Macbeth (filme de 1948)

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Macbeth
Macbeth (filme de 1948)
Cartaz promocional
No Brasil Macbeth
 Estados Unidos
1948 •  p&b •  107 min 
Gênero drama histórico
Direção Orson Welles
Produção Orson Welles
Charles K. Feldman
Richard Wilson
Roteiro Orson Welles
Baseado em William Shakespeare
Elenco Orson Welles
Jeanette Nolan
Dan O'Herlihy
Roddy McDowall
Música Jacques Ibert
Idioma inglês

Macbeth (bra: Macbeth[1]) é um filme estadunidense de 1948 do gênero drama histórico dirigido, protagonizado e adaptado da peça de William Shakespeare por Orson Welles para a Republic Pictures.

Elenco[editar | editar código-fonte]

Sinopse[editar | editar código-fonte]

Macbeth e Banquo voltam a cavalo de uma vitória militar quando se deparam com três misteriosas bruxas no caminho. As estranhas criaturas fazem previsões sobre o futuro da dupla e Macbeth acredita nelas quando a primeira se realiza quase que imediatamente pelo fato do arquiduque de Cawdor ser preso por traição e o ducado ser dado a ele que passa assim a ser o novo arquiduque. Macbeth conta de uma outra previsão, a de que se tornará rei, à Lady Macbeth, e os dois passam a tramar a morte do Rei Duncan. Quando o Rei chega ao castelo de Cawdor para assistir a execução do arquiduque traidor, a esposa de Macbeth prepara uma poção que misturada ao vinho fará os guardas dormirem embriagados. À noite a poção fez efeito e o casal assassina o Rei, colocando a culpa nos servos dele. Macbeth se torna o Rei da Escócia mas é atormentado por outras previsões das bruxas sobre a sua derrota e na tentativa de evitá-las, provoca a loucura dele e da rainha e com isso comete uma série de assassinatos sanguinários.

Produção[editar | editar código-fonte]

Em 1947, Orson Welles queria filmar um drama de Shakespeare e tentou convencer investidores a financiarem uma adaptação de Otelo.[2] Sem conseguir esse objetivo, ele mudou para Macbeth cuja história definia como "uma mistura perfeita de Wuthering Heights e A Noiva de Frankenstein."[3]

Apoiado pelo produtor Charles K. Feldman, Welles conseguiu convencer Herbert Yates, fundador e presidente da Republic Pictures, a fazer o filme. Yates queria trazer mais prestígio para o estúdio que crescera com os filmes de Roy Rogers e outras produções de baixo orçamento. Tentativas anteriores foram o filme de Gustav Machaty chamado Jealousy (1945) e a de Ben Hecht, Spectre of the Rose (1946). A oportunidade de contar com Welles representava para ele um grande salto artístico.[2]

Apesar da intenção, Yates não ofereceu um grande orçamento para Welles. O diretor concordou em filmar Macbeth em três semanas ao custo de 700 000 dólares. Welles se comprometeria ainda a arcar com custos adicionais de seu próprio bolso.[2]

Welles tinha sido chamado para dirigir um espetáculo em 1936 com o título de Voodoo Macbeth, apresentado em Nova Iorque e que contava com um elenco de atores negros e novamente encenado em 1947 em Salt Lake como parte do Centenário de Utah. Ele aproveitou aspectos dessas produções em sua adaptação.[2]

Macbeth foi a quarta adaptação de Hollywood pós-cinema falado de uma peça de Shakespeare: a United Artists lançara The Taming of the Shrew em 1929, a Warner Brothers fez A Midsummer's Night Dream em 1935 e a Metro-Goldwyn-Mayer produziu Romeu e Julieta em 1936. Nenhuma dessas tentativas alcançou êxito nas bilheterias até que Laurence Olivier com Henrique V (produzido na Grã Bretanha em 1944 mas lançado nos Estados Unidos somente em 1946) obtivesse prestígio e sucesso comercial e isso impulsionara o projeto de Welles.[4]

Welles seria Macbeth e pensou em Vivien Leigh para Lady Macbeth mas desistiu quando ela se casou com Laurence Olivier. Outras atrizes cogitadas foram Tallulah Bankhead, Anne Baxter e Mercedes McCambridge até que Jeanette Nolan, uma atriz de rádio sem experiência no cinema ou teatro, fosse a escolhida.[5]

