Quarto Concílio de Constantinopla (Católico Romano)

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(Redirecionado de Oitavo Concílio Ecumênico)
 Nota: Este artigo é sobre o Quarto Concílio de Constantinopla segundo a Igreja Católica. Para o Quarto Concílio de Constantinopla segundo a Igreja Ortodoxa, veja Quarto Concílio de Constantinopla (Ortodoxo).
 Nota: Para outros concílios realizados em Constantinopla, veja Concílio de Constantinopla.
Quarto Concílio de Constantinopla
Quarto Concílio de Constantinopla (Católico Romano)
"Quarto Concílio de Constantinopla" (c. 869-870) por Cesare Nebbia
Data 869 - 870
Aceite por Católicos, Ortodoxos
Concílio anterior Segundo Concílio de Niceia
Concílio seguinte Católico Romano: Primeiro Concílio de Latrão
Igreja Ortodoxa: Quinto Concílio de Constantinopla
Convocado por Imperador Basílio I e o Papa Adriano II
Presidido por Legados papais
Afluência 20-25 (primeira sessão em 869); 102 (última sessão em 870)
Tópicos de discussão Patriarcado de Fócio
Documentos Deposição de Fócio; 27 cânones
Todos os Concílios Ecuménicos Católicos
Portal do Cristianismo

O Quarto Concílio de Constantinopla (Católico Romano) foi o oitavo Concílio Ecumênico realizado em Constantinopla entre 5 de outubro de 869 e 28 de fevereiro de 870 Compareceram 102 bispos, 3 legados papais e 4 patriarcas.[1] O concílio se reuniu em 10 sessões e emitiu 27 cânones.

O concílio foi convocado pelo imperador bizantino Basílio I, o Macedônio, e pelo Papa Adriano II.[2] Ele depôs Fócio, um leigo que havia sido consagrado Patriarca de Constantinopla, e restaurou seu antecessor, Inácio. Ele também reafirmou as decisões do Segundo Concílio de Niceia em apoio aos ícones e imagens sagradas, além de exigir que a imagem de Cristo tenha a mesma veneração que o Evangelho.[3]

Um concílio posterior, o Quarto Concílio de Constantinopla grego foi realizado após Fócio ter sido reconduzido à função por ordem do imperador. Hoje, a Igreja Católica reconhece o concílio de 869 - 870 como "Constantinopla IV", enquanto que a Igreja Ortodoxa reconhece o concílio de 879 - 880 como tal, além de reverenciar Fócio como santo. Na época, esta divisão ainda não era clara.[4] Estes dois concílios representam um cisma entre o oriente e o ocidente, uma vez que os sete concílios anteriores são reconhecidos como "ecumênicos" e com autoridade tanto pelo ocidente latino quanto pelo oriente grego, cisma este que culminará no Grande cisma do oriente em 1054

História[editar | editar código-fonte]

Com a coroação de Carlos Magno pelo Papa Leão III em 800, seu novo título de Patricius Romanorum e o recebimento das chaves da Tumba de São Pedro, o papado definitivamente conseguiu um protetor no ocidente, o que por um lado deu mais liberdade aos pontífices em Roma frente o poder do imperador bizantino em Constantinopla, mas por outro também acabou levando a Igreja a um cisma, uma vez que o imperador e o patriarca em Constantinopla se consideravam os verdadeiros descendentes do Império Romano e dos criadores da Igreja antiga. [carece de fontes?]

Cisma de Fócio[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Cisma de Fócio

Em 858, Fócio, um nobre leigo de uma família local, foi consagrado Patriarca de Constantinopla, o mais alto posto episcopal na Igreja fora o bispado em Roma. O imperador Miguel III, o Ébrio já tinha sumariamente deposto o patriarca anterior, Inácio, que se recusou a abdicar, provocando uma luta de poder entre o imperador e o Papa Nicolau I. Em 867, foi realizado um concílio local em Constantinopla com o objetivo de depor Nicolau acabou declarando-o anátema e o excomungou. Além disso, suas alegações de primazia, seus contatos com a Bulgária e o fato de ele manter cláusula Filioque no credo (mantinha que o Espírito Santo emanou do Pai e do Filho) foram condenados.[2]

Além de condenar Fócio e reinstalar santo Inácio de Constantinopla, o Quarto Concílio Ecumênico também colocou o patriarca de Constantinopla numa posição superior aos demais patriarcas orientais (Alexandria, Antioquia e Jerusalém, além de anatemizar o ensinamento supostamente defendido por Fócio de que haveria duas almas humanas, uma espiritual e imortal e outra terrena e mortal.

Apoio aos ícones e imagens sagradas[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Iconoclastia

Um dos elementos chave do concílio foi o referendo dado às decisões do Segundo Concílio de Niceia em apoio aos ícones e imagens sagradas. O concílio acabou de apagar as últimas chamas do iconoclastia bizantina. Especificamente, o terceiro cânon determinou que a imagem de Cristo deveria ter o mesmo tipo de veneração dispensada à Bíblia.[5]

Decretamos que a imagem sagrada de nosso Senhor Jesus Cristo, o Libertador e Salvador de todos os povos, deve ser venerada com a mesma honra dispensada ao livro dos sagrados Evangelhos. Pois através das palavras contidas neste livro todos podem alcançar a salvação e, também, pela ação exercida por estas imagens através de suas cores todos, sábios e simplórios igualmente, podem tirar proveito delas. Pois o que o discurso provê em palavras, as imagens anunciam e mostram em cores.
 
Cânon III de Constantinopla IV.

O concílio também encorajou a veneração de imagens da Virgem Maria, anjos e santosː[3]

Se alguém não venera a imagem de Cristo, nosso Senhor, que ele seja deprivado de vê-lo em glória quando ele retornar. A imagem de sua pura Mãe e as imagens dos anjos sagrados, assim como as imagens dos santos, são igualmente objeto de nossa veneração e peregrinação.
 
Cânon III de Constantinopla IV.

Corpo e alma espiritual; o homem não é tripartido[editar | editar código-fonte]

Foi neste concílio que a hipótese de que o ser humano é constituído de corpo físico e duas almas — ou seja, modernamente: corpo, alma e espírito — foi sumariamente condenada pela Igreja Católica Apostólica Romana. No cân. 11, afirmou: " unam animam rationabilem et intellectualem habere hominem — o homem tem uma só alma racional e intelectiva" (DZ 657), ou seja, o homem é corpo e alma espiritual (espírito sendo sinônimo de alma, ou distintivo característica da alma humana).

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. "General Councils" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
  2. a b Cross, F. L., ed. (2005). The Oxford dictionary of the Christian church. Nova Iorque. Fócio (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press 
  3. a b Bigham, Steven (1995). Image of God the Father in Orthodox Theology and Iconography (em inglês). [S.l.: s.n.] p. 41. ISBN 1879038153 
  4. Rahner, Karl (2004). Encyclopedia of theology (em inglês). [S.l.: s.n.] 300 páginas. ISBN 0860120066 
  5. Thiessen, Gesa Elsbeth (2005). Theological aesthetics (em inglês). [S.l.: s.n.] 65 páginas. ISBN 0802828884