Ifrah Ahmed

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Ifrah Ahmed
Ifrah Ahmed
Nascimento 1989
Somália
Cidadania Somália, Irlanda
Ocupação ativista dos direitos humanos
Prêmios
  • People of the Year Awards (2018)

Ifrah Ahmed (Somália) é uma activista social somali - irlandesa. Fundou a organização não governamental United Youth of Ireland que apoia jovens imigrantes na Irlanda e a Fundação Ifrah que tem como objectivo acabar com a Mutilação Genital Feminina. Ganhou o International Person of the Year Award em 2018.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Ifrah Ahmed nasceu em Mogadíscio, na Somália, em 1989. Com oito anos, Ahmed foi submetida à circuncisão forçada realizada por um membro da família que era médico licenciado. [1] Durante a Guerra da Etiópia, Ahmed trocou a Somália pela Irlanda, tinha aos 17 anos. [2] Ela fugiu dos traficantes e obteve o estatuto de refugiada na Irlanda em 2006. [3][4][5][6]

Após a sua chegada, Ahmed passou por um exame médico obrigatório, onde os profissionais de saúde insistiram em fazer um teste de Papa Nicolau. Ahmed que falava pouco inglês na altura, teve de se esforçar para explicar à equipa médica a sua situação, por esta até aquele dia nunca havia sido confrontada com um caso de Mutilação Genital Feminina (MFG). [7] Ahmed ficou chocada ao perceber que a MGF não era uma prática comum na Irlanda, enquanto que era normal na Somália. Isso levou-a a voltar à escola para melhorar a sua educação, a fim de poder falar melhor publicamente sobre a questão da MGF. [7][7]

Nos anos que se seguiram, Ifrah Ahmed tornou-se na primeira mulher a testemunhar publicamente sobre o que é ser submetida a mutilação genital. [8]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Fundação Ifrah e United Youth of Ireland[editar | editar código-fonte]

Ahmed fundou a United Youth of Ireland (2010), uma ONG dá apoio a jovens imigrantes, dando apoio aos seus negócios, actividades artísticas e criativas. [9][4][7][5]

Também fundou a Fundação Ifrah, dedicada à eliminação da mutilação genital feminina (MGF), esta é uma instituição de caridade registada na Irlanda e na Somália. [5] Através da fundação, Ahmed continua a defender a erradicação da MGF no seu país natal. O seu trabalho inclui a produção de conteúdos para os meios de comunicação como forma de consciencializar para o impacto negativo da MGF. Foi em julho de 2018, que Ahmed produziu um pequeno documentário sobre a morte da menina de 10 anos provocada por complicações resultantes da MGF que integrou a Global Media Campaign contra a MGF. [10] A Fundação Ifrah fez parcerias com ONGs internacionais e aliou-se estratégicamente a agências governamentais de maneira a influenciar a legislação. Nos últimos anos tem desenvolvido e apresentado programas na Somália, com vista ao abandono da prática da MGF na Somália. [5]

MGF[editar | editar código-fonte]

Em 2001, o governo irlandês, apresentou um projeto de lei que proibia-a MGF na Irlanda, mas sem que o governo o agisse em conformidade, isto levando Ahmed a tomar uma atitude e a agir. [7] Com a United Youth of Ireland, ela criou um concurso de beleza chamado Ms. Ethnic Ireland, para celebrar a diversidade, alertar para a MGF e abordar os problemas que os imigrantes têm na integração na cultura irlandesa. [11][12] Ahmed recebeu reações negativas de membros da comunidade somali que defendiam a prática, mas ela continuou defender as suas ideias. [3] Obteve o apoio do deputado Joe Costello do Partido Trabalhista irlandês e a MGF foi proibida na Irlanda em 2012. [13][4][14]

Na Somália[editar | editar código-fonte]

Ahmed também lutou contra a MGF no seu país natal. A ex-ministra da Mulher e Direitos Humanos da Somália, reuniu com Ahmed durante uma conferência na União Europeia e pediu-lhe que trabalhasse no Ministério da Mulheres no desenvolvimento de programas de direitos da criança, incluindo a ratificação da mutilação genital feminina. Ela também teve o apoio de Khadijah Mohamed Dirrie, Ministra das Mulheres. [15] Apoiada por estas mulheres e outros ministros importantes do governo, ela conseguiu promover a prevenção da MGF junto das comunidades e dos líderes religiosos. [15]

Ahmed é agora a Coordenadora de Género em nome do governo da Somália e Conselheira de Género do Presidente da Somália desde 2016. [16][15][2] Além disto, é também conselheira de direitos humanos no governo da Somália. Ifrah iniciou uma investigação de dezoito meses sobre a situação da MGF no país e criou a metodologia para o Plano de Ação Nacional para o abandono da MGF na Somália. Com o apoio público do primeiro-ministro, que passou a aprovar uma legislação para acabar com a prática, grupos de ajuda na Somália fizeram parceria com a Fundação Ifrah e o governo para implementar um programa nacional de abandono da MGF. [15]

