Oceana (organização)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Oceana
Oceana (organização)
501(c)(3)
Fundação outubro de 2001; há 22 anos
Sede Washington, D.C., EUA
Pessoas-chave Andy Sharpless (CEO)
Receita $48.000.000 (2017)
Website oficial Oceana.org

Oceana, inc. é uma organização sem fins lucrativos 501(c)(3) para conservação dos oceanos. Está sediada em Washington D.C., com escritórios em Toronto, Cidade do México, Madrid, Bruxelas, Copenhagen, Genebra, Londres, Manila, Belmopan, Brasília, Santiago e Lima,[1][2] tornando-se o maior grupo internacional de defesa dedicado inteiramente à conservação dos oceanos.[3]

Atualmente, a Oceana conta com uma equipe de cerca de 200 e 6.000 voluntários, e tem receitas de quase 50 milhões de dólares (em 2017).[1] A organização conduz a sua própria investigação científica, além de fazer recomendações políticas, fazer lobby por legislação específica e litigar ações judiciais.[4]

História[editar | editar código-fonte]

A organização foi criada em 2001 por um grupo de fundações, incluindo o Rockefeller Brothers Fund, Sandler Foundation e The Pew Charitable Trusts. A fundação ocorreu após um estudo encomendado em 1999, que concluiu que menos de 0,5% de todos os recursos gastos por grupos ambientais dos EUA foram destinados para a conservação dos oceanos.[5] Em 2002, a American Oceans Campaign, fundada pelo ator e ambientalista Ted Danson, fundiu-se com a Oceana para promover os seus objetivos comuns.[5]

Serviços[editar | editar código-fonte]

A Oceana afirma estar empenhada em combater a sobrepesca. Centra-se principalmente na legislação para limites de captura e também se opõe aos subsídios à pesca, que argumenta estarem contribuindo para a sobrepesca.[6]

A organização se concentra em reduzir ou eliminar totalmente o uso de plásticos, devido ao seu impacto prejudicial no ecossistema marinho. Ela geralmente se opõe ao foco na reciclagem ou na limpeza.[7][8] Também afirma ser contra rotulagem incorreta de frutos do mar, alegando impacto na sobrepesca.[9][10]

A Oceana se dedica a combater as inúmeras ameaças aos oceanos que as mudanças climáticas impõem. Seu foco principal tem sido a acidificação dos oceanos, que ameaça especialmente os moluscos e os corais que são necessários para muitos ecossistemas marinhos e, consequentemente, fontes de frutos do mar.[11] Eles também se concentram na promoção de parques eólicos offshore[12][13] e conta disparos de armas sísmicas.[14]

Expedições[editar | editar código-fonte]

A Oceana lança expedições para coletar dados científicos, que são usados ​​por ela, outros grupos sem fins lucrativos, comunidades locais e agências governamentais para criar ou influenciar políticas.[15] Impactos destas expedições podem ser vistos em Malta, onde uma expedição levou o governo maltês a expandir áreas marinhas protegidas,[16] ou nas Filipinas, onde uma expedição levou o governo a criar uma nova área.[17]

Impacto[editar | editar código-fonte]

A Oceana se concentra em influenciar legislações específicas, ações judiciais ou outras políticas que se enquadrem em seus objetivos. Entre os impactos incluem a proteção de tubarões,[18] proibição da atividade industrial nas áreas marinhas protegidas do Canadá,[19] aumentado da transparência através do rastreamento digital no Chile[20] e a criação de um parque marinho na costa mediterrânea da Espanha.[21]

Ao longo da sua existência, a Oceana protegeu 4,5 milhões de milhas quadradas do oceano, influenciando a legislação e política relacionada.[22][23][24]

Críticas[editar | editar código-fonte]

Pesca[editar | editar código-fonte]

A California Wetfish Producers Association (CWPA), uma organização sem fins lucrativos dedicada a preservar a indústria da Califórnia,[25] criticou repetidamente as tentativas da Oceana de interromper temporariamente a pesca da sardinha no Pacífico. A CWPA criticou a citação de um estudo da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) que relatou que 95% do estoque de sardinha havia se esgotado desde 2006. A organização afirma que estes números estão inflacionados e que o declínio real (menor) não foi causado pela sobrepesca, mas sim por fatores ambientais. A CWPA chamou as alegações da Oceana como “notícias falsas”.[26][27] A NOAA não respondeu ao pedido de um novo estudo, mas proibiu a pesca comercial da sardinha.[28]

Em 2021, um documentário da Netflix Seaspiracy criticou a organização por parecer incapaz de fornecer uma definição para "pesca sustentável". Oceana respondeu dizendo que foi deturpada no filme e argumentou que abster-se de comer peixe como o filme afirma não é uma escolha realista para pessoas que dependem da pesca.[29]

Rótulos[editar | editar código-fonte]

Vários meios de comunicação ambientais publicaram artigos criticando os relatórios da organização sobre fraudes em rótulos de frutos do mar, incluindo o The New York Times. As críticas centram-se na suposição da Oceana de que todos os frutos do mar mal rotulados são intencionalmente fraudulentos, mesmo para espécies que são facilmente confundidas ou têm nomes diferentes em países diferentes. A metodologia dos estudos da organização também tem sido questionada, principalmente devido à seleção de peixes historicamente mal rotulados para teste. Além disso, as recomendações políticas foram consideradas inviáveis ​​e burocráticas.[30][31][32]

