Grande Mancha Vermelha

A Grande Mancha Vermelha é um enorme anticiclone da atmosfera de Júpiter localizado na latitude 22°S.[1] De forma oval e coloração em tons de vermelho, é uma das características mais distintivas do planeta e corresponde a uma tempestade de grandes dimensões e com carácter mais ou menos permanente.
É a maior tempestade existente no Sistema Solar.[2] Seu tamanho já foi grande o suficiente (de leste-oeste) para abranger mais de duas vezes o diâmetro da Terra.[3] Com o passar do tempo, no entanto, seu tamanho sofreu uma redução e em 2014 imagens captadas pelo Telescópio Espacial Hubble mostraram que em sua largura (pouco menos de 16 100 quilômetros de diâmetro) só poderia caber uma vez o tamanho da Terra.[4]
Características[editar | editar código-fonte]
Esta região anticiclónica (sistema de altas pressões) encontra-se no hemisfério sul do planeta a 22º do equador e parece ser de carácter permanente. Experiências laboratoriais parecem relacionar a sua cor vermelha com a existência de moléculas orgânicas complexas ou com a presença de fósforo vermelho aspirado pelas correntes de gás em movimento na atmosfera. A tempestade em si é mais fria que as áreas circundantes e bastante complexa, em constante rotação, com ventos no seu interior que atingem os 600 km/h e penetra cerca de 300 quilômetros em Júpiter. As maiores tempestades terrestres - furacões - têm cerca de 15 quilômetros de altura.[5]
Perto do centro, no entanto, o movimento é menor e o sentido das correntes estima-se aleatório. Uma vez que a mancha absorve alterações atmosféricas menores é possível encontrar cadeias de outras tempestades no seu interior. A sua rotação no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio (impulsionada pelo calor interno de Júpiter) completa-se após aproximadamente seis dias terrestres.
Dimensões[editar | editar código-fonte]
Vista em plano bidimensional a mancha estende-se por um comprimento de aproximadamente 25 000 km e tem uma “altura” de sensivelmente 12 000 km (1979).[6] O topo da tempestade (cristas das nuvens) distanciam-se em altura aproximadamente 8 km das nuvens circundantes. Já há bastante tempo vêm sendo observadas outras manchas de tempestades de menores dimensões mas de características similares, não só em Júpiter como também em Saturno e Neptuno.
Júpiter apresenta ainda as chamadas ovais brancas (nuvens frias na atmosfera superior) e as ovais castanhas (nuvens mais quentes na camada “normal” de nuvens).
Metamorfose[editar | editar código-fonte]
Terá sido pela primeira vez observada por Cassini ou pelo cientista Robert Hook por volta de 1665, mas nada anula a possibilidade de já ter sido avistada anteriormente (é possível vê-la através de um telescópio terrestre). Sabe-se que no final do século XIX, por volta de 1880, a mancha tinha o dobro do tamanho atual, cerca de 40 000 km de comprimento (onde caberiam um planeta Terra) e desde então tem-se verificado uma diminuição longitudinal. Este facto é provado pelas comparações efectuadas por diversas sondas enviadas pela NASA (Voyager 1, Voyager 2, Galileu - NASA e Cassini – ESA/NASA) em comunhão com diversos registos históricos.
Assim, em 1979, e embora a “altura” da forma oval se tenha mantido relativamente constante, as primeira e segunda Voyager registaram a contracção da mancha para os 25 000 km de comprimento. Sabe-se que esta contracção longitudinal é de cerca de 0,19 graus por ano e que por volta de 2040 a forma da mancha se aproximará mais, por isso, a um círculo. Por outro lado, as correntes intensas (ventos) que seguem em sentidos opostos, a norte e a sul da mancha, forçarão a que a forma se mantenha mais ou menos oval.
Explicação para esta contracção é ainda desconhecida, mas assume-se a possibilidade de um comportamento cíclico determinado em décadas, visto que o planeta em si também aumenta esporadicamente a sua actividade e consequentemente faz irromper tempestades periódicas. Também a intensidade da cor varia, o que poderá ter a ver com a velocidade dos ventos que circundam a mancha.
Longevidade[editar | editar código-fonte]
As manchas de tempestades no planeta podem durar de horas a séculos. A longa vida da grande mancha vermelha é também difícil de fundamentar. Sendo que o planeta Júpiter é gasoso, ou seja, possui uma camada sólida muito profunda numa atmosfera muito espessa, faz com que a tempestade não encontre uma superfície na qual seja possível dissipar a sua energia. Esta é uma possível explicação para a sua longevidade, para a qual ainda não é possível prever um fim. Informações obtidas da sonda Juno recentemente indicam que a tempestade poderá desaparecer nos próximos vinte anos.[7] A tempestade diminuiu até 17 graus desde os anos 1800, quando ela poderia ter alcançado 5 600 km ou quatro vezes o diâmetro da Terra. Atualmente, ela é cerca de 1,3 vezes o tamanho da Terra.[8]
Referências
- ↑ «Great Red Spot» (em inglês). Encyclopædia Britannica. Consultado em 14 de novembro de 2013
- ↑ «Astrônomos desvendam segredos da Grande Mancha Vermelha de Júpiter». Inovação Tecnológica. 19 de março de 2010. Consultado em 14 de novembro de 2013
- ↑ Calvin J., Hamilton. «Júpiter - La Gran Mancha Roja» (em espanhol). Vistas do Sistema Solar. Consultado em 14 de novembro de 2013
- ↑ «Grande Mancha Vermelha de Júpiter encolhe para seu menor tamanho em todos os tempos» (em inglês). Space. Consultado em 15 de maio de 2014
- ↑ Jupiter’s Great Red Spot goes deep—really deep publicado pela Revista Science (2017)
- ↑ Beatty, J. Kelly (25 de junho de 2004). «Jupiter's Shrinking Red Spot». New Track Media (em inglês). Sky & Telescope. Consultado em 14 de novembro de 2013
- ↑ «Grande Mancha Vermelha de Júpiter pode desaparecer em duas décadas - Espaço». Canaltech. 20 de fevereiro de 2018
- ↑ Jupiter’s great red spot could completely disappear throughout the next 20 years It is running out of steam por Pranjal Mehar (2019)
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- (em inglês) Nasa Photojournal