Quarto 101

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Quarto 101 (em inglês, Room 101) é um lugar introduzido no livro de ficção científica distópica 1984, de George Orwell. É um local de tortura do Ministério do Amor, onde determinados elementos indesejáveis ao estado totalitário da narrativa são torturados, sendo expostos ao seu maior pesadelo, medo ou fobia, com tudo aquilo a que têm maior aversão.

Você me perguntou uma vez, o que estava no quarto 101. Eu lhe disse que já sabia a resposta. Todo mundo sabe disso. A única coisa que está no quarto 101 é a pior coisa do mundo.

O Quarto 101 é a maior expressão da onisciência do estado na sociedade abordada na obra, onde até mesmo os pesadelos de um cidadão são conhecidos pelo partido.

A inspiração para a o nome "Room 101" deve-se a uma sala num edifício da Broadcasting House, onde Orwell costumava participar de reuniões, segundo ele, tediosas.[1] When the original room 101 at the BBC was due to be demolished, a plaster cast of it was made by artist Rachel Whiteread and displayed in the cast courts of the Victoria and Albert Museum from November 2003 until June 2004.[2][3]

Impacto cultural[editar | editar código-fonte]

A popularidade da obra resultou em que o termo "Room 101" passasse a ser usado para representar lugares onde as coisas desagradáveis são feitas. De acordo com o livro de Anna Funder Stasiland, Erich Mielke, o último ministro da Segurança do Estado (Stasi) da antiga Alemanha Oriental, tinha os andares da sede de seu ministério renumeradas, para que o segundo andar do escritório fosse o número 101.[4]

No programa da BBC TV Room 101, celebridades são entrevistadas e questionadas para listar aquilo que lhes causa pequenos aborrecimentos.

No Big Brother Britânico de 2005, um dos participantes foi obrigado a entrar em uma sala 101 para completar tediosos e desagradáveis tarefas, incluindo a classificação de cores diferentes de vermes maggots.

Em The Ricky Gervais Show, Ricky Gervais e Stephen Merchant jogam um jogo chamado "Room 102," baseado no conceito da sala 101, onde Karl Pilkington tem que decidir que coisas ele não gosta o suficiente para colocar no quarto 102. Isso resultaria, de acordo com o seu jogo, nas coisas que estão sendo apagados da existência.

O grupo de hip-hop português Dealema possui uma faixa com o mesmo nome. "Sala 101", presente no álbum de 2008, V Império.

Na ficção[editar | editar código-fonte]

O conceito de também foi apresentado em diversos outros trabalhos ficcionais. No quadrinho The League of Extraordinary Gentlemen: Black Dossier, a localização física da sala 101 (e o Ministério do Amor) são apontadas como a sede do MI5 em Vauxhall Cross.

Em um episódio de 2011 da série Doctor Who, "The God Complex", the Doctor e seus companheiros encontram-se em um hotel cheio de seus próprios quartos pessoais 101, cada um com seu maior medo nele.[5]


Referências

  1. «The Real Room 101». BBC. Consultado em 16 de outubro de 2013. Cópia arquivada em 5 de janeiro de 2007 
    Meyers, Jeffery. Orwell: Wintry Conscience of a Generation. W.W.Norton. 2000. ISBN 0-393-32263-7, p. 214.
  2. «BBC Broadcasting House – Public Art Programme 2002–2008». Consultado em 18 de maio de 2009. Arquivado do original em 19 de maio de 2009 
  3. Brooks, Richard (23 de março de 2003). «Orwell's room 101 to be work of art». The Sunday Times. London. Consultado em 18 de maio de 2009 
  4. Byrnes, Sholto; Tonkin, Boyd (18 de junho de 2004). «Anna Funder: Inside the real Room 101». The Independent. London. Consultado em 2 de fevereiro de 2008  (Profile of Funder and her book, Stasiland)
  5. Risely, Matt (18 de setembro de 2011). «Doctor Who: "The God Complex" Review». IGN. Consultado em 31 de março de 2012