Museu Casa de Rui Barbosa

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Museu Casa de Rui Barbosa
Museu Casa de Rui Barbosa
Tipo museu, fundação, casa-museu
Inauguração 1930 (94 anos)
Administração
Proprietário(a) Ruy Barbosa, União Federal
Página oficial (Website)
Geografia
Coordenadas 22° 56' 55.684" S 43° 11' 21.173" O
Mapa
Localização Rio de Janeiro, Botafogo - Brasil
Patrimônio bem tombado pelo IPHAN

O Museu Casa de Rui Barbosa é considerado o primeiro museu-casa público do Brasil[1][2][3]. Está instalado na residência em que viveu o político, jurista e escritor brasileiro Ruy Barbosa e sua família, de 1895 a 1923[4], situado à Rua São Clemente, 134, no bairro de Botafogo, na cidade do Rio de Janeiro. O imóvel no qual está localizado o museu foi comprado pelo governo federal em 1924, um ano após a morte de Ruy Barbosa.[5] Criado pelo Decreto n.º 17.758, de 4 de abril de 1927[6], foi inaugurado em 13 de agosto de 1930[7] pelo presidente Washington Luís. Em 1966, teve sua personalidade jurídica alterada pela Lei nº 4.943[8], sendo transformado em Fundação Casa de Rui Barbosa. Atualmente o Museu Casa é uma Divisão que integra o Centro de Memória e Informação[9][10] da Fundação Casa de Rui Barbosa. Tem como missão preservar o acervo museológico, arqueológico e paisagístico sob sua guarda através de atividades de documentação, educação museal, conservação, comunicação e pesquisa[11].

Histórico[editar | editar código-fonte]

Com o falecimento de Ruy Barbosa em 1º de março de 1923[12], o governo federal brasileiro propôs a compra da casa[13][1] à viúva, Maria Augusta Ruy Barbosa, devido ao papel fundamental do jurista na transição do Império para a República[3]. Maria Augusta teria, na ocasião, recebido propostas financeiramente vantajosas mas decidiu-se pela venda ao governo federal, ciente da intenção de transformação da casa em instituição cultural[14]. Foram comprados em 1924[15] a casa, a biblioteca com suas estantes que reúnem 23 mil títulos, em 37 mil volumes[16], a propriedade intelectual de Ruy Barbosa e seu arquivo pessoal, composto por mais de 60.000 documentos produzidos pelo jurista entre os anos de 1849 a 1923[17].

Em 13 de agosto de 1930, foi inaugurada, como órgão federal, a Casa de Ruy Barbosa, transformando a residência do jurista em museu aberto ao público[3]. A cerimônia de inauguração contou com a presença do presidente Washington Luís que, no evento, realizou o plantio de uma muda de pau-brasil no jardim do museu[3][18]. É também creditado a Washington Luís a escolha dos nomes das salas[14][3][11] que compõe os diferentes ambientes do Museu, que correspondem a momentos marcantes da atuação do jurista na política, no Direito e na também na sua vida privada[14]:

Acervos[editar | editar código-fonte]

O Museu Casa de Rui Barbosa possui acervos museológicos, paisagísticos e arqueológicos[19].

Acervo museológico[editar | editar código-fonte]

O acervo museológico é composto pelo legado e espólios do casal Ruy Barbosa e Maria Augusta Ruy Barbosa, doados pela família ou comprados pela instituição[11]. São cerca de 1.500 objetos[11], organizados em dois livros de Tombo[20]. O primeiro reúne os bens que pertenceram a Ruy Barbosa, sua esposa Maria Augusta e seus filhos. Já o segundo contém quatro coleções: a coleção de objetos que pertenceram à família de Ruy Barbosa; a coleção de objetos adquiridos pelo museu para a reconstituição dos ambientes; a coleção dos objetos relacionados a Ruy Barbosa e finalmente a coleção de objetos diversos, sem relação com Ruy Barbosa mas com interesse para o Museu[2].

Em sua maioria, as coleções que integram o acervo museológico são compostas por objetos de decoração de interiores[2], como peças de mobiliário, e por objetos de uso pessoal, como peças de indumentária, de adorno e de higiene e toalete[11]. O museu possui objetos de iluminação, esculturas, pinturas, numismática e medalhística[11] e um piano alemão de meia-cauda da marca C. Bechstein do século XIX, localizado na Sala de Música[21], utilizado pela família Rui Barbosa em saraus, onde se apresentaram músicos brasileiros como Antonieta Rudge, Bebê de Lima Castro, Magdalena Tagliaferro, Guiomar Novais, Cláudia Muzzi e Gigli[21].