Referências

  1. a b «IRS Form 990 2017» (PDF). 990s Foundation Center. 2017. Consultado em 25 de junho de 2019 
  2. «Oceana, Inc.'s Motion to Intervene and Memorandum in Support» (PDF). Department of Interior. 1 de maio de 2017. Consultado em 28 de junho de 2019 
  3. «Leading Insurers, Oceans Conservationists, Oceana and UNEP FI Issue First Even Guide to Combat Pirate-Fishing». United Nations Environment Programme Finance Initiative. 27 de fevereiro de 2019. Consultado em 28 de junho de 2019 
  4. «Oceana». Charity Navigator. Consultado em 28 de junho de 2019 
  5. a b «Atkinson Center Iscol/Oceana Summer 2017 Internships» (PDF). Atkinson Center for a Sustainable Future. 2017. Consultado em 25 de junho de 2019 
  6. «Oceana CEO: Why Not Use 71% of the Planet to Feed the Future». Food Navigator. 9 de maio de 2019. Consultado em 25 de junho de 2019 
  7. «Oceana Denounces Corporate Recycling Commitments as Answer to Global Plastics Crisis» (Nota de imprensa). Oceana. 29 de outubro de 2018. Consultado em 25 de junho de 2019 – via PR Newswire 
  8. «Plastic recycling not enough to stop ocean pollution, warns Oceana». Agencia EFE. 28 de outubro de 2018. Consultado em 28 de junho de 2019 
  9. Sharpless, Andy; Evans, Suzannah (2013). «The Consumer's Dilemma». The Perfect Protein. [S.l.]: Rodale, Inc. ISBN 9781609614997. (pede registo (ajuda)) 
  10. «What is seafood fraud? Dangerous—and running rampant, report finds». National Geographic Society. 7 de março de 2019. Consultado em 25 de junho de 2019 
  11. «Acid Test: Rising CO2 Levels Killing Ocean Life». Live Science. 16 de julho de 2013. Consultado em 25 de junho de 2019 
  12. «Oceana report: Offshore wind would reap twice the energy, jobs as offshore drilling». Daily Press. 14 de janeiro de 2015. Consultado em 25 de junho de 2019 
  13. «Oceana: Nine years after Deepwater, offshore drilling is still 'dirty and dangerous'». Daily Press. 20 de abril de 2019. Consultado em 25 de junho de 2019 
  14. «How whales and dolphins may be harmed by new seismic airgun approval». National Geographic Society. 30 de novembro de 2018. Consultado em 25 de junho de 2019 
  15. «Oceana Marine Expeditions to Fill Keys Gaps in Biodiversity Data». European Commission. Consultado em 24 de junho de 2019 
  16. «LIFE BaAR for N2K - Life+ Benthic Habitat Research for marine Natura 2000 site designation». European Commission. Consultado em 25 de junho de 2019 
  17. «Philippines Announces That The Philippine Rise Is Now Marine Protected Area». Sea Voice News. 15 de maio de 2018. Consultado em 25 de junho de 2019 
  18. «Oceana Wins Lawsuit to Protect Overfished Dusky Sharks». Earthjustice. 14 de março de 2019. Consultado em 24 de junho de 2019 
  19. «Federal government announces ban on industrial activities in Canada's marine protected areas». The Globe and Mail. 25 de abril de 2019. Consultado em 25 de junho de 2019 
  20. «Chile To Publish Vessel Tracking Data Through Global Fishing Watch». Maritime Executive. 15 de maio de 2019. Consultado em 25 de junho de 2019 
  21. «Spain creates the second-largest marine national park in the Med. sea». Safety 4 Sea. 9 de fevereiro de 2019. Consultado em 25 de junho de 2019 
  22. «FOUND Brand Takes on Saving the Ocean for World Ocean Month With 100k Initiative» (Nota de imprensa). FOUND. PR Newswire. 3 de junho de 2019. Consultado em 28 de junho de 2019 – via ABC7 
  23. «Oceana's tiny staff covers lots of ground». Santa Cruz Sentinel. 20 de março de 2019. Consultado em 28 de junho de 2019 
  24. «Dive In To Shark Week's 30th Anniversary With Several Jawsome Partnerships» (Nota de imprensa). Discovery Channel. 16 de julho de 2018. Consultado em 28 de junho de 2019 
  25. «About CWPA». California Wetfish Producers Association. Consultado em 26 de junho de 2019 
  26. «California Wetfish Producers Association: Sardine Fishery Collapse Latest Fake News» (Nota de imprensa). California Wetfish Producers Association. 5 de abril de 2018. Consultado em 26 de junho de 2019 – via Globe News Wire 
  27. «Groups want to halt West Coast sardine fishing». U-T San Diego. 29 de outubro de 2019. Consultado em 26 de junho de 2019 
  28. «Pacific Sardine». National Oceanic and Atmospheric Administration. Consultado em 26 de junho de 2019 
  29. «Seaspiracy: Netflix documentary accused of misrepresentation by participants». the Guardian (em inglês). 31 de março de 2021. Consultado em 15 de abril de 2021 
  30. «Catfished by a Catfish: 1 in 5 Seafood Samples Is Fake, Report Finds». The New York Times. 7 de setembro de 2016. Consultado em 26 de junho de 2019 
  31. «The Irony of Oceana's Seafood Fraud Campaign». Sustainable Fisheries. 15 de novembro de 2018. Consultado em 26 de junho de 2019 
  32. «Oceana report has good data, but bad advice». Seafood Source. 3 de novembro de 2015. Consultado em 26 de junho de 2019 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]