Primeira Guerra Macedônica
Primeira Guerra Macedônica | |||
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Macedônia durante o reinado de Filipe V. | |||
Data | 214 a.C.—205 a.C. | ||
Local | Grécia e Ilíria | ||
Casus belli | Oposição da República Romana à expansão macedônica e à aliança macedônico-púnica. | ||
Desfecho | Indecisivo Paz da Fenice | ||
Mudanças territoriais | Nenhuma | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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A Primeira Guerra Macedônica (português brasileiro) ou Primeira Guerra Macedónica (português europeu) foi a primeira das guerras romano-macedônicas, travada entre 214 a.C. e 205 a.C. e provocada pela aproximação entre Filipe V da Macedônia e Aníbal, o general cartaginês que lutava contra Roma na Segunda Guerra Púnica.
Inicialmente Filipe tomou a iniciativa, construiu uma frota e tentou tomar o controle da Ilíria com o objetivo de montar uma base de operações a partir da qual poderia lançar uma invasão da Itália. Com o objetivo de impedir a aliança das forças macedônio-púnicas em território italiano, a República Romana firmou uma aliança com a Liga Etólia, o Reino de Pérgamo para manter o monarca macedônio ocupado em seu próprio território defendendo-se dos ataque dos seus vizinhos.
Após a vitória de Roma sobre Cartago e a perda do apoio da Liga Etólia, o senado concordou em assinar um tratado de paz na cidade de Fenice - conhecido como a "Paz de Fenice" - em 205 a.C.. O tratado acabou com o conflito entre romanos e macedônios, reconheceu a hegemonia da Ilíria a Filipe — exceto certas cidades costeiras — com a condição de que ele desistisse de apoiar os cartagineses em sua luta contra os romanos. A paz não foi duradoura, e Macedônia e Roma voltariam a enfrentar-se novamente em várias ocasiões no século seguinte.
Prelúdio
[editar | editar código-fonte]No fim do século III a.C., a decadência dos estados helenísticos clássicos fez com que os etólios se unissem e criassem a Liga Etólia. Aproveitando a debilidade dos estados vizinhos, a Liga expandiu-se em todas direções, chegando a dominar Delfos e configurando-se como a segunda potência grega, atrás apenas do Reino da Macedônia. Coincidindo com uma época de enorme instabilidade política, a Liga Etólia iniciou uma belicosa política expansionista, conquistando a importante região da Ambrácia aos epirotas, e confrontando a Liga Aqueia; estas ações desafiaram a supremacia macedônica na Grécia, o que causou um conflito com a Macedônia que terminou com a derrota dos etólios.
Intrigas na corte macedônia
[editar | editar código-fonte]O começo da Segunda Guerra Púnica entre Roma e Cartago, que tomou completamente o foco dos romanos, alimentou as ambições de Filipe V da Macedônia, que sonhava em expandir os seus territórios para oeste. Segundo Políbio, a influência de Demétrio de Pharos, um dos conselheiros do monarca e um inimigo de Roma desde a Segunda Guerra Ilírica (219 a.C.), causou o conflito entre Filipe e Roma.
