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Chama-se Estado-nação ou nação-Estado quando um território delimitado é composto por um governo e uma população de composição étnico-cultural coesa, quase homogênea, sendo esse governo produto dessa mesma composição. Isto ocorre quando as delimitações étnicas e políticas coincidem. Nestes casos, normalmente, há pouca emigração e imigração, poucos membros de minorias étnicas, e poucos membros da etnia dominante a viver além fronteiras. 
Um '''estado-nação '''é uma área geográfica que pode ser identificada como possuidora de uma política legítima, que pelos próprios meios, constitui um [[Estado soberano|governo soberano]]. Enquanto um [[estado]] é uma entidade política e geopolítica, uma [[nação]] é uma unidade étnica e cultural. O termo "estado-nação" implica em uma situação onde os dois são coincidentes. O Estado-nação afirma-se por meio de uma [[ideologia]], uma estrutura jurídica, a capacidade de impor uma soberania, sobre um povo, num dado território com fronteiras, com uma moeda própria e forças armadas próprias também.<ref name="info">[http://www.infopedia.pt/$estado-nacao;jsessionid=HyHbPgQAbXdbQR0rLNfLSQ__ Estado-nação. In Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2014.], Consult. 2014-07-02.</ref>


Portugal é um exemplo de um Estado-nação. Apesar de rodeado por outras terras e povos, a nação Portuguesa ocupa o mesmo território há quase 900 anos. Desde a sua fundação, em 1143, Portugal manteve-se como um mesmo povo, a viver numa mesma terra. Etnicamente, os Portugueses estão relacionados com os Celtas, os Romanos, e povos Germânicos como os Suevos e os Visigodos. Foi ainda dominado pelos Mouros cerca de 500 anos. 
O conceito de um estado-nação pode ser comparado e contrastado com o de um estado multinacional, cidades-estado, impérios, confederações, e outras formações de estados dos quais podem sobrepor-se. Ao longo da história, existiram estados-nações em diferentes épocas e lugares do mundo, e atualmente representam a forma dominante de organização geopolítica mundial.

A Islândia é outro exemplo de Estado-nação. Embora os seus habitantes estejam etnicamente ligados a outros grupos Escandinavos, essa cultura e linguagem são apenas encontrados na Islândia. Não há minorias transfronteiriças - o país é uma ilha. 

O Japão também é visto como um bom exemplo de um Estado-nação, embora inclua minorias Ryukyuan no sul, Coreanos, Chineses e Filipinos, e nas ilhas norte de Hokkaido, a minoria indígena Aino. 

Tanto a Islândia como o Japão, são ilhas. Portugal, curiosamente, possui fronteiras terrestres.


