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José Mascarenhas Pacheco Pereira Coelho de Melo

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José Mascarenhas Pacheco Pereira Coelho de Melo
Nascimento Faro
Cidadania Portugal
Ocupação magistrado, escritor

José Mascarenhas Pacheco Pereira Coelho de Melo (Faro,[1] ? - Portugal, ?) foi um fidalgo, literato e magistrado português, e administrador colonial no Brasil.

Era filho de João Pacheco Pereira de Vasconcelos, fidalgo da Casa Real[2] e nascido em uma das mais ricas famílias do Douro,[3] e de Ana Maurícia Mascarenhas de Melo, também fidalga da Casa Real.[2] Educou-se na Universidade de Coimbra, obtendo o grau de doutor em leis. Foi Conselheiro do Rei, membro das academias reais da Espanha e Portugal[3][4] e juiz desembargador da Casa da Suplicação de Lisboa.[5]

Sendo um oficial da confiança do Marquês de Pombal, participou ativamente na implantação das políticas pombalinas e na cruel repressão da Revolta dos Taberneiros no Porto.[3][5] Em 13 de maio de 1758 foi indicado Conselheiro de Ultramar e designado para a Bahia, chegando a Salvador em 27 de agosto. Viera com a missão de expulsar os jesuítas, criar o Conselho de Guerra e Estado e instalar a Mesa da Consciência e Ordens, até então inexistentes no Brasil.[5]

Capa do manuscrito da cantata em sua homenagem, que traz a dedicatória à sua pessoa

Homem de letras, apesar da pesada censura vigente naquele período, muito dificultando o progresso da educação e da cultura na colônia, com o apoio de Pombal, que buscava atrair a elite brasileira para si, tentou dinamizar o ambiente intelectual da Bahia, fundando em 1759 a Academia dos Renascidos, nos moldes das academias literárias e científicas da Europa, com o objetivo de produzir uma história da América portuguesa, embora sua iniciativa tenha dado frutos efêmeros.[5][6] Foi homenageado pelos acadêmicos com a cantata Heroe, egregio, douto, peregrino, a mais antiga obra vocal profana a sobreviver no Brasil, após recuperar-se de uma doença.[7]

Em novembro do mesmo ano caiu em desgraça. Convidando o capitão da Armada Real Francesa, ancorada no porto da Bahia, para integrar a Academia que recém fundara, foi acusado pelo vice-rei dom Marcos de Noronha de colaborar com os franceses, então em guerra contra Portugal, e de negligenciar sua investida contra os jesuítas. Pombal mandou então "sepultá-lo vivo", sendo encarcerado, junto com toda sua criadagem e livraria, na Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, em Santa Catarina, e depois de 1774 na Fortaleza de São José da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, permanecendo em cativeiro por dezessete anos. Contudo, sua traição nunca ficou provada e após a morte de dom José I e a queda do Marquês de Pombal foi indultado por dona Maria I, regressando então a Portugal.[5][8][9]

Foi conhecido por seu "grande engenho e profunda erudição", conforme relatou Manuel Lopes de Almeida,[2] sendo elogiado por Angelo Amado Melmezi como "um dos grandes engenhos que tem produzido este reino, em matérias de literatura, de compreensão, e de crítica, predicados que o fazem estimar em muitas partes da Europa, e pelos quais muitas academias o buscaram para seu aluno".[10]

Deixou várias obras impressas, entre elas:[1]

  • Glórias de Lysia, Lisboa, 1748
  • Romance na Aclamação, Lisboa, 1750
  • Sentimentos de Lysia, Coimbra, 1751
  • Elogio fúnebre do Marquês de Valença, Coimbra, 1751
  • Oração Acadêmica, Madri, 1754

Em manuscrito, entre outras:[1]

  • História Geográfica de Portugal
  • Notícia exata do Terremoto de 1755
  • Evoluções militares para instruções do mais ignorante soldado
  • Oração latina sobre o método dos estudos da Jurisprudência

Referências

  1. a b c Machado, Diogo Barbosa & Farinham Bento José de Sousa. «Summario da Bibliotheca luzitana». Lisboa: Oficina de Antonio Gomes, 1786, p. 394. Books.google.com.br 
  2. a b c Almeida, Manuel Lopes de. Notícias históricas de Portugal e Brasil, Volume 2. Universidade de Coimbra, 1961, pp. 15-16
  3. a b c Teixeira, Graça Maria. "Do real ao ficcional: O motim de Miguel Franco". In: Todas as Musas, ano 3, número 01, Jul-Dez 2011, pp. 114-115
  4. «José Mascarenhas Pacheco Pereira Coelho de Melo». Fortalezasmultimidia.com.br. Arquivado do original em 24 de setembro de 2015 
  5. a b c d e Pessoti, Bruno Casseb. «Elites Letradas Luso-Brasileiras e o Discurso Histórico na Bahia Setecentista» (PDF). Anais do II Encontro Internacional de História Colonial. Mneme – Revista de Humanidades. UFRN. Caicó (RN), v. 9. n. 24, Set/out. 2008. Cerescaico.ufrn.br. Arquivado do original (PDF) em 4 de fevereiro de 2015 
  6. Silva, Marcela Verônica da; Moraes, Carlos Eduardo Mendes de & Nascimento, Jarbas Vargas. «Formalidade, Representação e Linguagem nas Academias Brasílicas» (PDF). In: Revista Philologus, Ano 16, N° 48. Rio de Janeiro: CiFEFiL, set./dez. 2010, p. 55. Filologia.org.br 
  7. A música colonial do Nordeste em Concertos UFRJ. Escola de Música da UFRJ, 8 de maio de 2012
  8. Pereira, Magnus. "Rede de Mercês e Carreira: o desterro d'Angola de um militar luso-brasileiro". História: Questões & Debates, Curitiba, n. 45, p. 97-127, 2006, pp. 104-105
  9. Gonçalves, Adelto. «Esquecidos e renascidos no Brasil colonial». Storm Magazine, s/d. (em inglês). Storm-magazine.com [ligação inativa]
  10. Melmezi, Angelo Amado. «Relação do exercício militar». Lisboa: Officina de Joseph Filippe, 1757, p. 9. WordPress