Mary Sue

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A Mary Sue (na sua versão masculina, Gary Stu ou Marty Stu) é um nome genérico para qualquer personagem fictícia com habilidades irrealistas e surrealistas[1]. Este tipo de personagens são frequentemente entendidas como o autor a auto inserir-se na obra e/ou a realização de seus desejos/idealizações no enredo.[2]

História[editar | editar código-fonte]

Origem do termo[editar | editar código-fonte]

O termo Mary Sue vem do nome de um personagem criado por Paula Smith, em 1973, para a sua paródia "A Trekkie's Tale"[3], publicado em fanzine Menagerie. A história é protagonizada pela Tenente Mary Sue ("a tenente mais jovem da frota — com apenas quinze anos e seis meses de idade"), e satiriza as fanfic de Star Trek[4]. Os personagens eram geralmente adolescentes do sexo feminino que tiveram relações amorosas com personagens ficcionais adultos já famosos na mídia, ou em alguns casos, foram os parentes desses personagens[carece de fontes?]. Em 1976 os editores da Menagerie afirmaram que não gostavam desses personagens, dizendo:

[5]

Significado[editar | editar código-fonte]

O significado do termo "Mary Sue" está alterado hoje em dia e agora carrega uma generalização, embora não seja universal, conotativamente indicando a satisfação dos desejos inconscientes ou não em sonhos ou fantasias e é comumente associado com a auto-inserção do autor na obra. Na verdade, a auto-inserção é uma representação literal e, geralmente, descarada (sem disfarces) do autor (Autodiegético); a maioria dos personagens descritos como "Mary Sues" não são apresentados tão descaradamente, no entanto, são muitas vezes chamados de "representantes" do autor.[6]. A conotação negativa vem desta "realização de desejos inconscientes" e isso implica que A "Mary Sue" é reconhecida como uma personagem pouco desenvolvida, perfeita demais e com falta de realismo e assim deixando de ser interessante.[7]

Alusão[editar | editar código-fonte]

Em 2004, David Orr, em uma revisão dos sites de fanfictions como FanFiction.net e Godawful Fan Fiction para o New York Times Book Review, referiu-se a "Mary Sue" como "uma procuração de autor ridiculamente habilitada".[8]

O episódio "Superstar" de Buffy, a Caçadora de Vampiros, foi analisado como sendo uma sátira deliberada do tipo de histórias de Mary Sue/Marty Stu.[9][10]

Um tema popular de debate diz respeito à questão de saber se a trilogia de sequela de Star Wars apresenta uma Mary Sue em seu protagonista, Rey. O roteirista Max Landis opinou no Twitter em 2015 que o personagem se encaixa nessa descrição, alegando que Rey é excessivamente talentosa em varias habilidades.[11] Por outro lado, Caroline Framke, da Vox, afirmou que Rey não se encaixava no perfil de Mary Sue, afirmando que "Quaisquer habilidades adicionais que Rey tenha — trabalho mecânico, combate corpo a corpo, escalada, etc. — são explicadas quando a conhecemos … Se ela não tivesse adquirido essas habilidades, provavelmente estaria morta ".[12] Outros escritores, como Tasha Robinson, do The Verge, defenderam a ideia de Rey ser uma Mary Sue, afirmando que "para mulheres que se sentiram sub-representadas por décadas em que a maioria das mulheres na tela eram vítimas, símbolos, recompensas ou megeras, é natural sentir uma onda de satisfação por personagens como Katniss Everdeen e Furiosa ".[13] Erik Kain, na Forbes, define Mary Sue e argumenta que as habilidades de Rey não a tornam uma delas, dados os detalhes de sua história supostamente estabelecida.[14] Landis mais tarde admitiu que se arrependia do tweet, mas manteve seu sentimento original de dizer: "Me arrependo de enquadrá-lo dessa maneira. Não entendi que o termo 'Mary Sue' havia sido cooptado".[15]

Referências

  1. «Please Stop Spreading This Nonsense that Rey From Star Wars Is a "Mary Sue"» (em inglês). Gizmodo. 21 de Dezembro de 2015. Consultado em 16 de Janeiro de 2016 
  2. Segall, Miriam (2008). Career Building Through Fan Fiction Writing: New Work Based on Favorite Fiction. Digital Career Building. Rosen Publishing Group. p. 26. ISBN 1404213562.
  3. Verba, Joan Marie (2003). Boldly Writing: A Trekker Fan & Zine History, 1967-1987 (PDF). Minnetonka MN: FTL Publications. ISBN 0-9653575-4-6.
  4. Walker, Cynthia W. (2011). A Conversation with Paula Smith. Transformative Works and Cultures, no. 6.
  5. Byrd, Patricia (Spring 1978). "Star Trek Lives: Trekker Slang". American Speech 53 (1): 52–58. doi:10.2307/455340. JSTOR 455340
  6. Orr, David (2004-10-03). "The Widening Web of Digital Lit". The New York Times. Retrieved 2006-10-02.
  7. Milhorn (2006). Writing Genre Fiction: A Guide to the Cr. Lightning Source Incorporated. p. 55. ISBN 1581129181.
  8. «The New York Times > Books > Sunday Book Review > Essay: The Widening Web of Digital Lit». donswaim.com. Consultado em 22 de outubro de 2019 
  9. «Slayage 28: Carroll». web.archive.org. 19 de novembro de 2012. Consultado em 22 de outubro de 2019 
  10. Wilcox, Rhonda V.; Lavery, David (25 de fevereiro de 2002). Fighting the Forces: What's at Stake in Buffy the Vampire Slayer (em inglês). [S.l.]: Rowman & Littlefield Publishers. ISBN 9780742580015 
  11. Woburn, Dan (25 de dezembro de 2015). «8 Problems Nobody Wants To Admit About Star Wars: The Force Awakens». WhatCulture.com (em inglês). Consultado em 22 de outubro de 2019 
  12. Framke, Caroline (28 de dezembro de 2015). «Is Star Wars' Rey a Mary Sue? And what does that mean, anyway?». Vox (em inglês). Consultado em 22 de outubro de 2019 
  13. Robinson, Tasha (19 de dezembro de 2015). «With Star Wars' Rey, we've reached Peak Strong Female Character». The Verge (em inglês). Consultado em 22 de outubro de 2019 
  14. Kain, Erik. «No, Rey From 'Star Wars: The Force Awakens' Is Not A Mary Sue». Forbes (em inglês). Consultado em 22 de outubro de 2019 
  15. EDT, Anna Menta On 10/6/17 at 6:36 PM (6 de outubro de 2017). «Screenwriter Max Landis says he's "sick of being a controversial figure"». Newsweek (em inglês). Consultado em 22 de outubro de 2019