Gedley Braga

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Gedley Braga
Nome completo Gedley Belchior Braga
Nascimento 31 de março de 1967
Divinópolis, Minas Gerais
Nacionalidade Brasileiro

Gedley Belchior Braga ou Gedley Braga[1][2] (Divinópolis, 31 de março de 1967) é um artista visual multimídia, músico[3] e compositor.[4] Desenvolve um trabalho que flerta com a tradição da arte conceitual e o minimalismo. Doutor em Ciência da Informação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP 2008), atua também como professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo e Artes Aplicadas da Universidade Federal de São João del-Rei desde 2009.[5]

Biografia[editar | editar código-fonte]

= Produção inicial entre Divinópolis e Belo Horizonte =[editar | editar código-fonte]

Nascido na cidade de Divinópolis, no interior de Minas Gerais, muda-se para a cidade de Belo Horizonte aos 15 anos de idade para estudar pintura com Inimá de Paula.[1] Adquire o título de bacharel em Pintura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (EBA-UFMG) em 1988 e entre 1990 e 1992 cursa a Especialização em Conservação e Restauração de Bens Culturais pelo Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais (CECOR).

Durante 1992 e 1994, desenvolveu o projeto musical "Os Habitantes", com Claudio Jose de Oliveira e Rodrigo Fonseca, onde gravaram um único álbum que foi lançado apenas 14 anos depois,[6] na página do Myspace da banda.

"Um dos poucos críticos da época que deu retorno às tentativas de divulgação da banda disse que aquele era um dos CDs de música pop mais bem produzidos no Brasil naquela época [dentro dos recursos de uma banda independente gravando em um estúdio de 8 canais em Divinópolis]. Ele profetizou também que se não ocorresse um lançamento oficial dentro de um esquema de uma grande gravadora, nenhum jornalista ou imprensa daria atenção, pois a proposta, desde o início, era a busca do tão sonhado “pop perfeito”, sem nenhuma apelação para espíritos de vanguardas ou coisas estranhas ou exóticas que garantiriam uma atenção da “mídia gratuita”."[6]

Neste período também, apresenta suas primeiras exposições individuais, que já denotavam grande domínio técnico da técnica da aquarela. "O Flerte"[2] (1993), foi exibida no Centro de Artes de Divinópolis e no Centro de Cultura Nansen Araújo, em Belo Horizonte. "Compulsão"[2] (1995), aconteceu na Sala Ana Horta do Centro Cultural da UFMG, em Belo Horizonte, no Centro de Artes de Divinópolis, na Galeria BRB, em Brasília e na Casa de Cultura de Passos, Minas Gerais.

= Período em São Paulo =[editar | editar código-fonte]

Entre 1997 e 2008, Gedley Braga viveu e trabalhou na cidade de São Paulo, Brasil. Fez mestrado em Ciências da Comunicação na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (2003), onde também ganhou título de doutor em Ciência da Informação. Durante esse tempo, até 2006, atuou como conservador e restaurador do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal de São Paulo (MAE-USP).[7][1]

No período que vive em São Paulo, especialmente durante a produção de sua tese de doutoramento intitulada "A tese na [da] caixa preta",[8][9] apresenta duas de suas mais importantes exposições individuais, "Love & Hate" (2005)[1] e "Obra Póstuma" (2008),[1][10][11][12][13] ambas apresentadas no Gabinete de Arte Raquel Arnaud (agora Galeria Raquel Arnaud).

Gedley Braga Visão geral da exposição Love & Hate (2005) no Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo, Brasil. Foto: Wagner Souza e Silva.

Em "Love & Hate" (2005),[1] sua primeira individual em São Paulo, o artista representa sua própria morte no espaço expositivo. Além disso, teve grande repercussão por utilizar de obras de outros artistas como apropriações ready-made para suas instalações que declaravam amor e ódio aos artistas colecionados.[14]

A série homônima que dá nome à exposição "Love & Hate" esteve presente também na "Mostra Procedente: Novas Aquisições do Museu de Arte da Pampulha",[15][16] juntamente a trabalhos de Rivane Neuenschwander, Jac Leirner, Rodrigo Andrade, Nuno Ramos, Rosângela Rennó, dentre outros: artistas que faziam parte virtualmente da coleção apresentada por Gedley Braga em "Love & Hate".