== História ==
== História ==
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O aparecimento do Estado-nação corresponde à fase nacionalista do Ocidente e ao seu processo de industrialização. Assim, o seu surgimento justificou investimentos tecnológicos e com eles lucrou, fomentando as economias nacionais e gerando capacidades militares de defesa e mesmo de ataque. Além do mais, transformou o nacionalismo numa ideologia que não mais parou de ganhar adeptos e permitiu aspirações de natureza econômica e territorial. [[Karl Marx|Marx]] defendeu ainda que o proletariado era apátrida, era internacional, mas a [[Primeira Guerra Mundial]], na sua origem como nas suas consequências, acabou por reforçar a ideia do Estado-nação e dos nacionalismos. Estes foram combatidos pela [[União Soviética]], plurinacional mas [[Internacional Socialista|internacionalista]], mas que na sua desagregação acabaria por ver irromper, no seu antigo território, tantos Estados-nações amordaçados durante mais de setenta anos. A União Soviética, no entanto, não era um Estado-nação, mas um conjunto de 15 Estados-nações e mais de 100 povos por eles espalhados, muitos nômades mas, com a sovietização, enquadrados dentro de limites territoriais impostos por [[Moscou]].
O aparecimento do Estado-nação corresponde à fase nacionalista do Ocidente e ao seu processo de industrialização. Assim, o seu surgimento justificou investimentos tecnológicos e com eles lucrou, fomentando as economias nacionais e gerando capacidades militares de defesa e mesmo de ataque. Além do mais, transformou o nacionalismo numa ideologia que não mais parou de ganhar adeptos e permitiu aspirações de natureza econômica e territorial. [[Karl Marx|Marx]] defendeu ainda que o proletariado era apátrida, era internacional, mas a [[Primeira Guerra Mundial]], na sua origem como nas suas consequências, acabou por reforçar a ideia do Estado-nação e dos nacionalismos. Estes foram combatidos pela [[União Soviética]], plurinacional mas [[Internacional Socialista|internacionalista]], mas que na sua desagregação acabaria por ver irromper, no seu antigo território, tantos Estados-nações amordaçados durante mais de setenta anos. A União Soviética, no entanto, não era um Estado-nação, mas um conjunto de 15 Estados-nações e mais de 100 povos por eles espalhados, muitos nômades mas, com a sovietização, enquadrados dentro de limites territoriais impostos por [[Moscou]].
Se nasceu entre as potências colonizadoras no século XIX, também nesta centúria o conceito de Estado-nação ganharia os povos do Leste Europeu, ameaçando ruir os antigos impérios dinásticos da Europa, nomeadamente o [[Império Austro-Húngaro|Austro-Húngaro]], em cujo seio estalou a Primeira Guerra Mundial, graças a um [[Gavrilo Princip|estudante sérvio]] que lutava pela proclamação de um Estado para a sua nação sérvia. Era a época dos nacionalismos e da emergência das nacionalidades, que [[Josef Stalin|Stalin]] reprimiria na União Soviética e que [[Adolf Hitler|Hitler]] tentara subjugar com o [[nazismo]], mas que acabou por sair da Europa e conquistar outros continentes, acelerando a [[Descolonização da África|descolonização africana]], por exemplo. Nalguns casos, no pós-Segunda Guerra, o nacionalismo ganhou um cariz religioso, como o [[Irã]] [[Xiitas na Nigéria|xiita]], noutros assumiu o [[comunismo]] como bandeira ideológica e política.
Se nasceu entre as potências colonizadoras no século XIX, também nesta centúria o conceito de Estado-nação ganharia os povos do Leste Europeu, ameaçando ruir os antigos impérios dinásticos da Europa, nomeadamente o [[Império Austro-Húngaro|Austro-Húngaro]], em cujo seio estalou a Primeira Guerra Mundial, graças a um [[Gavrilo Princip|estudante sérvio]] que lutava pela proclamação de um Estado para a sua nação sérvia. Era a época dos nacionalismos e da emergência das nacionalidades, que [[Josef Stalin|Stalin]] reprimiria na União Soviética e que [[Adolf Hitler|Hitler]] tentara subjugar com o [[nazismo]], mas que acabou por sair da Europa e conquistar outros continentes, acelerando a [[Descolonização da África|descolonização africana]], por exemplo. Nalguns casos, no pós-Segunda Guerra, o nacionalismo ganhou um cariz religioso, como o [[Irã]] [[Xiitas na Nigéria|xiita]], noutros assumiu o [[comunismo]] como bandeira ideológica e política.
Mas na Europa, com [[Charles de Gaulle]] e [[Jean Monet]], por exemplo, sem se perder a ideia do Estado-nação, criou-se, com a [[Comunidade Europeia do Carvão e do Aço|Comunidade Europeia]], a Europa das Nações, que tem paralelo militar e político na [[Otanche|OTAN]] e até nas [[ONU|Nações Unidas]]. As nacionalidades não se diluíram, pelo contrário, como nos [[Balcãs]], antes se agruparam na prossecução de interesses e estratégias que só em comum poderiam superar crises e estabelecer vias e metas para o futuro. Outros pontos do globo, a ideia de um povo, uma língua, um território, logo uma nação, daí a necessidade de Estado, a independência enfim, tem pulverizado e retalhado antigos grandes Estados, gerando conflitos e escaladas de violência inusitadas.<ref name="info" />
Mas na Europa, com [[Charles de Gaulle]] e [[Jean Monet]], por exemplo, sem se perder a ideia do Estado-nação, criou-se, com a [[Comunidade Europeia do Carvão e do Aço|Comunidade Europeia]], a Europa das Nações, que tem paralelo militar e político na [[Otanche|OTAN]] e até nas [[ONU|Nações Unidas]]. As nacionalidades não se diluíram, pelo contrário, como nos [[Balcãs]], antes se agruparam na prossecução de interesses e estratégias que só em comum poderiam superar crises e estabelecer vias e metas para o futuro. Outros pontos do globo, a ideia de um povo, uma língua, um território, logo uma nação, daí a necessidade de Estado, a independência enfim, tem pulverizado e retalhado antigos grandes Estados, gerando conflitos e escaladas de violência inusitadas.<ref name="info">[http://www.infopedia.pt/$estado-nacao;jsessionid=HyHbPgQAbXdbQR0rLNfLSQ__ Estado-nação. In Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2014.], Consult. 2014-07-02.</ref>


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Revisão das 02h14min de 28 de março de 2016

 Nota: Para outros significados, veja Nação.
 Nota: Não confundir com Estado soberano.

Chama-se Estado-nação ou nação-Estado quando um território delimitado é composto por um governo e uma população de composição étnico-cultural coesa, quase homogênea, sendo esse governo produto dessa mesma composição. Isto ocorre quando as delimitações étnicas e políticas coincidem. Nestes casos, normalmente, há pouca emigração e imigração, poucos membros de minorias étnicas, e poucos membros da etnia dominante a viver além fronteiras. 