Nos meios de comunicação[editar | editar código-fonte]

Um filme biográfico sobre Ahmed, intitulado A Girl from Mogadíscio, realizado por Mary McGuckian e protagonizado por Aja Naomi King e Barkhad Abdi, foi filmado entre a Irlanda e Marrocos, estreou no Festival de Cinema de Edimburgo. [17][18][4][19][6]

Foi um processo difícil falar e compartilhar com outros a sua história de vida. Mas Ahmed queria que outras mulheres que sofreram mutilação genital se sentissem menos sozinhas após assistirem ao filme. [19][6]

Ahmed também escreveu um pequeno documentário que conta a história de Deequq, uma menina de dez anos que sangrou até a morte após ser alvo de mutilação genital. Pouco depois a história tornou-se viral, e vários pais começaram a levar as filhas a hospitais depois de terem sido cortadas para evitar o mesmo desfecho. [4] A própria Ahmed ajudou a facilitar o atendimento médico de muitas dessas meninas e conseguiu salvar vinte delas de morrerem de hemorragias. [19] A atenção mundial que este documentário despoletou, levou o Procurador-Geral da Somália a instaurar o primeiro processo de crime por prática e Mutilação Genital Feminina do país. [20][21]

Prémios[editar | editar código-fonte]

Ahmed foi premiada com International Person of the Year at the People of the Year em 2018 pelo seu trabalho contra a Mutilação Genital Femina e apoio às vitimas. [22]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. admin. «Five women are fighting against female genital mutilation» (em inglês). Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  2. a b Cormaic, Ruadhán Mac. «African activists meet in Wicklow to discuss end to FGM». The Irish Times (em inglês). Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  3. a b «Ifrah Ahmed: The Woman Behind the Ifrah Foundation». BORGEN (em inglês). 6 de março de 2020. Consultado em 11 de abril de 2020 
  4. a b c d e Refugees, United Nations High Commissioner for. «Ifrah Ahmed». UNHCR (em inglês). Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  5. a b c d «Ifrah Ahmed / CSO Director for the elimination of Female Genital Mutilation —». www.herstory.ie (em inglês). Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  6. a b c «Leave the girls alone». The Irish World. 21 de janeiro de 2020 
  7. a b c d e Hitching, Hales. «Cry Power Episode 7: FGM Survivor Ifrah Ahmed on How She Changed the Law in Ireland». Global Citizen (em inglês). Consultado em 11 de abril de 2020 
  8. «Home | Ifrah Foundation Acts to End FGM». ifrahfoundation-v2 (em inglês). Consultado em 11 de abril de 2020 
  9. «Ifrah Ahmed, campaigner». Because I am a Girl. Consultado em 24 de abril de 2014. Arquivado do original em 24 de abril de 2014 
  10. «The Media Fight against FGM in Somalia where 98% of girls are cut». Global Media Campaign (em inglês). 30 de julho de 2021. Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  11. «FGM conference and Miss Ethnic Ireland 2010 – Cairde» (em inglês). Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  12. «United Youth Of Ireland | Anna Lindh Foundation». www.annalindhfoundation.org. Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  13. «'A Girl from Mogadishu' an inspiration to us all». The Labour Party (em inglês). Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  14. Barter, Pavel. «Irish-Somali activist Ifrah Ahmed on her FGM mission of hope» (em inglês). ISSN 0140-0460. Consultado em 8 de dezembro de 2021 
  15. a b c d Ahmed, Ifrah (27 de maio de 2016). «Ifrah Ahmed: helping Somalia's government end FGM». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077. Consultado em 11 de abril de 2020 
  16. McTeirnan, Anthea. «Woman who sought asylum in Ireland to advise Somali PM». The Irish Times (em inglês). Consultado em 18 de fevereiro de 2019 
  17. McNary, Dave (25 de outubro de 2017). «'How to Get Away With Murder's' Aja Naomi King to Star in 'A Girl From Mogadishu'». Variety (magazine). Consultado em 2 de março de 2018 
  18. Tartaglione, Nancy (25 de outubro de 2017). «'A Girl From Mogadishu': Aja Naomi King Leads Female Empowerment Story – AFM». Deadline Hollywood. Consultado em 2 de março de 2018 
  19. a b c Ferguson, Donna (7 de julho de 2019). «How Ifrah Ahmed, the girl from Mogadishu, took her FGM story to the world.». The Guardian 
  20. «Parents of 10-Year-Old Girl Who Died After FGM Are 'Hampering' Prosecution, Activists Say». Global Citizen (em inglês). Consultado em 9 de dezembro de 2021 
  21. Foundation, Thomson Reuters. «Somalia announces first prosecution for FGM». news.trust.org. Consultado em 9 de dezembro de 2021 
  22. Freyne, Patrick. «People of the Year awards honour Irish 'ledgebags' of 2018». The Irish Times (em inglês). Consultado em 8 de dezembro de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]