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Ortodoxia

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A ortodoxia (com "o" minúsculo) significa conformidade com os princípios de qualquer doutrina geralmente aceita, em contraste com as doutrinas divergentes, que são consideradas falsas e rejeitadas como heterodoxia. A doutrina predominante prevalece sobre as doutrinas divergentes, domina a percepção pública e, assim, define efetivamente a norma, ou seja, a doutrina "correta".[1] Mas a visão predominante às vezes pode ser derrubada por uma "revolução copernicana", de modo que a visão que prevalecia anteriormente dá lugar a um novo consenso, que se torna a nova ortodoxia.

O termo "Ortodoxo", com "O" maiúsculo, é comummente aplicado como denominação distinta a dois grupos específicos de igrejas cristãs conhecidas como Igrejas Ortodoxas, assim chamadas mesmo por aqueles que questionam a sua reivindicação de serem exclusivamente ortodoxas.

Variedade de campos

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O termo "ortodoxia" é aplicado em particular à adesão a um ensino religioso, mas também a outros campos.

Fala-se, por exemplo, da ortodoxia marxista[2] e da ortodoxia dos líderes do Partido Comunista Brasileiro que Carlos Marighella abandonou.[3]

Um partido cubano fundado em 1947 por Eduardo Chibás, para combater a corrupção do governo e do aparato estatal, com atos marcadamente reformistas, se definiu "ortodoxo" ("Partido del Pueblo Cubano – Ortodoxos, PPC-O).[carece de fontes?]

Miguel de Unamuno observou: "Um preceptivo revolucionário ainda é prescritivo e tão absurdo quanto a ortodoxia acadêmica é a ortodoxia anti-acadêmica".[4]

Com a expressão "economia ortodoxa" se refere às teorias econômicas predominantemente ensinadas nas universidades. É usada em contraste com a expressão "economia heterodoxa", constituída por abordagens não hegemônicas nos meios acadêmicos, tais como a economia austríaca, a economia keynesiana e a economia marxiana.

No budismo, são consideradas ortodoxas as doutrinas que concordam com certos textos que as várias ordens monásticas budistas consideram autoritários, e o termo "budismo ortodoxo" implica fé correta, votos adequados, entendimento correto, comportamento correto, confiança genuína.[5] Os textos ortodoxos são os do cânone na língua Páli.[6]

Em geral, os cristãos consideram essencial manter inviolável a ortodoxia da doutrina, convencidos que certas declarações incorporam com precisão a verdade revelada do cristianismo e por esse motivo são normativas para toda a Igreja. Rejeitaram ideias como as dos gnósticos do século II e posteriormente as do arianismo e compuseram profissões de fé ("credos") das quais consideravam essencial a aceitação para os que tinham a mesma fé e comunhão. Mesmo entre os protestantes, os conservadores veem como essencial a ortodoxia em relação à obra salvadora de Cristo, enquanto os liberais consideram equivocado e amortecedor buscar a ortodoxia.[7]

O termo ortodoxia, em relação ao Islão, é usado de maneira diferente ou completamente rejeitada. O Islão sunita, que é a religião predominante no Islão, é frequentemente visto como uma forma ortodoxa do Islão. No entanto, essa definição é difícil: por um lado, é muito estreita, porque a forma xiita do islão também tem características de uma fé ortodoxa e a separação entre o islamismo sunita e o islamismo xiita tem sido frequentemente sem limites claros ao longo da história. Entre os sunitas e xiitas, sempre houve uma forte consciência de que a outra religião também faz parte do Islão.[8][9]

O termo "judaísmo ortodoxo" abrange as crenças e práticas dos judeus fiéis à lei transmitida a Moisés no Monte Sinai, com as interpretações tradicionais estabelecidas ao longo dos séculos. Os judeus ortodoxos consideram a lealdade a uma cadeia de transmissão de halacá central desde o tempo de Moisés até hoje, incluindo os editores do Talmude e comentaristas posteriores. Um judeu ortodoxo é aquele que reconhece que deve se comportar de acordo com o halacá, o "corpus" de regras estabelecidas pela tradição oral, desde o Talmude até hoje.

Dentro da ortodoxia religiosa judaica, dois ramos se diferenciaram gradualmente: os ortodoxos e os ultraortodoxos. Os sociólogos israelianos costumam fazer uma distinção entre judeus seculares, tradicionalistas (prática religiosa parcial), ortodoxos (prática religiosa estrita, mas imersão no mundo moderno) e ultraortodoxo — ou haredim — caracterizado por uma prática religiosa estrita, uma ampla rejeição da modernidade e um desejo de forte separatismo social: roupas específicas, bairros específicos, instituições religiosas específicas. A proporção de haredim permanece aproximadamente estável.[10]

Referências

  1. Irving Hexham (20 de setembro de 2009). Pocket Dictionary of New Religious Movements: Over 400 Groups, Individuals & Ideas Clearly and Concisely Defined. [S.l.]: InterVarsity Press. p. 85. ISBN 978-0-8308-7652-5 
  2. Ana Maria Jacó-Vilela; Leny Sato (1 de janeiro de 2012). Diálogos em psicologia social. [S.l.]: SciELO - Centro Edelstein. p. 475. ISBN 978-85-7982-060-1 
  3. Brasil. Comissão Nacional da Verdade; José Manuel SANTOS PÉREZ (15 de outubro de 2017). Informe de la Comisión Nacional de la Verdad de Brasil. [S.l.]: Ediciones Universidad de Salamanca. p. 630. ISBN 978-84-9012-744-5 
  4. Ana Chaguaceda Toledano (1 de janeiro de 2003). Miguel de Unamuno, estudios sobre su obra. [S.l.]: Universidad de Salamanca. p. 54. ISBN 978-84-7800-293-1 
  5. Shengyan (2007). Orthodox Chinese Buddhism: A Contemporary Chan Master's Answers to Common Questions. [S.l.]: North Atlantic Books. pp. 13, 19. ISBN 978-1-55643-657-4 
  6. Jamie S Scott (15 de março de 2012). The Religions of Canadians. [S.l.]: University of Toronto Press. p. 267. ISBN 978-1-4426-0518-3 
  7. Walter A. Elwell (1 de maio de 2001). Evangelical Dictionary of Theology. [S.l.]: Baker Publishing Group. p. 876. ISBN 978-1-4412-0030-3 
  8. George W. Braswell (2000). What You Need to Know about Islam & Muslims. [S.l.]: B&H Publishing Group. p. 62. ISBN 978-0-8054-1829-3 
  9. Yadh Ben Achour (17 de setembro de 2015). Aux fondements de l'orthodoxie sunnite. [S.l.]: Presses Universitaires de France. p. 46. ISBN 978-2-13-073992-0 
  10. Uzi Rebhun; Chaim Isaac Waxman (2004). Jews in Israel: Contemporary Social and Cultural Patterns. [S.l.]: UPNE. p. 267–268. ISBN 978-1-58465-327-1