Ao término da Primeira Guerra Ilírica, os romanos deram a Demétrio a oportunidade de aceder ao poder na Ilíria.[1] Porém, Demétrio violou o acordo com os romanos, provocando um novo conflito. O comandante romano, Lúcio Emílio Paulo, venceu Demétrio, que teve de fugir para a corte do monarca macedônio a fim de salvar a sua própria vida.[2]
Neste ínterim, a Macedônia estava envolvida num conflito contra o seu inimigo natural, a Liga Etólia. Quando o monarca teve notícias da vitória de Aníbal no Lago Trasimeno (217 a.C.), Filipe se aconselhou com Demétrio. O antigo aliado dos romanos recomendou-lhe reconciliar-se com a Liga Etólia para estabilizar as suas fronteiras e iniciar uma invasão da Ilíria e da Itália. Segundo Políbio, estas foram as palavras de Demétrio:
“ | Para que Grécia se incline perante teu poder para sempre, os habitantes da Aqueia por um afeto verdadeiro e os etolianos, por um temor inspurado pelo resultado desta guerra. Itália e a tua travessia são o primeiro passo para a instituição de um império universal. Agora é o momento de agir, enquanto os romanos ainda estão lambendo suas feridas.[3] | ” |
Convencido pela eloquência do seu assessor, Filipe começou as disposições militares pertinentes.[4]
Paz com a Etólia
[editar | editar código-fonte]Filipe, após ser convencido por Demétrio, iniciou as negociações de paz com Etólia. O encontro entre Filipe e os líderes etólios aconteceu em Naupato, onde se redigiu um tratado de paz entre a Macedônia e a Liga Etólia.[5] Segundo Políbio, o líder etoliano Agelau de Naupato falou desta maneira em favor da paz:[6]
“ | O melhor que poderiam ter feito os gregos foi unir-se e não se combaterem entre si, é preciso agradecer aos deuses que tenham falado com uma só voz e se unido para repelirem os ataques dos bárbaros e salvarem-se a si próprios e as suas cidades. Mas se não o cremos impossível, agora mesmo devemos unirmo-nos e formar um vasto exército para assumirmos a guerra no oeste. É evidente que se os cartagineses vencerem os romanos ou os romanos, os cartagineses, o vencedor não ficará satisfeito com as posses da Sicília e da Ilíria. Devemos nos adiantar aos acontecimentos e enfrentar a esta perigosa situação na tua pessoa, ó Rei!. Deves abandonar a política de debilitamento dos gregos para não cair como uma presa fácil do invasor, defendendo toda a Grécia por igual como se tudo fosse já parte dos teus domínios. Se atuas desta maneira, os gregos tornar-se-ão os mais cálidos amigos e os mais fiéis aliados que te ajudarão em quaisquer das tuas empresas. Deves empreendê-lo com entusiasmo e dirigir a tua visão para o oeste e centrar os teus pensamentos nas guerras italianas. Aguarda friamente o transcurso dos acontecimentos e escolhe o momento adequado para iniciar a viagem para a dominação mundial. Devemos adiar os nossos conflitos para garantir a tranquilidade na nossas fronteiras.[7] | ” |
Construção da frota
[editar | editar código-fonte]Filipe construiu uma frota de cem navios militares e treinou seu exército (217 a.C.—216 a.C.). Políbio conta que o vigor com o que monarca se entregou a esta tarefa não tinha precedentes entre os seus predecessores.[8] A Macedônia não dispunha de recursos suficientes para construir e manter uma frota da qualidade necessária para enfrentar a dos romanos.[9] Segundo Políbio, Filipe não esperava ter que enfrentar os romanos no mar,[8] talvez devido à sua própria falta de experiência.
Mesmo assim, foram construídos um considerável número de lembis, pequenas e rápidas galés utilizadas pelos habitantes da Ilíria com capacidade de transportar cinquenta soldados mais os tripulantes.[10] Contudo, ele esperava evitar a frota romana, que certamente tentaria impedir um encontro com a frota cartaginesa de Aníbal, baseada em Lilibeu, a oeste da Sicília.[8]
Filipe, além disso, expandiu os seus territórios para oeste, cruzando os vales dos rios Apso e Genuso, chegando à fronteira da Ilíria.[11] Seu plano era tomar a costa ilíria conquistando toda a região até a Macedônia e usar o novo território para transportar os reforços rapidamente até a Itália.[12]
No começo do verão, Filipe e a sua frota partiram da Macedônia navegando através do Estreito de Euripo, entre a Eubeia e a Beócia, sempre em território grego, rodeando o Cabo Maleia. Antes de cruzarem o largo entre as ilhas de Cefalônia e Leucas, Filipe aguardou notícias sobre a posição da frota romana; o relato viria de Lilibeu e chegaria à cidade de Apolônia (Ilíria).