Welles trouxe o ator irlandês Dan O'Herlihy para o seu primeiro papel nos Estados Unidos e incluiu ao elenco o astro-mirim Roddy McDowall. O filho dele, Christopher, interpretou o filho de Macduff e essa foi a única aparição dele num filme.[5]

Adaptação[editar | editar código-fonte]

Ao levar Macbeth para o cinema, Welles fez muitas mudanças no texto de Shakespeare. Ele aumentou a participação das Três Bruxas na história e elas carregam um boneco de barro de Macbeth, usado para simbolizar a ascensão e ruína dele.[6] A frase final também é falada por elas: "Peace, the charm's wound up" (no texto original essa frase está no primeiro ato, durante o primeiro encontro das bruxas com Macbeth).[7]

A maior mudança foi a introdução por Welles de um novo personagem, o Homem Santo. Ele recita a oração de São Miguel. Welles mais tarde explicou a presença dele como (tradução aproximada) "...o ponto principal que era o confronto entre a antiga e a nova religião. Eu via as bruxas como representativas da religião pagã dos druidas, suprimida pelo cristianismo".[5]

Há também a sugestão de que Lady Macbeth esfaqueara o Rei Duncan antes do ataque de Macbeth e ele depois testemunha a cena de sonambulismo e loucura da mulher (na peça, Macbeth não está presente).[6]

Produção[editar | editar código-fonte]

Os cenários do filme eram os usados para os faroeste da Republic Studios. Quanto aos figurinos, foram alugados de uma empresa chamada Western Costume e Welles foi pobremente vestido. Numa entrevista com o biógrafo/cineasta Peter Bogdanovich, Welles afirma (tradução aproximada): "Eu deveria ter devolvido as roupas pois fiquei parecido com a Estátua da Liberdade. Mas não tinha mais nada nos estoques da Western que caberiam em mim, daí eu vesti aquelas roupas mesmo."[5]

Welles contou a Bogdanovic que a cena mais marcante foi causada pela fome. "Nossa melhor cena de multidão foi das forças de Macduff atacando o castelo". "... o que aconteceu na verdade, foi que houve a chamada para o almoço e todos os figurantes sairam correndo para comer."[5]

Welles filmou Macbeth em 23 dias, com apenas um dia para retoques.[6]

Distribuição[editar | editar código-fonte]

A Republic inicialmente planejou lançar Macbeth em dezembro de 1947, mas Welles não o tinha finalizado nessa data. O estúdio inscreveu o filme no Festival de Veneza de 1948 mas o retirou abruptamente quando surgiram comparações desfavoráveis com o filme de Laurence Olivier Hamlet, que também competia.[2]

No circuito de cinemas americanos, a Republic testou a repercussão em algumas poucas cidades. A crítica reclamou da opção de Welles de fazer o elenco pronunciar um sotaque escocês e de ter compactado o texto em apenas 107 minutos.[2]

Após as exibições iniciais, a Republic cortou o filme e regravou a fala dos atores, usando as vozes nativas. Essa nova versão foi exibida em 1950 e permaneceu em circulação até 1980, quando as falas originais foram restauradas pela UCLA Film and Television Archive e Folger Shakespeare Library.[3]

Referências

  1. EWALD FILHO, Rubens (1975). Os filmes de hoje na TV. São Paulo: Global. p. 119. 210 páginas 
  2. a b c d e f Brady, Frank. Citizen Welles Charles Scribner's Sons, 1989. ISBN 0684189828
  3. a b Resenha online do TV Guide sobre “Macbeth”
  4. Walker, John. "Halliwell's Who's Who in the Movies." HarperCollins, 2001. ISBN 0060935073
  5. a b c d e “This is Orson Welles” de Orson Welles, Peter Bogdanovich, Jonathan Rosenbaum, Google Books.
  6. a b c Cowie, Peter. "The Cinema of Orson Welles."1978A.S. Barnes & Co.
  7. «"Macbeth," Senses of Cinema, dezembro de 2005». Consultado em 17 de setembro de 2011. Arquivado do original em 9 de agosto de 2008 
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