Hyssopus officinalis
Hyssopus officinalis | |||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||
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O hissopo (Hyssopus officinalis) é uma planta herbácea nativa de Europa meridional, e o Médio Oriente e a costa do mar Cáspio. Utiliza-se como erva aromática e como medicinal por suas propriedades como antitusivo, expectorante e antiséptico.
Características[editar | editar código-fonte]
O hissopo é um arbusto ou subarbusto vivaz, de uns 30 a 60 cm de altura. O talo lignifica na base, de onde bestradam numerosas ramificações muito rectas, velosas no extremo distal. As folhas são opostas, inteiras, linear a lanceoladas, séssiles ou mal pecípolos, glandulosas, às vezes pubescentes por ambas faces, de cor verde escuro e uns 2 a 2,5 cm de comprido.
No verão produz inflorescências em forma de densas espigas terminais de flores rosadas, azuis ou mais raramente brancas, muito fragantes; dão lugar a um fruto em forma de aquênio oblongo.
História e cultivo[editar | editar código-fonte]
A planta considera-se em uso desde a Antiguidade pre-clássica; o seu nome no Occidente é uma adaptação directa do grego υσσοπος, tomado a sua vez do hebraico esob. O hisopo já aparece nomeado como erva aromática no Tanakh hebraico, e no Evangelho segundo João é a planta na que os legionários que custodiam a cruz de Jesus de Nazaré ensartam a esponja embebida em vinagre que lhe dão de beber.[1]
É uma espécie rústica, que resiste bem as secas e tolera solos tanto argilo-arenosos, como francos e calcáreuos, sempre que conte com boa drenagem. Requer muito sol e clima quente.
Pode reproduzir-se por semente entre meados de outono e começos de primavera, plantando-se primeiro em almácigos e depois transplantando a uns 70 x 60 cm de distância entre plantas, por simples divisão de matos já existentes, ou por estacas; para isto último se separam ramos já lignificadas e com várias gomos pouco antes da floração, se plantando em canteiros bem abonados e húmidos até que produzam raízes. Uma vez desenvolvidas as gemas exteriores podem transplantar a sua localização definitiva.
Colheita[editar | editar código-fonte]
Conquanto toda a planta é intensamente aromática, se colheita preferencialmente em temporada de floração para aproveitar as florescências flóridas; em condições óptimas pode obter-se uma colheita a fins de primavera e outra a inícios do outono.
Uma vez cortados os talos colocam-se a desecar em suspensão ou em capas delgadas sobre material que permita a drenagem, em lugar fresco, seco e bem ventilado, dando voltas ao material várias vezes; é preferível evitar o sol directo para evitar a decoloração e a oxidação dos componentes. Já secas, ao cabo de uns seis dias, se desfolham ou trocem com o talo incluído. O material seco eleva-se a um terço aproximadamente do peso do fresca. Para o seu armazenamento guarda-se em contêiners estancos, podendo guardar-se até 18 meses.
A planta fresca é apreciada sem desecar em gastronomia. Pode também se obter uma essência por destilação da planta fresca ao vapor.
Usos[editar | editar código-fonte]
A planta utiliza-se como melífera em apicultura, produzindo uma excelente mel rica em aroma.
É o ingrediente básico do za'atar no Levante.
As folhas usam-se como condimento aromático; têm um sabor ligeiramente amargo pelos taninos que contêm e um intenso aroma mentolado. Usam-se com moderación pela sua intensidade. Empregam-se também em licores, e são parte da fórmula do Chartreuse.
Como planta medicinal possui propriedades balsámicas, expectorantes e antitusivas graças ao seu conteúdo em marrubina. Contém também tuiona e fenóis], de propriedades antisépticas, ainda que a alta concentração da primeira e seu conteúdo na cetona pinhocanfeno —estimulante do sistema nervoso central— pode provocar reacções epileptizantes em doses elevadas. Usou-se como colírio e colutório.
Tem efeito estimulante da digestão.
Composição[editar | editar código-fonte]
A dose de óleo essencial na planta fresca é de 3 a 9 ‰. Os principais componentes deste são o cineol, o ß-pineno e vários monoterpenos bicíclicos, sobretudo L-pinocanfeno, isopinocanfeno e pinocarvona.
Contém também diosmina,[2] um flavonoide, vários fenolé (ácido cafeico, rosmarínico) e vários ácidos triterpenoides (ursólico e ácido oleanólico), bem como colina.
