João José da Silva Loureiro

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João José da Silva Loureiro
Deputado do Reino de Portugal
Período 1851 a 1852 e 1865
Dados pessoais
Nascimento ?
Portugal Portugal
Morte ?
Reino de Portugal Portugal
Nacionalidade português
Religião Catolicismo

João José da Silva Loureiro (Ponta Delgada - ?) foi um político português.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filho de João José da Silva Loureiro[1] e de sua mulher Guiomar de Sampaio da Câmara, neto paterno de José da Silva de Loureiro (Loures, Loures, 20 de Junho de 1745 - Ponta Delgada, São Pedro, 26 de Junho de 1820), dos de Loureiro de Viseu, que emigrara para a Ilha de São Miguel por motivos políticos, e de sua mulher Genoveva Flora Joaquina da Cunha, natural daquela Ilha, e neto materno de Manuel Botelho de Sampaio da Câmara e de sua mulher Francisca Rosa do Sacramento.

Matriculou-se no 1.º ano Jurídico, na Faculdade de Leis da Universidade de Coimbra, em 1827, só se bacharelando em Leis em 1835, em virtude da interrupção causada pela Guerra Civil Portuguesa.[1]

Eleito Deputado duas vezes, pela Ilha de São Miguel, para as Legislaturas de 1851-1852, por São Pedro, de que prestou juramento e tomou assento a 17 de Março de 1852, e de 1865, por Ponta Delgada, de que prestou juramento a 11 de Fevereiro de 1865.[1]

Apresentou vários Projectos de Lei: o que propunha a abolição, nas Ilhas de São Miguel e Santa Maria, de todos os Morgados e Capelas, essa "odiosa instituição", principal motivo da concentração da propriedade rústica, e uma das causas da emigração; o que pretendia a isenção das décimas dos prédios urbanos, em virtude da destruição causada pelo Terramoto de 16 de Abril de 1851; o que propunha que os livros escolares aprovados pelo Conselho Superior de Instrução Pública fossem dados gratuitamente aos pobres, e criadas escolas de instrução primária nos lugares onde fossem convenientes; o que defendia a necessidade de se manterem as contribuições que não tinham sido pagas à Câmara Municipal de Vila do Porto, sobre a exportação de cada carro de barro ou argila; o que pedia a concessão à Câmara Municipal de Lagos do Convento e cerca dos "extintos Franciscanos"; o que pedia a extinção da contribuição predial inferior a $500 réis, tanto no Continente como nas Ilhas Adjacentes, pois os gastos na avaliação das referidas contribuições não justificavam o que o Estado recebia, e acabavam por recair sempre sobre os mais desgraçados, chegando a haver execuções fiscais por causa de $020 réis; o que determinava que a cobrança das contribuições predial, industrial e pessoal só fossem efectuadas nos Açores depois de ouvidas as Juntas Gerais dos Distritos; e o que propunha o pagamento de indemnizações às famílias de operários que perdessem a vida ou a viessem a perder nas obras do porto artificial de Ponta Delgada.[1]

Assinou, com a maioria dos colegas, o Projecto de Lei que autorizava o Governo a restituir, ao 1.º Visconde de Samodães e 1.º Conde de Samodães, Francisco de Paula de Azeredo Teixeira de Carvalho, o posto de Capitão Graduado de Cavalaria, de que fora demitido em Novembro de 1851. Apresentou ou subscreveu muitas propostas, entre as quais: a do aumento das verbas a atribuir às obras públicas de Ponta Delgada e de reconstrução da Câmara e cadeia da mesma cidade, destruídas pelo Terramoto de 16 de Abril de 1851; a da alteração ao Acto Adicional para aplicar a abolição da Pena de Morte aos crimes políticos; a da extinção da 10.ª Divisão Militar dos Açores, sugerindo que o dinheiro nela gasto fosse empregue em mais útil causa; e o da existência de barcos armados nos Açores, que obstassem às ilegalidades ali praticadas.[1]

Interveio sobre o Projecto de Lei que reformulava a Alfândega das Sete Casas, que aceitou na generalidade, embora discordando dalguns artigos, como os que oneravam produtos importados dos Açores; sobre a desamortização, chamando a atenção para algumas Santas Casas da Misericórdia, como a de Ponta Delgada, cuja administração era escrupulosa, pedindo, posteriormente, um prazo razoável para a venda dos seus bens, e chamando a atenção para as graves consequências duma forçada conversão em inscrições; e sobre a urgente necessidade de reformar a Lei do Recrutamento.[2]

Participou acesamente na discussão do contrato para a navegação a vapor entre os Portos da África Ocidental, Açores e Madeira, pedindo esclarecimentos ao Ministro das Obras Públicas e sugerindo alterações a algumas condições do contrato, sempre muito apoiado pelo Deputado José Maria Sieuve de Meneses, futuro 1.º Visconde de Sieuve de Meneses e 1.º Conde de Sieuve de Meneses. Apresentou interpelação ao Governo sobre os abusos sofridos por particulares das Ilhas de Santa Maria e São Miguel, acobertados pelo Governo e pela Alfândega. Foi um dos poucos Deputados que votou contra o Projecto de Lei que pretendia que os Decretos da Ditadura fossem considerados Leis, enquanto o Poder Legislativo os não revogasse. Enviou uma Representação da Agricultura Micaelense, pedindo terreno para "jardim", onde fossem cultivadas plantas introduzidas nos Açores, e outra de habitantes de São Miguel, pedindo que aí se conservasse o Tribunal da Relação. Também requereu nota de todas as subscrições recebidas a favor dos habitantes de Cabo Verde, por causa da crise alimentar e sua aplicação, em Fevereiro de 1865. Designado Relator da Comissão de Petições em 1852, subscreveu, nessa qualidade, muitos Pareceres, a maioria dos quais irrelevantes.[3]

Por Decreto de Março de 1864, fora nomeado Vogal Substituto da Câmara Municipal de Ponta Delgada, para o biénio de 1864-1865.[3]

Referências

  1. a b c d e f Maria Filomena Mónica (coordenadora) (2006). Dicionário Biográfico Parlamentar (1834-1910). Lisboa: Assembleia da República (ISBN 972-671-167-3). pp. Vol. II. 564 
  2. Maria Filomena Mónica (coordenadora) (2006). Dicionário Biográfico Parlamentar (1834-1910). Lisboa: Assembleia da República (ISBN 972-671-167-3). pp. Vol. II. 564-5 
  3. a b Maria Filomena Mónica (coordenadora) (2006). Dicionário Biográfico Parlamentar (1834-1910). Lisboa: Assembleia da República (ISBN 972-671-167-3). pp. Vol. II. 565