invalidou as reivindicações da Rússia sobre o Império Otomano. Lênin tornou pública uma cópia do Acordo Sykes-Picot (até então secreto), bem como outros tratados, o que causou constrangimento entre os aliados e crescente desconfiança entre os árabes.

O acordo é visto por muitos como um ponto de inflexão nas relações entre os árabes e o Ocidente, já que contrariava as promessas feitas aos árabes através de T. E. Lawrence, no sentido de criar-se uma nação em território sírio em troca de apoio aos esforços de guerra britânicos contra o Império Otomano.

Os principais termos do acordo foram confirmados pela Conferência interaliada de San Remo, em 19-26 de abril de 1920, e pelo Conselho da Sociedade das Nações em 24 de julho de 1922, estabelecendo os mandatos britânico e francês correspondentes às áreas definidas pelo ajuste de 1916.

Referências

  1. «International Boundary Study - Jordan – Syria Boundary» (PDF). Department of State - USA. 30 de dezembro de 1969. p. 8. Consultado em 25 de março de 2016 
  2. Primary Documents - Sykes-Picot Agreement, 16 May 1916
  3. Fromkin, David (1989). A Peace to End All Peace: The Fall of the Ottoman Empire and the Creation of the Modern Middle East. New York: Owl. pp. 286, 288. ISBN 0-8050-6884-8 
  4. A fragmentação do Oriente Médio Jornal de Londrina

Bibliografia

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Acordo Sykes-Picot