Porém, quando a frota macedônica estava fundeada na ilha de Sazan, Filipe foi informado do avistamento de quinquerremes em Apolônia. Convencido de que a frota romana marchava estava ali para capturá-lo, Filipe ordenou a retirada imediata para Cefalônia. Políbio descreveu a fuga da frota macedônia como "um exemplo de pânico e desordem". Por outro lado, os romanos haviam enviado apenas dez navios para avaliar o que consideravam uma "alarme injustificado". Filipe deixara escapar uma boa oportunidade de tomar Ilíria e teve de regressar para Macedônia; embora não tenha perdido nenhum navio, acabou voltando ao seu reino com uma considerável desonra.[13]
Aliança macedônio-cartaginesa
[editar | editar código-fonte]Quando chegou a notícia à corte de Filipe da esmagadora vitória de Aníbal na Batalha de Canas, o rei enviou mensageiros ao acampamento de Aníbal na Itália com uma proposta de aliança. Concluiu-se no verão de 215 a.C. um tratado de amizade que prometia apoio militar mútuo contra os inimigos (exceto se forem aliados do outro). Especificamente prometia-se o apoio mútuo na guerra contra Roma: Aníbal devia assinar uma paz com Roma sem incluir Filipe, mas Roma devia ser forçada a ceder Corfu, Apolônia, Epidamno, a ilha de Faros, Dimale, Partínia e Atintânia aos macedônios. Além disto, devia ser restaurado Demétrio no trono de Faros.[14]
Quando voltou para a Macedônia, os embaixadores de Filipe e os embaixadores de Aníbal foram capturados por Públio Valério Flaco, comandante da frota romana que patrulhava o sul da costa de Apúlia. Uma carta de Aníbal a Filipe e os termos do tratado entre ambos foram descobertos pelos romanos.[15]
A notícia da aliança entre Filipe e Cartago foi um grande golpe para Roma. Foram enviados imediatamente 25 barcos para unirem- se à patrulha de Flaco e um número igual de navios para patrulhar a costa Adriática perto de Taranto numa tentativa de frear os impulsos expansionistas de Filipe, reduzindo o seu campo de operações à própria Macedônia e encerrando-o progressivamente no seu próprio território.
Primeira Guerra Macedônica
[editar | editar código-fonte]Guerra na Ilíria
[editar | editar código-fonte]No fim do verão de 214 a.C., Filipe tentou novamente conquistar a Ilíria por mar com uma frota de 120 lembi. Ele capturou Orico, pouco defendida, navegou pelo rio Aoo (moderno Vjosë) e cercou Apolônia.[16]
Enquanto isso, os romanos enviaram uma frota de Taranto para Brundísio para vigiar os movimentos de Filipe com uma legião de apoio sob o comando do propretor Marco Valério Levino.[17] Levino desembarcou nas imediações de Orico e retomou-a facilmente após um rápido combate.
Segundo Lívio,[18] Levino, quando soube do cerco de Apolônia, enviou 2 000 homens sob o comando de Quinto Névio Crista para que auxiliar a cidade. Atravessando o exército de Filipe, Quinto Névio Crista e o seu exército conseguiram entrar na cidade sem serem vistos. Na noite seguinte, Crista capturou o exército de Filipe e cercou seu acampamento. Filipe escapou com os seus barcos e regressou para a Macedônia, deixando uma boa parte da sua frota, que foi queimada, e dos seus homens que seriam mortos ou feitos prisioneiros. Levino passou o inverno em Orico.
Após a frustrada invasão da Ilíria por via marítima e agora bloqueado pela frota de Lavino, fundeada no Adriático, Filipe passou os dois anos seguintes (213 a.C.—212 a.C.) realizando incursões na Ilíria por via terrestre. Guardando a costa, Filipe tomou as populações de Atintânia e Dimales e subjugou as tribos ilíricas dos dassaretas, dos partinos e, finalmente, dos ardieus do sul.[19]
Filipe finalmente conseguiu acesso ao Adriático ao capturar Lissos, cuja cidadela era considerada inexpugnável. A vitória fez com que os territórios adjacentes se rapidamente se rendessem. A captura de Lissos reavivou as esperanças de Filipe de conquistar Itália,[20] mas a perda da frota, da qual tanto dependia, tornara esta conquista quase impossível.
Aliança na Grécia
[editar | editar código-fonte]Visando deter o que parecia ser uma iminente invasão de Filipe a Itália ou a Ilíria, os romanos buscaram aliados entre os gregos a fim de desestabilizar as fronteiras da Macedônia e obrigar o rei macedônico a se defender em seu próprio território.
Levino explorou a possibilidade de chegar a um tratado de amizade com a Liga Etólia (212 a.C.),[21] que havia assinado uma paz com os macedônios em Naupato em 217 a.C.. Decorridos cinco anos, os etólios já haviam se recuperado das perdas causadas na guerra anterior e estavam preparados mais uma vez para se levantarem contra seus inimigos tradicionais, os macedônios.