Portugal é um exemplo de um Estado-nação. Apesar de rodeado por outras terras e povos, a nação Portuguesa ocupa o mesmo território há quase 900 anos. Desde a sua fundação, em 1143, Portugal manteve-se como um mesmo povo, a viver numa mesma terra. Etnicamente, os Portugueses estão relacionados com os Celtas, os Romanos, e povos Germânicos como os Suevos e os Visigodos. Foi ainda dominado pelos Mouros cerca de 500 anos. 

A Islândia é outro exemplo de Estado-nação. Embora os seus habitantes estejam etnicamente ligados a outros grupos Escandinavos, essa cultura e linguagem são apenas encontrados na Islândia. Não há minorias transfronteiriças - o país é uma ilha. 

O Japão também é visto como um bom exemplo de um Estado-nação, embora inclua minorias Ryukyuan no sul, Coreanos, Chineses e Filipinos, e nas ilhas norte de Hokkaido, a minoria indígena Aino. 

Tanto a Islândia como o Japão, são ilhas. Portugal, curiosamente, possui fronteiras terrestres.

História

A ideia de Estado-nação nasceu na Europa em finais do século XVIII e inícios do século XIX. Provém do conceito de "Estado da Razão" do Iluminismo, diferente da "Razão de Estado" dos séculos XVI e XVII. A Razão passou a ser a força constituidora da dinâmica do Estado-nação, principalmente ao nível da administração dos povos. A ideia de pertença a um grupo com uma cultura, língua e história próprias, a uma nação, foi sempre uma das marcas dos europeus nos últimos séculos, ideal que acabariam por transportar para as suas projeções coloniais. Há um efeito psicológico na emergência do Estado-nação, pois a pertença do indivíduo a tal estrutura confere-lhe segurança e certeza, enquadramento e referência civilizacional. É na sua essência conservador e tendencialmente totalitário. O aparecimento do Estado-nação corresponde à fase nacionalista do Ocidente e ao seu processo de industrialização. Assim, o seu surgimento justificou investimentos tecnológicos e com eles lucrou, fomentando as economias nacionais e gerando capacidades militares de defesa e mesmo de ataque. Além do mais, transformou o nacionalismo numa ideologia que não mais parou de ganhar adeptos e permitiu aspirações de natureza econômica e territorial. Marx defendeu ainda que o proletariado era apátrida, era internacional, mas a Primeira Guerra Mundial, na sua origem como nas suas consequências, acabou por reforçar a ideia do Estado-nação e dos nacionalismos. Estes foram combatidos pela União Soviética, plurinacional mas internacionalista, mas que na sua desagregação acabaria por ver irromper, no seu antigo território, tantos Estados-nações amordaçados durante mais de setenta anos. A União Soviética, no entanto, não era um Estado-nação, mas um conjunto de 15 Estados-nações e mais de 100 povos por eles espalhados, muitos nômades mas, com a sovietização, enquadrados dentro de limites territoriais impostos por Moscou. Se nasceu entre as potências colonizadoras no século XIX, também nesta centúria o conceito de Estado-nação ganharia os povos do Leste Europeu, ameaçando ruir os antigos impérios dinásticos da Europa, nomeadamente o Austro-Húngaro, em cujo seio estalou a Primeira Guerra Mundial, graças a um estudante sérvio que lutava pela proclamação de um Estado para a sua nação sérvia. Era a época dos nacionalismos e da emergência das nacionalidades, que Stalin reprimiria na União Soviética e que Hitler tentara subjugar com o nazismo, mas que acabou por sair da Europa e conquistar outros continentes, acelerando a descolonização africana, por exemplo. Nalguns casos, no pós-Segunda Guerra, o nacionalismo ganhou um cariz religioso, como o Irã xiita, noutros assumiu o comunismo como bandeira ideológica e política. Mas na Europa, com Charles de Gaulle e Jean Monet, por exemplo, sem se perder a ideia do Estado-nação, criou-se, com a Comunidade Europeia, a Europa das Nações, que tem paralelo militar e político na OTAN e até nas Nações Unidas. As nacionalidades não se diluíram, pelo contrário, como nos Balcãs, antes se agruparam na prossecução de interesses e estratégias que só em comum poderiam superar crises e estabelecer vias e metas para o futuro. Outros pontos do globo, a ideia de um povo, uma língua, um território, logo uma nação, daí a necessidade de Estado, a independência enfim, tem pulverizado e retalhado antigos grandes Estados, gerando conflitos e escaladas de violência inusitadas.[1]

Ver também

Referências

Ligações externas

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