"Obra Póstuma" (2008),[13][12][11][10] "revisita as obras de sua coleção particular para refletir, em vida, sobre a câmara mortuária que são os museus".[10]

É também em São Paulo que inicia o importante processo de colaboração com a Casa da Xiclet, galeria de artes da capital paulista criada por Adriana Duarte conhecida pela inserção marginal no sistema de artes. Com a Casa da Xiclet participou das exposições[17][18] coletivas "Quero ser amigo(a) da Lisette" (2005),[19][20][21][22] "Prima-rica, fica quietinha preu gostar de você/ Shut the hell up" (2005),[22] "Feliz aniversário, Nelson Leirner" (2006),[22][23] "Stand By Casa da Xiclet" (2010),[22] "23º Festival Inverno Cultural da Universidade Federal de São João del-Rei" (2010),[24][25][22] "Bienal, My Ass.: Xiclet" ou "Bienal da Retaguarda" (2010),[26][22] "10 anos sem vitória: o fracasso nunca me subiu à cabeça" (2011),[27][28][29][22] "Em terra de cego quem é semiótico é rei" (2013),[30][22] "Como falar com pessoas que existem" (2014),[22] "Coletiva Mami" (2015)[22] e "Casa da Xiclet: 15 anos de provocação e arte" (2016).[31][22]

= Projeto Lavadeiras =[editar | editar código-fonte]

É um projeto de composição musical, de autoria de Gedley Braga em parceria com Lina de Albuquerque. Concebido como um projeto de criação de canções eletrônicas, de letras e sonoridades "simples", segundo os autores, o Projeto Lavadeiras conta com os vocais de Helena Cutter, Misty do Brasil e David Pasqua. Inicialmente, as músicas eram disponibilizadas na Internet, pela plataforma MySpace, para quem se interessasse em gravá-las. O álbum físico foi lançado apenas no início de 2017, dez anos depois do início da parceria.[32][33] "Os temas se aproximam de um universo cotidiano, falam de amores, saudades, segredos, desassossego, da vida e da própria 'Música sem fim', não por acaso título de uma das canções"[34]

Em entrevista para Dery Nascimento,[35] Gedley Braga diz que

“Na verdade, quando eu e Lina começamos esse projeto no ‘MySpace’, queríamos que as músicas fossem gravadas por outros artistas, pois nenhum de nós dois é ‘músico’. Depois pensamos na produção de um CD, mas veio a crise, ninguém compra mais CD. De qualquer forma, eu tenho mais familiaridade com a eletrônica por ter estudado muito piano e ser apaixonado desde a adolescência por sintetizadores e coisas do gênero. E a ‘eletrônica’ nos permitiu reduzir os custos de estúdio também. Realmente o espírito do trabalho era deixar as canções sobressaírem...”[35]

A capa do Projeto Lavadeiras faz uma homenagem ao pintor Henrique Bernardelli (1858-1936), com a foto de uma obra de 1925, uma lavadeira em um quintal, fotografada por Gedley Braga.[32][36][37][38]

= Produção recente =[editar | editar código-fonte]

Desde 2009 reside na cidade de São João del-Rei.

"Limbo" (2015)[39][40][41],[42][43][44] sua última exposição individual, aconteceu no Museu Regional de São João del-Rei, espaço coordenado pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM). A exposição apresentou alguns desenhos, seu retorno à pintura com a série de "Aquarelas Semióticas", o projeto de fotografias selfies "P: A.S.S [Project: Authentic Semiotic Self"] e a outra série fotográfica "Lonely is an eyesore"[45], sendo que as duas últimas séries foram realizadas em um período na Itália de incursão na produção do Renascimento, "em uma busca frustrada de [seu próprio] renascimento".[41] Segundo o artista, "limbo apresenta uma interpretação visual cujo fio metafórico conceitual é tecido por uma improvável narrativa de uma vida no underworld constituída por um "sistema límbico"."[39]

É nessa fase que surge também outro trabalho do artista de natureza colecionista. O Projeto del Rei consiste em coletar, colecionar, documentar e disseminar artistas brasileiros do século XIX e XX, assim como sua produção relacionada.[46] Estão representadas no projeto obras de artistas como Almeida Júnior, os irmãos Arthur e João Timotheo da Costa, Belmiro de Almeida, Décio Villares, Henrique e Rodolfo Bernardelli, Oscar Pereira da Silva, Pedro Américo, entre outros.

