Nigella damascena
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Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Nigella damascena L. |
Nigella damascena, comummente conhecida como dama-entre-verdes,[1] é uma espécie de planta com flor pertencente à família das Ranunculáceas e ao tipo fisionómico dos terófito, ou seja, é uma planta anual.[2][3]
A espécie também pode ser designada Erobathos damascenum.[4]
A autoridade científica da espécie é L., tendo sido publicada em Species Plantarum 1: 534. 1753.
Nomes comuns
[editar | editar código-fonte]Além de «dama-entre-verdes» dá ainda pelos seguintes nomes comuns: barbas-de-velho;[5] barba-de-pau;[6] nigela[1], dama-dos-bosques[7] e cabelos-de-vénus[3] (não confundir com a espécie Adiantum capillus-veneris, que consigo partilha este nome comum)[8].
Etimologia
[editar | editar código-fonte]Do que toca ao nome científico:
- O nome genérico, Nigella, advém do latim Nigellus (lit. «negra») e reporta-se à cor das sementes da flor.[7]
- O epíteto específico, damascena» significa "vinda de Damasco", e para alguns botânicos, dos quais se destaca Heinz-Dieter Krausch,[9] denota a sua introdução histórica na Europa Central, pela mão dos mercadores venezianos, vinda do Oriente. O epíteto «damascena» foi muito usado no passado para infundir uma ideia de orientalidade, sem que houvesse estritamente um rigor geográfico associado, especialmente tendo em vista que, neste caso concreto, esta espécie nem sequer é própria do Levante ou da Síria.[10]
Os nomes populares "barba-de-velho" e "barba-de-pau" são alusões às brácteas que se formam sob as pétalas e que formam um emaranhado.
Descrição
[editar | editar código-fonte]Folhagem
[editar | editar código-fonte]A dama-entre-verdes é uma planta herbácea anual. Tem um caule erecto, desprovido de cotanilho (caule glabro), ramoso e estriado que pode atingir um máximo que ronda entre os 45 e os 50 centímetros de altura. Exibe folhas alternadas, sem pedúnculo (folhas sésseis), fendidas em muitas partes (folhas multífidas), que por sua vez se decompõem em muitos segmentos ou divisões lineares finas e agudas.[7][11]
Flores
[editar | editar código-fonte]As flores, que são solitárias e despontam nos terminais da planta, chegam aos 3,5 centímetros de diâmetro e apresentam uma coloração azulada clara ou de um azul-alvacento. As flores são também hermafroditas.[10] O perigónio é constituído por tépalas grandes, amiúde azuladas, se bem que também as há esbranquiçadas e rosadas. As sépalas são ovais e lanceoladas, com a unha mais curta do que o limbo, dotadas de 5 carpelos uninervados e lisos, com ovários soldados entre si.[7] A ausência de distinção entre as sépalas e as pétalas é própria de muitos tipos de ranúnculas, e é esta não é excepção. Há algumas variedades ornamentais em que os estames se converteram em folhas do perigónio.
A época de floração vai de Abril a Junho, nas regiões mediterrânicas[2] e de Junho a Agosto na Europa Central.[12]
Brácteas
[editar | editar código-fonte]A dama-entre-verdes dispõe de uma série de folhas modificadas, que brotam com a flor e que a cobrem antes de desabrochar, são elas as brácteas.No caso particular desta planta, as brácteas traduzem-se em numerosos segmentos, quase capilares, persistentes que configuram, sob o cálice, uma espécie de invólucro maior que a flor.[10] São, portanto, brácteas involucrais de crista estendida (bráctea divarico-laciniada) maiores do que a flor.[7]
São estas brácteas que dão origem aos nomes "barba-de-pau" e "barba-de-velho", com que se costuma designar esta planta popularmente.
