Homicído de Nagore Laffage
O homicídio de Nagore Laffage foi a morte violenta de uma jovem de Irún pelas mãos de Diego Yllanes durante os Sanfermines, que causou grande cobertura mediática e intensa reação social.
Factos
[editar | editar código-fonte]Nagore Laffage nasceu em Irún em 1988. Estudou enfermagem em Pamplona, onde conheceu José Diego Yllanes Vizcay, um médico de 27 anos que fazia o MIR em psiquiatria na Clínica Universitária de Pamplona (Universidade de Navarra).[1] Eles se viram na noite do 7 de julho de 2008, durante as festividades de São Firmino. Após conversarem, Nagore despediu-se dos amigos e acompanhou José Diego até sua casa. Lá tentou estuprá-la e quando ela resistiu, ele espancou-a brutalmente. A autópsia revelou que o corpo apresentava 36 golpes, mandíbula quebrada e crânio fraturado; Nagore acabou sendo estrangulada até a morte.[2] O autor confesso do homicídio telefonou para um amigo no dia 8 de julho, pedindo ajuda para se livrar do cadáver, que tentou desmembrar. Foi essa mesma pessoa que levou os fatos ao conhecimento da Polícia.[3] Yllanes recolheu seus pertences, limpou o apartamento e deixou o corpo em Orondritz, a 45 minutos do local do crime.[4]
Julgamento
[editar | editar código-fonte]O júri popular considerou provada a culpa mas não a categoria de homicídio (6 membros consideraram assassínio e 3 homicídio, mas eram necessários 7). Ele foi condenado a doze anos e meio de prisão.[5] Em 3 de julho de 2017, pouco antes do nono aniversário da morte de Nagore, Yllanes conseguiu que lhe fosse concedido o terceiro grau de prisão, voltando apenas à prisão para dormir. Atua como psiquiatra em centro privado e a partir de 2020 pode atuar na saúde pública.[6] [7]
Em março de 2024, o Tribunal Nacional rejeitou o recurso apresentado por José Diego Yllanes Vizcay, no qual invocava o seu direito ao esquecimento e solicitava ao Google que retirasse as notícias relacionadas com os factos pelos quais foi condenado. A Câmara considera que a liberdade de expressão e de informação tem precedência sobre o direito ao esquecimento. [8] [9]
Impacto social
[editar | editar código-fonte]O assassinato de Nagore e o papel público de sua mãe Asun Casasola fortaleceram a consciência social de tolerância zero, não só com crimes, mas também contra qualquer violência sexista.[10] Nagore Laffage tornou-se um símbolo desta luta e denúncia social, também no que diz respeito à justiça espanhola.[11] Em 2011, Helena Taberna dirigiu um documentário sobre o caso, intitulado Nagore, com a participação de Asun Casasola, que é o fio condutor da história. Esta produção foi indicada a 5 Prêmios Goya.[12]
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ O exame MIR (Médico Interno Residente) é uma prova na Espanha para selecionar médicos recém-formados que desejam fazer residência médica.
- ↑ «"En sanfermines de 2008 intentaron violar a mi hija y ella se resistió... Acabó asesinada"» (em espanhol). 3 de Dezembro de 2017. Consultado em 13 de Janeiro de 2020
- ↑ País, Ediciones El (13 de Julho de 2008). «"He hecho algo muy malo. Tengo a una chica muerta"». El País (em espanhol). ISSN 1134-6582. Consultado em 13 de Janeiro de 2020
- ↑ ««No pasa un día sin que me acuerde de Nagore»» (em espanhol). 7 de Julho de 2018. Consultado em 13 de Janeiro de 2020
- ↑ «Sentencia Nagore Laffage: Yllanes, 12 años de cárcel por homicidio». EITB (em espanhol). Consultado em 7 de julho de 2024
- ↑ «El asesino de Nagore Laffage en los sanfermines de 2008 ya está en libertad condicional». La Vanguardia (em espanhol). 23 de março de 2018. Consultado em 7 de julho de 2024
- ↑ EFE, Arantza Alegría,Agencia (7 de julho de 2018). «Asun Casasola: "Hoy es un día duro y lo paso muy mal"». cadena SER (em basco). Consultado em 7 de julho de 2024
- ↑ Conde, Enrique (20 de março de 2024). «La AN rechaza que Yllanes tenga derecho a que se borren las noticias por haber matado a Nagore Laffage en los Sanfermines de 2008» (em espanhol). Consultado em 20 de março de 2024
- ↑ Otazu, Amaia (20 de março de 2024). «La Audiencia Nacional niega el derecho al olvido al hombre que mató a Nagore Laffage en los Sanfermines de 2008» (em espanhol). Consultado em 7 de julho de 2024
- ↑ «Asun Casasola e Irún recuerdan a Nagore Laffage en el décimo aniversario de su asesinato». Diario ABC (em espanhol). 8 de julho de 2018. Consultado em 7 de julho de 2024
- ↑ «La madre de Nagore carga contra la Justicia: «Tenía derecho a saber que el asesino de mi hija está en la calle»». Diario ABC (em espanhol). 23 de março de 2018. Consultado em 7 de julho de 2024
- ↑ «Nagore » Premios Goya 2024». www.premiosgoya.com. Consultado em 7 de julho de 2024