Referências

  1. a b c d e f «Catálogo das Artes - Detalhar Biografia do Artista - Gedley Braga - Gedley Belchior Braga (1967)». www.catalogodasartes.com.br. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  2. a b c Cultural, Enciclopédia Itaú. «Gedley Belchior Braga - Enciclopédia Itaú Cultural» 
  3. «Gedley Belchior Braga (gedleybraga) on Myspace». Myspace. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  4. «Gedley Belchior Braga». SoundCloud. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  5. «UFSJ | Universidade Federal de São João del-Rei». www.ufsj.edu.br. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  6. a b Braga, Gedley. «Banda divulga CD 14 anos após sua gravação». Overmundo. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  7. «mis - museu da imagem e do som». www.mis-sp.org.br. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  8. BRAGA, Gedley. A tese na (da) caixa preta. 2008. Tese (Doutorado em Comunicação) – Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008.
  9. Braga, Gedley (13 de março de 2008). «Banco de teses da USP». A tese na [da] caixa preta. Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  10. a b c Martí, Silas. «Folha de S.Paulo - Artista apresenta sua obra póstuma em vida - 11/02/2008». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  11. a b «:: GEDLEY BRAGA expõe no Gabinete de Arte Raquel Arnaud a partir de 9 de fevereiro ::». www.overmundo.com.br. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  12. a b «Artista cria "Obra Póstuma" em vida - BOL Notícias». noticias.bol.uol.com.br. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  13. a b «OBRA PÓSTUMA: GEDLEY BRAGA | até 01 de março». AgendaCult. 19 de fevereiro de 2008. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  14. MOLINA, Camila. As entranhas do sistema de arte em “Love & Hate”. O Estado de São Paulo, Caderno 2, edição de 2 de fevereiro de 2005.
  15. «Procedente » MAP: Novas Aquisições - Museu de Arte da Pampulha | BH Faz Cultura - Agenda Cultural da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte». www.bhfazcultura.pbh.gov.br. Consultado em 21 de novembro de 2016 
  16. Drummond, Marconi (2008). Catálogo da Mostra Procedente: Novas aquisições do Museu de Arte da Pampulha (PDF). Belo Horizonte: [s.n.] 5 páginas. Consultado em 21 de novembro de 2016 
  17. «Os sem-galeria». Casa da Xiclet. 12 de fevereiro de 2012 
  18. MEDEIROS, Jotabê. Os sem-galeria. O Estado de São Paulo, Caderno 2 e Manchete da primeira página, edição de 4 de maio de 2006.
  19. «Vai Xiclet aí, tio? - Trip». Trip 
  20. «"Quero ser amigo da Lisette" | Clube de Criação». Clube de Criação de São Paulo. 16 de agosto de 2005 
  21. «Folha de S.Paulo - Artes plásticas: Quero Ser Amigo da Lisette" exibe obras de 23 artistas jovens - 16/08/2005». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  22. a b c d e f g h i j k «Casa da Xiclet - Todas as exposições». Casa da Xiclet. 22 de julho de 2015 
  23. «Canal contemporâneo | Salões & Prêmios | Feliz Aniversario Nelson Leirner». www.canalcontemporaneo.art.br. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  24. «Arte contemporânea e democrática | JF Clipping». www.jfclipping.com. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  25. «Inverno Cultural desperta todos os sentidos neste fim de semana». UFSJ | Universidade Federal de São João del-Rei. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  26. «jornal rETAGUARDA #3». Casa da Xiclet. 18 de dezembro de 2012 
  27. Sztutman, André. «Autenticidade da Rebeldia». textos, ensaios e críticas. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  28. «Casa Xiclet celebrates 10 years in a big party. Don't miss it!». www.insidesaopaulo.com. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  29. «Casa da Xiclet comemora 10 anos com grande festa - MISTURA URBANA». MISTURA URBANA. 6 de setembro de 2011 
  30. «Agenda | Arte Store». Artehall 
  31. «Casa da Xiclet comemora 15 anos com festa e banquete paraense». O Beijo. 7 de outubro de 2016 
  32. a b «Portal Agora - Lavadeiras - Sonia Terra». Sonia Terra 
  33. «Eu recomendo: Projeto Lavadeiras - Gedley Braga, Lina de Albuquerque». tratore.com.br. Consultado em 28 de abril de 2017 
  34. «Gedley Belchior Braga e Lina de Albuquerque lançam o projeto de composição musical Lavadeiras». vivamaringa.odiario.com 
  35. a b Nascimento, Dery (7 de junho de 2017). «Eletrônico, simples e poético» (PDF). Metrô News. Consultado em 7 de junho de 2017 
  36. «Gedley Belchior Braga e Lina de Albuquerque lançam o projeto de composição musical Lavadeiras». Terra 
  37. «Gedley Belchior Braga e Lina de Albuquerque lançam o projeto de composição musical Lavadeiras». DINO - Divulgador Online (em inglês) 
  38. «O projeto Lavadeiras de Gedley e Lina» 
  39. a b «Gedley Belchior Braga - Limbo. Catálogo da exposição / Exhibition Catalogue». issuu 
  40. «Museu Regional de São João del-Rei tem nova exposição temporária – Sete Artes, por Chandra Santos». portalseteartes.chandrasantos.com.br. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  41. a b «Do self ao limbo». UFSJ | Universidade Federal de São João del-Rei. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  42. «Divinopolitano Gedley Braga expõe "Limbo" no museu de São João del-Rei». www.divicity.com. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  43. «Aquarelas, desenhos e selfies são tema de exposição no Museu Regional de São João del-Rei» 
  44. «São João del Rei Transparente - Evento - Exposição "Limbo" de Gedley Belchior Braga . De 25/11 a 31/01 . Museu Regional». saojoaodelreitransparente.com.br. Consultado em 20 de novembro de 2016 
  45. «Lonely Is an Eyesore». Wikipedia (em inglês). 1 de junho de 2016 
  46. «Category:Projeto del Rei - Wikimedia Commons». commons.wikimedia.org. Consultado em 21 de novembro de 2016 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Referências gerais[editar | editar código-fonte]