Henry Sobel

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Henry Sobel

Henry Isaac Sobel[1] (Lisboa, 9 de janeiro de 1944) é um rabino norte-americano radicado há mais de 40 anos no Brasil, onde foi presidente do Rabinato da Congregação Israelita Paulista (CIP) até outubro de 2007, quando se afastou formalmente.

Vida no Brasil

Nascido em Lisboa, ainda na primeira infância sua família estabeleceu-se em Nova Iorque, onde se formou rabino em 1970. No mesmo ano, Sobel recebe e aceita o convite para ser rabino na CIP e se radica no Brasil. Teve ao seu lado, na Congregação, os rabinos Marcelo Rittner e Yehuda Busquila.

Sobel foi um corajoso defensor dos direitos humanos no Brasil, durante a ditadura militar. Em 1975, na fase mais repressiva do regime, Sobel recusou-se a enterrar o jornalista Wladimir Herzog na ala dos suicidas do cemitério israelita, por rejeitar a versão oficial acerca das circunstâncias da morte do jornalista. De fato, Herzog havia sido torturado até a morte no Doi-Codi, nas dependências do quartel-general do II Exército.[2]

Enquanto liderou a Congregação Israelita Paulista, Sobel foi um notável porta-voz da comunidade judaica no Brasil e estabeleceu uma ponte entre as religiões cristãs e o judaísmo, participando de inúmeros cultos e eventos ecumênicos. Sua atuação levou-o a ser considerado uma das maiores lideranças religiosas do país.

Apesar de ter morado no Brasil por mais mais de três décadas, Sobel preserva um característico sotaque tipicamente norte-americano, sendo, por esse motivo, objeto de paródias de humoristas.

Projeto "Brasil: Nunca Mais"

Junto ao arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, e ao pastor presbiteriano Jaime Wright, participou de maneira destacada no projeto secreto de reunir toda a documentação da ditadura militar brasileira, que resultou na publicação, em 1985, do livro "Brasil: Nunca Mais" – um marco na história dos direitos humanos no país. O livro expõe a tortura e os torturadores com base em farta documentação.

Prisão nos Estados Unidos

Sobel foi detido na cidade de Palm Beach, nos Estados Unidos, acusado de furtar gravatas de uma loja da rede Louis Vuitton. Ele foi preso em 23 de março de 2007 e, após passar uma noite sob custódia, pagou fiança de 3.680 dólares e foi liberado. De acordo com o boletim de ocorrência, Sobel foi flagrado por câmeras de segurança da loja cometendo o crime. Em seu carro, a polícia encontrou outras quatro gravatas, das marcas Louis Vuitton, Giorgio's, Gucci e Giorgio Armani. As cinco gravatas juntas tinham o valor estimado de 680 dólares.[3][4][5]

Henry Sobel negou ter a intenção de praticar furtos, e fez um apelo para que não sejam desqualificados seus "valores morais".[6] Ao chegar ao Brasil, ele foi internado, devido a "transtorno de humor", no Hospital Albert Einstein.[7] Em entrevista coletiva na sala de imprensa do hospital, o rabino pediu "desculpas a todos pelo transtorno", admitiu ter cometido o delito, e revelou fazer uso de medicamentos psiquiátricos por conta própria.[8] Ele pediu afastamento temporário da Congregação Israelita Paulista (CIP) no primeiro semestre. Em outubro, deixou definitivamente de ser presidente do Rabinato, para se tornar rabino emérito, desligando-se da maior parte de suas tarefas como rabino na Congregação Israelita Paulista.[9]

Autobiografia

Em março de 2008, Henry Sobel lançou uma auto-biografia com o título Um Homem, Um Rabino, onde retrata passagens de sua vida, incluindo o furto das gravatas. O livro tem prefácio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.[10]

Família

Henry Sobel é divorciado e tem uma filha, Alisha Sobel, nascida em 1983, em São Paulo.

Referências

  1. Solidariedade ao Rabino Henry Sobel. Paz agora, 30 de março de 2007.
  2. Jornalista morreu sob tortura em outubro de 1975. Folha de S.Paulo, 19 de outubro de 2004.
  3. Portal G1
  4. estadao.com.br
  5. Reuters Brasil
  6. Folha Online
  7. Portal G1
  8. Portal G1
  9. Reuters Brasil
  10. SOBEL, Henry (2008). Um homem. Um rabino. Rio de Janeiro: EdiOuro. 336 páginas. ISBN 8500022361 
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