Taxonomia[editar | editar código-fonte]
Hyssopus officinalis foi descrita por Carlos Linneo e publicado em Species Plantarum 2: 569. 1753.[3]
- Variedades e Sinonímia
- Thymus hyssopus E.h.l.krause in J.sturm, Deutschl. Fl., ed. 2, 11: 172 (1903).
subsp. aristatus (Godr.) Nyman, Consp. Fl. Eur.: 587 (1881). Do oeste e centro do Mediterrâneo.
- Hyssopus aristatus Godr., Mém. Acad. Stanislas, III, 3: 106 (1850).
subsp. austro-oranensis Maire, Bull. Soc. Hist. Nat. Afrique N. 7: 273 (1882). do Norte de África.
subsp. canescens (DC.) Nyman, Consp. Fl. Eur.: 587 (1881). Do sudoeste do Mediterrâneo.
- Hyssopus canescens (DC.) Nyman, Consp. Fl. Eur.: 587 (1881), pro syn.
- Hyssopus cinerascens Jord. & Fourr., Brev. Pl. Nov. 2: 92 (1868).
- Hyssopus cinereus Pau, Not. Bot. Fl. Espanha 1: 23 (1888).
subsp. montanus (Jord. & Fourr.) Briq., Lab. Alp. Mar.: 386 (1893). Sur de Europa e da Rússia européia.
- Hyssopus montanus Jord. & Fourr., Brev. Pl. Nov. 2: 90 (1868).
- Hyssopus cretaceus Dubj., Spisok Rast. Gerb. Russk. Fl. Bot. Muz. Imp. Akad. Nauk 5: 51 (1905).
subsp. officinalis. De Europa até Irão.
- Hyssopus altissimus Mill., Gard. Dict. ed. 8: 3 (1768).
- Hyssopus ruber Mill., Gard. Dict. ed. 8: 2 (1768).
- Hyssopus hirsutus Hill, Veg. Syst. 16: 56 (1770).
- Hyssopus myrtifolius Desf., Tabl. École Bot.: 58 (1804).
- Hyssopus angustifolius M.bieb., Fl. Taur.-Caucas. 2: 38 (1808).
- Hyssopus orientalis Adam ex Willd., Enum. Pl.: 599 (1809).
- Hyssopus caucasicus Spreng. ex Steud., Nomencl. Bot. 1: 423 (1821).
- Hyssopus schleicheri G.don ex Loudon, Hort. Brit.: 233 (1830).
- Hyssopus fischeri Steud., Nomencl. Bot., ed. 2, 1: 795 (1840).
- Hyssopus alopecuroides Fisch. ex Benth. in A.p.de Candolle, Prodr. 12: 252 (1848).
- Hyssopus decumbens Jord. & Fourr., Brev. Pl. Nov. 1: 46 (1866).
- Hyssopus beugesiacus Jord. & Fourr., Brev. Pl. Nov. 2: 91 (1868).
- Hyssopus polycladus Jord. & Fourr., Brev. Pl. Nov. 2: 90 (1868).
- Hyssopus pubescens Jord. & Fourr., Brev. Pl. Nov. 2: 91 (1868).
- Hyssopus recticaulis Jord. & Fourr., Brev. Pl. Nov. 2: 90 (1868).
- Hyssopus vulgaris Bubani, Fl. Pyren. 1: 408 (1897).
- Hyssopus judaeorum Sennen, Bol. Soc. Ibér. Ci. Nat. 32: 22 (1933 publ. 1934).
- Hyssopus torresii Sennen, Bol. Soc. Ibér. Ci. Nat. 32: 23 (1933 publ. 1934).
- Hyssopus passionis Sennen & Elias, Bol. Soc. Ibér. Ci. Nat. 32: 21 (1934).[4]
Nome comum[editar | editar código-fonte]
- Portugês: hissopo, hissopo real, hysopo, issopo, issopo hortelã
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Terminologia descritiva das plantas
- Cronologia da botânica
- História da Botânica
- Características das lamiáceas
Referências
- ↑ João 19:29:João
- ↑ Fathiazad, Fatemeh; Hamedeyazdan, Sanaz (novembro de 2011). «A review on Hyssopus officinalis L.: Composition and biological activities» (PDF). African Journal of Pharmacy and Pharmacology. doi:10.5897/AJPP11.527
- ↑ «Hyssopus officinalis». Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. Consultado em 20 de novembro de 2014
- ↑ «Hyssopus officinalis». Royal Botanic Gardens, Kew: World Checklist of Selected Plant Families. Consultado em 12 de abril de 2010
- Pérez Matei, P. (2002). Espécies aromáticas e medicinales (PDF). [S.l.]: Buenos Aires: INTA