São destaques do acervo as quatro viaturas de uso de Ruy Barbosa e família: três carruagens de tração animal e um automóvel localizado na antiga Cavalariça[22]:

Acervo paisagístico[editar | editar código-fonte]

O jardim histórico e a Casa de Rui Barbosa formam um valioso conjunto arquitetônico de 9000m², tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1938[25].O jardim já constava na escritura do terreno na época da construção pelo primeiro barão da Lagoa, Bernardo Casemiro de Freitas: “O terreno consta de jardim, horta e pomar, grande parreiral sobre vergalhões de barrões de ferro, vasos, figuras, bancos de jardim etc.”[26]

Com cerca de 6000 m² de área ajardinada[27] em estilo romântico[28],especialistas indicam que o traçado do jardim apresenta inspiração no trabalho do paisagista francês Auguste François Marie Glaziou[27][28]. Sua composição vegetal conta com espécies nativas, como o sapoti, o abiu, a aroeira, e o araçá, e com espécies exóticas, como as mangueiras, o jambeiro, e a lichia centenária, plantada pelo próprio Ruy Barbosa em 1895[28]. O grande parreiral[29] que ainda hoje permanece o centro do jardim era ocupado por parreiras e rosas, que cresciam em grande quantidade. Segundo os familiares, cerca de 300 espécies de rosas eram cultivadas no local por Ruy Barbosa[28].

Em 1927, quando já a casa já pertencia ao governo federal, parte do jardim foi alterada para a passagem de uma rua que ligaria a Rua São Clemente à Rua Assunção[28][29]. Por isso, para a inauguração da Casa de Ruy Barbosa, em junho de 1930, foi contratado o engenheiro Vittorio Miglietta para a realização de obras de reforma e restituição do jardim e terreno ao seu traçado original[30][31].

Apenas a partir da década de 1980, com a Carta de Florença, o jardim passou a ser compreendido como um jardim histórico[32], ou seja, uma composição arquitetônica e vegetal de interesse histórico[27]. Entre 2015 e 2016 foi realizado o projeto de revitalização e restauração do Jardim Histórico da Fundação Casa de Rui Barbosa, incluindo o paisagismo e os elementos arquitetônicos e artísticos integrados, a modernização da infraestrutura e implementação de melhorias na acessibilidade, iluminação e sinalização[29].

Acervo arqueológico[editar | editar código-fonte]

A Casa de Rui Barbosa é reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional como sítio arqueológico histórico, constando no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos sob o número CNSA RJ00947 [33].

O Museu Casa de Rui Barbosa detém a guarda de acervo arqueológico coletado em prospecções arqueológicas realizadas no jardim histórico do museu durante a realização de obras de reforma da drenagem pluvial e das galerias de escoamento sanitário[34].

Em 2016, foram incorporadas peças arqueológicas variadas, como moedas, tinteiros, cachimbos e cerâmicas, coletadas durante o monitoramento arqueológico realizado durante as obras de restauração e revitalização do jardim histórico[35]. Durante as obras também foram encontrados pavimentações de paralelepípedos, até então nunca identificados, escondidos sob os pisos de cimento de um dos trechos do jardim[36].