Em 211 a.C., uma assembleia etoliana reuniu-se para negociar com Roma. Levino assinalou astutamente a recente captura de Siracusa (214–212 a.C.) e Cápua (211 a.C.), importantes avanços romanos na guerra contra Aníbal, como prova da capacidade militar de Roma. Firmou-se então um tratado de aliança entre Roma e a Liga Etólia com o fim de combater conjuntamente aos macedônios. Os etolianos dirigiriam as operações por terra, enquanto os romanos o fariam por mar. O tratado estipulava ademais alianças com outros membros da Liga: Élis, Esparta, Messênia, com Átalo I, do Reino de Pérgamo e com mais dois clientes de Roma, os chefes ilírios Pleurato e Scerdilaidas.[22]
Campanha na Grécia
[editar | editar código-fonte]Depois do verão, Levino conquistou a principal cidade de Zacinto (exceto a cidadela), a cidade de Oeníadas na Acarnânia e a ilha de Naxos, na qual comandou as forças etolianas. Em seguida, ele levou sua frota para Corfu para passar o inverno.[23]
Quando soube da aliança entre Roma e a Liga Etólia, Filipe apressou-se em assegurar a sua fronteira norte. Realizou incursões na Ilíria, Orico e Apolônia e tomou a cidade fronteiriça de Síntia, na Dardânia. Filipe marchou rapidamente para o sul passando pela Pelagônia, Linceste, Botieia e Tempe, voltou para norte outra vez e atacou a Trácia e a importante cidade de Janforina antes de retirar-se para a Macedônia.
Assim que chegou, Filipe recebeu uma petição desesperada de seus aliados acarnianos. O estratego etoliano Escópas havia mobilizado o exército etoliano e preparava a invasão de Acarnânia. Desesperados e cercados, mas determinados a resistir, os acarnianos enviaram suas mulheres, crianças e anciãos para o Epiro e marcharam para a fronteira para defender seu território. Ao saber da determinação dos acarnianos, os etolianos vacilaram e, quando souberam da chegada de Filipe, abandonaram definitivamente a invasão. Depois disto, Filipe retirou-se para Pela para passar o inverno.[24]
Na primavera de 210 a.C., Levino partiu de Corfu com a sua frota e, com os etolianos, conquistou Anticira Fócia. Roma escravizou a população e a Liga Etólia apropriou-se do território conquistado.
Embora os gregos tivessem ressalvas em relação a Roma e seus métodos,[25] a coligação contra Filipe continuou crescendo. Uniram-se a ela Pérgamo, Élis e Messênia, seguidos por Esparta. A frota romana, unida à de Pérgamo, controlava os mares, e a Macedônia e os seus aliados estavam bloqueados por terra pelos demais integrantes da coligação anti-macedônica. A estratégia romana de semear a discórdia entre os gregos na própria Grécia e impedir que os macedônios passassem para a Itália ou a Ilíria estava dando resultado. Quando Levino voltou a Roma para tomar posse do seu consulado, informou sem temor ao senado que a legião enviada contra Filipe estava completamente segura.[26]
Contudo, os demais componentes da coligação permaneceram passivos em 210 a.C., tempo que Filipe aproveitou para continuar suas incursões. Após um duro cerco, Filipe tomou Équino, defendida pelo estratego Dorímaco e pela frota romana, comandada por Públio Sulpício Galba.[27] Trasladando-se para oeste, Filipe tomou Falara e a cidade portuária de Lâmia. Galba tomou Egina, uma ilha do Golfo de Salônica que os etolianos venderam ao rei de Pérgamo por trinta talentos, e passou a utilizá-la como base principal das operações contra a Macedônia no Mar Egeu.
