Saltar para o conteúdo

Guerra Luso-Leonesa (1162-1165)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Guerra Luso-Leonesa (1162-1165)
Data 1162-1165
Local Leão, Galiza
Desfecho Tratado de Pontevedra
  • Portugal anexa os territórios galegos de Toronho e Limia
Beligerantes
Reino de Portugal
Coroa de Leão
Comandantes
Afonso Henriques Fernando II de Leão

A Guerra Luso-Leonesa 1162-1165 foi um conflito entre Portugal e o Reino de Leão. Deveu-se a disputas entre D. Afonso Henriques e o rei Fernando II de Leão, que interferia na política externa portuguesa.

Depois da morte do Imperador Afonso VII de Leão em 1157, os seus domínios foram divididos entre os seus filhos Sancho III, que ficou com Castela e Fernando II, a quem coube Leão. Mediante o Convénio de Sahagún, os dois irmãos concordaram em dividir Portugal entre si caso a oportunidade surgisse mas, falecido Sancho III pouco depois, Afonso Henriques declarou guerra a Leão em 1158.

Durante as hostilidades o rei português assinou uma aliança com Aragão. A sua filha, D. Mafalda desposaria o herdeiro de Aragão D. Afonso, filho da rainha Petronila de Aragão e do conde Raimundo Berengário IV de Barcelona, que propusera o pacto. Depois disto, foi selada a paz com Leão, em finais de 1160.

A fundação de Cidade Rodrigo por D. Fernando II, em 1161, causou distúrbios na região e, na vizinha Salamanca estala a revolta dos seus cavaleiros-vilãos. Juntaram-se a eles os cavaleiros castelhanos de Ávila e os cavalerios leoneses de Zamora mas foram, porém, todos destroçados na Batalha de Valmuza, perto de Salvatierra de Tormes.[1][2]

No Verão de 1162 faleceu o conde de Barcelona.[1] D. Fernando II conseguiu então que a rainha Petronilha anulasse o acordo de casamento entre o seu filho e a filha de D. Afonso Henriques.[1]

Decorrer das hostilidades

[editar | editar código-fonte]

Afonso Henriques tomou posse da região de Limia, na Galiza, em 1162.[3] Em Dezembro deste ano, o rei forneceu armas a todos os moradores, cavaleiros e peões de Mós, vila junto à fronteira com Leão à qual outorgou foral, para que pudessem defender o seu castelo.[4]

Em Castela prosseguiam as lutas internas entre os Laras e Castros pelo domínio sobre o seu jovem rei, disputas em que o rei de Leão se envolvia.[1] Não conformados com a sua derrota, em Janeiro de 1163 os cavaleiros de Salamanca reacenderam a revolta e pediram ajuda a D. Afonso Henriques.[1] Recebido o pedido de auxílio dos salamantinos, D. Afonso Henriques avançou em Leão no mesmo mês e tomou posse da cidade.[1]

No Verão seguinte, o rei leonês derrota os portugueses na Batalha dos Campos de Arganara e obriga-os a retirarem-se Leão.[1] Regressado a Portugal, D. Afonso Henriques concedeu forais a Trancoso, Marialva, Aguiar da Beira, Celorico da Beira, e Moreira do Rei. A sua derrota em Leão levou-o a focar-se mais na segurança da sua fronteira oriental, que dependia mais da vinculação de gente e de cavaleiros àquela terra do que da sorte das armas no campo de batalha.[1]

Expulso de Leão, na Primavera de 1165 o rei português marchou novamente sobre a Galiza, ocupou Toronho e conquistou o Castelo de Cedofeita, perto de Pontevedra.[1][3] De Cedofeita, dirigiu ataques contra Pontevedra, Riba d'Ávia e Ourense.[1]

O rei D. Fernando II encontrou-se novamente com Afonso Henriques, em Pontevedra, em Maio de 1165 e assinaram a paz.[1]

Consequências

[editar | editar código-fonte]

Em troca de paz, Fernando II comprometia-se a casar com a infanta D. Urraca, filha de Afonso Henriques, apesar do impedimento canónico que tornava o casamento proibido pela Igreja, pois tinham o mesmo bisavô.[1] Deste casamento nasceu o futuro rei Afonso IX de Leão.[1]

Os territórios fronteiriços de Limia e Toronho foram anexados a Portugal mas não ficariam na posse de D. Afonso Henriques durante muito tempo.[1] Tal como a paz anterior, esta não duraria muito tempo e seriam renovadas as hostilidades entre Portugal e Leão apenas dois anos mais tarde.

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n José Mattoso: D. Afonso Henriques, Círculo de Leitores, 2006, p. 211-213.
  2. Carlos Filipe Afonso: A Mobilização Concelhia na Região de Ribacoa Entre os Séculos XII e XIII in Revista Portuguesa de História Militar, Ano II, n.º 2, ISSN 2795-4323, 2022, p. 46.
  3. a b Isabel Beceiro Pita: La espiritualidad y la configuración de los reinos ibéricos (Siglos XII-XV), Dykinson, 2018, p. 120.
  4. Afonso, 2022, p. 52.