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b «Museu Casa de Rui Barbosa - Conhecendo Museus». Conhecendo Museus. 27 de junho de 2016 
  2. a b c Waite, Claudia. «Museu Casa de Rui Barbosa | MUSEUS DO RIO.COM.BR». MUSEUS DO RIO.COM.BR. Consultado em 6 de novembro de 2018 
  3. a b c d e Rangel, Aparecida Marina de Souza (2015). «Museu Casa de Rui Barbosa: entre o público e o privado» 
  4. MAGALHÃES, Rejane M. Moreira de A. Cronologia de uma grande vida. http://www.casaruibarbosa.gov.br/dados/DOC/artigos/k-n/FCRB_RejaneMagalhaes_Cronologia_grande_vida.pdf
  5. Museu Casa de Rui Barbosa | Conhecendo Museus | TV Brasil | Educação, consultado em 1 de agosto de 2019 
  6. «Decreto Numerado - 17758 de 04/04/1927». legis.senado.gov.br. Consultado em 6 de novembro de 2018 
  7. «Ministério da Cultura - Museu-Casa de Rui Barbosa: 77 Anos - Por dentro do Ministério». www.cultura.gov.br. Consultado em 6 de novembro de 2018 
  8. «LEI Nº 4.943, DE 6 DE ABRIL DE 1966 - Publicação Original - Portal Câmara dos Deputados». www2.camara.leg.br. Consultado em 6 de novembro de 2018 
  9. «acervos». casaruibarbosa.gov.br (em inglês). Consultado em 1 de agosto de 2019 
  10. «Centro de Memória e Informação». Centro de Memória e Informação. Consultado em 1 de agosto de 2019 
  11. a b c d e f Faria, Gabriela; Rangel, Aparecida Marina de Souza; Ferreira, Márcia Pinheiro; Cavalini, Nayara (2018). Plano museológico Museu Casa de Rui Barbosa : 2018 - 2021. [S.l.]: Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2018. ISBN 9788570043849 
  12. superuser (19 de fevereiro de 2014). «Morre Ruy Barbosa, escritor e diplomata brasileiro». HISTORY. Consultado em 1 de agosto de 2019 
  13. «Casa de Rui Barbosa». visit.rio. Consultado em 1 de agosto de 2019 
  14. a b c MAGALHÃES, Rejane Mendes Moreira de Almeida (2013). Rui Barbosa na Vila Maria Augusta. http://www.casaruibarbosa.gov.br/dados/DOC/edicoes_online/FCRB_RejaneMagalhaes_RuiBarbosa_na_VilaMariaAugusta.pdf: Fundação Casa de Rui Barbosa. 109 páginas 
  15. «Portal da Câmara dos Deputados». www2.camara.leg.br. Consultado em 1 de agosto de 2019 
  16. «biblioteca de Rui Barbosa». casaruibarbosa.gov.br (em inglês). Consultado em 1 de agosto de 2019 
  17. «arquivo Rui Barbosa». casaruibarbosa.gov.br (em inglês). Consultado em 1 de agosto de 2019 
  18. «09/03/2019 - Jardim histórico da Casa de Rui Barbosa é aberto para visitação mediada». www.revistamuseu.com.br. Consultado em 2 de agosto de 2019 
  19. Waite, Claudia. «Museu Casa de Rui Barbosa». MUSEUS DO RIO.COM.BR. Consultado em 1 de agosto de 2019 
  20. Barbosa, Fundação Casa de Rui (2017). «Inventário do Acervo Museológico do Museu Casa de Rui Barbosa» 
  21. a b «sala de música». casaruibarbosa.gov.br (em inglês). Consultado em 1 de agosto de 2019 
  22. a b «viaturas». casaruibarbosa.gov.br (em inglês). Consultado em 1 de agosto de 2019 
  23. «Rui Barbosa». www.casaruibarbosa.gov.br. Consultado em 2 de agosto de 2019 
  24. «Os carros de Rui Barbosa». www.projetomemoria.art.br. Consultado em 1 de agosto de 2019 
  25. «histórico». casaruibarbosa.gov.br (em inglês). Consultado em 1 de agosto de 2019 
  26. «a casa e sua construção». casaruibarbosa.gov.br (em inglês). Consultado em 1 de agosto de 2019 
  27. a b c «Histórico | Revitalização e Restauração do Jardim da Casa de Rui Barbosa». Consultado em 1 de agosto de 2019 
  28. a b c d e Reis, Cláudia Barbosa (2011). «Memórias de um jardim» 
  29. a b c Barbosa, Fundação Casa de Rui; Ribeiro, Fundação Darcy (2017). O jardim de Rui Barbosa: Preservação de um jardim histórico. [S.l.]: Rio de Janeiro : Fundação Darcy Ribeiro : Fundação Casa de rui Barbosa, 2017. ISBN 9788563574640 
  30. «a reforma de 1930». casaruibarbosa.gov.br (em inglês). Consultado em 2 de agosto de 2019 
  31. MIGLIETTA, Vittorio. Reforma da Casa de Ruy Barbosa, 1930.http://www.casaruibarbosa.gov.br/dados/DOC/edicoes_online/relatorios/FCRB_Reforma_Casa_RuiBarbosa_1930.pdf
  32. «jardim». casaruibarbosa.gov.br (em inglês). Consultado em 1 de agosto de 2019 
  33. «Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos - Impressão». portal.iphan.gov.br. Consultado em 1 de agosto de 2019 
  34. PESSOA, Ana (2013). «A Casa de Rui Barbosa e a sua contribuição à preservação e acesso da memória no Brasil». Manuscrítica, Revista de Crítica Genética. Consultado em 1 de agosto de 2019 
  35. «Achados arqueológicos | Revitalização e Restauração do Jardim da Casa de Rui Barbosa». Consultado em 1 de agosto de 2019 
  36. «Descobertas | Revitalização e Restauração do Jardim da Casa de Rui Barbosa». Consultado em 1 de agosto de 2019