Na primavera de 209 a.C., Filipe recebeu mais petições de ajuda de seus aliados da Liga Aqueia, no Peloponeso, que estava sendo atacada por Esparta e seus aliados da Liga Etólia. Também recebeu notícias da nomeação de Átalo I de Pérgamo como um dos líderes da Liga Etólia e de sua intenção de cruzar o Mar Egeu para a Ásia Menor.[28] Filipe marchou para o sul da Grécia e, em Lâmia, enfrentou o outro líder da Liga Etólia, o estratego Fírrias, que era apoiado por tropas auxiliares romanas e algumas unidades de Pérgamo. Filipe venceu duas batalhas sucessivas frente ao seu inimigo e obrigou que os gregos se retirassem para o interior das muralhas depois de infligir-lhes graves perdas.
Negociações de paz
[editar | editar código-fonte]De Lâmia, Filipe dirigiu-se para Falara. Ali se reuniu com os representantes dos estados neutros do conflito: Egito, Atenas e Quios, interessados no final da guerra, pois esta afetava seriamente o comércio, atividade econômica mais importante destes países.[29] Às negociações acudiu ao líder etoliano Aminador, com o que Filipe negociou e assinou uma trégua de 30 dias.
A partir dali, Filipe marchou para bloquear o possível desembarque de Átalo I e voltou para reunir-se com os etolianos. A conferência foi interrompida pela chegada de notícias de que Átalo conseguira desembarcar em Egina e que a frota romana estava em Naupato. Os representantes etolianos indicaram a Filipe que devia ceder Pilos a Mesénia, Atintânia aos romanos e Ardieus a Pleuratos e Escerdilaidas. Filipe saiu indignado da conferência alegando que "embora buscasse verdadeiramente a paz, os etolianos apenas buscavam um pretexto para recrudescer a guerra."[30]
Retomada das hostilidades
[editar | editar código-fonte]Partindo de Naupato, Sulpício navegou para leste de Corinto e Sicião, e realizou rápidas incursões na região. Filipe surpreendeu os romanos com sua cavalaria e fê-los fugir para as suas próprias embarcações. Os romanos, com Sulpício à frente, foram obrigados a voltar para Naupato.
Em seguida, Filipe juntou-se, perto de Dyme, ao general de Acaia, Ciclíadas, para dirigir um ataque conjunto à cidade de Élis, base da Liga Etólia contra seu país.[31] Contudo, Sulpício já havia navegado para Cilene e conseguido reforçar a cidade com 4 000 legionários romanos antes do cerco. Filipe dirigiu o ataque da cavalaria contra o inimigo, mas foi derrubado de seu cavalo e, após uma encarniçada batalha, na qual os macedônios foram derrotados, conseguiu escapar. Após esta derrota, Filipe capturou a cidadela de Fírico, tomando 4 000 prisioneiros e 20 000 animais. Quando teve notícias de novas incursões na Ilíria, Filipe abandonou a Etólia e voltou para Demétrias, na Tessália.[32]
Enquanto isto, Sulpício Galba havia navegado pelo Egeu para se juntar a Átalo I em Egina, onde invernou.[33] Em 208 a.C., Átalo e Sulpício combinaram a sua frota, composta por 25 navios de Roma e outros 35 de Pérgamo, e tentaram, sem sucesso, tomar Lemnos, mas só conseguiram ocupar a ilha próxima de Parapetos (Skolas), que era macedônica.[34]
Após esta vitória, Átalo e Sulpício reuniram-se em Heracleia Traquínia com o conselho de líderes da Liga Etólia, que incluíam os estados neutros do Egito ptolemaico e Rodes, que continuavam tentado conseguir o fim do conflito. Quando Filipe teve notícias da conferência, marchou rapidamente para sul e tentou capturar os líderes inimigos reunidos, mas chegou tarde demais.[35]
Rodeado pelos seus inimigos, Filipe foi obrigado a adotar uma nova política defensiva.[36] Distribuiu os seus comandantes e líderes militares por todo o território macedônico e estabeleceu um sistema de fogueiras por todas as cidades importantes para informarem dos movimentos dos inimigos.
Depois de partir de Heracleia Traquínia, Átalo e Sulpício saquearam Oreus, ao norte da Eubeia e Opunte, a cidade principal da região oriental da Lócrida.[37] As riquezas de Oreus apropriadas por Sulpício e as de Opunte, por Átalo. Sulpício partiu para confiscar os resultados do saque de sua cidade e Filipe, avisado pelo sistema de fogueiras, atacou e tomou Opunte. Átalo escapou por pouco de ser capturado.