Sementes e frutos
[editar | editar código-fonte]Uma vez polinizadas as flores, o gineceu volve-se numa cápsula que pode chegar aos 3 centímetros de comprimento. À medida que vai amadurecendo, o fruto vai secando e adquirindo uma textura apergaminhada. As cápsulas em processo de amadurecimento desenvolvem listras verticais arroxeadas.[3] As cápsulas maduras, por sua vez, são castanhas-claras e abrem-se durante o Verão, à custa da desidratação das suas extremidades, constituída por 8-10 carpelos uninervados, soldados até o ápice.[9]
Exibe sementes lisas, triangulares (sementes trígonas) e reticulado-rugosas, traços caracteristicamente peculiares deste género de ranúnculas.[10]
Distribuição
[editar | editar código-fonte]A dama-entre-verdes é originária da orla mediterrânea, medrando no Sul da Europa, na Ásia Menor e no Norte de África, ausentando-se do Levante e da Síria.[10] A sua presença mais oriental regista-se a zona Norte do limiar Caucásico e do Noroeste iraniano.[10] É, também, nativa das ilhas Canárias.
Foi introduzida na Europa Central, como uma espécie ornamental, de jardim. Tem medrado significativamente, na Aústria, Suíça, Bélgica, Holanda, Alemanha e Chéquia.[10]
Enquanto planta ornamental de varandas, é cultivada mundialmente.[10]
Portugal
[editar | editar código-fonte]Trata-se de uma espécie presente no território português, nomeadamente em Portugal Continental e no Arquipélago da Madeira.[3]
Designadamente, no que toca a Portugal Continental, encontra-se presente, em quase todo o país, grassando pelas zonas do Noroeste ocidental, da Terra Fria transmontana, do Centro-Norte, do Centro-Oeste calcário, do Centro-Oeste arenoso, do Centro-Oeste olisiponense, do Centro-Oeste cintrano, do Centro-Leste montanhoso, do Centro-Sul miocénico, do Centro-Sul arrabidense, do Centro-Sul plistocénico, do Sudeste setentrional, do Sudeste meridional, do Sudoeste setentrional, do Sudoeste meridional, do Barrocal algarvio, do Barlavento e do Sotavento.[2]
Em termos de naturalidade é nativa em Portugal Continental e introduzida no Arquipélago da Madeira.[2]
Protecção
[editar | editar código-fonte]Não se encontra protegida por legislação portuguesa ou da Comunidade Europeia.
Ecologia e habitat
[editar | editar código-fonte]Trata-se de uma espécie ruderal e segetal, que se tanto se dá bem em terrenos cultivados como sáfaros.[2][3] Medra naturalmente em courelas, olivedos, sernas e outros tipos de pomares de sequeiro quejandos.[2][3] Também se dá tanto em pradarias, como em terrenos pedregosos ou areneiros.[2][3]
Uso medicinal
[editar | editar código-fonte]Princípios activos
[editar | editar código-fonte]Das sementes da dama-do-bosque é extraído, numa proporção de 10 %, um óleo essencial, o qual, por sua vez, contém damascenina, um bioactivo alcalino[13][14]
Conceptivo
[editar | editar código-fonte]Há relatos da Antiguidade Clássica, atribuídos a Hipócrates e Plínio que sugerem que esta planta terá sido usada com o fim de promover a gravidez, em mulheres com dificuldade em conceber.[15] Se bem que não é se a planta em questão seria a nigella damascena ou a nigella sativa.[15]
Naturopatia
[editar | editar código-fonte]Em sede da naturopatia, são-lhe atribuídas propriedades emenagogas (regulação da menstruação), às sementes são atribuídas propriedades carminativas (controlo da flatulência), diuréticas e expectorantes.[16][17] É importante ressaltar que não há estudos científicos que comprovem a eficácia desta planta.[18]
Cosmética
[editar | editar código-fonte]Das sementes desta planta, é destilável, na ordem dos 0,4%, um óleo essencial amarelo, com matizes azulados, que emana um odor semelhante ao dos morangos-bravos ou ao da aspérula-odorífera.[16] Esse óleo é amiúde usado no fabrico de perfumes[19] e batons, mercê do seu aroma frutado e floral.[20][21]
Gastronomia
[editar | editar código-fonte]Cozinhada ou crua, a semente desta planta foi usada, historicamente, na Europa central, como condimento[22][23] e como ingrediente de sobremesas.[20] Tem um sabor semelhante ao da noz-moscada.[17]
Referências
- ↑ a b Infopédia. «dama-entre-verdes | Definição ou significado de dama-entre-verdes no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 30 de dezembro de 2020
- ↑ a b c d e f g «Jardim Botânico UTAD | Nigella damascena». webcache.googleusercontent.com. Consultado em 30 de dezembro de 2020
- ↑ a b c d e f g «Nigella Damascena | Flora-On | Flora de Portugal interactiva». flora-on.pt. Consultado em 30 de dezembro de 2020
- ↑ Consolino, Francesca (2010). Flora mediterranea - Conoscere, riconoscere e osservare tutte le piante mediterranee più diffuse. Milano: De Agostini. 319 páginas. ISBN 8841861916
- ↑ S.A, Priberam Informática. «Consulte o significado / definição de barba-de-velho no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, o dicionário online de português contemporâneo.». dicionario.priberam.org. Consultado em 30 de dezembro de 2020
- ↑ S.A, Priberam Informática. «Consulte o significado / definição de BARBA-DE-PAU no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, o dicionário online de português contemporâneo.». dicionario.priberam.org. Consultado em 30 de dezembro de 2020
- ↑ a b c d e Castroviejo, S. (coord. gen.). 1986-2012. Flora iberica 221. Real Jardín Botánico, CSIC, Madrid.
- ↑ «Jardim Botânico UTAD | Espécie Adiantum capillus-veneris». Jardim Botânico UTAD. Consultado em 10 de abril de 2023
- ↑ a b Krausch, Heinz-Dieter (2003). Kaiserkron und Päonien rot: Entdeckung und Einführung unserer Gartenblumen. Hamburg: Dölling and Galitz. ISBN 3-935549-23-7
- ↑ a b c d e f g h Florian Jabbour, Pierre-Emmanuel Du Pasquier, Léa Chazalviel, Martine Le Guilloux, Natalia Conde e Silva, Yves Deveaux, Domenica Manicacci, Pierre Galipot, Andreas G. Heiss, Catherine Damerval, Evolution of the distribution area of the Mediterranean Nigella damascena and a likely multiple molecular origin of its perianth dimorphism. Flora 274, 2021, 151735, https://doi.org/10.1016/j.flora.2020.151735. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0367253020302346, Zugriff 27/12/2020
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- ↑ Erich Oberdorfer: Pflanzensoziologische Exkursionsflora für Deutschland und angrenzende Gebiete. 8. Auflage. Verlag Eugen Ulmer, Stuttgart 2001, página 397.
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- ↑ Hedrick, U. P. (1972). Sturtevant's Edible Plants of the World. [S.l.]: Dover Pubns; Later Printing edition. 686 páginas. ISBN 0486204596
- Nigella damascena - Checklist da Flora de Portugal (Continental, Açores e Madeira) - Sociedade Lusitana de Fitossociologia
- Checklist da Flora do Arquipélago da Madeira (Madeira, Porto Santo, Desertas e Selvagens) - Grupo de Botânica da Madeira
- Nigella damascena - Portal da Biodiversidade dos Açores
- Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. 17 de dezembro de 2013 <http://www.tropicos.org/Name/27100420>
- Nigella damascena - The Plant List (2010). Version 1. Published on the Internet; http://www.theplantlist.org/ (consultado em 17 de dezembro de 2013).
- Nigella damascena - International Plant Names Index
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Nigella damascena - Flora Digital de Portugal. jb.utad.pt/flora.
- Nigella damascena - Flora-on
- Nigella damascena - The Euro+Med PlantBase
- Nigella damascena - Flora Vascular
- Nigella damascena - Biodiversity Heritage Library - Bibliografia
- Nigella damascena - JSTOR Global Plants
- Nigella damascena - Flora Europaea
- Nigella damascena - NCBI Taxonomy Database
- Nigella damascena - Global Biodiversity Information Facility
- Nigella damascena - Encyclopedia of Life