Fim do conflito
[editar | editar código-fonte]Apesar de considerar a fuga de Átalo como uma pequena derrota,[38] Filipe notou que a guerra estava outra vez mudando de lado. Átalo foi obrigado a voltar para Pérgamo, onde permaneceu quando soube que o rei da Bitínia, Prúsias I, parente de Filipe, estava se mobilizando contra Pérgamo. Sulpício, enquanto isso, voltou para Egina. Livre da pressão das frotas combinadas de Roma e Pérgamo, Filipe pôde retomar a ofensiva contra os etolianos. Capturou a cidade de Trônio, à qual se seguiram as fortalezas de Titrônio e Drimeia, a norte de Cépsio.[39] Filipe também retomou o controle de Oreus.[40]
Os estados neutros, duramente impactados por causa do comércio, continuaram pressionando ambos os lados tentando conseguir um tratado de paz.[41] Em Elateia, Filipe recebeu os embaixadores de Rodes, Egito, Bizâncio, Quios, Mitilene e, possivelmente, Atenas, além de alguns líderes etolianos. A guerra estava pendendo cada vez mais do lado de Filipe, porém os etolianos não estavam dispostos a assinar um acordo de paz com as imposições abusivas do monarca macedônico.[42] Contudo, após três meses mais de conflito, os etolianos viram-se obrigados a assinar uma paz desfavorável sem o consentimento de Roma a fim de conservarem seu próprio território (206 a.C.).
Na primavera seguinte, os romanos enviaram Públio Semprônio Tuditano à frente de 35 navios e 11 000 homens até Dirráquio, na Ilíria, onde incitou a revolta contra Filipe entre os partinos e cercou Dimale. Contudo, quando Filipe chegou, Semprônio levantou o cerco e refugiou-se atrás das muralhas de Apolônia, a partir de onde tentou, sem sucesso, convencer os etolianos a voltar para a guerra. Sem mais aliados na Grécia, mas cumprindo o objetivo de evitar que Filipe apoiasse Aníbal na guerra contra Roma, o senado estava preparado para assinar a paz. Um tratado foi assinado em Fenice, em 205 a.C., conhecido como "Paz de Fenice", encerrando oficialmente a Primeira Guerra Macedônica depois de nove anos.[43]
Notas
[editar | editar código-fonte]- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em castelhano cujo título é «Primera Guerra Macedónica».
Referências
- ↑ Políbio, História 2.11.
- ↑ Políbio, História 3.16, 3.18–19, 4.66.
- ↑ Políbio, 5.101.
- ↑ Políbio, História 5.102.
- ↑ Políbio, História 5.103–-105.
- ↑ Políbio, História 5.103.
- ↑ Políbio, História 5.104.
- ↑ a b c Políbio, 5.109.
- ↑ Walbank, p. 69; Políbio, 5.1, 5.95, 5.108.
- ↑ Wilkes, p. 157; Políbio, 2.3.
- ↑ Políbio, História 5.108.
- ↑ Walbank, p. 69.
- ↑ Políbio, História 5.110.
- ↑ Políbio, História 7.9.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 23.34.
- ↑ Walbank, p. 75; Lívio, 24.40.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 24.10–11, 20.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 23.40.
- ↑ Walbank p. 80; Lívio, 27.30, 29.12.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 24.13, 25.23.
- ↑ «Etolia (satrapa1)». Consultado em 12 de julho de 2009. Arquivado do original em 21 de dezembro de 2007
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 26.40. Segundo Walkman, p. 84, note 2, "Lívio por engano omite Messênia e descreve a Pleurato como Rei da Trácia."
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 26.24.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 26.25; Políbio, 9.40.
- ↑ Políbio, História 9.37–39, 10.15.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 26.28.
- ↑ Políbio, História 9.41–42.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 27.29.
- ↑ Walbank, p. 89–90.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 27.30.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 27.31.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 27.32.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 27.33.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 28.5.
- ↑ Políbio, História 10.42; Lívio, 28.5.
- ↑ Políbio, História 10.41; Lívio, 28.5.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 28.6.
- ↑ Políbio, História 11.7; Lívio, 28.7.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 28.7[ligação inativa]; Walbank, p. 96.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 28.8.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 28.7.
- ↑ Políbio, História 11.4.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita 29.12.